Você está na página 1de 19

ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO CLÍNICO E INSTITUCIONAL EM

TRANSTORNOS INTELECTUAIS

A. M. Ferreira1
D. C. C. Bárbara2
G. M. C. Rodrigues3
RESUMO
A presente pesquisa tem como objetivo demonstrar a importância da intervenção psicopedagógica frente
à deficiência intelectual. Para que este objetivo pudesse ser alcançado, tornou-se necessário definir e
estabelecer diferenças entre doença mental e deficiência intelectual, descrever as especificidades da
Deficiência Intelectual e discorrer sobre a importância da atuação do psicopedagogo e as formas de
intervenção. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, cujo universo foi constituído por livros e revistas
publicados pela imprensa convencional e disponibilizados de forma virtual na Internet, por sites
confiáveis. Todo o material foi lido e avaliado, passando a ser a base da presente pesquisa que resulta
da interpretação dos textos pesquisados. Ao final da pesquisa concluiu-se que o trabalho do
psicopedagogo é de fundamental importância para os alunos portadores de deficiência intelectual,
auxiliando-os em sua caminhada de superação das suas limitações.
Palavras-chave: Deficiência Intelectual; Psicopedagogo Clínico e Institucional.

INTRODUÇÃO

A educação nos dias atuais, segundo Feldens; Martel; Neubauer (2013), vem sendo
tratada de forma muito peculiar. Os pais, cada vez mais sobrecarregados com as solicitações e
dificuldades da vida moderna, delegam às escolas a tarefa de educar seus filhos, formando-os
como cidadãos conscientes. Com os pais ausentes, as escolas, cada vez mais defasadas e
sucateadas física e pedagogicamente, empreendem esforços neste sentido, porém, apesar dos
avanços nos sistemas educacionais, muitas não conseguem acompanhar as transformações
tecnológicas e superar as pressões nocivas de um meio social instável. Para que a educação de
um indivíduo possa ser plena e bem sucedida, é necessário um esforço conjunto e ordenado dos
pais e da escola para que este indivíduo possa superar as suas eventuais dificuldades de
aprendizagem, adquirindo domínio de todos os conteúdos, transformando-os em bagagem
cultural que lhe sirva como ferramental a ser utilizado em prol da cidadania.
De forma geral, todos os indivíduos apresentam algum nível de dificuldade de
assimilação em algum conteúdo disciplinar na escola, mesmo aqueles que se enquadram dentro
do conceito de normalidade, que é definido por Santos (2013) como sendo aqueles indivíduos
dotados de capacidade para se adequarem ao objeto ou ao seu universo. O que se pode esperar
então de indivíduos com deficiência intelectual?
Segundo Milian et al. (2013), a deficiência intelectual é definida pela American
Association of Mental Retardation (Associação Americana de Retardo Mental AAMR) sob
uma perspectiva multidimensional, funcional e bioecológica, como sendo caracterizada por
significativas limitações quanto ao funcionamento intelectual, comportamental e adaptativo,
que se manifestam nas habilidades práticas, sociais e conceituais. Outras organizações
internacionais também se dedicam à classificação e definição da deficiência intelectual, porém
respeitam a definição proposta pela AAMR, acrescentando-lhe algumas contribuições, tal como
a CID 10, o manual mais utilizado na área de saúde e a OMS, com a proposta de Classificação
Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), que incluem as perspectivas
ambiental e social ao conceito de funcionalidade.
Esta pesquisa tem como objetivo demonstrar a importância da intervenção
psicopedagógica frente à deficiência intelectual. Para que este objetivo possa ser alcançado
torna-se necessário definir e estabelecer as diferenças entre doença mental e deficiência
intelectual; descrever as especificidades da Deficiência Intelectual e discorrer sobre a
importância da atuação do psicopedagogo e as formas de intervenção.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa, que tem como base
matérias publicadas sobre o tema, na imprensa convencional e divulgados de forma virtual via
Internet por sítios confiáveis, todos devidamente referenciados ao final da pesquisa. Todo o
material obtido foi devidamente estudado, tendo sido incluídos apenas os que apresentassem
clareza e objetividade ao tratar do tema proposto.

DESENVOLVIMENTO

Dentro do contexto escolar muitos estudantes apresentam diferentes dificuldades de


aprendizagem, com expressiva defasagem em uma ou mais disciplinas ou conteúdos. Alguns
alunos conseguem superar suas dificuldades, porém em alguns casos ela persiste e se amplia,
sinalizando que existe algum agravante, alguma dificuldade que o impede de construir seu
conhecimento ou de se apropriar dos conteúdos escolares. Muitas vezes a dificuldade não se
centra apenas no aluno, mas no contexto geral, sócio-cultural e/ou pedagógico, o que requer
observação mais aproximada, especializada até, que proceda a avaliação elencando as prováveis
causas e as providências possíveis no sentido de sanar ao máximo a dificuldade intelectual
apresentada (MAKISHIMA; ZAMPRONI, 2012).

