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Carla Bittelbrun Tahara
ADVOGADA - OAB/SC N. º 27636
EGRÉGIO TRIBUNAL
DOUTA CÂMARA
NOBRE RELATOR
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Entende‐se por necessidade a ausência de bens e a incapacidade de manter‐se
pelo próprio trabalho, fato presumido em se tratando de recém‐nascido e crianças.
A possibilidade consiste no fornecimento sem desfalque do próprio sustento.
A proporcionalidade decorre do binômio necessidade/possibilidade, porque não
tem cabimento exigir mais do que o alimentado precisa, ainda que haja possibilidade,
tampouco a quantia devida deve ultrapassar a renda auferida pelo alimentante.
Nesse diapasão, os alimentos devem ser fixados tendo‐se em consideração, de
um lado, as possibilidades do devedor, isso quer dizer que, se as necessidades do
alimentado forem grandes, porém pequenas as possibilidades do alimentante,
moderados serão os alimentos devidos. Nesse caso, os alimentos têm por limite as
possibilidades do alimentante (JOSÉ ROBERTO PACHECO DI FRANCESCO, Aspectos da
Obrigação Alimentar, Revista do Advogado nº 58, março/2000, p. 109).
Como ensina Maria Helena Diniz, o alimentante deverá cumprir seu dever sem
que haja desfalque do necessário ao seu próprio sustento (Curso de Direito Civil
Brasileiro, v.5/288, p. 289).
Esta é a correta interpretação do artigo 400 do Código Civil, pois não se pode
olvidar que o instituto dos alimentos tem caráter eminentemente social e não é fonte de
renda.
A necessidade é normal, de um bebê de tenra idade e saudável, e se resume
basicamente a gastos com o vestuário, fraldas e remédios, tendo em vista que o infante
se alimenta exclusivamente no peito de sua genitora.
No tocante à possibilidade, o requerido está atualmente desempregado,
sobrevivendo de bicos que faz com entregas pelo ifood, percebendo em média R$
200,00 (duzentos reais) por semana.
Além disso, está tentando a duras penas concluir sua graduação, que possui
mensalidade de cerca de R$ 1.300,00 mensais (cujo custo só é possível arcar através de
financiamento estudantil e ajuda dos pais).
Por outro lado, a genitora do menor trabalha como manicure com unhas em gel
em salão próprio, sendo que, como se sabe, o ramo da beleza está em crescente
ascensão, modo pelo qual percebe considerável salário, não sabendo o agravante ao
certo quanto. Em consequência, os esforços somam‐se.
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Ademais, a Constituição Federal de 1988 igualou os homens e as mulheres nos
direitos e deveres, de modo que a obrigação alimentar cabe tanto ao homem quanto à
mulher.
Portanto, considerando os escassos recursos do requerido no momento, que
devem servir como limite para a fixação da prestação de alimentos, e os recursos da
genitora do menor, a obrigação alimentar deve ser fixada no patamar de 30% do salário
mínimo, perfazendo R$ 423,06, valor suficiente para garantir as necessidades básicas do
menor.
Salienta‐se que após o agravante se estabilizar, concluindo sua graduação, sua
situação financeira tende a melhorar, e, por consequência, fará questão de que o
percentual da pensão seja aumentado.
Entretanto, atualmente, o requerido não tem condições de arcar com alimentos
superiores aos R$ 423,00 (quatrocentos e vinte e três reais), entendendo‐se que tal
quantia melhor se ajusta ao binômio necessidade/possibilidade atuais.
Deve ser destacado acerca da importância da concessão da medida liminar no
caso em tela, sob pena de gerar lesão grave e de difícil reparação para o agravante, uma
vez que o não cumprimento da ordem judicial impugnada poderá gerar a sua prisão civil.
Ante o exposto, considerando o destacado prejuízo que o agravante está prestes
a sofrer, aguarda o pronto deferimento de liminar consubstanciada em efeito
suspensivo, a qual deverá obstar o ilegal e injusto pronunciamento judicial que
determinou a fixação dos alimentos provisórios no patamar de 40% do salário mínimo.
Solicita, ainda, caso este seja o entendimento de Vossa Excelência, a requisição
de informações, no prazo legal, ao juiz da causa, bem como, se for o caso a intimação do
agravado, nos termos do artigo 1019, inciso II, do Código de Processo Civil.
Por fim, requer que o presente recurso seja recebido, conhecido e provido, nos
termos da liminar supra solicitada, devendo o efeito suspensivo ser mantido até o
julgamento definitivo da ação.
2. DO EFEITO SUSPENSIVO
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Há a necessidade de se apreciar o presente agravo no âmbito do Tribunal de
Justiça, inclusive concedendo efeito suspensivo, uma vez que a questão de urgência e
relevância poderá causar lesão grave e de difícil reparação ao agravante.
O perigo de lesão grave e até irreparável repousa no fato de que a injusta quantia
fixada, fará com que o recorrente não tenha recursos para honrar a obrigação, fazendo
com que esteja sujeito à pena de privação de liberdade.
Destarte, diante da ocorrência da hipótese de perigo de lesão grave ou de difícil
reparação, requer‐se a Vossa Excelência o recebimento do presente agravo de
instrumento com a imediata concessão de efeito suspensivo.
4. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer‐se o deferimento da gratuidade da justiça, o recebimento
deste agravo, atribuindo‐se, desde já, efeito suspensivo ao presente recurso, com
fundamento no artigo 1.019, I, do Código de Processo Civil, para o fim de reverter a
decisão de primeira instância, a qual, data máxima vênia, de forma injusta e indevida,
fixou alimentos no importe de 40% do salário mínimo.
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