Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
• Com isso, ocorre aumento da tensão na parede do VE, mas as artérias coronárias
estenóticas não conseguem aumentar o fluxo para suprir adequadamente a
demanda.
• Esse desequilíbrio resulta classicamente em desconforto torácico ou áreas
adjacentes de intensidade e duração variada, que ocorre de forma previsível e
reprodutível em determinado nível de esforço e é aliviado com repouso ou
nitroglicerina (sublingual, oral ou cutânea);
• A resposta à nitroglicerina sublingual é frequentemente uma ferramenta de
diagnóstico útil, embora dor não cardíaca (p. ex., espasmo esofágico) também
melhore com nitroglicerina.
• Tanto na angina quanto isquemia podem ocorrer na ausência de obstrução de
artéria coronária epicárdica.
EPIDEMIOLOGIA
No BR, dados do DATASUS mostram que a causa cardiovascular corresponde a cerca de
30% das causas de morte. Causa cardiovascular – principal causa de morte no mundo
ocidental;
Em 2017, foi estimada uma prevalência de DAC de 1,75% (2.500.000 de indivíduos), na
população brasileira maior que 20 anos.
As maiores prevalências estavam nas regiões Sul e Sudeste, com taxa de mortalidade
padronizada decrescente, mas com aumento da prevalência desde 1990. Com estimativa
de incidência de cerca de 121 mil casos por ano em 2017, a DAC tem sido um importante
problema de saúde pública no país.
Fatores de risco:
Alguns fatores são reconhecidos como sendo de risco para o desenvolvimento do
processo aterosclerótico e, consequentemente, da doença coronariana. Entre eles:
• Histórico familiar de doença coronariana em idade jovem,
• Idade (homens ≥ 55 anos e mulheres ≥ 65 anos);
• Sexo masculino;
• Tabagismo,
• Sedentarismo,
• Obesidade,
• Diabetes Mellitus,
• Hipertensão arterial e
• Dislipidemias.
• Microalbuminúria
Nívia Katiele
BIOPATOLOGIA
A angina é a expressão clínica mais frequente da isquemia miocárdica.
A isquemia que se desenvolve rapidamente quando surge uma incompatibilidade entre a
necessidade e o suprimento de oxigênio do miocárdio pode se manifestar clinicamente de
muitas maneiras além da angina:
• Nenhum sintoma (ex: isquemia miocárdica silenciosa);
• Angina instável;
• IAM;
• Morte cardíaca súbita.
A isquemia pode permanecer estável por muitos anos ou progredir rapidamente com
mudança abrupta na frequência e no andamento durante dias a semanas.
A ATEROSCLEROSE (estreitamento de uma artéria coronária aterosclerótica) É A
CAUSA MAIS COMUM DE ISQUEMIA MIOCÁRDICA – pode evoluir por anos sem
qualquer manifestação de isquemia. O processo de crescimento e instabilização da placa
envolve mecanismos bioquímicos e inflamatórios; Placas instáveis apresentam-se com
rotura endotelial e formação de trombos.
Entretanto, a DAC obstrutiva pode ter causas não ateroscleróticas, incluindo:
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
ANAMNESE
É importante reconhecer que nem existem muitas causas de desconforto torácico e
que a dor torácica semelhante à angina pode não representar cardiopatia isquêmica.
A angina pectoris tem 4 características clínicas principais: o desconforto, a
localização e distribuição, a provocação e a duração.
O DESCONFORTO
• Tipicamente como uma sensação de pressão no tórax (Sinal de Levine) –
sensação de estrangulamento e ansiedade;
• Pode também ser como peso, aperto, compressão, sufocamento e
esmagamento;
• Em mulheres e idosos – sensação mais vaga e atípica;
• Sensação de queimação no epigástrio
Outros sintomas de isquemia miocárdica são: dispneia, diaforese, fadiga,
tontura ou vertigem e eructação gástrica.
O LOCAL E A DISTRIBUIÇÃO
• Predominantemente esternais ou retroesternais, mas também pode ser precordiais;
• IRRADIAÇÃO geralmente para lado esquerdo do pescoço e ombro, e para baixo
na superfície ulnar do braço esquerdo;
• Desconforto que irradia para a mandíbula;
A PROVOCAÇÃO
• Classicamente causada por esforço ou atividade física, estresse emocional,
exposição ao frio, relação sexual ou ingestão de uma refeição farta
• A angina que ocorre em repouso ou noturna – anuncia mudança no padrão de
estável para instável.
