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Universidade Severino Sombra

Curso de Medicina-1o semestre de 2007


Disciplina de Psiquiatria(Saúde Mental)
6o período-turma B
Aula em 26 de março de 2007
Prof.J.L.Campinho Pereira

TRANSTORNOS SOMATOMORFOS
A CID-10 codifica de F40 a F48 os transtornos que antigamente eram incluídos no conceito de
NEUROSE.O professor Alexandre,em aula anterior,abordou os chamados transtornos de
Ansiedade, falando do pânico,da ansiedade generalizada,das fobias,do TOC. Falaremos hoje sobre
os transtornos somatomorfos,cabendo ao prof.Carmine dissertar sobre os distúrbios dissociativos.
O conceito de transtorno somatomorfo foi introduzido pela American Psychiatric Association que,
no DSM III,em 1989,estabelecia as características essenciais desse grupo, sintomas para os quais
não há achados orgânicos demonstráveis ou mecanismos fisiológicos conhecidos e para os quais há
evidência positiva ou forte hipótese de que os referidos sintomas estão ligasdos afatores
psicológicos ou conflitos.Não há,portanto,nos mesmos, anormalidades ao exame físico ou
laboratorial.Representam os mesmos de um quarto a metade de todos os atendimentos médicos Na
clínica médica são conhecidos como síndromes somáticas funcionais(Mayou,R e cols,2005)..Não
devem ser confundidos com os distúrbios FACTICIOS ou simulação( síndrome de
Munchausen),pois aqui a produção dos sintomas não é intencional, a pessoa não vivencia a
sensação de controle da produção dos mesmos e o sofrimento do enfermo é real. A CID -10 divide-
os em transtornos de somatização,transtorno doloroso somatiforme persistente,transtorno
hipocondríaco,disfunção autonômica somatiforme e distúrbio somatoforme indiferenciado.
. A classificação americana(DSM) considera ainda o transtorno dismórfico corporal,incluido pela
CID na hipocondria e o transtorno conversivo que,na CID-10 faz parte da categoria transtornos
dissociativos(e conversivos), a antiga histeria.
TRANSTORNO DE SOMATIZAÇÂO:
Descreve-se aqui um quadro clínico caracterizado por queixas somáticas múltiplas e recorrentes,de
vários anos de duração,para as quais a atenção médica é buscada,mas que aparentemente não se
devem a qualquer distúrbio físico.O transtorno começa habitualmente antes dos 30 anos e tem uma
evolução crônica,mas flutuante.É 20 vezes mais frequente em MULHERES.A prevalência varia de
0,2 a 0,4 nas diversas estatísticas e há maior incidência em pessoas pobres e de baixo nível
culturalo.Colocado em F45.0 as suas diretrizes diagnósticas estabelecidas pela CID são:Pelo menos
2 anos de sintomas múltiplos e variáveis,para os quais nenhuma explicação médica foi
encontrada;recusa persistente em aceitar a informaçãoi ou o reasseguramento de diversos médicos
de que não há explicação física para suas queixas;certo grau de comprometimento do
funcionamento social e familiar atribivel à natureza dos sintomas e ao comportamento resultante.AS
queixas são muitas vezes dramáticas,rxageradas.Frequentemente os enfermos recebem cuidados
médicos de diversos clínicos,geralmente de modo simultâneo.O diahnóstico diferencial deve ser
feito com enfermidades somáticas que,màs vezes,podem se apresentar com anormaloidades
inespecíficas e transitórias,como a esclerose multipla,colagenoses ou a AIDS.Alé das enfermidades
físicas devemos separar os distúrbios depressivos e ansiosos e,dentro dos trtanstornos
somatomorfos,a hipocondria. O TRATAMENTO é difícil.o9s pacientes raramente ficando
assintomáticos. A PSICOTERAPIA é o tratamento de escolha.
TRANSTORNO DOLOROSO SOMATOMOREFO PERSISTENTE
Dor intensa e prolongada para a qual não há nenhuma explicação médica.As queixas mais comuns
são:lombalgia,cefalalgia,dor facial atípica,dor pélvica.Dificilmente o enfermo vai procurar o
psiquiatra e jamais admite uma origem psíquica para as suas dores e nprocuram insistentemente o
reumatologista,o neurologista,o ginecologista ou outro especialista.que não encontram substractum
orgânico para as mesmas.Reagem mal aos analgésicos e aos ansiolíticos.O clínico precisa acreditar
que a dor é real.Uma boa relação médico-paciente pode ajudar a este,fazendo-o a ceitar o
encaminhamento ao psiquiatra.A associação com a depressão é frequente,podendo o paciente
benefiar-se com antidepressivos.
