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Hematologia – turma prática P5.

Fabio Monteiro 20211974

Metabolismo do ferro
Absorção: A absorção intestinal do ferro ocorre (principalmente) no duodeno e no jejuno
proximal e médio. O pH ácido gástrico, a vitamina C e a presença de citrato favorecem a
absorção do ferro, enquanto que os cereais, os tanatos e os fitatos (vegetais) reduzem-na. A
absorção intestinal de ferro, numa pessoa saudável, deve ser de pelo menos 1 mg de ferro
elementar por dia. Em situações de estimulação da eritropoiese, a carência é maior. Por
exemplo, mulheres em idade reprodutiva têm necessidade de 1,4 mg de ferro elementar por
dia e nas grávidas, no segundo e terceiro trimestres, essas necessidades ascendem a 5-6 mg
por dia.

Transporte: O ferro absorvido é transportado pela transferrina na forma de ião férrico (Fe3+)
até ao sistema fagocítico mononuclear e à medula óssea onde se liga ao recetor da transferrina
e penetra na célula. Uma vez no interior, o ferro liga-se à protoporfirina IX nas mitocôndrias
para formar o grupo heme, que se ligará às cadeias de globina, sintetizadas no núcleo, para
formar a hemoglobina. O ferro que não é utilizado na síntese da hemoglobina é armazenado
nos macrófagos (baço, fígado) e nos eritroblastos da medula óssea sob a forma de ferritina e
hemossiderina. Nos casos de inflamação crónica, verifica-se uma menor libertação de ferro dos
depósitos. Tal mecanismo é modulado por uma proteína de fase aguda de origem hepática, a
hepcidina, cuja transcrição é induzida por citocinas pró-inflamatórias, designadamente a IL-6.

Armazenamento: O ferro é um elemento essencial. Contudo, altamente tóxico na forma livre.


Assim, encontra-se no organismo no interior da hemoglobina, mioglobina e citocromos (o
chamado ferro “hémico”) ou está ligado a diversas proteínas, como a ferritina, a
hemossiderina, a transferrina, etc. (ferro “não hémico”). O ferro, após conversão pela
ferrireductase da forma férrica (Fe3+) à forma ferrosa (Fe2+), é absorvido pelos enterócitos
através do transportador dos metais DMT1. No interior do enterócito, uma porção de ferro é
“apreendida” pela ferritina intracelular. No entanto, uma porção é transferida para a vertente
basal do enterócito onde através da ferroportina (regulada negativamente pela hepcidina) é
transferida para a corrente sanguínea, onde o complexo hefastina-ferroportina liberta ferro e
catalisa a conversão da forma ferrosa à forma férrica (Fe3+), disponibilizando-o assim à
principal proteína transportadora, a transferrina. O ferro não utilizado imediatamente é
armazenado principalmente no fígado, na forma de ferritina e hemosiderina. A ferritina é uma
proteína que armazena ferro de maneira segura e disponibiliza quando necessário. Nos
distúrbios hematológicos, a avaliação dos níveis de ferritina no sangue pode ser útil para
diagnosticar distúrbios de metabolismo do ferro.

Utilização: O ferro é essencial para a produção de hemoglobina. A eritropoiese (produção de


glóbulos vermelhos) requer quantidades adequadas de ferro, e distúrbios no metabolismo do
ferro podem resultar em anemias, como a anemia ferropriva, que é a deficiência de ferro mais
comum em todo o mundo.
Reciclagem: O ferro é continuamente reciclado no organismo, especialmente a partir da
degradação dos glóbulos vermelhos envelhecidos pelos macrófagos do baço e do fígado. Esse
processo de reciclagem é essencial para manter os níveis adequados de ferro no corpo e evitar
deficiências ou sobrecargas. De salientar que não existe uma via fisiológica regulada de
excreção do ferro, sendo este elemento perdido apenas na sequência de hemorragia ou
através da perda de células epiteliais.

Regulação: O metabolismo do ferro é cuidadosamente regulado pelo corpo para garantir um


equilíbrio entre a absorção, utilização, armazenamento e reciclagem de ferro. A hepcidina é um
hormônio chave nesse processo, controlando a absorção de ferro no intestino delgado e a
liberação de ferro dos macrófagos. Distúrbios na regulação da hepcidina podem levar a
condições como a hemocromatose, caracterizada por uma absorção excessiva de ferro.

No contexto da hematologia, o metabolismo do ferro é fundamental para entender e


diagnosticar uma variedade de distúrbios sanguíneos, especialmente anemias e sobrecargas de
ferro. Os testes laboratoriais, como a dosagem de ferritina sérica e a capacidade total de
ligação de ferro, são frequentemente utilizados para avaliar o estado do metabolismo do ferro
e auxiliar no diagnóstico e tratamento desses distúrbios. A aspiração medular com agulha fina
com a reação de Perls e, em segundo lugar, a ferritina são os melhores parâmetros para detetar
uma ferropenia (depleção dos depósitos de ferro). Todavia, a aspiração medular com agulha
fina, geralmente, não se efetua para efeitos de diagnóstico da ferropenia, já que se trata de
uma técnica invasiva.

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