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Teoria Jurídica da Pena - AB1.

1 - Direito Penal II

Pena ● Etimologicamente, a pena está relacionada


à ideia de sofrimento, castigo e punição. Por isso, é
1. Conceito e Origem
impossível dissociar a pena da noção de
● “A pena é a mais importante das
sofrimento/castigo/retribuição, pois é algo
consequências jurídicas do delito - reações jurídicas
intrínseco ao seu conceito.
aplicáveis à prática de um injusto punível. Consiste
● Segundo PRADO, “a prisão tão somente
na privação ou restrição de bens jurídicos, com
surgiu como pena no Direito canônico, através do
base na lei, imposta pelos órgãos jurisdicionais
recolhimento, em cela, dos religiosos que houvessem
competentes ao agente de uma infração penal.”
perpetrado delitos eclesiásticos (...)”, tendo
(PRADO, 2019).
“caráter de expiação, com o objetivo primeiro de
● A pena, por ser a consequência jurídica do
estimular o arrependimento dos condenados ".
crime, não integra o conceito de delito.

2. Teorias que tratam sobre a pena Conceito


● A finalidade e fundamentos da pena
● Teorias legitimadoras são aquelas que
sempre foi e continua sendo um assunto recorrente
defendem, como legítimo, o direito de punir a quem
no Direito Penal, de modo a ter-se inúmeras teorias
comete infrações penais.
que tentam chegar a essa resposta. Podemos,
então, separá-las em dois grupos: as teorias
legitimadoras e as teorias deslegitimadoras. Classificação

2.1. Teorias legitimadoras do direito punitivo (jus ● Quanto à classificação, as teorias

puniendi) legitimadoras dividem-se em três grandes blocos:


teorias absolutas, teorias relativas e teorias lícitas.
2.1.1. Teorias absolutas responsabilidade inerente ao princípio do imperativo
categórico, na medida em que o sujeito tinha
● Segundo Regis Prado, “a pena é
liberdade para agir diferente, mas escolheu cometer
retribuição, ou seja, compensação do mal causado
o crime.
pelo crime. Surge como decorrência de uma exigência
● Teoria hegeliana (Hegel): fundada em um
de justiça, seja como compensação da culpabilidade,
ideal fenomenológico, a pena apresenta-se como a
punição pela transgressão do direito (teoria da
“negação da negação”. A lógica é simples: o crime
retribuição), seja como expiação do agente (teoria
nega a ordem jurídica e a pena nega o crime, logo,
da expiação).”
ao negar a negação, a pena reafirma a ordem
● Fundadas na lógica da retribuição, as
jurídica, que havia sido negada pelo crime.
teorias absolutas legitimam, assim, o direito de
punir como resposta ao crime cometido. São 2.1.2. Teorias relativas
representadas por três grandes teorias:
● Baseadas na lógica da prevenção, as
contratual, kantiana, hegeliana.
teorias legitimadoras relativas pregam que a pena
● Teoria contratual (Feuerbach): baseia-se
não tem, de forma alguma, uma função de
na noção do contrato social, ou seja, na existência
retribuição, de modo que somente podem existir
de um pacto que mantém a harmonia da sociedade.
quando agirem no sentido de prevenir o delito na
Assim, ao aceitar o “contrato”, abrindo mão de
sociedade. São representadas por Platão e
parte de sua liberdade para respeitar as normas
