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2.

2 O PLANO EDUCACIONAL INDIVIDUALIZADO – PEI


 Mas o que é o Plano Educacional Individualizado?

O Plano Educacional Individualizado (PEI) pode ser considerado como um


instrumento pedagógico e também como uma ação que envolve as relações,
interações, articulações e concepções dos profissionais que fazem parte do
processo educativo, de maneira que a proposta do PEI permita o envolvimento
do educando, em uma perspectiva inclusiva e, que valorize o potencial e
habilidades do estudante para o qual o PEI foi pensado, mas considerando
todo o contexto no qual está inserido. O PEI pode ser compreendido com um
instrumento que está relacionado ao Atendimento Educacional Especializado
- AEE e, que possui como característica estratégias pedagógicas pensadas a
partir da individualidade de cada indivíduo.

O PEI foi pensado/elaborado com base nas diretrizes escolares e tem como objetivo orientar o trabalho da escola
nas prioridades a serem alcançadas para cada aluno que necessite de adaptações curriculares. Logo, pode ser usado
também no contexto hospitalar quando a criança necessita ficar internada por longos períodos, impossibilitada de
frequentar aulas regulares.

O PEI contempla a proposta pedagógica da escola adequada às possibilidades pedagógicas e cognitivas do aluno,
bem como oferece estratégias, modificações e adaptações necessárias para que ele avance em seu processo de
desenvolvimento integral. As orientações consideram as competências e potencialidades dos alunos, tendo como
referência o currículo regular. Essa medida traduz a igualdade de oportunidades educacionais, promovendo a
educação inclusiva, na perspectiva de uma escola para todos.

O documento deve incluir o processo de avaliação, com as ferramentas a serem utilizadas, a indicação dos pareceres e
a composição e adaptações curriculares..

Do ponto de vista pedagógico, a elaboração do PEI consiste em 4 etapas:

Conhecer o aluno: traçar um perfil com suas habilidades e necessidades, considerando sua história, seus gostos, seus
conhecimentos já adquiridos, o que ele precisa aprender e o que conseguirá estando numa situação de internação.

Estabelecer metas: definir as metas de curto, médio e longo prazo. Avaliar o que a criança deve aprender em cada
espaço de tempo, a partir do seu perfil.

Elaboração do cronograma: com as metas traçadas, estabelecer como e quando elas serão executadas.

Avaliação: realizar o registro avaliativo do aluno, organizando os procedimentos e avaliando as metas alcançadas. 22
Quadro 1 – níveis de planejamento do PEI

NÍVEIS DESCRIÇÃO
Nível I
Identificação das necessidades educativas dos alunos
Identificação
Nível II Avaliação das áreas “fortes” e “fracas” do aluno. Neste nível, ocorre a elaboração do PEI entrelaçada com as
Avaliação adaptações curriculares e ambientais (manejo da sala de aula) necessárias para atender ao aluno.
Nível III
Neste nível, ocorre a intervenção a partir dos objetivos propostos no PEI e a avaliação do aluno.
Intervenção
Por meio dos dados coletados, o professor especializado pode identificar as limitações, bem como as potencialidades do aluno
que podem ser exploradas e aprimoradas. Além disso, tais dados, quando analisados, podem instrumentalizar e orientar o
professor e a família para que o aluno tenha as melhores condições possíveis de acesso aos conteúdos curriculares mesmo sem
frequentar as aulas. A partir desse levantamento, é possível organizar os componentes básicos do PEI e direcionar as ações de
trabalho pedagógico no hospital.