Deficiência intelectual

Segundo Milian et al. (2013), o conceito de deficiência intelectual tem sido


constantemente alterado ao longo das últimas décadas. A visão que se tem hoje a respeito do
assunto possui cientificidade e comprometimento com avaliações, observações e pesquisas
científicas, deixando no passado a concepção empírica e segregacionista que se tinha a respeito
do tema.
Almeida (2012) informa que, segundo a Organização Mundial de Saúde OMS, 5 %
de toda a população mundial apresenta deficiência intelectual. Deste total de indivíduos, 80 %
são crianças que apresentam deficiência intelectual em nível leve, não necessitando de escolas
ou salas de estudos especiais, uma vez que se encontram inclusos, freqüentando as escolas
regulares. Isso fez com que o contingente de alunos portadores de deficiência intelectual nas
redes regulares aumentasse muito nos últimos anos.
Até o ano de 1992, de acordo com Santos (2013), a deficiência intelectual era
caracterizada em função da Quantidade de Inteligência QI. As crianças que apresentassem QI
entre 50 e 70, eram consideradas como portadoras de transtorno leve; as que apresentassem QI
entre 35 e 49, tinham transtorno moderado; com QI entre 20 e 30, transtorno severo e, caso o
QI fosse menor que 20, a deficiência intelectual era considerada severa.
Após 1992, prossegue Santos (2013), desenvolveu-se um novo sistema baseado na
intensidade dos apoios necessários. Este sistema tinha como base a incapacidade caracterizada
pelas limitações do indivíduo/criança, tanto com relação ao funcionamento intelectual, quanto
ao comportamento adaptativo, expressando-se pelas habilidades de adaptações conceituais,
sociais e práticas. Dessa forma, a deficiência intelectual pode ser considerada como uma
ausência de capacidade de adequação a objetos ou ao próprio universo.
Rodrigues; Maranhe (2008) lembram que o contexto que a sociedade atual oferece aos
portadores de deficiências, possibilitando-lhes formas de adaptação às expectativas da
comunidade onde se encontram inseridas é produto de um longo processo histórico. A
sociedade sempre apresentou uma grande dificuldade em aceitar e conviver com pessoas
portadoras de quaisquer deficiências, seja pela dependência do cuidado pela falta de autonomia,
pela incapacidade de contribuir para a produção, subsistência e sobrevivência do grupo, ou até
mesmo por questões éticas, pois, em determinadas épocas da civilização, a presença de um
indivíduo com deficiência na família, era considerado como um sinal de impureza, pecado ou
imperfeição de um de seus membros ou de todos eles.
Devido à incapacidade de compreender, de aceitar e conviver com a dificuldade alheia,
prosseguem Rodrigues; Maranhe (2008), na pré história, na antiguidade e na Idade Média, os
indivíduos que nasciam com alguma deficiência eram mortos ou abandonados por seus próprios
pais. Era uma prática tão difundida que contava com a anuência de sábios e filósofos como
Aristóteles e Platão e, mais tarde, Martinho Lutero declarou ver tais pessoas como seres
diabólicos. Com o advento do cristianismo, as pessoas com deficiência começaram a ser
cuidadas, principalmente pelos cristãos, como uma forma de praticar a caridade e a
solidariedade. Isso não evitou que fossem condenados e sacrificados durante o período da Santa
Inquisição. Mais tarde a evolução da ciência e da filosofia, os indivíduos com deficiência
começaram a ser aceitos por suas famílias, que as mantinham segregadas, e só a partir da
segunda metade do século XX eles passaram a ser aceitos pela sociedade.
Foi uma caminhada lenta e sofrida que, segundo Rodrigues; Maranhe (2008), contou
com a contribuição de médicos, como Paracelso e filósofos, como Cardano, no século XVI;
John Locke e Condillac, no século XVII; Foderé, no século XVIII; Itart, Philippe Pinel,
Esquirol, Edouard Séguin, no século XIX, quando começaram a surgir as primeiras escolas para
crianças com deficiência mental, atestando sua educabilidade. No século XX, surgem
educadores idealistas como Johann Heinrich Pestalozzi, Froboel e Maria Montessori.
Pestalozzi, defendendo a universalização do direito à educação, Froboel, criando um sistema
de Educação Especial baseado em jogos e brincadeiras e Maria Montessori, desenvolvendo um
método de ensino voltado para crianças co0m deficiências. Mas apesar destas e de outras
contribuições de pesquisadores mais recentes, que impulsionaram o progresso da Bioquímica,
da Genética, do Diagnóstico Médico e da Psicologia Infantil, a deficiência ainda carrega uma
certa carga de maldição ou castigo dos céus, ou mesmo, de fatalismo clínico da hereditariedade
inevitável.
Arantes; Namo; Machado (2012, p. 16) afirmam que:

Diversas foram as ações, apesar de dispersas e sem políticas


sistematizadas, em prol da inclusão das pessoas com deficiência. No
entanto, já no século XX, em 1948, há um marco fundamental para a
compreensão e localização histórica desse processo de inclusão no
contexto mundial: a publicação da Declaração Universal dos Direitos
Humanos. A partir dela, passam a ser considerados mundialmente
pelo menos de forma oficial os direitos que os seres humanos
possuem, alguns deles princípios inalienáveis e universais, sem que se
possa distingui-los tendo como pretexto raça, gênero, religião, condição
econômica, cultural, física, sensorial ou intelectual.

No Brasil, o tratamento para com as crianças portadoras de deficiências seguiu os


