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28/08/2023

HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS


MEDICINA VETERINÁRIA E SAÚDE COLETIVA
Prof.ª Nathalya Carneiro • É o curso da doença desde o início até sua resolução, na ausência de
intervenção.

• Inicia com a exposição de um hospedeiro


suscetível a um agente causal e termina
com a recuperação, deficiência ou óbito

IMPORTÂNCIA HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS


Tem desenvolvimento em dois períodos sequenciados:
Conhecimento importante para instruir ações que visem modificar o curso
natural das doenças; • Período pré-patogênico: Relação suscetível-ambiente.
• Período patogênico: Modificação no organismo vivo.

Detectar as doenças em fase mais inicial de sua história natural e tornar o


tratamento mais eficaz.

Conhecer a gravidade da doença para estabelecer prioridades para os


programas de saúde pública.

HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS

PRÉ-PATOGÊNESE
• Evolução das inter-relações dinâmicas;

• Agentes etiológicos da doença, o suscetível e outro fatores ambientais


que estimulam o desenvolvimento da enfermidade

• Condições sócio-econômicas-culturais.

SOCIAIS AMBIENTAIS PRÓPRIOS DO SUSCEPTÍVEL

• Fatores econômicos • Vetores • Biológicos


• Culturais • Poluentes • Genéticos
• Estrutura sanitária • Imunolóicos

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HISTÓRIA NATURAL DAS DOENÇAS

PATOGÊNESE
• Inicia com as primeiras ações que os agentes patogênicos exercem sobre
o indivíduo afetado.

• A resposta do susceptível às alterações – manifestações clínicas variadas.

PREVENÇÃO
• Ação antecipada;

• Objetivo → interceptar ou anular a evolução de uma doença na


comunidade ou no individuo

• Identifica os riscos → atua sobre eles.

HND E NÍVEIS DE PREVENÇÃO

HISTÓRIA NATURAL E NÍVEIS DE PREVENÇÃO


PREVENÇÃO PRIMÁRIA
PROMOÇÃO DE SAÚDE

• Moradia adequada

• Escolas

• Áreas de lazer

• Alimentação adequada

• Educação

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HND E NÍVEIS DE PREVENÇÃO HND E NÍVEIS DE PREVENÇÃO

PREVENÇÃO PRIMÁRIA PREVENÇÃO SECUNDÁRIA


DIAGNÓSTICO PRECOCE
PROTEÇÃO ESPECÍFICA
• Inquérito epidemiológico – casos na comunidade
• Imunização • Exames periódicos, individuais

• Higiene pessoal e do lar • Isolamento – evitar propagação

• Proteção contra acidentes • Tratamento para evitar progressão da doença

• Controle de vetores
LIMITAÇÃO DA INCAPACIDADE

• Evitar complicações e sequelas

HND E NÍVEIS DE PREVENÇÃO

PREVENÇÃO TERCIÁRIA

REABILITAÇÃO → impedir a incapacidade total

• Fisioterapia

• Terapia ocupacional

TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA

TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA AGENTE


• Modelo tradicional de causalidade das doenças transmissíveis; nesse, a “Substâncias ou elementos, animados(vetor) ou inanimados
doença é o resultado da interação entre o agente, o hospedeiro suscetível (água, alimentos, solo), cuja presença pode, mediante
e o ambiente. contato efetivo com o hospedeiro suscetível, constituir
estímulo para iniciar ou perpetuar uma doença”.

Os agentes podem ser:


• Físicos: traumatismos, radiação, calor, ruídos, etc.
• Químicos: envenenamentos, intoxicações.
• Biológicos: vírus, protozoários, bactérias, fungos.
• Sociais e psicológicos: nutrição, manejo estressante, etc.

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TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA

CARACTERÍSTICAS DO AGENTE CARACTERÍSTICAS DO AGENTE


BIOLÓGICO
BIOLÓGICO
• Morfologia → vai influenciar na penetração do agente, no meio de
transmissão, etc.
Capacidade de um agente causar doença
PATOGENICIDADE
• Infectividade: Capacidade do agente de penetrar e multiplicar-se em em um hospedeiro susceptível
determinado organismo, causando a infecção.
• É identificada pela frequência da manifestação clínica da doença na
• EX: Febre Aftosa, Influenza e Peste Suína → alta infectividade. população.

