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Carla Bittelbrun Tahara

ADVOGADA - OAB/SC N. º 27636

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DE SANTA CATARINA

ORIGEM: AÇÃO DE ALIMENTOS ‐ AUTOS Nº 5018933‐63.2023.8.24.0008/SC


AGRAVANTE: BRUNO DOMINGOS DE BRITO DOS SANTOS
AGRAVADA: AMANDA CRISTINA CORREA

BRUNO DOMINGOS DE BRITO DOS SANTOS, brasileiro, solteiro, desempregado,


residente e domiciliado à Rua Progresso nº 4307, bairro Progresso, Blumenau/SC, CEP:
89026‐201, email: bro.d.b123@gmail.com, fone: (47) 99270‐9372, por sua advogada
infra‐assinada, não se conformando com a decisão do evento 54, proferida pela MM Juiz
de Direito da 2ª Vara da Família da Comarca de Blumenau, nos autos da ação de
alimentos nº 5018933‐63.2023.8.24.0008, vem interpor AGRAVO DE INSTRUMENTO,
com fundamento no artigo 1.015, inciso I e seguintes do Código de Processo Civil.
Requer‐se, para tanto, o recebimento do presente Agravo, atribuindo‐lhe efeito
suspensivo (CPC, art. 1.019, inciso I), bem como o consequente e o regular
processamento, por tempestivo e, após cumpridas as formalidades de praxe, seja o
mesmo julgado procedente nos termos do pedido.
Pugna‐se, ainda, pelo conhecimento independentemente do recolhimento do
preparo, tendo em vista o pedido de justiça gratuita na origem, bem como que as
intimações sejam feitas em nome da procuradora do agravante, CARLA BITTELBRUN
TAHARA, OAB/SC 27.636, sob pena de nulidade.

Termos em que pede deferimento.

Blumenau, 28 de fevereiro de 2024.

CARLA BITTELBRUN TAHARA


OAB/SC n. º 27636

Rua São Luís, nº 60, Centro, CEP: 89010-255– Blumenau - Santa Catarina - Fone: (47)9925-
0590 - e-mail:carlabittelbrun@bol.com.br
Carla Bittelbrun Tahara
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RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

Agravante: Bruno Domingos de Brito dos Santos

Agravado: Amanda Cristina Correa

Origem: AÇÃO DE ALIMENTOS AUTOS Nº 5018933‐63.2023.8.24.0008/SC

EGRÉGIO TRIBUNAL

DOUTA CÂMARA

NOBRE RELATOR

1. DA EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO


Na ação de alimentos proposta contra o agravante, na decisão do evento 54, o
MM Juízo determinou o pagamento do percentual de 40% sobre o salário mínimo
vigente no país, para o menor representado por sua genitora agravada, a título de
alimentos provisórios.
Ocorre que tal decisão não pode subsistir, pois os recursos financeiros do
alimentante não suportam a obrigação que lhe foi imposta.
O caso em tela cinge‐se à interpretação do artigo 400 do Código Civil, in verbis:

Art. 400. Os alimentos devem ser fixados na proporção das


necessidades do alimentante e dos recursos da pessoa obrigada.

A despeito da generalidade e imprecisão da regra aludida, que atribui ao juiz o


encargo de fixar a prestação alimentícia embasado no exame do caso concreto, esta
decisão, conquanto discricionária, não pode ser arbitrária, devendo pautar‐se nos
parâmetros legais, quais sejam, necessidade, possibilidade e proporcionalidade, sob
pena de ilegalidade.