mesmos procedimentos e costumes europeus e, alguns nomes são citados por Rodrigues;
Maranhe (2008), dentre os quais se destaca o da psicóloga e educadora russa, Helena Antipoff,
que na década de 1930 criou os serviços de diagnósticos e classes especiais nas escolas públicas.
A psicóloga foi a fundadora da Sociedade Pestalozzi, a primeira, em 1929, em Porto Alegre e,
posteriormente, as unidades de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Esta instituição
influenciou na implantação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) em
1954, que até hoje oferece atendimento aos casos mais graves de deficiências.
Arantes; Namo; Machado (2012) afirmam que as iniciativas de inclusão de alunos com
deficiência nas escolas públicas eram esparsas, de caráter individual, cabendo às famílias a
responsabilidade de arcar com o ônus de fazer com que seus filhos acompanhassem o processo
pedagógico e social da escola. Em função de tal dificuldade, estes alunos eram encaminhados
para escolas especiais ou para salas de educação especial dentro da própria escola, o que os
excluía e marginalizavam, afastando-os do convívio com as crianças consideradas normais.
A Constituição Federal de 1988, prosseguem Arantes; Namo; Machado (2012),
representou um marco muito importante, pois através dela se consolidaram, a nível nacional,
os direitos à educação de pessoas com deficiência, de forma oficial e definitiva. A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB/96) deu continuidade ao processo de
inclusão, ao trazer inserido em seu capítulo V as normas referentes à educação inclusiva,
determinando que as escolas acolham a todos, até mesmo os que possuam necessidades
especiais, tendo com objetivo tornar a sociedade menos segregatória, mais justa, equânime e
democrática. A partir de então, o processo de inclusão dos portadores de necessidades especiais
foi ganhando consistência e vem se concretizando cada vez mais.
Santos (2013) afirma ser a deficiência mental bem diferente da doença mental. Num
quadro de doença mental há o comprometimento de áreas cerebrais devido a lesões, o que
impede o indivíduo de exercer alguma função física ou cognitiva. Na deficiência intelectual, as
funções cerebrais encontram-se preservadas, o indivíduo mantém a percepção de si mesmo e
da realidade que o cerca, apresentando dificuldades de relacionamento, de adaptação e de
interação.
Ao definir doenças mentais, ou transtornos mentais, Cohen; Salgado (2009, p. 225)
afirmam que
... devem ser entendidas como transtornos mentais todas as alterações
no funcionamento da mente que prejudiquem o desempenho da pessoa
na vida familiar, social e pessoal, no trabalho, nos estudos, na
compreensão de si, no respeito aos outros e na tolerância aos problemas.
Assim, além dos transtornos mentais considerados socialmente como
de maior gravidade (psicopatia e esquizofrenia), esta classificação
abrange ainda situações relacionadas à dependência química, estados de
depressão, de mania ou ansiedade exagerada, entre outras. Nestes casos,
mesmo tendo a presença de todos os instrumentos de compreensão (às
vezes até com mais inteligência que a média da população), as pessoas
que experimentam essas condições possuem esta compreensão
funcionando de modo comprometido no campo afetivo.

Pereira (2012) afirma ser a Deficiência intelectual (DI) caracterizada como uma
incapacidade que impõe limitações significativas, tanto com relação ao funcionamento
intelectual quanto no comportamento adaptativo e se expressa em habilidades conceituais,
sociais e práticas. É um transtorno cujos fatores mais comuns são de ordem genética podendo
ser desencadeado por complicações durante o período de gestação, no parto ou pós natais,
manifestando-se principalmente antes dos dezoito anos de idade.
Almeida (2012) lembra que muitas associações americanas voltadas para o estudo das
doenças e deficiências mentais discutiram durante anos, a respeito da compreensão, definição
e classificação dos transtornos de ordem intelectual. A partir de 2010, passou a ser usado o
termo Deficiência Intelectual, por ter-se entendido que o déficit cognitivo não está localizado
na mente como um todo, e sim em uma de suas partes, o intelecto. Isto reforça a definição da
American Association on Intelectual and Desenvolvimental Disabilites (AAMR), que de acordo
com Santos (2013) é que a Deficiência Intelectual consiste em uma incapacidade caracterizada
por limitações no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo que está expresso
nas habilidades de adaptação conceituais sociais e práticas.

Características e especificidades

De acordo com o Instituto Federal de Educação. Ciência e Tecnologia RS (2010), as


principais características dos indivíduos com deficiência intelectual são: dificuldade ou
incapacidade de concentração; comunicação e interação confusa ou difusa; capacidade reduzida
para compreender a lógica, o funcionamento das línguas e a representação da escrita. Isso,
segundo Santos (2013), significa que esta é uma deficiência mental que tem como base o
desenvolvimento do indivíduo, incidindo e reagindo de forma personalizada de acordo com os
apoios que receba, não podendo, portanto ser generalizada ou quantificada por Quantidade de
Inteligência (QI).
Santos (2013) lembra que a deficiência mental baseia-se no desenvolvimento da pessoa,
nas relações que estabelece e nos apoios que recebe, principalmente em cinco dimensões
especificas:
Habilidades intelectuais: referindo-se à capacidade de planejamento, de raciocínio e de
resolução de problemas, se são capazes de exercer o pensamento abstrato, de compreender
idéias complexas e aprender com rapidez;
Comportamento adaptativo: Diz respeito às habilidades práticas que lhes possibilitem
ter autonomia na vida diária; como demonstram habilidades sociais, tais como
responsabilidade, auto-estima, observância de regras e leis, e habilidades interpessoais e
conceituais quanto aos aspectos acadêmicos, cognitivos e de comunicação;
Participação na vida em comunidade: Como é a disposição para as interações sociais;
Saúde: Quanto e quando necessitam de acompanhamento com relação a sua saúde física
e mental;
Contextualizações: Como se comportam em ambientes socioculturais, no ambiente
social imediato, na comunidade, nas organizações educacionais e em grupos populacionais
variados.
Almeida (2012) concorda que os níveis de deficiência intelectual não podem ser
determinados apenas por testes de QI, porém reconhece que estes testes consistem em uma
ferramenta importante para a mensuração da capacidade mental, da disposição do indivíduo
para o aprendizado, do nível de raciocínio, de resolução de problemas, entre outros aspectos. O
autor defende que outros testes devem ser aplicados na busca da determinação da limitação
intelectual do indivíduo, sem perder de vista fatores importantes que influenciam no
desenvolvimento, nas ações e reações individuais, tais como o ambiente cultural, atitudes, usos
e costumes de seus pares, diversidade lingüística e a diversidade cultural expressa na forma
como as pessoas de seu ambiente se comunicam entre si, se movimentam e se comportam.
Segundo Almeida (2012) os testes devem avaliar o comportamento adaptativo em três
tipos de habilidades:
Habilidades conceituais: Que abrange a linguagem, a alfabetização, a capacidade de
lidar com dinheiro e tempo, o conceito de número e a auto-direção.
Habilidades sociais: Onde seriam devidamente observadas as habilidades interpessoais,
noções de responsabilidade social, a auto-estima, a credulidade, ingenuidade e cautela,
capacidade de resolução de problemas sociais, a capacidade de seguir regras, de obedecer leis
e evitar a vitimização.
Habilidades práticas: Quando seriam observadas as competências no desenvolvimento
de atividades da vida diária, tais como a higiene pessoal, a saúde, horários e rotina, segurança,
uso do dinheiro e do telefone e até mesmo a qualificação profissional.