Durkheim.
sociais, o indivíduo se compromete a não causar
● Platão apresentava desde a Antiguidade a
riscos à estabilidade da sociedade. Desse modo, ao
noção de prevenção desempenhada pela pena. Essa
cometer um delito e, consequentemente, violar o
prevenção, por sua vez, pode agir em três sentidos:
contrato estabelecido, o delinquente merece a
● Prevenção geral negativa: “(...) busca
punição aplicada.
justificação da pena na produção de efeitos
● Teoria kantiana (Kant): baseada na ideia
inibitórios à realização de condutas delituosas, nos
do imperativo categórico (o sujeito deve se conduzir
cidadãos em geral, de maneira que deixarão de
de forma que sua conduta possa ser a máxima da
praticar atos ilícitos em razão do temor de sofrer
sociedade). Dessa maneira, ao cometer uma
a aplicação de uma sanção penal (prevenção geral
infração proibida em lei, o indivíduo é merecedor da
intimidatória).” (PRADO, 2019).
consequência que dela decorre, como forma de
● Prevenção geral positiva: “(...) considera a
retribuição por seu mau ato. Baseia-se na
pena como instrumento destinado à estabilização
normativa, justificando-se pela produção de efeitos defendem a noção de retribuição jurídica como
positivos consubstanciados no fortalecimento geral necessária para a fixação de uma pena justa,
da confiança normativa. Consequentemente, a pena fundada na culpabilidade do agente.
encontra sua legitimação no incremento e reforço Resumidamente, têm como representantes
geral da consciência jurídica da norma.” (PRADO, principais: Claus Roxin, Jorge Figueiredo Dias e
2019). Luigi Ferrajoli.
● Prevenção específica: “(...) não se dirige à ● Claus Roxin: para esse autor, a pena tem
totalidade dos indivíduos integrantes da sociedade, função exclusivamente função preventiva
mas consiste na atuação sobre a pessoa do subsidiária, posto que apenas poderá ser aplicada
delinquente, para evitar que volte a delinquir no em ultima ratio, de acordo com o princípio da
futuro. Manifesta-se como advertência ou intervenção mínima.
intimidação individual, correção ou emenda do ● Figueiredo Dias: apresenta a pena como
delinquente, reinserção social ou separação, forma de garantia da convivência em sociedade.
segregação, quando incorrigível ou de difícil ● Luigi Ferrajoli (“Pai do Garantismo Penal):
correção. Sua ideia essencial é de que a pena justa é retira da pena a noção de retribuição, sendo mais
a pena necessária.” (PRADO, 2019). adepto à prevenção geral negativa. Assim, a pena
● Durkheim, por seu turno, analisa a pena serve para:
sob uma ótica funcional para a manutenção da 1) Evitar reações informais, que, em regra, são
sociedade. Partindo de seu conceito de anomia muito mais graves do que as previstas na
(aprendido em Criminologia por vocês), o autor ordem jurídica;
dispões que o crime será existirá, de modo que a 2) Tutela o delinquente, porque, na medida em que
pena deverá, também, se fazer sempre presente, se evita as reações informais, evita-se também
como forma de garantia da estrutura social e dos as reações desmedidas e arbitrárias contra
valores que possibilitam a convivência no meio ele, sendo cumprido, portanto, o que está na lei;
social.

