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Raquel Alves
Técnica Cirúrgica
INTRODUÇÃO
LESÃO ENDOTELIAL
PRÉ OPERATÓRIO
AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO CLÍNICA DO PACIENTE
ACERTO: 3 a 7 ml / kg / h
Esses parâmetros servem como uma sugestão, esses valores vão depender da monitorização feita
pelo anestesista, tentando através de parâmetros clínicos, hemodinâmicos e perfusionais avaliar
como está a perfusão orgânica do paciente, tentando sempre o manter em normovolemia, evitando os
quadros de hipotensão, hiper e hipovolemia.
“Tradicionalmente os pacientes recebem 3 a 5 litros de fluídos EV no dia da
operação e cerca de 2 litros dia nos próximos 3-4 dias levando a ganho de 3 a 6kg
no período pós-operatório” – esse ganho de 3 – 6 kg é de edema tecidual e isso está
atrelado as disfunções que podem ocorrer devido a esse edema.
o Perdas insensíveis (febre)
Ocorre uma perda de água por meio da respiração e transpiração aumentadas. Ex.: Paciente está com
a cavidade peritoneal aberta (cirurgia aberta), tendo uma perda pela transpiração.
TRADICIONAL: 1 a 4 ml – kg - h
ACERTO: 1 ml – kg - h
o Perdas sanguíneas (anemia)
Nesses casos já se tem a indicação de reposição/transfusão sanguínea pré-operatória,
principalmente nos casos de cirurgias de maior porte ou pacientes que irão ser submetidos a técnicas
anestésicas como o bloqueio do neuroeixo.
o Hipotensão por bloqueio do neuroeixo – a hipotensão que ocorre quando o paciente faz um
bloqueio da medula através de anestesia peridural ou rack é semelhante aos casos de choque
distributivo, quando se é feito um bloqueio do neuroeixo, há uma vasodilatação periférica, ou seja,
haverá um aumento do continente (compartimento intravascular) e isso gera uma diminuição relativa
do conteúdo intravascular. Logo, nessas situações de anestesia, é preciso contar com essa
vasoplegia, e geralmente se faz uma hidratação venosa pré-anestésica, justamente para se aumentar
o compartimento intravascular, uma vez que há essa inativação do sistema nervoso simpático.
Ex.: Cirurgias de retossigmoidectomia; cirurgias de rebaixamento do cólon quando será feito a ressecção retal.
PÓS-OPERATÓRIO
REPOSIÇÃO NUTRICIONAL / SUPORTE CALÓRICO NUTRICIONAL
Balanço Hídrico – BH
o Em alguns casos (pacientes instáveis, cirurgias de maior porte), o BH será fechado já no POI
(Pós-Operatório Imediato), em períodos de 6, 8 ou 12h – geralmente pacientes os quais se
realizou uma cirurgia de grande porte e vão para o CTI, se é feito o BH a cada 6 horas. Em relação ao
paciente mais estável, que está na enfermaria, pode se fazer o fechamento do BH a cada 12h.
o Todavia, para a maioria de nossos pacientes, fecharemos o primeiro BH na manhã do dia
seguinte à operação
Ex.: perda de pouca urina devido a ação do ADH; febre no pós-operatório aumentando a perspiração
(*similar a transpiração*) através da pele.
TRADICIONAL X NOVOS REGIMES
CRISTALÓIDES X COLÓIDES
Os Dextrans, as gelatinas e os amidos são macromoléculas sintéticas que contém alguns efeitos
colaterais importantes e nesse caso principalmente relacionado a sangramentos, disfunção plaquetária,
lesões renais; são colóides que tem suas indicações iguais da albumina, mas que devem ser utilizados
com cautela em virtude das repercussões que podem levar, principalmente no sistema hematológico,
disfunção plaquetária e também no sistema renal.
o Uso de cristalóides
Soluções isosmolares; lembrar que no soro fisiológico é oferecido como íon o cloreto de sódio, há
soluções mais balanceadas tanto o ringer lactato como o ringer simples.