Fatores de risco para a deficiência intelectual

Segundo Almeida (2012), a deficiência intelectual constitui um subconjunto dentro de


um universo maio composto pelas várias deficiências de desenvolvimento. Algumas
deficiências de desenvolvimento possuem causas estritamente físicas, tais como a surdez, a
cegueira de nascença entre outras deficiências. Algumas pessoas possuem deficiência física e
intelectual como resultado de outras causas genéticas ou físicas, como a Síndrome de Down, a
síndrome alcoólica fetal, por exemplo. Pode ocorrer de as deficiências intelectuais resultarem
de causas não físicas, tais como do nível de estimulação infantil e da capacidade de resposta do
adulto. A deficiência intelectual tem como característica principal a dificuldade cognitiva e está
relacionada ao pensamento processual, porém ela pode coocorrer com outros tipos de
deficiência.
Gonçalves; Machado (2012) salientam que, dependendo das causas, a deficiência
intelectual pode ser prevenivel, como a Síndrome do Álcool Fetal, e muitas delas podem ser
tratadas, como o Hipotireoidismo Congênito. O Teste do Pezinho, realizado nos recém nascidos
consiste em uma forma de detectar de forma precoce as doenças que podem levar à deficiência
intelectual, permitindo a intervenção preventiva. Os fatores de risco para a deficiência
intelectual podem ser de origem pré-natais, perinatais ou pós-natais, como se encontra descrito
nos quadros 1, 2 e 3.
Quadro 1: Causas de deficiência intelectual no período pré-natal.
BIOMÉDICAS SOCIAIS COMPORTAMENTAIS EDUCACIONAIS
Desordens Pobreza Uso de drogas pelos pais Prejuízo cognitivo dos
cromossômicas pais
Desordens Desnutrição Uso de álcool pelos pais Falta de preparo para a
gênicas materna maternidade/paternidade
Síndromes Violência Fumo
doméstica
Desordens Falta de Imaturidade parental
motoras cuidados pré-
natais
Disgenesia
cerebral
Idade parenteral

Fonte: GONÇALVES MACHADO (2012, p. 67).

Quadro 2: Causas de deficiência intelectual no período perinatal


BIOMÉDICAS SOCIAIS COMPORTAMENTAIS EDUCACIONAIS
Prematuridade Falta de acesso Rejeição dos pais ao Falta de
aos cuidados do cuidado da criança encaminhamento
parto para intervenção
após a alta hospitalar
Lesão no Abandono da criança
nascimento pelos pais
Desordem
neonatais
Fonte: GONÇALVES MACHADO (2012, p. 67).

Quadro 3: Causas de deficiência intelectual no período pós-natal


BIOMÉDICAS SOCIAIS COMPORTAMENTAIS EDUCACIONAIS
Lesão cerebral Pobreza familiar
Abuso e negligência da Prejuízo cognitivo
traumática criança dos pais
Desnutrição Cuidador da criança
Violência doméstica Diagnóstico
incapacitado retardado
Meningite Falta de
Medidas de segurança Serviços de
encefalite estimulação inadequadas intervenção precoce
adequada inadequados
Desordens Privação social
Doença crônica na Serviços
convulsivas família educacionais
especiais
inadequados
Distúrbios Institucionalização Comportamentos infantis Apoio familiar
degenerativos difíceis inadequado
Fonte: GONÇALVES MACHADO (2012, p. 68).
Causas mais comuns da deficiência intelectual

Dentro do contexto escolar, segundo Makishima; Zamproni (2012), as dificuldades de


aprendizagem se manifestam das mais variadas formas e sintomas. É muito importante que o
profissional de educação esteja devidamente informado a respeito das variadas síndromes e
transtornos que podem desencadear a deficiência intelectual. Algumas da síndromes e
deficiências que desencadeiam a deficiência intelectual encontram-se sumariamente
relacionadas no Quadro 4.