2.1.3. Teorias ecléticas 2.2. Teorias deslegitimadoras: Abolicionismo Penal

● Chamadas dessa forma por tentar ● Ainda que carreguem o nome de


conciliar a função retributiva e preventiva da pena, “abolicionismo penal”, essas teorias variam em seu
as teorias ecléticas (contemporâneas ou modernas)
gradual de abolição do sistema penal, podendo ser 3.1. Sistema filadélfico (Filadélfia, no ano de
no todo ou apenas de forma parcial. Tem-se, como 1790), no qual “o condenado deveria permanecer em
defensores dessas teorias, os seguintes autores: constante isolamento celular (solitary system),
Louk Hulsman, Niel Christie e Thomas Mathiase. vedado o contato com o mundo exterior (proibição
● Louk Hulsman: escreve sobre a necessidade de visitas)” (PRADO), não se admitindo, porém, o
de supressão de todo o sistema penal, pois, segundo trabalho prisional.
sua visão, o sistema penal não tem um efeito
3.2. Sistema auburniano (Auburn, Nova Iorque,
positivo para nenhum dos envolvidos (agente e
1818), onde era permitido “de início, o trabalho dos
vítima) no conflito, visto que é apenas gerador de
presos em suas próprias celas; posteriormente,
sofrimento demasiado e desnecessário. Para
podiam realizar suas tarefas em grupos, durante o
Hulsman, o Estado deveria se abster
dia, desde que em silêncio (silent system)”, além de
completamente da mediação dos conflitos, deixando
implantar, também, “o isolamento celular noturno,
a cargo a solução nas mãos dos próprios envolvidos
sendo proibidos a visita de familiares, o lazer, a
(agente e vítima).
prática de exercícios físicos e as atividades
● Nils Christie: em sua concepção, o crime
educacionais.” (PRADO)
não existe, na medida em que é tão somente uma
● Tanto o sistema filadélfico quanto o
criação jurídica, de modo que a pena serve apenas
auburniano se fundam na noção da pena como
como instrumento de sofrimento, atingindo os mais
retribuição e punição pelo delito cometido.
pobres e não proporcionando a ressocialização
prometida. 3.3. Sistemas progressivos (inglês e irlandês):
● Thomas Mathiase: baseado em uma lógica Alexander Maconochie criou um sistema baseado
marxista, o autor, em síntese, repudia o Estado e em marcas, no qual “o condenado poderia obter
suas ações desprovidas de racionalidade, que se vales ou marcas conforme sua conduta e
exteriorizam na aplicação da pena, sobretudo, na rendimento de seu trabalho. Poderia o sentenciado
privativa de liberdade, que serve como forma de ir, pouco a pouco, melhorando sua condição e,
controle dos indivíduos. assim, reduzir a duração da pena inicialmente
imposta.” Desse modo, “a princípio o condenado
passava pelo isolamento celular (período de prova),
3. Sistemas Penitenciários
para depois, segundo sua conduta, trabalhar em
● Podemos citar quatro sistemas comum dentro da penitenciária, em silêncio,
penitenciários: recolhendo-se ao isolamento durante a noite. O
estágio seguinte consistia na semiliberdade, 3.4. Reformatórios (instituições de reeducação):
culminando, ao fim, com a liberdade sob vigilância com base no sistema progressivo, os reformatórios
até o término da pena (ticket of leave).” (PRADO) eram destinados à reeducação de adolescentes e
jovens infratores.

SANÇÕES PENAIS NO DIREITO BRASILEIRO 1.1. Legalidade da execução penal: decidir segundo
os padrões legais
● Nosso ordenamento jurídico, no âmbito
penal, conta com três penais: ● Somente será aplicada, pelo juiz, e
1) Penas privativas de liberdade (gênero): há executada, pelo juiz da execução penal e demais
três espécies que variam de acordo com o grau servidores públicos, a pena prevista em pena.
de privação de liberdade, assim, de forma
1.2. Progressividade da pena
decrescente (decidido pela proporcionalidade de
gravidade do crime), tem-se: ● Assentada na lógica da diminuição gradual

Reclusão: aplicada para crimes considerados do ônus da pena, ou seja, faz com que a pena

mais graves; privativa de liberdade se torne mais amena ao

Detenção: é aplicada para os crimes decorrer de seu devido cumprimento.

considerados menos graves; 1.3. Mínimo ético


● O mínimo ético é um dever que o Estado
Prisão simples: aplicada para as contravenções
tem frente aos condenados, com o fito de atenuar
penais;
os efeitos deletérios da prisão e, assim, propiciar
2) Penas restritivas de direito;
uma verdadeira ressocialização ao final do
3) Penas de multa.
cumprimento da pena. O mínimo ético baseia-se em
dois pilares:
Penas Privativas de Liberdade (PPL) a) Atenuação e compensação: aplicar os
direitos não atingidos pelas PPL em sua plenitude
● Previstas no art. 5°, XLVI, alínea a, da
para compensar aqueles direitos que são atingidos
CF/88, e art. 33, do CP, a pena privativa de
pela restrição de liberdade, com a finalidade de
liberdade configura-se como a principal pena do
facilitar o processo de reintegração social;
Direito Penal. Além disso, há alguns princípios que
b) Nihil Nocere: age no sentido de evitar os
regem a aplicação dessa pena, são eles:
efeitos negativos do cárcere, por meios de medidas
1. Princípios
prisionais que impeçam uma possível dessocialização ressalvadas as hipóteses de transferência a regime
do preso. mais rigoroso:

a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos


2. Regime inicial do cumprimento da pena
deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
● Dispostos no art. 33, do CP, os regimes de
cumprimento da PPL são três: fechado, semiaberto b) o condenado não reincidente, cuja pena seja
e aberto. Há ainda a liberdade condicional, como superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito),
um quarto estágio final de cumprimento da PPL. poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime
Assim, decrescendo de acordo com a pena aplicada semi-aberto;
em concreto (aquela fixada pelo juiz com base no
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja
caso concreto), temos:
igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o
início, cumpri-la em regime aberto.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em
regime fechado, semiaberto ou aberto. A de § 3º - A determinação do regime inicial de
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo cumprimento da pena far-se-á com observância
necessidade de transferência a regime fechado. dos critérios previstos no art. 59 deste Código.