Disseminação rápida - infectando • EX: vírus da peste suína → elevada proporção de casos clínicos da
uma boa parte do rebanho. doença.

TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA

CARACTERÍSTICAS DO AGENTE CARACTERÍSTICAS DO AGENTE


BIOLÓGICO BIOLÓGICO
Capacidade de um agente induzir uma
Grau de severidade da reação resposta imune específica por parte do
VIRULÊNCIA patológica que o agente etiológico hospedeiro.
provoca no hospedeiro;
IMUNOGENICIDADE

“INTENSIDADE DA MANIFESTAÇÃO CLÍNICA DA DOENÇA”


Resposta imunitária intensa e
duradoura ou imunidade de curta
duração.
• Ex: Vírus da Raiva → altamente virulento.

TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA

CARACTERÍSTICAS DO AGENTE CARACTERÍSTICAS DO AGENTE


BIOLÓGICO BIOLÓGICO

Capacidade que tem o agente etiológico Capacidade do agente resistir no


VARIABILIDADE de adaptar-se às condições do hospedeiro RESISTÊNCIA OU ambiente ou a produtos utilizados pelo
e do ambiente. VIABILIDADE homem para o seu controle.

• Ex: O vírus da Raiva é pouco resistente à radiação solar, já o


Clostridium é altamente resistente.

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TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA

CARACTERÍSTICAS DO AGENTE
HOSPEDEIRO
BIOLÓGICO
Entende-se por hospedeiro todo indivíduo vertebrado capaz
de ser infectado, abrigar em seu organismo um agente causal
Capacidade de um agente de permanecer de doença com o qual pode estabelecer relações variadas.
PERSISTÊNCIA em uma população de hospedeiros por
tempo prolongado, ou indefinidamente.
• Diversas características do hospedeiro influem sobre sua susceptibilidade
às enfermidades.

• Essas características podem ser divididas em:


- Próprias
- Variáveis

TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA

CARACTERÍSTICAS DO HOSPEDEIRO CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS


• Espécie: determinadas enfermidades atingem somente determinadas
CARACTERÍSTICAS Aquelas que não são influenciadas pelo espécies animais.
PRÓPRIAS agente etiológico nem pelo ambiente. Ex: AIE – equinos.

• Raça: Pode existir diferença de susceptibilidade a determinada doença


entre as raças
CARACTERÍSTICAS São aquelas sujeitas a modificações
VARIÁVEIS por influência do agente e/ou do meio.

TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA

CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS CARACTERÍSTICAS VARIÁVEIS


• Idade: influi sobre a susceptibilidade do hospedeiro à maioria • Estado fisiológico: gestação, lactação, estresse → podem modificar a
das enfermidades. Essa diferença deve-se principalmente ao estado susceptibilidade do hospedeiro ao agente etiológico.
imunológico.

• Ex: Cinomose em filhotes.

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TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA

MECANISMOS DE RESISTÊNCIA DO
CARACTERÍSTICAS VARIÁVEIS HOSPEDEIRO
• Densidade populacional ou lotação: está intimamente relacionada ao • Resistência inespecífica ou natural
manejo.

Constitui um dos fatores principais para o


desenvolvimento e propagação das doenças.
BARREIRAS NATURAIS

• Pele: descamação, termorregulação

• Mucosas: ocular, respiratória, digestiva, urogenital

MECANISMOS DE RESISTÊNCIA DO MECANISMOS DE RESISTÊNCIA DO


HOSPEDEIRO HOSPEDEIRO
MECANISMOS PREVENTIVOS MECANISMOS DEFENSIVOS
• Movimentos
• Fatores humorais: linfa, soro;
• Reflexos musculares

• Remoção de partículas inaladas – tosse, espirros • Fatores metabólicos: pressão sanguínea, rins (filtração sangue);
oxigenação tecidual; temperatura corporal.
• Secreções e excreções – lágrima, suco gástrico, muco vaginal

• Diarreia • Fatores hormonais: taxa de tiroxina (T4); hormônios estrogênicos.


