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Gabriela Castro Rocha de Matos, 15454189, Noturno

Resenha II

Em "A Grande Transformação” Karl Polanyi apresenta uma análise abrangente e


profundamente crítica do desenvolvimento do capitalismo e do sistema de mercado livre,
desafiando as teorias econômicas convencionais através de uma rica combinação de antropologia,
história e economia. A análise do Tales Rabelo trará uma explicação do estudo das instituições
sociais e sistemas econômicos sob a ótica da obra de Karl Polanyi.
O trabalho de Polanyi se destaca por sua crítica incisiva ao que ele denomina "falácia
economicista", que é a tendência de teorias econômicas tradicionais de reduzir todos os aspectos da
vida humana a meros cálculos econômicos.
.Contrariamente, Polanyi argumenta que a economia deve ser entendida em termos substantivos,
destacando que a reciprocidade e a redistribuição, fundamentadas em relações sociais, são tão vitais
quanto o auto interesse nos sistemas econômicos. Essa perspectiva oferece um contraponto
necessário ao individualismo econômico, reiterando a importância das dimensões sociais e coletivas
na configuração das atividades econômicas.
O livro se aprofunda na transição histórica para um sistema de mercado autorregulável no
século XIX, momento em que elementos fundamentais da vida, como o trabalho e a terra, foram
transformados em commodities. Polanyi argumenta que essa transformação não foi um processo
natural, mas o resultado de políticas deliberadas destinadas a estabelecer um sistema capitalista
liberal.
A crise subsequente deste sistema, manifestada por revoltas trabalhistas, instabilidade
política e guerras, é vista por Polanyi como evidência da inadequação fundamental de um mercado
completamente desregulado às necessidades da sociedade humana. Ele vê a falha catastrófica do
mercado autorregulável e as respostas totalitárias a essas falhas como sinais de que o projeto
capitalista liberal, ao tentar se impor sobre todas as outras esferas da vida, estava fadado ao
fracasso, não apenas por suas contradições internas, mas também por sua incompatibilidade com a
natureza humana e social.
Um dos insights mais provocativos de Polanyi é sua discussão sobre a dualidade entre
economias enraizadas e desenraizadas, questionando as interações complexas entre o mercado e as
instituições sociais. Ele desafia as interpretações unidimensionais, sejam elas liberais ou marxistas,
que veem as dinâmicas econômicas primariamente através das lentes dos interesses de classe.
Polanyi propõe, em vez disso, uma abordagem holística que reconhece a diversidade de motivações
humanas, incluindo, mas não limitando a, o desejo por reconhecimento social e estabilidade.
.Essa perspectiva é crucial para entender a resistência da sociedade às degradações impostas pelo
mercado livre e explica por que classes distintas podem, em determinados momentos, unir-se para
alcançar objetivos comuns que transcendem interesses econômicos imediatos.
Além da análise econômica e histórica, Polanyi oferece uma crítica social profunda,
associando a degradação da vida humana não apenas à exploração econômica, mas também à
desintegração cultural provocada pelo sistema de mercado autorregulado. Ele argumenta que a
institucionalização do mercado autorregulável tenta subordinar todas as outras formas de relação
social e institucional, levando a um desequilíbrio que não pode ser sustentado sem graves
consequências sociais e ambientais. A utopia do mercado auto regulável, portanto, se revela como
uma distopia ao tentar impor a lógica econômica sobre aspectos fundamentais da vida humana e da
natureza, o que, segundo Polanyi, leva inevitavelmente à resistência social. Essa resistência é um
fenômeno espontâneo, abrangendo todas as esferas da vida, demonstrando a inerente busca da
sociedade por equilíbrio e justiça.
A visão de Polanyi sobre a sociedade de mercado como uma "anomalia social" oferece uma
reflexão crucial sobre os limites do capitalismo e a necessidade de buscar alternativas que respeitem
mais profundamente os laços sociais e o meio ambiente.
.Em suas considerações finais, Polanyi nos oferece uma ótica poderosa da interdependência entre
economia e sociedade, desafiando a noção de que a esfera econômica pode ou deve operar
independentemente das normas sociais e institucionais. Seu exame crítico da "falácia economicista"
e das transformações sofridas pelas sociedades de mercado ilumina as complexidades das interações
econômicas e sociais, oferecendo uma narrativa alternativa à compreensão da ascensão e queda do
capitalismo liberal.
A obra de Polanyi é um chamado à reflexão sobre o papel que as economias devem
desempenhar dentro da sociedade. Ele critica severamente a redução da existência humana a meros
termos econômicos e a subordinação das necessidades sociais e ambientais aos interesses de
mercado. A partir desta análise, Tales mostra que a obra de Polanyi não apenas diagnostica os males
de seu tempo, mas também antecipa muitos dos debates contemporâneos sobre sustentabilidade,
justiça social e o papel do Estado na economia. Ao argumentar que nem tudo que é tecnicamente
eficiente é desejável socialmente, Polanyi nos lembra da importância de considerar o bem-estar
humano e ambiental em nossas decisões econômicas.

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