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Crescimento microbiano

Agravos e imunidade em saúde animal


Profa. Dra. Ana Paula Vaz Cassenego
Fatores necessários para o crescimento

 Os fatores necessários para o crescimento microbiano


podem ser divididos em duas categorias principais: físicos
e químicos

 Fatores físicos: temperatura, pH e pressão osmótica


 Fatores químicos: fontes de carbono, nitrogênio, enxofre,
fósforo, oxigênio, elementos traços e fatores orgânicos de
crescimento
Fatores físicos

 TEMPERATURA

 Maioria dos micro-organismos cresce bem nas temperaturas ideais


para os seres humanos
 Certas bactérias são capazes de crescer em extremos de temperatura
– não ideais para quase todos os organismos eucarióticos
 MOs são classificados em três grupos principais com base em sua faixa
preferida de temperatura:
 Psicrófilos: crescem em baixas temperaturas
 Mesófilos: crescem em temperaturas moderadas
 Termófilos: crescem em altas temperaturas
TEMPERATURA

 Para a maioria das bactérias: faixa de 30 graus entre temperatura máxima e


mínima de crescimento
 Pouco crescimento em temperaturas extremas (máx. ou min)
 Temperatura mínima de crescimento é a menor temperatura na qual a
espécie pode crescer
 Temperatura ótima de crescimento é a temperatura na qual a espécie
cresce melhor
 Temperatura máxima de crescimento é a maior temperatura na qual o
crescimento é possível
 Temperaturas elevadas inativam os sistemas enzimáticos da célula
 Psicrófilos: profundezas dos oceanos ou em certas regiões polares; não
causam problemas na preservação de alimentos
 Psicotróficos: encontrados na deterioração de alimentos em baixa
temperatura, pois crescem em temperaturas utilizadas em refrigeradores
Atividade vulcânica
Enxofre
Fatores físicos

 pH
 pH se refere à acidez ou alcalinidade de uma solução
 Bactérias crescem melhor em uma faixa estreita de pH perto da
neutralidade (6,5 e 7,5)
 Acidófilas: resistentes à acidez
 Fungos e leveduras crescem em uma faixa maior de pH que as
bactérias - pH ótimo 5 e 6
 Alcalinidade também inibe o crescimento microbiano
 No laboratório tampões químicos são incluídos no meio de cultura –
peptonas, aa e sais de fosfato
Fatores físicos
 PRESSÃO OSMÓTICA
 MOs obtêm a maioria dos seus nutrientes da água presente no seu meio
ambiente
 Requerem água para seu crescimento e sua composição é de 80 a 90% de água
 Pressões osmóticas elevadas removem a água necessária para a célula –
plasmólise
 Crescimento da célula é inibido
 Halófilos extremos: adaptados a concentrações elevadas de sais - requerem
sal para que ocorra seu crescimento
 Halófilos obrigatórios: organismos de águas salinas (Mar Morto) requerem
cerca de 30% de sal
 Halófilos facultativos: mais comuns, não requerem concentrações elevadas
de sal, mas são capazes de crescer em concentrações de até 2% de sal
 MAIORIA – 1,5% SAL
Fatores químicos

 CARBONO
 Carbono é o esqueleto estrutural da matéria viva
 Necessário para todos os compostos orgânicos que
constituem um célula viva
 Metade do peso seco – carbono
 Quimio-heterotróficos obtêm maior parte do seu carbono
de suas fontes de energia – proteínas, CHO e lipídeos
 Quimioautotróficos e fotoautotróficos retiram o carbono
do CO2
Fatores químicos

 NITROGÊNIO, ENXOFRE E FÓSFORO


 Outros elementos além do carbono para sintetizar material celular
 Síntese de proteínas: nitrogênio e enxofre
 DNA, RNA e ATP: nitrogênio e fósforo
 Bactérias obtêm esses compostos da decomposição de material contendo
proteína
 Outras bactérias utilizam o nitrogênio de íons amônio encontrados no material
celular orgânico ou derivam dos nitratos
 Cianobactérias fotossintéticas – nitrogênio gasoso da atmosfera – fixação
 Enxofre: síntese de aa e vitaminas. Fontes: íons sulfato ou sulfeto de H
 Fósforo: síntese dos ácidos nucleicos, fosfolipídeos de membrana e ATP
Fatores químicos