• Vômito

TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA TRÍADE EPIDEMIOLÓGICA

MEIO AMBIENTE CARACTERÍSTICAS DO AMBIENTE


• Constituem as condições fundamentais para o comportamento do agente
Conjunto de fatores físicos, químicos e biológicos onde etiológico em uma população susceptível.
vive o homem(com os fatores econômicos, sociais e
culturais) e tudo mais que envolve um organismo” Características

• Físicas
• Pode favorecer a evolução ou declínio de uma determinada doença na
população animal. • Biológicas

• Socioeconômicas

• Químicas

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PROPAGAÇÃO DE DOENÇAS EM PROPAGAÇÃO DE DOENÇAS EM POPULAÇÕES


POPULAÇÕES
Fonte de infecção: hospeda e transmite o agente

FI: Fonte de Infecção Via de eliminação: como o agente abandona o hospedeiro

VE: via de eliminação


VT Via de transmissão: recurso que o agente utiliza para
FI alcançar o hospedeiro
FI VT: via de transmissão
VE PE VE
PE: Porta de entrada
Porta de entrada: como se hospeda o agente no novo
hospedeiro

FONTE DE INFECÇÃO FONTE DE INFECÇÃO


• Hospedeiro vertebrado que alberga o agente etiológico, dando condições DOENTE
deste agente se multiplicar e ser eliminado para o ambiente.
• Típico: manifesta sinais clínicos típicos da doença.
Tipos de fonte de infecção:

Doente (típico, atípico, fase prodrômica) • Atípico: manifesta sinais clínicos não clássicos ou pouco característicos
da doença

Portador (incubação, convalescente) • Prodrômico: manifesta sinais clínicos de início da doença, que não são
suficientes para caracterizar a doença.
Reservatório

FONTE DE INFECÇÃO FONTE DE INFECÇÃO


PORTADOR • Reservatório: vertebrado de espécie diferente da principal FI;

• Incubação: capaz de eliminar o agente etiológico durante o PI de uma • Muda de acordo com a espécie de interesse
determinada doença.
• Muitas vezes não se infecta com o agente
• Convalescente: continua eliminando o agente, mesmo após a
recuperação da enfermidade que o acometeu.

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VIAS DE ELIMINAÇÃO VIAS DE TRANSMISSÃO


• Meio pelo qual o agente abandona o hospedeiro • Mecanismo pelo qual o agente se transfere da FI para o susceptível
• Relacionado ao local preferido de multiplicação do agente

Tipos de via de transmissão:

• Direto

• Indireto

VIAS DE TRANSMISSÃO VIAS DE TRANSMISSÃO


• DIRETA: precisa existir contato físico entre a fonte de infecção e o • INDIRETA: necessários alguns fatores ambientais para colocar o agente e
susceptível. o susceptível em contato.

• Mordedura ou arranhadura • Funciona melhor para agentes mais resistentes ao ambiente

• Amamentação
• Transmissão aerógena: elementos sólidos (poeiras)
• Cópula
• Transmissão aerossóis infecciosos: elementos líquidos
• Intrauterina (transmissão vertical)

VIAS DE TRANSMISSÃO VIAS DE TRANSMISSÃO

INDIRETA INDIRETA

Materiais de multiplicação animal Produtos de origem animal não comestíveis


ÁGUA ALIMENTOS AEROSSÓIS (sêmen, óvulos, embriões) (couro, lã, penas)

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VIAS DE TRANSMISSÃO VIAS DE TRANSMISSÃO

INDIRETA INDIRETA
• Vetores mecânicos: acidental;
apenas carreiam o agente, sem
multiplicá-lo ou desenvolvê-lo.

• Vetores biológicos: no qual o agente


desenvolve parte do seu ciclo ou
replicação
Produtos biológicos Fômites
(vacinas e soros) Objetos inanimados que carreiam os agentes

VIAS DE TRANSMISSÃO PORTA DE ENTRADA


• É o local de penetração do agente etiológico no novo hospedeiro.

• Mucosas - respiratório, digestório, gênito-urinário, conjuntiva ocular

• Pele

• Ferida umbilical

• Canal galactóforo

DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO


ESPAÇO E TEMPO ESPAÇO E TEMPO

QUEM?

