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P A U L O D A L T O
S E M I O LO G I A CA R D Í ACA
CARDIOLOGIA Prof. Paulo Dalto | Semiologia cardíaca 2
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@estrategiamed t.me/estrategiamed
Estratégia
MED
CARDIOLOGIA Semiologia cardíaca Estratégia
MED
SUMÁRIO
1.4.1 DESDOBRAMENTOS 8
CAPÍTULO
A palpação dos pulsos arteriais permite avaliar o ritmo cardíaco, a frequência cardíaca e até mesmo sugerir a presença de cardiopatias
estruturais que alterem sua morfologia. As principais características que devem ser obtidas ao palpar os pulsos arteriais são a frequência e o
ritmo cardíacos, o estado da parede arterial, sua amplitude (ou magnitude) e os tipos de onda.
A amplitude é a sensação captada a cada pulsação e está diretamente relacionada ao enchimento da artéria durante a sístole e seu
esvaziamento na diástole.
Veja os exemplos dos principais tipos de pulsos arteriais e suas representações gráficas.
• Pulso normal: sua curva é suave e arredondada. Na porção descendente, observa-se uma incisura dicrótica, que marca o
início da diástole.
• Pulso filiforme: é um pulso de baixa amplitude e “fino”. Quase sempre associado ao colapso circulatório (choque
hemodinâmico).
• Pulso parvus et tardus: possui uma ascensão lenta (parvus) e duração prolongada (tardus). Está classicamente associado à
estenose aórtica importante.
• Pulso célere (martelo d’água): também chamado de pulso de Corrigan. Possui amplitude aumentada, com subida e queda
rápidas. É clássico da insuficiência aórtica importante.
• Pulso dicrótico: esse pulso possui dois picos, um na sístole e outro na diástole. Pode ser observado em pacientes com choque
hipovolêmico, insuficiência cardíaca grave, tamponamento cardíaco e condições com baixo volume sistólico ejetado.
• Pulso bisferiens: assim como o pulso dicrótico, também possui dois picos, porém ambos ocorrem na sístole. Está relacionado
com a insuficiência aórtica crônica moderada ou importante, mas também pode ser visto na dupla lesão valvar aórtica (estenose
e insuficiência), com predomínio da insuficiência. Menos frequentemente é observado na cardiomiopatia hipertrófica.
• Pulso paradoxal: é uma queda inspiratória da pressão arterial sistólica maior do que 10 mmHg. É classicamente descrito no
tamponamento cardíaco, mas pode estar presente na pericardite constritiva, embolia pulmonar, asma grave, obesidade
extrema e gravidez (as duas últimas pelo fato de obstruírem o fluxo da veia cava inferior).
• Pulso alternante: ocorre uma alternância na palpação de um pulso amplo seguido por outro com menor amplitude. Essa
variação é observada, batimento a batimento, em pacientes com ritmo cardíaco regular e independe do ciclo respiratório.
Geralmente é vista na insuficiência cardíaca esquerda grave.
O pulso venoso jugular é formado pelas pulsações observadas na base do pescoço e reflete a dinâmica do
retorno venoso ao coração direito. Suas ondas representam as mudanças de volume, que ocorrem no átrio direito
a cada momento do ciclo cardíaco.
Antes de identificar se o pulso venoso jugular está alterado, é preciso saber seu estado normal e o significado de cada onda. Então,
vamos às definições.
Ocorre devido à queda da pressão atrial causada pela movimentação da valva tricúspide para
Descenso X
baixo na sístole do VD.
Para facilitar a compreensão, veja a representação abaixo, que mostra a diferença entre os pulsos venosos e arteriais, além de suas
relações com as bulhas cardíacas e o eletrocardiograma.
Agora, você verá como se comportam as ondas do pulso
venoso diante das doenças do coração.
• Onda V gigante: presente na insuficiência tricúspide importante, em que o refluxo através da valva incompetente causa uma
grande onda junto à sístole ventricular.
• Descenso Y proeminente (sinal da raiz quadrada): também chamado de pulso venoso em W, ocorre na pericardite constritiva,
nas miocardiopatias restritivas com acometimento do VD e no infarto de VD. O descenso Y termina de forma repentina devido
ao súbito aumento das pressões de enchimento do VD, típico de ventrículos com pouca complacência.
• Descenso Y ausente ou atenuado: pode ser observado no tamponamento cardíaco. A elevada pressão intrapericárdica
restringe o enchimento ventricular na diástole, atenuando o descenso Y.
O principal componente da B1 é o fechamento das valvas mitral e tricúspide, sendo identificado com um som “TUM”.