 ELEMENTOS TRAÇOS
 Quantidades pequenas de elementos minerais: ferro,
cobre e zinco
 Essenciais para funcionamento enzimático – cofatores
 Água da torneira ou em componentes dos meios de cultura
Fatores químicos

 OXIGÊNIO
 Sistemas metabólicos que requerem oxigênio para a
respiração aeróbica
 Átomos de hidrogênio extraídos dos compostos orgânicos
combinam-se com o oxigênio para formar água - grande
quantidade de energia
 Os micro-organismos que utilizam o oxigênio molecular
(aeróbicos) produzem mais energia que os anaeróbicos
• Aeróbicos obrigatórios: organismos que requerem oxigênio para viver
• Anaeróbicos facultativos: bactérias aeróbicas que desenvolveram a capacidade de
continuar a crescer na ausência do oxigênio (fermentação ou respiração anaeróbica)
• Anaeróbicos obrigatórios: bactérias incapazes de utilizar o oxigênio molecular para
as reações produtoras de energia
• Anaeróbicos aerotolerantes: não podem utilizar o oxigênio para crescimento, mas
o toleram
• Microaerófilas: requerem oxigênio, porém crescem somente em concentrações de
oxigênio inferiores à do ar
Fatores orgânicos de crescimento

 Compostos orgânicos essenciais que um organismo é


incapaz de sintetizar
 Devem ser obtidos diretamente do ambiente
 Ex: vitaminas – coenzimas
 Também aa, purinas e pirimidinas
Meio de cultura

 MEIO QUIMICAMENTE DEFINIDO


 Sua composição exata é conhecida
 Para os quimio-heterotrófico esse meio deve conter fatores de crescimento
orgânicos que servem como fonte de carbono e energia
Meio de cultura

 MEIO COMPLEXO
 Utilizados para o crescimento de bactérias
heterotróficas
 Feitos de nutrientes como extratos de
leveduras, de carnes ou de plantas, ou produtos
de digestão destas ou de outras fontes
 As necessidades de energia, carbono, nitrogênio
e enxofre são fornecidas essencialmente pelas
proteínas
 Vitaminas e outros fatores orgânicos de
crescimento são fornecidos pelos extratos de
carne e de levedura
 Ex: caldo e ágar nutriente
Meio de cultura

 MEIOS DE CULTIVO SELETIVO E DIFERENCIAL


 Meios seletivos são elaborados para impedir o
crescimento de bactérias indesejadas e favorecer o
crescimento dos MOs de interesse
Ex: Agar sulfeto de bismuto – Salmonella typhi – fezes
 Meios diferenciais facilitam a diferenciação das colônias
de um MO desejado em relação a outras colônias
crescendo na mesma placa
Ex: Agar Sangue – Streptococcus pyogenes - hemólise

Agar manitol – fermentação - acidez


Meio de cultura

 MEIOS DE ENRIQUECIMENTO
 Utilizados para bactérias em pequeno número que podem
ser perdidas
 Geralmente é líquido - fornece nutrientes e condições
ambientais que favorecem o crescimento de um MO
específico e não de outros
 Número muito pequeno do MO de interesse – amostras solo
e fezes
 Série de transferências no mesmo meio
Obtenção de culturas puras
 Colônia visível vem de um único esporo ou célula vegetativa ou
de um grupo dos mesmos MOs juntos em agregados ou cadeias
 As colônias têm aparência diferente, o que permite distinguir um
MO do outro
 No meio, as bactérias devem ser espalhadas de maneira ampla na
placa para que as colônias possam ser separadas umas das outras
 Método de isolamento: ESGOTAMENTO
 Uma alça de inoculação é mergulhada dentro de uma cultura
mista ou não, e é semeada em estrias na superfície do meio
nutritivo - as últimas células depositadas na alça são afastadas o
suficiente para crescer em colônias isoladas
 As colônias podem ser repicadas e transferidas para um tubo de
ensaio com meio nutritivo para a obtenção de uma cultura pura
Preservação de culturas bacterianas
 REFRIGERAÇÃO: armazenamento de culturas bacterianas por curtos períodos
 CONGELAMENTO:
 Uma cultura pura de MOs é colocada em um líquido de suspensão e
rapidamente congelada (–50°C a –95°C)
 A cultura pode ser descongelada e cultivada mesmo após vários anos
 LIOFILIZAÇÃO: congelamento e dessecação
 Uma suspensão de MOs é congelada (–54°C a –72°C) e a água é removida por
alto vácuo (sublimação)
 O tubo é selado derretendo o vidro com uma chama de alta temperatura
 O pó obtido contendo os MOs pode ser armazenado por anos
 Podem ser reativados a qualquer momento por hidratação com um meio
nutriente líquido
Crescimento de culturas bacterianas
 DIVISÃO BACTERIANA
 Aumento no número de células
 Reprodução por fissão binária