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DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO


ESPAÇO E TEMPO ESPAÇO E TEMPO
CASO AUTÓCTONE CASO ALÓCTONE

• Tem origem no mesmo local de


ocorrência • “importados”

• Exposição → doente • Exposição ao agente em um


local e doença em outro

DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO ESPAÇO E TEMPO


DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO ESPAÇO E TEMPO

SURTO DOENÇA ENDÊMICA/ENDEMIA

• Aumento repentino do nº de casos; • Presença usual de enfermidade, dentro de limites esperados em


determinada área por determinado período de tempo
• casos se restringem a uma área bem delimitada ou a uma população
institucionalizada (creches, escolas, etc) • Enfermidade habitual em uma população definidas

DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO ESPAÇO E TEMPO DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO ESPAÇO E TEMPO

DOENÇA ENDÊMICA OU ENDEMIA DOENÇA EPIDÊMICA/EPIDEMIA


• Enzootica → quando é apenas na população animal
• Elevação do número de casos de uma doença/agravo, em determinado
lugar e período;

• Expansão geográfica da doença

• Epizootica → quando é apenas na população animal

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DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO ESPAÇO E TEMPO

DOENÇA PANDÊMICA/PANDEMIA

• Disseminação mundial de uma doença.


X
• Série de epidemias localizadas em diferentes regiões (larga distribuição
espacial) que ocorrem em vários países ao mesmo tempo

DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO ESPAÇO E TEMPO

INDENE
• Não existe NENHUM caso da
enfermidade na população.

DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO ESPAÇO E TEMPO

DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO FATORES QUE DETERMINAM A DISTRIBUIÇÃO


ESPAÇO E TEMPO OU RESTRIÇÃO GEORÁFICA

• Presença do hospedeiro natural


• Presença de susceptíveis
ONDE?
• Agente foi introduzido
• Agente foi excluído ou que nunca foi
introduzidos

• Presença de vetores
• Presença de reservatórios
• Condições ambientais para a sobrevivência
do agente ou vetor

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DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO ESPAÇO E TEMPO DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO ESPAÇO E TEMPO

TIPOS DE ECOSSISTEMA TIPOS DE ECOSSISTEMA

• Ecossistema Endêmico: possui


todos os elementos necessários para
• Ecossistema Livre: o agente manter a enfermidade:
está excluído do ecossistema
o agente

o suscetível

mecanismo adequado de transmissão

DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO ESPAÇO E TEMPO DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO ESPAÇO E TEMPO

TIPOS DE ECOSSISTEMA TIPOS DE ECOSSISTEMA


• Ecossistema epiendêmico: Ecossistema Paraendêmico: não
possui todos os elementos possui elementos necessários para
necessários para manter a manter a enfermidade.
enfermidade.
• Sua ocorrência em forma
esporádica;
• Ocorre um intercâmbio de
indivíduos suscetíveis ou FI • se deve a uma combinação de
(entradas) e de imunes (saídas) interação de elementos externos.
→ tende a ↑nº de casos.

DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO TEMPO

DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO
ANÁLISE TEMPORAL
ESPAÇO E TEMPO
• Conhecer períodos de maior risco para ocorrência de determinadas
doenças → prevenção e diagnóstico precoce
QUANDO?
• Conhecer a evolução de uma doença ao longo do tempo permite prever
ou predizer a ocorrência futura → técnicas estatísticas de séries temporais

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DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO TEMPO DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO TEMPO

DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO TEMPO EVOLUÇÃO TEMPORAL


• Fatores que determinam a inclinação da curva • Tendência histórica ou secular: mudanças na frequência por
longos períodos (décadas, séculos)
A forma de transmissão

Infectividade/resistência do agente

Concentração e distância social

Proporção de susceptíveis

DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO TEMPO DISTRIBUIÇÃO DE DOENÇAS NO TEMPO

EVOLUÇÃO TEMPORAL EVOLUÇÃO TEMPORAL


• Variações cíclicas: flutuações em períodos maiores de um ano • Variações irregulares: alterações inusitadas, diferente do esperado

• Variação sazonais: coincidem com estações do ano, as variações


ocorrem em períodos menores que um ano

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