§ 1º - Considera-se: § 4o O condenado por crime contra a


administração pública terá a progressão de regime
a) regime fechado a execução da pena em
do cumprimento da pena condicionada à reparação
estabelecimento de segurança máxima ou média;
do dano que causou, ou à devolução do produto do
b) regime semi-aberto a execução da pena em ilícito praticado, com os acréscimos legais.
colônia agrícola, industrial ou estabelecimento
● Para saber, contudo, qual será o regime
similar;
inicial de cumprimento da pena, é necessário antes
c) regime aberto a execução da pena em casa de observar alguns critérios: a pena em concreto,
albergado ou estabelecimento adequado detração, reincidência e circunstâncias judiciais do
art. 59, do CP.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser
● A pena em concreto é definida com base
executadas em forma progressiva, segundo o mérito
na pena em abstrato cominada ao crime e demais
do condenado, observados os seguintes critérios e
circunstâncias legais.
● A detração, por sua vez, é, segundo o art. 3. Progressão prisional
42 do CP, o abatimento na pena em concreto do ● Independentemente de onde começa o
tempo cumprido em pela prisão provisória ou em regime, o preso sempre termina no último estágio
estabelecimento hospitalar, no caso das medidas de que é a liberdade condicional, na medida em que ela
segurança. representa o último estágio de cumprimento da
● Já a reincidência, disposta no art. 63 do PPL, segundo a lógica da progressão da pena.
CP, é verificada “quando o agente comete novo ● Para a progressão da pena, é preciso dois
crime, depois de transitar em julgado a sentença requisitos: um objetivo referente ao cumprimento de
que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado parte da pena no regime a que foi condenado; e um
por crime anterior.” subjetivo que se consubstancia na necessidade de
● Por fim, as circunstâncias judiciais do art. que o preso tenha bom comportamento (ou ao
59 do CP, são consideradas, também, na fixação menos aceitável) carcerário. Ademais, essa
da pena em concreto, pelo juiz. progressão é decidida pelo juiz, com base no
preenchimento dos critérios supramencionados. Por
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos
fim, é válido salientar que a progressão não é um
antecedentes, à conduta social, à personalidade do
direito absoluto, mas sim um princípio que depende
agente, aos motivos, às circunstâncias e
da conduta do preso, além de que, segundo a mesma
conseqüências do crime, bem como ao
lógica, também é possível haver a regressão para
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme
regime mais gravoso quando alguma falta grave for
seja necessário e suficiente para reprovação e
cometida pelo condenado.
prevenção do crime:
VER O ARTIGO 112 DA LEP!

I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;


4. Regressão do regime (regressão prisional)
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos
● A regressão prisional é a transferência do
limites previstos;
condenado para um regime prisional mais severo.

III - o regime inicial de cumprimento da pena Essa transferência ocorre quando o preso comete

privativa de liberdade; alguma falta grave. Sendo possível, inclusive, a


regressão por saltos, como, por exemplo, ser
IV - a substituição da pena privativa da liberdade transferido da liberdade condicional para o regime
aplicada, por outra espécie de pena, se cabível fechado, com base na noção de que não há coisa
julgada em relação ao regime prisional. A regressão ● Admissibilidade de frequência de cursos de
é em relação à pena que resta. ensino médio, profissionalizantes e de ensino
superior.
VER OS ARTIGOS 118 (REGRESSÃO) E 52 DA
● Caso não haja estabelecimento adequado,
LEP SOBRE O RDD (DISCIPLINAR
o preso condenado ao regime semiaberto cumpre a
DIFERENCIADO)!
pena no regime aberto ou em casa.

