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Tem a variável W na formula do peso alexyana correspondência na proporcionalidade?

a) A variável W na fórmula do peso Alexyana, não têm qualquer correspondência na lei


da proporcionalidade, tratando-se de – numa interpretação jusnaturalista – uma mera
relevância moral, conforme no entendimento geral, que insere um valor a considerar e
influenciar a ponderação. No entanto, não há necessidade de recorrer a esta variável
de peso de um principio (moralmente) na sociedade, pois a subjetividade implícita á
atribuição do valor de I já implica um juízo de moral na fórmula.

Há normas de conflitos aplicáveis parcial-parcial?

b) A relação de interceção na sobreposição de previsões é a mais comum nos conflitos


normativos constitucionais, desde logo pela maioria das normas se consagrarem como
princípios, com uma previsão bastante ampla. Estes conflitos são resolvidos pela Lex
Superior, Lex Posterior e Lex Specialis e, sendo impossível recorrer ás primeiras duas
em conflitos constitucionais e impossível recorrer á ultima em relação de interceção,
não resta nenhuma solução senão a ponderação.

Que posição jurídica confere uma norma permissiva ao agente primário?

c) A posição jurídica inerente a uma permissão de um agente primário é a liberdade, que


reflete nos sujeitos secundários um não direito (na visão de Holfeld) ou um dever de
não interferência (na visão de David Duarte), sendo estas posições atomísticas na tese
de Holfeld, juntamente com o direito -pretensão (claim-right) e o dever.

O que são normas de primeira ordem secundárias de direitos fundamentais?

d) As normas de primeira ordem secundárias nos direitos fundamentais são normas que
não produzem efeitos jurídicos, mas que vêm esclarecer a forma de
aplicação/interpretação das normas fundamentais de primeira ordem primárias, que
por sua vez produzem efeitos jurídicos. Seria o caso das normas do art. 9º CC ou do
art. 18º CRP. As normas podem ainda ser de segunda ordem, admitindo-se nesta
ordem as normas de competência.

II
“Os testes (de proporcionalidade) conferem condições individualmente necessárias e
conjuntamente suficientes para a correcção teleológica: assim, a violação de cada
um é suficiente para a reprovação e o respeito de todos é necessário para evitar”
A lei da proporcionalidade presente no art. 18º/2 CRP, visa limitar a discricionariedade
de decisões ponderatórias, não no sentido de proferir determinadas decisões sobre
outras (como parece indicar a fórmula de Alexy), mas no sentido de garantir a
constitucionalidade das mesmas na vertente do Princípio da Proporcionalidade. Para
esta conformidade á Lei Fundamental , os testes de proporcionalidade consistem em
três etapas: a adequação – a decisão deve ser adequada a produzir o resultado
pretendido; a necessidade – a decisão restringe-se ao estritamente necessário
aquando á afetação de interesses constitucionalmente protegidos e apenas perante
ausência de meios alternativos que não afetem tais interesses; a proporcionalidade
sentido estrito, que por sua vez se divide na vertente substantiva – que implica que os
ganhos sejam superiores ás perdas (respetivamente sobre a decisão e o interesse
tutelado) - e na vertente epistémica – que implica que o grau de conhecimento sobre
as permissas empíricas seja superior ao das perdas supramencionadas.
Assim, estes testes são cumulativos, bastando a violação de um para existir uma
desproporcionalidade, resultado esse obtido através do método ponderatório da
fórmula do peso positivista, que resume a uma fórmula a lei substantiva e epistémica
da proporcionalidade. Perante a ausência de desproporcionalidade, cabe ao
ponderador toda a discricionariedade sobre a decisão.

III
A norma que impõe que as restrições a direitos liberdades e garantias sejam
efectuadas por norma <geral e abstracta> não se aplica a restrições individuais.

O art. 18º CRP consagra múltiplas matérias sobre direitos, liberdades e garantias e as
suas restrições. O art. 18/1 consagra uma aplicabilidade direta destas normas,
considerando-se perfeitas. O art. 18/2 afere que as restrições devem ser limitadas ao
necessário para salvaguardar outros interesses fundamentais e devem estar previstas
na CRP, sem prejuízo do regente entender esta norma como inefetiva por reiterada
violação, dado que a CRP não prevê restrições á maioria das liberdades e que estas
dependem de restrições para coexistir. Por último, o 18º/3 admite requisitos ás
restrições ( a acrescer aos já mencionados a á reserva de lei – 165º) nomeadamente a
não retroatividade, á não diminuição do conteúdo essencial (tema também debatido
sobre as teses relativa e absoluta) e o caracter geral e abstrato. Ora, a generalidade e a
abstração não são possíveis adotar em todas as restrições. Se tudo é permitido, então
qualquer obrigação ou proibição irá reduzir o âmbito de aplicação da liberdade,
tornando-se uma restrição a direitos fundamentais. Neste contexto, são de integrar
regulamentos administrativos e decisões judiciais enquanto suscetíveis de restringir
direitos fundamentais, apesar do seu caracter individual e/ou concreto. Por estas
razões se entende a interpretação do regente, quando defende que o único
destinatário da obrigatoriedade de generalidade e abstração das normas restritivas, é
o legislador.

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