 TEMPO DE GERAÇÃO
 Tempo necessário para uma célula se dividir
 Varia entre os organismos e condições ambientais
 Maioria das bactérias tem um tempo de geração de 1 a 3 horas;
outras requerem mais de 24 horas
 E. coli = 20 minutos! – 1 milhão de células/7h
 Crescimento exponencial representado em escala
logarítmica
 REPRESENTAÇÃO LOGARÍTMICA DAS POPULAÇÕES BACTERIANAS
Fases do crescimento

 FASE LAG
 Período de pouca ou nenhuma divisão
 O número de células muda pouco
 Elas não se reproduzem imediatamente em
um novo meio
 Uma hora até vários dias
 Porém a população microbiana passa por um
período de intensa atividade metabólica -
síntese de enzimas e várias moléculas
Fases do crescimento

 FASE LOG
 Ou fase exponencial de crescimento
 As células começam a se dividir e entram em
um período de crescimento logarítmico
 A reprodução celular é mais ativa e o tempo
de geração atinge um valor constante
 Representação logarítmica do crescimento
durante esta fase gera uma
linha reta
 Momento de maior atividade metabólica na
célula
Fases do crescimento

 FASE ESTACIONÁRIA
 Período de equilíbrio onde a velocidade de
reprodução se reduz
 O número de mortes microbianas é
equivalente ao número de células novas
 E a população se estabiliza
 Causas: esgotamento dos nutrientes,
acúmulo de resíduos e mudanças no pH
danosas à célula
Fases do crescimento

 FASE DE MORTE CELULAR


 Número de mortes ultrapassa o número de
células novas formadas
 Fase continua até que a população tenha
diminuído a uma pequena fração da
população da fase anterior ou morra
totalmente
 Toda a sequência de fases varia conforme
a espécie - somente poucos dias ou
mantêm algumas células sobreviventes
indefinidamente
Controle do crescimento
microbiano
Microbiologia Veterinária
Prof. Dr. Ana Paula Vaz Cassenego
MÉTODOS

 ESTERILIZAÇÃO: Destruição ou remoção de todas as formas de vida


microbiana, incluindo os endósporos, possivelmente com exceção dos
príons
 DESINFECÇÃO: Destruição de patógenos na forma vegetativa
 ANTISSEPSIA: Destruição de patógenos na forma vegetativa em tecidos
vivos
 DEGERMINAÇÃO: Remoção de MOs de uma área limitada – ex: pele ao
redor do local da aplicação de uma injeção
 SANITIZAÇÃO: Tratamento destinado a reduzir as contagens microbianas
nos utensílios alimentares a níveis seguros de saúde pública

MÉTODOS FÍSICOS E QUÍMICOS


Ações dos agentes de controle
microbiano
 ALTERAÇÃO NA PERMEABILIDADE DA MEMBRANA
 Membrana plasmática: regula ativamente a passagem de nutrientes para o
interior da célula e a eliminação celular de dejetos
 Danos aos lipídeos ou proteínas da membrana plasmática por agentes
antimicrobianos:
 Extravasamento do conteúdo celular no meio circundante
 Interferência no crescimento celular
Ações dos agentes de controle
microbiano
 DANOS ÀS PROTEÍNAS E AOS ÁCIDOS NUCLEICOS
 Destruição da conformação proteica – tridimensional – ligações químicas
 Quebra de pontes de H e ligações covalentes – desnaturação proteica
 Danos podem ser causados por ex: calor, radiação ou substâncias químicas

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