Quadro 2 – componentes básicos do PEI

COMPONENTES DESCRIÇÃO
Nível atual de
Identificação das necessidades educativas dos alunos
desenvolvimento
Avaliação das áreas “fortes” e “fracas” do aluno. Neste nível, ocorre a elaboração do PEI entrelaçada com as adaptações curriculares e
Modalidade de atendimento
ambientais (manejo da sala de aula) necessárias para atender ao aluno.
Planejamento do suporte Neste nível, ocorre a intervenção a partir dos objetivos propostos no PEI e a avaliação do aluno.
Objetivos gerais Conjunto de metas educacionais anuais a serem atingidas nas diferentes áreas curriculares.
Objetivos específicos Conjunto de objetivos que estabelecem etapas intermediárias entre o nível atual de desenvolvimento do aluno e os objetivos anuais.
Avaliação e procedimentos Critérios e procedimentos a serem empregados para atingir os objetivos propostos, de acordo com as diretrizes curriculares da
pedagógicos instituição para o ano letivo.
Reavaliação Revisão periódica dos objetivos e propostas elaborados para o aluno, a partir do seu desenvolvimento.
A proposta do PEI é elaborada coletivamente pelos profissionais envolvidos no processo educativo do aluno. O ideal é que, pelo
Composição da equipe
menos, o professor da classe comum e o do suporte especializado (AEE) atuem conjuntamente.
Aprovação do PEI por parte dos pais. O ideal é que eles possam participar, em alguma medida, da elaboração do PEI, bem como, no
Anuência parental
caso de jovens, os próprios alunos.
Fonte: adaptado de Correia (1999). 23
Após saber o que considerar na elaboração do PEI, é importante realizar um inventário de habilidades escolares, ou seja,
observar e identificar o desempenho do aluno de acordo com quatro categorias: comunicação oral, leitura e escrita, raciocínio
lógico- matemático e informática. Por meio do preenchimento dessa ficha, o professor consegue avaliar quais as habilidades o
aluno já possui, como também identificar as necessidades a serem contempladas.

Quadro 3 – inventário de habilidades escolares

Nome do aluno: __________________________________________________________________________________________________________

Idade: _________ Grupo/série/ano: ___________________________________________________________________________________________

Realiza Realiza
Realiza Não Não foi Realiza Não Não foi
Habilidades sem Habilidades sem
com apoio realiza observado com apoio realiza observado
suporte suporte
COMUNICAÇÃO ORAL 11. Utiliza vocabulário adequado para
1. Relata acontecimentos simples de a faixa etária.
modo compreensível. 12. Sabe soletrar.
2.lembra-se de dar recados após, 13. Consegue escrever palavras
aproximadamente, dez minutos. simples.
3. Comunica-se com outras pessoas 14. É capaz de assinar seu nome
usando um tipo de linguagem (gestos, 15. Escreve endereços (com o objetivo
comunicação alternativa) que não a de saber aonde chegar).
oral. 16. Escreve pequenos textos e/ou
4. Utiliza a linguagem oral para se bilhetes.
comunicar. 17. Escreve sob ditado.
LEITURA E ESCRITA 18. Lê com compreensão pequenos
5. Conhece as letras do alfabeto. textos.
6. Reconhece a diferença entre letras 19. Lê e segue instruções impressas,
e números. por exemplo, em transportes públicos.
7. Domina sílabas simples. 20. Utiliza habilidades de leitura para
8. Ouve histórias com atenção. obter informações, por exemplo, em
9. Consegue compreender e responder jornais ou revistas.
histórias. RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO
10. Participa de jogos atendendo às 21. Relaciona quantidade ao número.
regras. 22. Soluciona problemas simples.

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Realiza Realiza
Realiza Não Não foi Realiza Não Não foi
Habilidades sem Habilidades sem
com apoio realiza observado com apoio realiza observado
suporte suporte
23. Reconhece dos valores dos preços 38. Compreende conceitos
dos produtos. matemáticos como dobro e metade.
24. Identifica o valor do dinheiro. 39. Resolve operações matemáticas
25. Diferencia notas e moedas. (adição, subtração) com apoio de
26. Sabe agrupar o dinheiro para material concreto.
formar valores. 40. Resolve operações matemáticas
27. Dá troco, quando necessário, nas (adição ou subtração) sem apoio de
atividades realizadas em sala de aula. material concreto.
28. Possui conceitos como cor, 41. Demonstra curiosidade. Pergunta
tamanho, formas geométricas, posição sobre o funcionamento das coisas.
direita e esquerda, antecessor e 42. Gosta de jogos envolvendo lógica,
sucessor. como quebra-cabeças e charadas,
29. Reconhece a relação entre número entre outros.
e dias do mês (localização temporal). 43. Organiza figuras em ordem lógica.
30. Identifica dias da semana. INFORMÁTICA NA ESCOLA
31. Reconhece horas. 44. Usa o computador com relativa
32. Reconhece horas em relógio autonomia (liga, desliga, acessa
digital. arquivos e programas).
33. Reconhece horas exatas em 45. Sabe usar o computador e a
relógios com ponteiros. internet quando disponibilizados na
34. Reconhece horas não-exatas (meia escola
hora ou sete minutos, por exemplo) Observações sobre:
em relógio digital. Desenvolvimento cognitivo:
35. Reconhece horas não exatas em Relacionamento social:
relógio com ponteiro. Dificuldades encontradas:
36. Associa horários aos Possibilidades observadas:
acontecimentos. Há quanto tempo está na escola:
37. Reconhece as medidas de tempo Aprendizagens consolidadas (currículo escolar):
(ano, hora, minuto, dia, semana, etc). Objetivos para este aluno:
Fonte: Pletsch (2010).