TRANSTORNO HIPOCONDRÍACO:
A CID-l0 que o codifica em F 45.2 estabelece como caracterítica essencial a preocupação
persistente com a possibilidade de estar sofrendo um ou mais transtornos físicos graves e
progressivos.Tal preocupação se manifesta por queixas somáticas repetidas e variadas,Sensações
corporasis corriqueiras são interpretadas pelo enfermo como anormais e aflitivas.A atenção do
paciente es focalizada em um ou dois órgãos ou sistemas que o levam a acreditar estar sofrendo de
uma doença grave.Ao contrário do transtorno de somatização não tem características familiares e
acomete ambos os sexos,havendo até ligeira predominância masculina. As queixas mais comuns
dizem respeito ao aparelho circulatório e ao cérebro. Atinge o adulto jovem,sendo raro depois dos
50 anos.Bastante comu,calcula-se que represente mais de 10% das consultas médicas.O portador da
chamada paranóia das vísceras, não aceita,como os demais portadsores de transtornos psicomorfos,a
origem psíquica dos sintomas,recusando o encaminhamento ao psiquiatra.A grande maioria tem um
curso crônico e flutuante.Quando o hipocondríaco tem associado uma depressão, não é portador de
doença física e tem boa situação sócio-econômica, o prognóstico geralmente é melhor.25% dos
pacientes são irrecuperáveis.Quando o paciente aceita, a terapía de grupo apresenta alguns
resultados.Quando há sintomas depressivos ou ansiosos, devemos usar psicofármacos(anti-
depressivos,tranquilizantes)
DSFUNÇÃO AUTONÔMICA SOMATOMORFA
Caracteriza-se pela presença de 1)queixasbjetivas decorrentes da excitação do sistema nervoso
autônomo, como palpitações,sudorese,rubor,tremor etc,evidentes e aflitivas.2) sintomas subjetivos
referentes especificamente a um órgão ou sistema, 3) preocupação e angústia com a possibilidade
de estar com um sério transtorno(comumente não especificado)que não se acalma com a garantia
de vários médicos e a negatividade dos exames;4)ausência de um transtorno significatrivo da
estrutura ou função suspeitada pelo paciente .Incluimosd aqui a neurose cardíaca,a astenia neuroi-
circulatória e a síndrome de Da Costa( aparelho cardio-vascular);
aerofagia ,soluço,dispepsia,espasmo do piloro,neurose gástrica,flatulência,síndrome do colon
irritável,diarréia(aparelho digestivo);hiperventilação(aparelho respiratório),polaquiúria e
disúria(aparelho gênito-urinário).Como salienta BOMBANA,esses distturbios são chamados
genérica e pejorativamente de distonia neuro-vegetativa.
TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL
Não codificado pela CID-10 que o inclui nos transtornos hipocondríacos,define=se pelo DSM como
uma preocupação exagerada do indivíduo com algum defeito na sua aparência,insignificante, quase
imperceptível à observação comum ou inexistente e imaginado pelo enfermo.A sua
“anormalidae”,acredita o paciente ser óbvia paara os outros e é motivo de queixas permanentes e de
busca incessante de uma correção.A queixa frequentemente é ligada a pequenas assimetrias, a
discretas diferenças no tamanho dos seios ou do nariz,sinais de nascença,acne,pilosidade
excessiva,cabelos demasiadamente crespos ou algo semewlhante.Muitas vezes,como dissemos,a
anormalidade é imaginária e pessoas,lindas no consenso geral,julgam-se feias,necessitadas de
plástica.O transtorno começa geralmente na adlescência,em ambos os sexos,parecendo haver
predominância feminina.Sua prevalência no nosso país deve ser alta, se levarmos em conta o grande
número de cirurgias estéticas feitas e a quantidade de drogas pseudo-corretoras aqui venddidas.
O transtorno se aproxima do TOC por seu caráter obsessivo,mas ao contrário deste o paciente não
tem consciEncia de sua anormalidade e a idéia que o angustia,embora não delirante,mas
prevalente,é irredutível.O paciente como em todos os transtornos somatomorfos,reluta em ir ao
psiquiatra.Não é raro o suicídio.Poucos êxitos com antipsicóticos, tranquilizantes ou
esztabilizadores do humor,inclusive o lítio.Tentativas com a psicoterapia não têm sido também
muito eficientes. Como outros especialistas,tentei o triciclico clomipramina,de tão bons resultados
tem no TOC,mas os resultados foram fracos.Ultimamente trabalhos relatam com algum proveito o
uso da venlafaxina.
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