Obs: A angina vasospástica (ou de Prinzmetal) pode ocorrer espontaneamente em
repouso ou à noite, sem provocação.
A DURAÇÃO
• É breve – um episódio geralmente começa gradualmente e atinge a intensidade
máxima durante um período de minutos antes de diminuir;
• É incomum que atinja o pico e a depressão em menos de 1 minuto;
Obs: Desconforto torácico que persiste por mais de 15 a 20 minutos, especialmente em
repouso ou noturno, pode representar SCA (síndrome Coronariana Aguda) ou IAM.
Nívia Katiele
É importante lembrar que o desconforto torácico pode estar ausente, atípico ou não
proeminente. Pacientes com cardiop. Isquêmica estável podem se queixar
predominantemente de dispneia. Outros apresentam teste de esforço anormal ou outra
evidência de isquemia do miocárdio sem quaisquer sintomas. Pode apresentar arritmias
cardíacas ou até morte súbita.
EXAME FÍSICO
Muitos apresentam achados físicos normais;
Pode-se encontrar achados que representam as consequências da isquemia miocárdica ou
evidencias de fatores de risco para cardiopatia isquêmica.
• Arco da córnea – inspeção dos olhos;
• Xantomas;
• Alterações arteriolares retinianas – comuns em pacientes com CI e que tem HAS
ou DM.
• Durante um episódio de desconforto torácico, a isquemia pode produzir uma 3ª
bulha ou 4ª bulha.
• A isquemia também pode causar um sopro holossistólico transitório ou
mesodiastólico a telediastólico;
• Se os pacientes apresentarem IC coexistente pode haver elevação da pressão
venosa jugular, estertores pulmonares e edema periférico.
DIAGNÓSTICO
Além de anamnese e exame físico cuidadosos, a avaliação dos pacientes com
cardiopatia isquêmica estável inclui um eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações, a
medição de marcadores bioquímicos e inflamatórios e exames complementares não
invasivos.
ECG EM REPOUSO
RADIOGRAFIA DE TÓRAX
Geralmente é normal em pacientes com angina crônica ou cardiopatia isquêmica estável.
EXAMES LABORATORIAIS
Pacientes com início recente ou agravamento dos sintomas, as medições seriadas de
troponina conseguem distinguir IAM e SCA da cardiopatia isquêmica estável.
Os níveis plasmáticos de peptídio natriurético cerebral, que aumenta em resposta a
isquemia espontânea ou provocada, não distinguem com confiança a cardiopatia
isquêmica estável da cardiopatia instável – estão associados ao risco de eventos
cardiovasculares futuros.
Nívia Katiele
• Teste do esforço não invasivo com esteira rolante padrão ou exercício de bicicleta;
• Cintilografia;
• Ecocardiografia de estresse;
• Ressonância magnética cardíaca (RMC);
• Tomografia por emissão de pósitrons (PET);
Eletrocardiografia de esforço
Um ECG de esforço (Teste do esforço) é o teste preferido em pacientes com suspeita de
angina pectoris e que sejam considerados como tendo uma probabilidade moderada de
DAC se o ECG de repouso for interpretável, desde que os indivíduos consigam atingir
uma carga de trabalho adequada.
Deve incluir:
Cintilografia
A cintilografia de perfusão miocárdica de estresse com tomografia computadorizada por
emissão de fóton único (SPECT) e ECG simultâneo é particularmente útil no diagnóstico
de DAC em pacientes com ECG de repouso anormais e entre aqueles nos quais as
respostas do segmento ST não podem ser interpretadas de modo acurado, como pacientes
com anormalidades de repolarização causadas por hipertrofia do VE, aqueles com BRE
e aqueles que recebem digitálicos.
Em 40 a 50% dos pacientes que são incapazes de se exercitar adequadamente (fazer teste
do esforço), a cintilografia de perfusão miocárdica com estresse vasodilatador
farmacológico com dipiridamol, adenosina ou regadenosona pode ser a abordagem
preferida para o teste não invasivo.
CINEANGIOCORONARIOGRAFIA DIAGNÓSTICA
A cineangiocoronariografia invasiva continua sendo o “padrão-ouro” para a definição
anatômica de DAC.