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Entende‐se por necessidade a ausência de bens e a incapacidade de manter‐se
pelo próprio trabalho, fato presumido em se tratando de recém‐nascido e crianças.
A possibilidade consiste no fornecimento sem desfalque do próprio sustento.
A proporcionalidade decorre do binômio necessidade/possibilidade, porque não
tem cabimento exigir mais do que o alimentado precisa, ainda que haja possibilidade,
tampouco a quantia devida deve ultrapassar a renda auferida pelo alimentante.
Nesse diapasão, os alimentos devem ser fixados tendo‐se em consideração, de
um lado, as possibilidades do devedor, isso quer dizer que, se as necessidades do
alimentado forem grandes, porém pequenas as possibilidades do alimentante,
moderados serão os alimentos devidos. Nesse caso, os alimentos têm por limite as
possibilidades do alimentante (JOSÉ ROBERTO PACHECO DI FRANCESCO, Aspectos da
Obrigação Alimentar, Revista do Advogado nº 58, março/2000, p. 109).
Como ensina Maria Helena Diniz, o alimentante deverá cumprir seu dever sem
que haja desfalque do necessário ao seu próprio sustento (Curso de Direito Civil
Brasileiro, v.5/288, p. 289).
Esta é a correta interpretação do artigo 400 do Código Civil, pois não se pode
olvidar que o instituto dos alimentos tem caráter eminentemente social e não é fonte de
renda.
A necessidade é normal, de um bebê de tenra idade e saudável, e se resume
basicamente a gastos com o vestuário, fraldas e remédios, tendo em vista que o infante
se alimenta exclusivamente no peito de sua genitora.
No tocante à possibilidade, o requerido está atualmente desempregado,
sobrevivendo de bicos que faz com entregas pelo ifood, percebendo em média R$
200,00 (duzentos reais) por semana.
Além disso, está tentando a duras penas concluir sua graduação, que possui
mensalidade de cerca de R$ 1.300,00 mensais (cujo custo só é possível arcar através de
financiamento estudantil e ajuda dos pais).
Por outro lado, a genitora do menor trabalha como manicure com unhas em gel
em salão próprio, sendo que, como se sabe, o ramo da beleza está em crescente
ascensão, modo pelo qual percebe considerável salário, não sabendo o agravante ao
certo quanto. Em consequência, os esforços somam‐se.
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Ademais, a Constituição Federal de 1988 igualou os homens e as mulheres nos
direitos e deveres, de modo que a obrigação alimentar cabe tanto ao homem quanto à
mulher.
Portanto, considerando os escassos recursos do requerido no momento, que
devem servir como limite para a fixação da prestação de alimentos, e os recursos da
genitora do menor, a obrigação alimentar deve ser fixada no patamar de 30% do salário
mínimo, perfazendo R$ 423,06, valor suficiente para garantir as necessidades básicas do
menor.
Salienta‐se que após o agravante se estabilizar, concluindo sua graduação, sua
situação financeira tende a melhorar, e, por consequência, fará questão de que o
percentual da pensão seja aumentado.
Entretanto, atualmente, o requerido não tem condições de arcar com alimentos
superiores aos R$ 423,00 (quatrocentos e vinte e três reais), entendendo‐se que tal
quantia melhor se ajusta ao binômio necessidade/possibilidade atuais.
Deve ser destacado acerca da importância da concessão da medida liminar no
caso em tela, sob pena de gerar lesão grave e de difícil reparação para o agravante, uma
vez que o não cumprimento da ordem judicial impugnada poderá gerar a sua prisão civil.
Ante o exposto, considerando o destacado prejuízo que o agravante está prestes
a sofrer, aguarda o pronto deferimento de liminar consubstanciada em efeito
suspensivo, a qual deverá obstar o ilegal e injusto pronunciamento judicial que
determinou a fixação dos alimentos provisórios no patamar de 40% do salário mínimo.
Solicita, ainda, caso este seja o entendimento de Vossa Excelência, a requisição
de informações, no prazo legal, ao juiz da causa, bem como, se for o caso a intimação do
agravado, nos termos do artigo 1019, inciso II, do Código de Processo Civil.
Por fim, requer que o presente recurso seja recebido, conhecido e provido, nos
termos da liminar supra solicitada, devendo o efeito suspensivo ser mantido até o
julgamento definitivo da ação.

2. DO EFEITO SUSPENSIVO

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Há a necessidade de se apreciar o presente agravo no âmbito do Tribunal de
Justiça, inclusive concedendo efeito suspensivo, uma vez que a questão de urgência e
relevância poderá causar lesão grave e de difícil reparação ao agravante.
O perigo de lesão grave e até irreparável repousa no fato de que a injusta quantia
fixada, fará com que o recorrente não tenha recursos para honrar a obrigação, fazendo
com que esteja sujeito à pena de privação de liberdade.
Destarte, diante da ocorrência da hipótese de perigo de lesão grave ou de difícil
reparação, requer‐se a Vossa Excelência o recebimento do presente agravo de
instrumento com a imediata concessão de efeito suspensivo.

3. DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA


Conforme exposto por ocasião da contestação à ação de alimentos, o agravante
não tem condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo do próprio
sustento.
Atualmente o agravante encontra‐se desempregado e tenta, a duras penas,
concluir o curso de Engenharia Civil em faculdade participar, cuja mensalidade
ultrapassa os R$ 1300,00 (mil e trezentos reais) mensais.
O agravante estuda e sobrevive graças à ajuda de familiares, sendo que além
disso, ainda arca com empréstimo cuja parcela está em torno de R$ 400,00
(quatrocentos reais).
Diante disso, o agravante requer o recebimento do recurso independentemente
do pagamento do respectivo preparo.

4. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer‐se o deferimento da gratuidade da justiça, o recebimento
deste agravo, atribuindo‐se, desde já, efeito suspensivo ao presente recurso, com
fundamento no artigo 1.019, I, do Código de Processo Civil, para o fim de reverter a
decisão de primeira instância, a qual, data máxima vênia, de forma injusta e indevida,
fixou alimentos no importe de 40% do salário mínimo.

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Ao final, requer seja dado provimento ao presente recurso para reformar in


totum a decisão recorrida, reduzindo‐se o importe fixado para 30% sobre o salário
mínimo vigente no país.

Termos em que pede deferimento.


Blumenau, 28 de fevereiro de 2024.
CARLA BITTELBRUN TAHARA
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