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SÍNDROME DAS PERNAS INQUIETAS (SPI)

1-IDENTIFICAÇÃO

Nome:
CPF:
Idade:
Solicitante:
Nº Inscrição no CRP:
Finalidade

2-DESCRIÇÃO DA DEMANDA

Manoel, era um homem de 63 anos, nascido na China, que foi encaminhado para uma consulta
psiquiátrica para avaliar depressão e queixas somáticas excessivas. Ele tinha histórico de depressões
psicóticas, motivo pelo qual tinha sido hospitalizado duas vezes na década anterior. Recebeu avaliação
ambulatorial na unidade renal de um pequeno hospital durante sua hemodiálise de rotina.
No momento da avaliação, o sr. Manoel afirmou que sentia “coceira e formigamentos”, como se
“vermes estivessem rastejando sob minha pele”. Esses sintomas oscilaram ao longo dos anos
anteriores, mas se agravaram nas últimas semanas, e ele achava que estava “ficando louco”.
Afirmou que estava preocupado e frequentemente cansado, mas sempre ria quando brincava com
os netos ou quando visitava pessoas de seu país natal. Não exibia transtorno de pensamento. Uma
análise do boletim médico indicou que as queixas físicas do sr. Manoel foram conceitualizadas em
diversos momentos como acatisia, neuropatia periférica e sintomas “psicossomáticos” e
“psicoticamente ruminativos”. Ele estava eutímico e sem medicamentos psiquiátricos havia dois
anos.
O sr. Manoel disse que seus sintomas físicos eram piores à noite, quando tentava sentar-se ou
deitar-se. Afirmou que o desconforto se restringia às pernas. Ajudava a massageá-las, mas o maior
alívio era quando ficava em pé e caminhava. A diálise era especialmente difícil, porque tinha de “ficar
preso a uma máquina durante horas”. Reclamou também de sonolência diurna e fadiga. No curso da
entrevista, o sr. Manoel levantou-se rapidamente duas vezes. Uma das enfermeiras mencionou que
ele costumava pedir para interromper a diálise, quase sempre tinha aparência de cansaço e parecia
sempre estar “pulando”.
Ele foi diagnosticado com diabetes logo após sua imigração para os Estados Unidos, há 15 anos.
Desenvolveu insuficiência renal progressiva e começou a hemodiálise sete anos antes. Era divorciado,
tinha dois filhos adultos e três netos pequenos. Falava pouco inglês; todas as entrevistas foram
conduzidas usando um intérprete de man- darim. Morava com um dos filhos.
3-PROCEDIMENTOS

Pessoas ouvidas no processo:


Número de encontros:
Duração do processo realizado:

APRESENTAR OS RECURSOS TÉCNICOS CIENTÍFICOS UTILIZADOS ESPECIFICANDO O REFERENCIAL TEÓRICO


METODOLÓGICO QUE FUNDAMENTOU SUA ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E CONCLUSÃO. CITAR AS PESSOAS OUVIDAS
NO PROCESSO DE TRABALHO DESENVOLVIDO, AS INFORMAÇÕES, NÚMEROS DE ENCONTROS OU TEMPO DE
DURAÇÃO.

4.ANÁLISE

O sr. Manoel apresenta um quadro com depressão, fadiga, sensação estranha de “vermes” rastejando
sob a pele e uma ânsia intensa de se mover. Não havia ficado claro para examinadores anteriores se
as hospitalizações para “depressão psicótica” estavam relacionadas a essas sensações físicas. Elas
foram diagnosticadas de várias formas ao longo dos anos: acatisia, neuropatia periférica e sintomas
“psicossomáticos” e “psicoticamente ruminativos”.