Além disso, esse exame também é útil para a estratificação de risco em pacientes com
angina nítida e cardiopatia isquêmica.
Recomendada: Pacientes com suspeita de angina e evidências de risco intermediário-alto,
isquemia moderada-grave em testes não invasivos ou alteração do padrão de angina que
sobreviveram a morte cardíaca súbita ou arritmia ventricular grave
Nívia Katiele
TRATAMENTO
O manejo da angina e da doença cardíaca isquêmica estável envolve múltiplas abordagens
terapêuticas.
TERAPIA NÃO FARMACOLÓGICA:
• MEV – modificação do estilo de vida;
• Exercícios físicos aeróbicos regualares – melhora a tolerância ao esforço, pode
diminuir a mortalidade na DAC;
• Cessação do tabagismo;
• Ajuste na dieta alimentar;
TERAPIA FARMACOLÓGICA
Entre as farmacoterapias, 3 classes de fármacos são classificadas como “modificadoras
da doença”, pois demonstraram reduzir as taxas de mortalidade e morbidade em
pacientes com cardiopatia isquêmica estável e função VE preservada:
1. Agentes antiplaquetários → Ácido acetilsalicílico (AAS);
2. Inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona → especialmente
inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA);
3. Agentes hipolipemiantes efetivos → principalmente estatinas.
Outras terapias podem reduzir a isquemia miocárdica, melhorar ou prevenir a angina e
melhorar o desempenho nos exercícios, mas NÃO foi demonstrada redução da taxa de
mortalidade em pacientes com cardiopatia isquêmica estável:
1. Nitratos,
Nívia Katiele
2. Betabloqueadores,
3. Antagonistas de cálcio e
4. Ranolazina.
• Agente de 1ª linha em pacientes com angina estável e até 2 anos após infarto do
miocárdio prévio e/ou disfunção do VE;
• Pacientes que já sofreram IAM prévio, e Fração de ejeção reduzida.
• Cardiosseletivos – metoprolol e bisoprolol;
• Efeito inotrópico (contratilidade) e cronotrópico (FC) negativo;
• Para alívio sintomático em pacientes com angina vasoespástica.
• A dose do betabloqueador deve ser titulada para a meta de frequência cardíaca em
repouso de 50 a 60 bpm, conforme tolerado pelo paciente;
Bloqueadores de Canais de Cálcio:
TERAPIA INVASIVA:
Revascularização miocárdica:
Indicada para pacientes que estão evoluindo para uma DAC aguda, um risco iminente de
piora – IAM ou morte.
A revascularização cirúrgica do miocárdio prolonga a vida, reduz os principais eventos
cardiovasculares e melhora o estado de saúde, a qualidade de vida e a capacidade
funcional em pacientes selecionados com cardiopatia isquêmica estável e crônica que
atendem a certos critérios anatômicos:
CASO:
Sr. Júlio Prestes, 69 anos, branco, natural de São Paulo, procedente de Salvador, chega
ao consultório com queixa de desconforto precordial.
Refere que há 2 meses vem sentindo sensação de aperto retroesternal com irradiação para
a mandíbula com piora nas últimas 2 semanas. O Sr. Júlio refere que sente o aperto ao
realizar esforços. Inicialmente ao andar apressado ou subir ladeira. Atualmente, quando
anda no plano ou ao tomar banho, com duração de aproximadamente 5 a 10 minutos
associado a sudorese e náusea.
Tem antecedente de HAS em uso regular de Enalapril. Refere tabagismo (5 a 10
cigarros/dia) há 40 anos. Já foi submetido a colecistectomia há 20 anos.
Nívia Katiele
Nega alergias.
Antecedentes Familiares: Pai falecido de morte súbita aos 55 anos.
Exame Físico:
Altura 1,82m Peso: 83kg PA- 130 x 85 FC= 85 bpm
AR- MV bem distribuído sem estertores
ACV- Precordio calmo. Ictus não palpável. Bulhas rítmicas em 3 tempos às custas de B4
Abdomes e Ext: Sem alterações
Exames: ECG – em anexo
Hb= 14,5 Ht 50% Leuco 8200 Plaquetas 320.000 Ureia 45 Cr 1,2 K 5,1 Na 142 Colesterol
total 226 LDL 160 HDL 40 Triglicerides 110 Glicemia 95