Quadro 4: Causas mais comuns da Deficiência Intelectual


CAUSA CARACTERÍSTICAS MANIFESTAÇÃO
Síndrome de Hipotonia; abertura das pálpebras Atraso nas funções mentais,
Down inclinada; boca pequena com motoras e no desenvolvimento
tendência à projeção da língua; mãos, da linguagem; leva maior tempo
orelhas e dentes pequenos; pescoço e na execução de tarefas e na
dedos curtos; cabelos finos e lisos; aprendizagem, porém aprende
baixa estatura e tendência à muito bem.
obesidade.
Síndrome do Lábio superior fino e filtrolabial Disfunção do Sistema Nervoso
álcool fetal plano e alongado; fissuras palpebrais Central; déficit neurológico;
curtas; ptose; nariz arrebitado e face pobre coordenação motora entre
média achatada. Pode também a visão e o movimento das mãos;
apresentar fenda labial ou palatina; dificuldades de aprendizagem;
atraso do crescimento pré- e pós- alteração comportamental e de
natal; microcefalia; agenesia do memorização, atenção e
corpo caloso; cardiopatia congênita e julgamento.
anormalidades do comportamento.
Esclerose Podem surgir lesões na pele, nos Depressão; transtorno do
Tuberosa ossos, dentes, rins, pulmões, olhos, espectro autista; hiperatividade;
coração e sistema nervoso central; déficit de atenção;
lesões na retina e lesões cerebrais. insociabilidade; lesões de retina;
lesões renais.
Hipotireoidismo Quando não tratada, pode provocar A maior a sequela do período
Congênito atraso de crescimento e de que a criança permaneceu em
desenvolvimento neuropsicomotor, hipotireoidismo é o
como demora para sustentar a cabeça comprometimento do
e para sentar e dificuldade para desenvolvimento cognitivo e
mamar; crescimento e ganho de deficiência de aprendizado que
peso inadequados com edema pode se prolongar para toda a
importante de mãos e pés que podem vida.
aumentar progressivamente;
aumento do volume cervical; frequ-
ência cardíaca baixa; sonolência em
todos os períodos do dia e
comunicação pobre.
Toxoplasmose O bebê pode ter a cabeça pequena; Lesões permanentes,
Congênita ter incluindo inflamação do interior
Icterícia; apresentar o fígado e o do olho; deficiência intelectual;
baço aumentados; inflamação do surdez
coração, dos pulmões, ou dos olhos; e convulsões.
erupções; pressão do líquido
cefalorraquidiano elevada devido ao
aumento de sua quantidade que
rodeia o cérebro ou à presença de
depósitos de cálcio no cérebro e
convulsões; em alguns casos, bebês
que apresentam tais sintomas
adoecem gravemente, morrendo
pouco depois.
Autismo Clássico Não apresenta caracterização física Limitações de comunicação;
diferenciada, apresentando comportamentos inadequados;
dificuldade em acariciar; ausência de isolamento do ambiente e fuga
contato visual, de respostas da realidade. Crianças autistas
fisionômicas e de resposta à voz dos não costumam brincar nem fazer
pais. amizades por não ter uma
percepção correta das
necessidades alheias.
Síndrome de Não apresenta caracterização física Interesses restritos e intensos;
Asperger diferenciada, mas podem apresentar dificuldades de interpretação em
atraso na fala; dificuldade no uso do situações mais elaboradas;
olhar e na comunicação não verbal; pensamento concreto; falta de
apego a rotinas e rituais; dificuldades autocensura; dificuldades para
para com mudanças; atraso no expressar e entender emoções;
desenvolvimento da coordenação dificuldade em generalizar o
motora e hipersensibilidade sensorial. aprendizado e na execução de
tarefas.
Síndrome de Rett É uma condição caracterizada por Desaceleração do crescimento
deterioração neuromotora em cefálico entre a idade de 5 a 48
crianças do sexo feminino, que pode meses; perda de habilidades
ser agravada pela ocorrência de manuais voluntárias
Epilepsia, crises hipoxêmicas e anteriormente adquiridas entre a
apnéia, o que compromete a idade de cinco e 30 meses;
sobrevida da paciente. desenvolvimento subseqüente
de movimentos estereotipados
das mãos, como gestos de
torcer ou lavar as mãos; perda
do envolvimento social no
início do transtorno (embora em
geral a interação se desenvolva
posteriormente); Incoordenação
da marcha ou dos movimentos
do tronco; desenvolvimento das
linguagens expressiva ou
receptiva severamente
comprometido, com severo
retardo psicomotor; deficiência
múltipla severa.
Transtorno Ocorre após a criança ter alcançado 3 Perda das habilidades sociais e
Desintegrativo da ou 4 anos de desenvolvimento comunicativas; retardo mental;
Infância normal; possui espectro autista, só transtornos de fala; incapacidade
que mais grave e pode associar a para o autocuidado.
Epilepsia.
Transtornos Desaceleração do crescimento Alteração das interações sociais
Invasivos do cefálico; atraso no desenvolvimento e de comunicação geral;
Desenvolvimento da fala e do caminhar; espectro dificuldade de contato físico;
autista. interesse restrito, esteriotipado e
repetitivo.
Transtorno de Desenvolvimento inadequado da Desatenção, alheiamento,
Déficit de atenção e das habilidades motoras, irritabilidade, choro fácil,
Atenção e hiperatividade, impulsividade, ansiedade, dificuldade de
Hiperatividade - irritabilidade, insônia ou falta de concentração, dificuldade para
TDAH qualidade de sono, podendo seguir instruções ou cumprir
apresentar co-morbidade com outras ordens, distrai facilmente, pode
síndromes. desenvolver depressão.
Fonte: GONÇALVES MACHADO (2012); PIRES (2012); RODRIGUES; MARANHE
(2008); ARAUJO 2010); MONTE; CUDIZIO (2012); VILA; DIOGO; SIQUEIRA (2009);
SCHWARTZMEN (2003); MERCADANTE ET al. (2006); PESSIM; HAFNER (2014);
MAKISHIMA; ZAMPRONI (2012).

