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O corpo usa ferro de duas fontes principais: da dieta e da reciclagem de hemácias

senescentes. Entre 1 mg e 2 mg de ferro por dia são absorvidos pelo epitélio duodenal, que possui
uma estrutura de vilosidades para aumentar a superfície de absorção. Fatores como a acidez e a
presença de agentes solubilizantes e o açúcar, favorecem a absorção intestinal. A quantidade de ferro
absorvida é regulada pelas necessidades do corpo. Portanto, em casos de deficiência ou aumento da
necessidade de ferro, a absorção de ferro aumenta. Em resposta a essa maior demanda, as proteínas
envolvidas nesse processo são expressas em maior quantidade, como o transportador de metal
bivalente (DMT-1) e o transportador de ferro (FPT). A maior parte do ferro inorgânico existe como
Fe3+, que é fornecido por vegetais e grãos. A proteína da hemocromatose (HFE) está intimamente
relacionada com a regulação da absorção intestinal de ferro. Ele interage e detecta a saturação do
receptor de transferrina (TfR), que sinaliza aos enterócitos se há uma demanda aumentada ou
diminuída de absorção de ferro no lúmen intestinal.

Indivíduos com uma mutação no gene HFE apresentam hemocromatose, que se caracteriza
pelo acúmulo de ferro no organismo devido à absorção contínua de ferro pelo intestino O ferro é um
mineral importante para a homeostase celular. É essencial para o transporte de oxigênio, síntese de
DNA e metabolismo energético. É um importante cofator para enzimas da cadeia respiratória
mitocondrial e fixação de nitrogênio. Nos mamíferos é utilizado principalmente na síntese da
hemoglobina (Hb) nos eritroblastos, da mioglobina nos músculos e dos citocromos no fígado. As
principais células presentes na homeostase do ferro são: os enterócitos, eritroblastos, macrófagos e
hepatócitos

Nos enterócitos, o ferro dos alimentos pode estar na forma inorgânica (Fe3+) ou na forma de
hemoglobina ou mioglobina. O Fe3+ no complexo solúvel é reduzido a Fe2+ por uma proteína
redutora chamada citocromo b duodenal (citocromo b-DcytB duodenal) e transportado para o
duodeno pelas células intestinais DMT1 (transportador de metal divalente). Após a digestão
enzimática da hemoglobina e da mioglobina, o heme é incorporado aos enterócitos,
presumivelmente por meio de um transportador de heme chamado HCP1 (proteína transportadora
de heme). Nos enterócitos, o heme é degradado pela heme oxigenase e libera Fe2+.

Os eritroblastos recebem ferro por meio do ciclo da transferrina, e o ferro obtém minerais
necessários para a formação de hemácias a partir de enterócitos ou macrófagos. Liga-se ao receptor
de transferrina 1 (TFR1) na superfície celular, formando um complexo endossomo-formador de
invaginação, onde a diminuição do pH induz a liberação a liberação do ferro da transferrina. Neste
momento o Fe3+ é convertido a Fe2+, possivelmente por uma proteína redutora chamada STEAP3
(six-transmembrane epithelial antigen of prostate 3), permitindo o transporte do íon para fora dos
endossomos através da DMT1. Subsequentemente, as apotransferrinas e os TFR1 retornam à
superfície da célula para um ciclo posterior. O ferro é transportado principalmente para as
mitocôndrias para síntese do grupo heme, a fim de formar a hemoglobina. O ferro adicional é
armazenado como ferritina e hemossiderina.

Nos macrófagos reticuloendoteliais, o ferro é reciclado. Estes englobam eritrócitos inelásticos


ou intrinsecamente defeituosos e os digerem, com a participação da heme oxigenase, no
compartimento fagolisossomal onde a hemoglobina é degradada e o ferro é liberado do grupo heme.
O ferro dos eritrócitos é armazenado como ferritina ou exportado pela ferroportina e oxidado a Fe3+
pela ceruloplasmina para facilitar a ligação ferro-transferrina. Os macrófagos também liberam
grandes quantidades de ferro na forma de ferritina ou hemoglobina, mas esse mecanismo não está
bem elucidado.

Os hepatócitos executam múltiplos mecanismos relacionados ao metabolismo do ferro. A via


de transporte de compostos de ferro nos hepatócitos (hemoglobina, grupo heme, ferritina e ferro
não ligado à transferrina) não foi determinada. O ferro nos hepatócitos é armazenado como ferritina
e hemossiderina ou exportado por meio de transportadores de ferro. A síntese de hepcidina em
hepatócitos é conhecida, mas o mecanismo não foi totalmente explicado. A hepcidina emergiu como
um regulador mestre da exportação de ferro celular, e sua forma circulante reduz a exportação de
ferro para o plasma, interagindo com transportadores de ferro na superfície de enterócitos e
macrófagos. HFE, TFR2 e HJV podem regular a expressão da hepcidina.

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