B1 B2 B1 B2
Sístole Diástole Sístole Diástole
1.4.1 DESDOBRAMENTOS
Os desdobramentos são divididos didaticamente em três segunda bulha está desdobrada, seu ruído corresponde à
tipos: (1) fisiológico, (2) amplo e (3) paradoxal. Vamos estudar cada expressão “TRÁ”.
um deles: • Desdobramento amplo da B2: ocorre em situações que
• Desdobramento fisiológico da B2: em cerca de 65 a 75% sobrecarregam o ventrículo direito. Qualquer doença
dos indivíduos normais, especialmente os mais jovens, que atrase o fechamento da valva pulmonar ou adiante o
pode ser observado o desdobramento da segunda bulha. fechamento da valva aórtica pode causar desdobramento
Durante a inspiração, o retorno venoso para o ventrículo amplo. As principais causas são bloqueio de ramo direito
direito aumenta. Com isso, o ventrículo direito fica mais (que irá atrasar a contração do ventrículo direito, atrasando
cheio e seu esvaziamento demora mais para acontecer, o fechamento da valva pulmonar), estenose pulmonar,
o que resulta no afastamento do componente pulmonar embolia pulmonar e insuficiência do ventrículo direito.
(fechamento mais tardio da valva pulmonar). Quando a
• Desdobramento paradoxal da B2: ocorre em situações que sobrecarregam o ventrículo esquerdo, como estenose aórtica,
hipertensão arterial e bloqueio de ramo esquerdo. Em outras palavras, qualquer situação que antecipa o fechamento da valva
pulmonar ou atrase o fechamento da valva aórtica pode causar desdobramento paradoxal.
A2 A2
P2 P2
Desdobramento
fisiológico
B1 B2 B1 B2
EXPIRAÇÃO INSPIRAÇÃO
A2 A2
Desdobramento
P2 P2
amplo
B1 B2 B1 B2
A2 A2
P2 P2
Desdobramento
paradoxal
B1 B2 B1 B2
Som originado das vibrações da parede ventricular que foi subitamente distendida pelo sangue durante a fase de enchimento rápido
do ventrículo. Pode ser normal em crianças e adolescentes. Quando patológica, é denominada galope (ritmo de galope).
São três as principais situações em que a B3 patológica está presente: sobrecarga de volume crônica (ex.: insuficiência mitral ou aórtica
crônicas, comunicação interatrial e interventricular), diminuição da complacência ventricular (ex.: cardiomiopatias dilatadas, restritivas e
hipertrófica) e na insuficiência cardíaca descompensada com fração de ejeção reduzida (< 40%).
Dica de prova
Quando a banca fala que o paciente possui B3, ela quer dizer que há uma combinação de aumento
de volume do ventrículo esquerdo com complacência reduzida e aumento das pressões no átrio
esquerdo. Frequentemente há disfunção sistólica associada.
Quais são as causas? Infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca descompensada, insuficiência
mitral crônica descompensada.
É uma bulha pré-sistólica (ocorre um pouco antes da B1). Sua origem está na vibração da parede do ventrículo (pouco complacente)
devido ao sangue que chega após uma contração vigorosa do átrio. Situações em que a B4 está presente: hipertrofia do ventrículo esquerdo
concêntrica, isquemia do miocárdio e cardiomiopatias dilatadas e restritivas.
Os sopros cardíacos são produzidos por vibrações decorrentes do fluxo sanguíneo (turbulência).
*HAS: hipertensão arterial sistêmica; VD: ventrículo direito; BED: borda esternal direita
*CMPH: cardiomiopatia hipertrófica; CIA: comunicação interatrial; CIV: comunicação interventricular; HAS: hipertensão arterial sistêmica; BED: borda
esternal direita; VD: ventrículo direito.
Figura 4: Tipos de sopros sistólico e suas principais características.
• Características do sopro de ejeção: origina-se logo após a primeira bulha. É do tipo crescendo-decrescendo e termina antes
da segunda bulha. É descrito como sopro em diamante. Aparece na estenose aórtica, estenose pulmonar, na cardiomiopatia
hipertrófica obstrutiva, coarctação de aorta e nas situações de hiperfluxo na via de saída (comunicação interatrial,
insuficiência aórtica importante).
Entre os sopros sistólicos ejetivos, o mais importante é o da estenose aórtica. Vamos vê-lo?
O sopro da estenose aórtica é descrito da seguinte forma: sistólico, ejetivo, rude, começa crescendo e depois decresce
(formato de diamante - mesotelessistólico), com irradiação para as carótidas e para a fúrcula. É panprecordial, porém mais
audível em foco aórtico ou aórtico acessório. Quanto mais tardio for o pico do sopro, pior o prognóstico.