Migram rapidamente para EEC edema
Válido ressaltar que a principal diferença de cristaloide e colóide é o edema tecidual. Logo se
há um paciente com muito edema é evitado o uso de cristalóides, se utilizando do colóide, pois
ele mantém maior estabilidade hemodinâmica, maior fluxo urinário, maior reposição de perda
sanguínea volume a volume, pois ele mantém mais quantidade de líquido no nível vascular.
o Uso de colóides
Manter estabilidade hemodinâmica / e fluxo urinário
Reposição de perda sanguínea (vol. a vol.)
Situações onde há perdas volêmicas maiores se é utilizado o colóide, depois usa se o concentrado de hemácias.
o COLECISTECTOMIAS (02 horas): 1260 – 1680ml (tradicional) para 680ml (restritiva)
o COLECTOMIA (04 horas): 2800 – 3640ml (tradicional) para 1960ml (restritiva)
IMPORTANTE
Manter diurese em torno de 0,5ml/kg/h
A diurese é um reflexo da microcirculação, de como que está a perfusão tecidual do paciente
1.07.16
SG5% é usado para reposição de perda de água pura para perdas insensíveis e para administrar
algumas calorias na forma de glicose. Em 100 ml, há 5g de glicose, ou seja, 20 kcal (100kcal a cada
500 ml da solução) – não é uma forma de nutrir o paciente no pós-operatório
SG5% é solução hipotônica e distribui-se por todos os compartimentos de modo igual (intra e
extracelular). Assim, cerca de 10% ficam no intravascular e não devem ser usadas para repor perdas
vasculares (ex. hemorragias).
ELETRÓLITOS E NUTRIENTES
Devem ser avaliados no paciente pós-operatório, principalmente quando esse paciente passa a ter
um período mais prolongado de falha da ingesta via oral
o Iremos de rotina repor somente os íons sódio e potássio, na medida que estes representam
respectivamente os principais íons extra e intracelular
Iremos realizar tal reposição apenas nos casos que se fizer necessário e à partir do
primeiro PO
o Apresentação dos eletrólitos
NaCl 20% - 3,4 mEq/ml (amp 10 ml)
KCl 19,1% - 2,5 mEq/ml (amp 10 ml)
REPOSIÇÃO DE SÓDIO
Então, nos casos necessários, como iremos repor o íon sódio?
1 a 3 MEq / kg
REPOSIÇÃO DE POTÁSSIO
Lembre-se que no POI (pós-operatório imediato) ocorre uma tendência a
hiperpotassemia, devido a destruição celular intensa no ato cirúrgico, com grande
liberação de íon. Assim, nesse momento não iremos repor potássio.
No PO contudo, dá-se uma tendência de perda de potássio, o que torna necessária
sua reposição parenteral para os casos de jejum prolongado.
Valor Normal K+ sérico = 3,5 a 5,0 MEq/L
Reposição: 1 a 2 MEq / kg
A REALIMENTAÇÃO PÓS - OPERATÓRIA
Lembrando que uma das fases de recuperação pós-operatória é a reparação tecidual e, para isso, o paciente necessita
de suporte nutricional e energético, ou seja, precisa de uma nutrição extremamente vigorosa no período pós-
operatório para que assim o indivíduo possa fazer reparação tecidual.
o Previne a cetose
o Diminui também a perda proteica (nitrogenada) decorrente do jejum
o Reverter a resistência periférica a insulina – na resposta ao trauma a insulina está suprimida e
o glucagon está aumentado
NÃO!
Resposta ao trauma: insulina está suprimida, glucagon aumentado, e estão ocorrendo lipólise,
glicogenólise e neo-glicogênese.
Tendência a: hiperglicemia, acúmulo de corpos cetônicos e ureia sanguínea (tais substâncias são
fortes determinantes da osmolaridade plasmática) – então esse ambiente hiperosmolar faz com que
haja um desequilíbrio dos líquidos orgânicos e isso leva a alterações metabólicas importantes no paciente
A oferta de um valor de glicose EV superior a 100 – 150 g - estado hiperosmolar, com suas
consequências: coma hiperosmolar e morte – o aumento do suporte de glicose endovenosa não dá
suporte nutricional. Ele não nutre o paciente e gera efeitos deletérios, aumentando a chance de complicação
ao não se fazer uma alimentação adequada.
“Apesar da perícia técnica e da evolução da cirurgia, todas as operações são perigosas. Nenhuma delas é
isenta de complicações”