5. CONCLUSÃO

Em vez desses diagnósticos, a maior probabilidade de diagnóstico do sr. Manoel é síndrome das
pernas inquietas (SPI). Um diagnóstico que recentemente ganhou independência no DSM-5, a SPI se
caracteriza por uma ânsia de mover as pernas, acompanhada por sensações desagradáveis. Os
sintomas do sr. Manoel são típicos: eles melhoram com movimento e são mais intensos à noite ou
quando a pessoa está em alguma situação sedentária (como a diálise). Os sintomas são frequentes,
crônicos e aflitivos.
A SPI é um problema especificamente comum para pessoas com doença renal terminal (DRT) que
fazem diálise. Normalmente, mas nem sempre, a condição está associada a movimentos periódicos
dos membros: movimentos estereotipados envolvendo a extensão do dedão com flexão parcial do
tornozelo, do joelho e, às vezes, do quadril. A sonolência diurna do sr. Manoel pode estar
relacionada a um início atrasado do sono, mas também a uma redução na qualidade do sono; a SPI
está associada a esses dois problemas.
Não está claro o motivo pelo qual o diagnóstico de SPI foi postergado, especialmente por que a
SPI é um achado comum em unidades de diálise. A história de depressão psicótica do sr. Manoel
pode ter levado a equipe de tratamento a presumir que suas queixas eram psicológicas. Esse tipo de
compreensão poderia ter levado ao diagnóstico de sintomas “psicossomáticos”, sugerindo que seus
sintomas físicos eram atribuíveis a algum tipo de conflito ou transtorno psicológico. Esse caso parece
ser não apenas uma interpretação equivocada das queixas do sr. Manoel, mas também um mau uso
da expressão psicossomático, cujo conceito é mais bem explicado como o ramo da psiquiatria que se
concentra na comorbidade entre doenças clínicas e psiquiátricas; ao se usar essa definição, não faz
sentido descrever alguém como “psicossomático”. Como o sr. Manoel tomou medicação
antipsicótica durante parte do tempo em que se encontrava sintomático, faz algum sentido a
hipótese de acatisia. Os novos medicamentos antipsicóticos (p. ex., antipsicóticos atípicos), no
entanto, raramente estão implicados em acatisia, e seus sintomas persistem por dois anos após a
descontinuação de todos os medicamentos psiquiátricos. A neuropatia periférica normalmente
causa dor, ardência e dormência nas extremidades, o que não é exatamente a queixa real do sr.
Manoel.
Talvez a preocupação maior sejam as anotações no boletim médico que indicam que as
pernas inquietas do sr. Manoel fossem uma manifestação de “ruminação psicótica”. Dificuldades de
comunicação podem ter contribuído para esse entendimento, mas é possível que as duas internações
psiquiátricas do sr. Manoel decorrentes de “depressão psicótica” possam, na realidade, ter sido
precipitadas por preocupações somáticas, ansiedade e disforia causadas por um caso não
diagnosticado de SPI, um transtorno que, embora novo como diagnóstico no DSM-5, há muito se
revelou problemático e frequentemente comórbido com uma série de doenças clínicas.

NA CONCLUSÃO INDICAM-SE OS ENCAMINHAMENTOS E INTERVENÇÕES, O DIAGNÓSTICO, PROGNÓSTICO E


HIPÓTESE DIAGNÓSTICA, A EVOLUÇÃO DO CASO, ORIENTAÇÃO OU SUGESTÃO DO PROJETO TERAPÊUTICO.

Local / Data

Nome Psicólogo
CRP _____/__

RUBRICA-SE DA PRIMEIRA ATÉ A ÚLTIMA LAUDA, ASSINANDO A ÚLTIMA

6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Araujo SM, de Bruin VM, Nepomuceno LA, et al: Restless legs syndrome in endstage renal disease:
clinical characteristics and associated comorbidities. Sleep Med 11(8):785–790, 2010

Hening W, Fernanda RP, Tenzer P, Winkelman JW: Restless legs syndrome: demographics,
presentation, and differential diagnosis. Geria- trics 62(9):26–29, 2007

La Manna G, Pizza F, Persici E, et al: Restless legs syndrome enhances cardiovascular risk and
mortality in patients with endstage kidney disease undergoing longterm haemodialysis treatment.
Nephrol Dial Transplant 26(6):1976–1983, 2011

Li Y, Walters AS, Chiuve SE, et al: Prospective study of restless legs syndrome and coronary heart
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Oka Y, Ioue Y: Secondary restless legs syndrome [em japonês]. Brain Nerve 61(5): 539–547, 2009

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