B1 SÍSTOLE B2
Você sabe a diferença entre o sopro da estenose aórtica (EAo) discreta/moderada para a estenose importante?
Quando a EAo é discreta ou moderada, o sopro geralmente é suave e seu pico localiza-se no meio da sístole
(veja o esquema anterior).
B1 B2 B1
Na EAo importante, a saída do fluxo de sangue está mais limitada, fazendo com que o pico do sopro se desloque para o final da
B1
sístole, como na representação gráfica abaixo: B2 B1
B1 B2 B1
B1 B2 B1
B1 B2 B1
B1 B2 B1
CARDIOLOGIA Semiologia cardíaca Estratégia
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B1 B2 B1
• Características do sopro de regurgitação: é audível desde o início da sístole, aparecendo junto com a primeira bulha,
podendo recobri-la e mascará-la. Ocupa toda a sístole (holossistólico), com intensidade parecida do começo ao fim, e termina
imediatamente antes da segunda bulha, podendo recobri-la. As principais causas são as insuficiências mitral e tricúspide e a
comunicação interventricular.
Entre os sopros sistólicos regurgitativos, o da insuficiência mitral é o principal: holossistólico ou em barra, melhor audível no foco mitral,
com irradiação para a axila (abaixo). B1 B2 B1
B1 B2 B1
• Suave
INSUFICIÊNCIA AÓRTICA • Irradia para foco Ao acessório
• Aumenta com handgrip
SOPRO
DIASTÓLICO
• Hiperfonese de B1
• Estalido de abertura
ESTENOSE MITRAL • Reforço pré-sistólico
• P2 hiperfonética
O sopro diastólico mais importante é o da estenose mitral: em ruflar, com pico na parte média da diástole, podendo ter um segundo
pico imediatamente antes da B1, no final da diástole. No início do sopro, há um estalido de abertura quando a valva é móvel.
EA
B1 B2 B1 B1
B1 B2 B1 B1
B1 B2 B1 B1
Na estenose mitral, quanto maiores forem as pressões no interior do átrio esquerdo, mais rápido essa câmara
vencerá as pressões do ventrículo esquerdo. Isso faz com que o estalido de abertura (EA) se aproxime da segunda bulha,
deixando o sopro mais longo.
EA EA
B1 B2 B1 B1 B2 B1
B1 B2 B1 B1 B2 B1
Na avaliação dos sopros cardíacos, podemos utilizar diversas manobras que interferem na resistência
vascular sistêmica ou no retorno venoso para auxiliar na ausculta. Veja na tabela abaixo as alterações dos
sopros provocadas por essas manobras.
De maneira geral, os sopros das câmaras direitas aumentam com a inspiração (devido ao aumento do retorno venoso para o coração),
e os das câmaras esquerdas ficam mais intensos na expiração.
Vamos ver o que acontece com os sopros após as principais manobras?
• Agachamento (posição de cócoras)
cardiomiopatia
hipertrófica
Fonte: Shutterstock
Figura 6. Agachamento e sua relação com os sopros cardíacos.
• Manobra de Valsalva: é realizada quando o paciente tampa o nariz e a boca com a mão e faz um esforço expiratório.
Cardiomiopatia hipertrófica
- fica mais intenso
Apenas 2 sopros ficam
mais audíveis
Prolapso da valva
mitral - fica mais longo
x Agachamento
• Reduz CMH
• Aumenta EAo
Cardiomiopatia
Hipertrófica Valsalva • Aumentam CMH
e ortostatismo • Reduzem EAo
• Handgrip: também chamado de esforço isométrico. Acontece quando o paciente aperta alguma coisa com a mão ou fecha-a
com força.
*CMH: cardiomiopatia hipertrófica; EAo: estenose aórtica; CIV: comunicação interventricular; CIA: comunicação interatrial; IAo: insuficiência aórtica; VE: ventrículo
esquerdo; EMi: estenose mitral.
Figura 9. Manobra de handgrip e sua relação com sopros cardíacos.
* EAo: estenose aórtica; CIV: comunicação interventricular; IAo: insuficiência aórtica; VE: ventrículo esquerdo; IMi: insuficiência mitral, CMH: cardiomiopatia hipertrófica.
Figura 10. Nitrato de amila e outros vasodilatadores e sua relação com sopros cardíacos.
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CAPÍTULO
CAPÍTULO
Fim! Este resumo contém o que é mais cobrado de semiologia cardíaca em prova, mas o conteúdo completo você encontra no livro
digital. Espero que as dicas o ajudem a acertar as questões durante as provas. Não deixe de estudar todos esses assuntos.
Pode contar comigo quando tiver dúvidas! Um grande abraço.
Professor Paulo Dalto