Avaliação
Pereira (2012) reitera que a deficiência intelectual consiste em um quadro
psicopatológico que se refere às funções cognitivas, caracterizando-se por uma defasagem e
alterações nas estruturas mentais que dificultam a construção e a apropriação do conhecimento.
De acordo com a definição, vários atores devem ser levados em conta no momento da avaliação
que concluirá pela constatação ou não da deficiência intelectual, tais como condições físicas,
motoras e cognitivas, ambientais e sociais. Uma criança, ou um indivíduo, pode apresentar-se
como deficiente intelectual em um determinado ambiente ou contexto e ser normal em outro.
As características socioambientais podem justificar tal variação.
Gonçalves; Machado (2012) preconiza muita cautela na aplicação dos testes
neuropsicológicos, bem como na interpretação dos resultados, devendo-se considerar o
contexto étnico/cultural, o nível educacional do ambiente sócio-familiar, o grau de motivação,
a cooperação e as deficiências que podem estar associadas, interferindo no desempenho do
paciente em alguns quesitos do teste, provocando baixo escore de QI. A investigação deve ser
efetuada em etapas, como demonstra o quadro 5.
Quadro 5: Investigação da deficiência intelectual em etapas.
ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 3 ETAPA 4 ETAPA 5
Anamnese. Avaliação Exame de Gasometria Biópsias e
Exames físico para neuroimagem arterial. exame
e autismo. (tomografia Aprofundar pesquisa histopatológico
neurológico, Hemograma computadorizada metabólica de
com completo, e/ou ressonância (por exemplo, órgãos
perímetro níveis magnética com aminoácidos e acometidos.
cefálico e séricos espectroscopia de ácidos orgânicos Técnica FISH
pesquisa de de prótons). urinários, lactato e para
características eletrólitos, Níveis séricos de piruvato no soro e microdeleções
dismórficas. ferro, cálcio, homocisteína e no líquido específicas.
Heredograma magnésio, amônia. Exames cefalorraquidiano). Estudos
abrangendo fósforo e endócrinos Nível sanguíneo de cromossômicos
três fosfatase (por exemplo, chumbo. subteloméricos.
gerações. alcalina. provas de função Nível sérico de Nível sérico
Revisão dos Triagem das tireóidea). Testes creatinoquinase. materno
resultados deficiências para TORCH, se Pareceres da genética de fenilalanina,
do teste do auditiva e pertinentes. e neuropediatria. se a criança
pezinho visual. Cariótipo. Eletroencefalograma, tiver
Pesquisa do X se houver microcefalia.
frágil, se epilepsia. Sondas de
pertinente. DNA
Parecer para mutações
oftalmológico. específicas (por
Testes exemplo,
neuropsicológicos, MECP2).
Incluindo o QI. Espectroscopia
por ressonância
magnética,
se ainda não
realizada.
Fonte: GONÇALVES; MACHADO (2012, p. 80).
Vygotsky (1997, apud Tedde, 2012), afirmava que existe potencialidade e capacidade
nos indivíduos com deficiência, ocorre que, para estes conseguirem desenvolvê-las, é
necessário que se lhes ofereçam condições materiais e instrumentais adequadas. Em função
disso, deve-se oferecer-lhes uma educação que lhes dê a oportunidade de se apropriarem da
cultura histórica e socialmente construída, adquirindo assim, melhores possibilidades de
desenvolvimento.
A atuação do pedagogo

O termo Psicopedagogia, segundo Cardozo (2011), sugere ser esta ciência uma fusão
entre a Psicologia e a Pedagogia. Partindo-se do princípio de que a Pedagogia ocupa-se das
questões referentes às metodologias de ensino-aprendizagem do aluno e das questões
educacionais em sua amplitude e que a Psicologia dedica-se ao estudo aos sujeitos, do
comportamento humano e dos processos mentais, percebe-se que o papel da Psicopedagogia é
promover a interação entre o aluno e o ser humano que ele representa. É um ponto de união
entre a Pedagogia e a Psicologia. Seu campo de atuação transita entre a Saúde e a Educação,
lidando com os processos de aprendizagem humana dentro dos padrões normais ou patológicos.
Para isso considera a influência do meio, formado pela escola, família e sociedade e utiliza-se
de recursos próprios da Psicopedagogia, que se apóiam no tripé formado pela Psicologia Social,
Psicanálise e Psicologia Genética.
A Psicopedagia tem atuação clínica e/ou institucional. Segundo Araújo (2007, p. 1):

A Psicopedagogia clínica procura compreender de forma global e


integrada os processos cognitivos, emocionais, sociais, culturais,
orgânicos e pedagógicos, que interferem na aprendizagem, a fim de
possibilitar situações que resgatem o prazer de aprender em sua
totalidade, incluindo a promoção da integração entre pais, professores,
orientadores educacionais e demais especialistas que transitam no
universo educacional do aluno. [...]
Na escola o Psicopedagogo também utiliza instrumental especializado,
sistema específico de avaliação e estratégias capazes de atender aos
alunos em sua individualidade e de auxiliá-los em sua produção escolar
e para além dela, colocando-os em contato com suas reações diante da
tarefa e dos vínculos com o objeto do conhecimento. Dessa forma,
resgata positivamente o ato de aprender.

O trabalho do Psicopedagogo, em uma sociedade igualitária em que o acesso à educação


é considerado um direito de todos, na visão de Cardozo (2011), é ajudar no desenvolvimento
do sujeito aprendiz e nos processos de ensino-aprendizagem, atuando não apenas com os
educandos, mas também junto aos educadores, auxiliando-os a encontrarem novas estratégias
e metodologias que aproximem estes processos, possibilitando aos alunos a construção de seu
aprendizado.
Car
chegada dos bancos escolares é carregada de estigmas, mitos e crendices, assim como sua
candos de
uma forma bem ampla e profunda, superando os paradigmas cristalizados da exclusão,
transformando a escola regular em um espaço educacional que receba, apóie e incentive ao
alunos com deficiências em seu desenvolvimento.
Rodrigues; Maranhe (2008, p. 21) definem a educação inclusiva da seguinte forma:

A educação inclusiva é um processo em que se amplia a participação


de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-se
de uma reestruturação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas
nas escolas de modo que estas respondam à diversidade de alunos. É
uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas
singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação
pessoal e a inserção social de todos.

O atendimento educacional especializado oferecido pelo Psicopedagogo, segundo


Tedde (2012), tem a missão de identificar, planejar e efetuar recursos que implementem tanto
a acessibilidade e a pedagogia de forma a facilitar a participação dos alunos incluídos no ensino
regular, objetivando seu desenvolvimento e sua aprendizagem. A aprendizagem pode ser
compreendida como uma maneira pela qual, valores, comportamentos e conhecimentos são
apreendidos ou transformados, como produto de informação e experiências.

do que a aquisição de capacidade para pensar; é a aquisição de muitas capacidades


sui
um papel fundamental no desenvolvimento do saber e do conhecimento. Quando se trata de
seres humanos, todo e qualquer processo de aprendizagem é ensino-aprendizagem. Um
processo que envolve tanto aquele que aprende, quanto aquele que ensina e a relação entre eles.