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A construção do plano educacional individualizado, por meio de estratégias específicas de ensino, considerando a situação
de vulnerabilidade do aluno, deve ser pautado no projeto pedagógico da escola e no plano educacional da turma que ele está
matriculado. Ou seja, utilizam-se metas generalistas para se atingir objetivos específicos, a partir das necessidades individuais.

As metas e os objetivos são traçados de acordo com as habilidades do aluno, por isso a importância do preenchimento do
inventário de habilidades sugerido acima. A escolha da metodologia de ensino e os recursos pedagógicos precisam estar
adaptados de modo que o aluno possa participar das atividades de forma produtiva.

Durante avaliação é importante considerar os objetivos atingidos e os momentos mais produtivos na realização das atividades.
Quando a criança adquire um novo conhecimento o professor a conduz para novos desafios, pois isso impede de insistir em
uma habilidade já aprendida.

PARA SABER MAIS, CONSULTE:


Glat. R.; Pletsch. M. (org.). Estratégias educacionais diferenciadas para alunos com
necessidades especiais. Ed.: UERJ, Rio de Janeiro, 2013, p. 12-32.

2.3 OUTRAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS


 O professor que atua na classe hospitalar/atendimento educacional em ambiente hospitalar pode lançar mão
de diferentes práticas pedagógicas que contribuam com o processo de ensino e aprendizado das crianças que estão
hospitalizadas, ou seja, é possível planejar dentro do currículo escolar e, de acordo com as necessidades de cada
sujeito, aplicar atividades com recursos midiáticos, jogos, pinturas, leituras, materiais concretos e até atividades no
ambiente externo do hospital. Mas o ponto principal é propor todas as atividades e recursos que serão utilizados por
meio de organização, planejamento prévio e com o consentimento de toda equipe multidisciplinar do hospital, para
que as práticas pedagógicas estejam de acordo com o tratamento de cada criança e respeite seu estado clínico, de
maneira que contribua com sua aprendizagem.

A partir da atuação do pedagogo com a criação dessas estratégias e a intermediação das atividades lúdicas, o ambiente
hospitalar se tornará mais natural e menos temeroso. Por meio das brincadeiras, as crianças e os adolescentes serão
instigados a interagir, socializar, sorrir e sentimentos nocivos, como ansiedade e medo, irão diminuir naturalmente, pois
serão substituídos por vivências descontraídas, capazes de auxiliar na aceitação da internação, promovendo o bem-
estar e oportunizando aprendizagens.
A ludicidade, com sua característica encantadora e benéfica para o desenvolvimento infantil, além
de contribuir para o ensino-aprendizagem, cria um ambiente aconchegante e alegre no hospital.
(CARDOSO, 2011, p. 57). 26
IMPORTANTE: O atendimento escolar em ambientes hospitalares, por meio de
estratégias lúdicas, oportuniza um novo fazer pedagógico, capaz de contribuir para
o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo, minimizando a sobrecarga negativa
do ambiente, contribuindo para o bem-estar geral.

REFLETINDO...
A importância e os desafios do atendimento pedagógico hospitalar sobre o olhar de
enfermeiras. https://educere.bruc.com.br/CD2013/pdf/6966_4146.pdf

Diante do exposto, é notório que a construção de um novo modelo de brincar/ensinar se faz urgente nos espaços que
extrapolam os muros da escola. A criança ou adolescente incluso no ambiente hospitalar precisa desse olhar atentivo e
qualificado do professor e do profissional de saúde, para que transcorra esse período de enfermidade sem prejuízos à
sua formação integral.

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