atrasadas devem estudar o mesmo que as demais crianças, receber a mesma preparação para a
vida futura, para que depois participem dela em certa medida, junto co
que isso seja possível, Rodrigues; Maranhe (2008) esclarecem que é necessário que se promova
mudanças profundas nas escolas, principalmente com relação às atitudes discriminatórias. É
papel da escola derrubar tabus e estigmas, combatendo a ignorância através da informação,
transformando em positivas, as atitudes negativas da maioria das pessoas para com os
indivíduos portadores de deficiência. A respeito desse assunto, Tedde (2012) afirma que as
crianças com deficiência intelectual necessitam de credibilidade, que acreditem em sua
capacidade de aprender, pois, quando estimuladas e incentivadas, estas crianças mostram
aprendizagem e desenvolvimento surpreendentes.
O trabalho do psicopedagogo no contexto escolar, segundo Cardozo (2011), tem caráter
preventivo e saneador, sendo desenvolvido na instituição, junto aos professores, com os pais e
com os próprios alunos. De forma especifica, pode ser descrito da seguinte forma:
Trabalho psicopedagógico preventivo: Envolvimento com os professores preparando-
os para trabalhar com a diversidade, prevenindo-os quanto à necessidade do uso de recursos
diversificados e estímulos específicos; detectar alterações no processo de aprendizagem,
promovendo orientações metodológicas e atitudinais; proporcionar estímulos adequados de
forma a complementar ou suplementar a aprendizagem; auxiliar na elaboração do Projeto
Político Pedagógico e demais projetos desenvolvidos pela escola; esimular a equipe pedagógica
a utilizar-se de recursos lúdicos, estimulando o prazer em aprender.
Atendimento psicopedagógico institucional escolar: Realizar atendimento
pedagógico individualizado e/ou em grupos pequenos; orientar os alunos sempre que
necessário; auxiliar os professores quanto à melhor forma de estudos de acordo com as
dificuldades apresentadas pelos educandos; ouvir atentamente os alunos, verificar seus
cadernos observando erros e orientando quanto às formas de saná-los; proceder às avaliações
diagnósticas; fazer os encaminhamentos, se e quando necessários.
Orientação aos professores: Auxiliar os professores no sentido de valorizar as
diferenças, a descobrir e potencializar capacidades, a trabalhar o cooperativismo, a trabalhar de
forma diversificada, a avaliar de forma permanente e qualitativamente; suprir as dificuldades
individuais; orientar quanto ao uso da melhor didática e quanto à utilização da tecnologia em
benefício do trabalho docente.
Orientação aos pais: Realçar a importância destes ao lado de seus filhos, com ou sem
deficiências; orientá-los quanto à importância do elogio, do abraço, da brincadeira e até mesmo
da colaboração dos filhos em algumas atividades domésticas; enfatizar a importância do
diálogo, das brincadeiras, da valorização dos avanços e das superações, da necessidade de ouvi-
los e de olhar para eles enquanto falam; de incentivá-los quanto à autonomia e ao auto-cuidado,
sendo auto-responsáveis; reforçar a valorização da rotina, da importância de se dar orientações
e comandos claros, de auxiliá-los e estimulá-los nas brincadeiras mais simples; de permitir e
respeitar escolhas; de complementar o trabalho pedagógico da escola; entre outras orientações.
Orientações aos alunos: Tendo em vista que cada indivíduo é único e consiste em um
ser humano em processo de desenvolvimento, o psicopedagogo deve dialogar e interagir
periodicamente com os alunos com deficiência intelectual; deve ouvi-los com atenção; observar
e avaliar a comunicação não verbal; auxiliá-los na descoberta de seus talentos, estimulando-os
e potencializando suas qualidades (CARDOZO, 2011; RODRIGUES; MARANHE, 2008).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi exposto ao longo do referencial teórico, foi possível observar que,
sendo cada criança um ser único, as crianças com deficiência intelectual devem ser olhadas de
forma individualizada, levando-se em consideração suas limitações. Há que se contemplar suas
necessidades, mas este olhar não deve se limitar ao que ainda não conseguem realizar com
autonomia, mas também deve-se considerar a bagagem que possuem e as ações que já
conseguem executar sozinhas Todas as pessoas, com ou sem deficiência, possuem limitações
e potencialidade. O portador de deficiência intelectual necessita sim de apoio pedagógico, de
atenção especializada e de adequações curriculares, mas não se pode esquecer que eles possuem
capacidades. Na realidade, o que eles mais necessitam, além das intervenções, é que se acredite
neles.
As dificuldades enfrentadas pelos alunos com deficiência, referem-se mais às limitações
e deficiências da sociedade e do meio do que dos próprios alunos. Se a escola promover a
participação desses alunos em atividades curriculares e extracurriculares respeitando suas
características, oferecendo alternativas pedagógicas que atendam às suas necessidades comuns
e específicas, esses alunos conseguirão aprender, respondendo efetivamente ao processo de
ensino--aprendizagem.
A característica de competitividade, que prevalece no meio educativo e cultural até os
dias atuais, com uma educação verticalizada, que enfatiza o processo de seleção e exclusão de
alunos, historicamente reconhecida pelo domínio das propostas curriculares, é que cria a maior
resistência à inclusão de pessoas com deficiência. Neste contexto, essas pessoas são
consideradas menos capazes para um bom desempenho escolar em razão da proposição de
atividades propostas numa base da cultura competitiva.
Dentro deste contexto, o papel do psicopedagogo, que inicia-se com uma avaliação
simples, que lhe possibilita conhecer o aluno, inteirando-se de seu posicionamento com relação
à aprendizagem, identificando suas dificuldades, é muito importante na sua caminhada rumo à
superação. De acordo com a necessidade, ele deve encaminhar o aluno, acompanhado por um
relatório detalhado, para atendimento especializado com um psicopedagogo clínico, pedagogo,
psicólogo, terapeuta ou médico especialista, para um diagnóstico mais preciso. De posse deste
diagnóstico, deve ele trabalhar em parceria com o (s) profissional (is) especializado (os) na área,
ou áreas que se fizeram necessárias, buscando a potencialização do indivíduo assistido,
auxiliando-o em sua caminhada de superação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, M. A. deficiência Intelectual: realidade e ação. São Paulo: Secretaria da Educação.


Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado. CAPE/SE, 2012, 153 p.
ALMEIDA, M. A. O caminhar da Deficiência Intelectual e o classificação pelo sistema de suporte/apoio.
In: ALMEIDA, M. A. deficiência Intelectual: realidade e ação. São Paulo: Secretaria da Educação.
Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado. CAPE/SE, 2012, 153 p.
ARANTES, D. R. B.; NAMO, D.; MACHADO, M. A. S.; Contexto histórico e educacional da pessoa
com deficiência no Brasil e no estado de São Paulo. In: ALMEIDA, M. A. deficiência Intelectual:
realidade e ação. São Paulo: Secretaria da Educação. Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado.
CAPE/SE, 2012, 153 p.
ARAUJO, O. S. P. Reflexões sobre a Psicopedagogia clínica e institucional. Anais: III CELLMS; IV
EPGL; I EPPGL. Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Dourados, outubro de 2007.
ARAUJO, L. J. Esclerose Tuberosa Aspectos fenotípicos de uma família afetada por esta síndrome.
2010. 80 f. Dissertação. (Pós graduação em Ciências da Saúde) Universidade Estadual de Montes
Claros UNIMONTES, Montes Claros, 2010.
CARDOZO, A. S. M. S. A atuação do Psicopedagogo na escola inclusiva. 2011. Fl. Monografia.
(Especialista em Psicopedagogia) Universidade Cândido Mendes; Pós-
Faculdade Integrada AVM, Niteroi, 2011.
COHEN, C.; SALGADO, M. T. M. Reflexão sobre a autonomia civil das pessoas portadoras de
transtornos mentais. Revista Bioética, v. 17, n. 2, 2009.
FELDENS, M. C.; MARTEL, R.; NEUBAUER, V. S. Psicopedagogia: estudo e intervenção. XV
Seminário Internacional de Educação no Mercosul, 7 a 10 de maio de 2013, Cruz Alta. Anais. Cruz
Alta, 2013. Disponível em << http://www.unicruz.edu.br/mercosul/anais/index.php >> Acesso em
fevereiro de 2015.
GONÇALVES, A.; MACHADO, A. C. A importância das causas na deficiência intelectual para o
entendimento das dificuldades escolares. In: ALMEIDA, M. A. Deficiência Intelectual: realidade e
ação. São Paulo: Secretaria da Educação. Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado. CAPE/SE, 2012,
153 p.
MAKISHIMA, E. A. C.; ZAMPRONI, E. C. B. Transtornos Funcionais Específicos. Secretaria da
Educação; Superintendência de Estado da Educação; Departamento de Educação Especial e Inclusão
Educacional, 2012. Disponível em <<
http://www.nre.seed.pr.gov.br/toledo/arquivos/File/educacao_especial/materiais_apoio/texto_tfejunho
2.pdf >> Acesso em fevereiro de 2015.
MERCADANTE, M. T.; DER GAAG, R. J. V.; SCHWARTZMAN, J. S. Transtornos invasivos do
desenvolvimento não autísticos: síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância e transtornos
invasivos do desenvolvimento sem outra especificação. Revista Brasileira de Psiquiatria, nº 20,
Suplemento 1, p. 12 230, 2006.
MILIAN, Q. G.; ALVES, R. J. R.; WECHSTER, S. M.; NAKANO, T. C. Deficiência Intelectual: doze
anos de publicações na base SciELO. Revista de Psicopedagogia, v. 30, nº 91, p. 64 73, 2013.
MONTE, O.; CUDIZIO, L. F. P. Hipotireoidismo Congênito. Revista DI, São Paulo, nº 2, p. 20 23,
jan./jul. 2012.
PEREIRA, J. E. A infância e a deficiência intelectual: algumas reflexões. Anais: IX Seminário de
Pesquisa em Educação da Região Sul IX ANPEDSUL, Florianópolis, 2012.
PESSIM, L. E.; HAFNER, M. B. Transtornos Invasivos do Desenvolvimento Infantil. Psicologia:
Revista Eletrônica Científica. Disponível em <<
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/gcDfJHswuQmVkdE_2014-4-16-1-22-
2.pdf >> Acesso em fevereiro de 2015.
PIRES, E. M. G. A criança com a Síndrome de Down e a parceria entre pais e profissionais: estudo de
caso. 2012. 103 f. Dissertação. (Mestrado em Ciência da Educação) Escola Superior Almeida Garrett,
Lisboa, 2012.
SANTOS, A. M. Deficiência Intelectual. NAPNE, Câmpus de Curitiba, maio/2013. Disponível em <<
http://curitiba.ifpr.edu.br/wp-content/uploads/2013/06/Intelectual_maio.pdf>> Acesso em fevereiro de
2015.
SCHWARTZMAN, J.S. Síndrome de Rett. Revista Brasileira de Psiquiatria, nº 25, v. 2, p. 110 113,
2003.
RODRIGUES, O. M. P. R.; MARANHE, E. A. Práticas em Educação Especial e Inclusiva na área
da Deficiência Mental. Bauru: MEC/FC/ SEE, 2008, 35 p.
TEDDE, S. Crianças com Deficiência Intelectual: a aprendizagem e a inclusão. 2012. 100 fl.
Dissertação. (Mestrado em Educação) Centro Salesiano de São Paulo; Americana, 2012.
VILA, C.; DIOGO, S.; SIQUEIRA, S. Autismo e Síndrome de Asperger. 2009. Trabalho de de Curso.
(Licenciatura em Psicologia) Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes, Portimão, Portugal, 2009.
Disponível em << www.psicologia.com.pt >> Acesso em fevereiro de 2015.

Você também pode gostar