5. Execução provisória das penas privativas de 6.3. Regime aberto


liberdade
● Cumprido em casas de albergado (locais
● Não é mais possível a execução provisória
que não devem ter sequer artefatos destinados à
da pena privativa de liberdade, ou seja, a execução
proibição da fuga);
deve ser definitiva.
● Lógica de autodisciplina do apenado;
● As casas de albergado devem ser
localizadas próximas aos centros urbanos;
6. Regras dos regimes de cumprimento da PPL
● Recolhimento obrigatório nos dias de folga
6.1. Regime fechado e nos finais de semana.
● Cumprido em penitenciárias, que são
estabelecimentos de segurança máxima ou média;
7. Estabelecimentos especiais
● Limitação das atividades comuns do preso;
● Maior controle e maior vigilância; LEP
● Regra de trabalho interno e externo
Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se
apenas em obras públicas;
ao condenado, ao submetido à medida de
● Recolhimento noturno obrigatório do
segurança, ao preso provisório e ao egresso.
apenado nas celas.
§ 1° A mulher e o maior de sessenta anos,
6.2. Regime semiaberto
separadamente, serão recolhidos a
● Cumprido em colônias agroindustriais; estabelecimento próprio e adequado à sua condição
● Trabalho externo e comum, em regra, pessoal.

próximo do estabelecimento prisional;


8. Prisão para militares 10. Detração

● Os militares vão para a mesma ● A detração é um instituto de direito penal


penitenciária que os civis, mas ficam em locais que se aplica às penas privativas de liberdade (e
separados, por motivos óbvios. Porém, se o militar algumas penas restritivas de direito) e que consiste
cometer um crime militar próprio ele vai para o no abatimento do tempo que o indivíduo ficou preso
estabelecimento penitenciário relacionado à sua provisoriamente na fixação da pena em concreto.
categoria. ● A prisão provisória é processual e se divide
em: prisão em flagrante, prisão temporária e prisão
preventiva. Lembrando que elas não são penas, na
9. Trabalho do preso
medida em que são apenas uma especificidade do
● O trabalho é um direito, mas também um direito processual penal.
dever, que o condenado tem. Dever porque a recusa ● Resumidamente, a prisão em flagrante
em trabalhar faz com que o preso não progrida em pode ser transformada em prisão preventiva, já que
sua pena, ficando, portanto, durante todo o esta pode ser estendida por um maior tempo. Além
cumprimento da pena, no mesmo regime em que disso, a prisão preventiva e a prisão em flagrante
iniciou. Contudo, ainda diante da negativa, o só podem ser aplicadas em crimes de grave
condenado não será obrigado a trabalhar. potencial ofensivo. A prisão temporária, por sua
● A LEP dispõe sobre o trabalho prisional do vez, é destinada para a investigação e tem
seu ART. 28 ao 37! caracterizações próprias, sendo destinada a crimes
● Como recompensa pelo trabalho realizado, de alto grau de ofensividade.
dessa forma, o apenado pode remir (diminuir) sua ● A detração, assim, é aplicada às PPL, a
pena. Nesse sentido, dispõe o art. 126 da LEP que: algumas PRD e às Medidas de Segurança, sendo
vedadas, porém, às penas de multa e à prisão civil,
“O condenado que cumpre a pena em regime
conforme às disposições do art. 42 do CP.
fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho
ou por estudo, parte do tempo de execução da Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de
pena.” liberdade e na medida de segurança, o tempo de

● A proporção da remição é de 3:1, ou seja,


prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de
prisão administrativa e o de internação em
a cada dia trabalhado, um dia da pena do
qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo
condenado é abatido.
anterior.
11. Superveniência de doença mental § 1º Quando o agente for condenado a penas
privativas de liberdade cuja soma seja superior a
Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença
40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas
mental deve ser recolhido a hospital de custódia e
para atender ao limite máximo deste artigo.
tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro
estabelecimento adequado. (CP). § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior
ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova
● Ocorre quando o indivíduo está preso,
unificação, desprezando-se, para esse fim, o
cumprindo a PPL, ou seja, já com o trânsito em
período de pena já cumprido
julgado da sentença condenatória, e é acometido
por uma doença mental. Deve-se, nesse caso, ● Importante salientar que o dispositivo

encaminhar o condenado ao tratamento supramencionado propõe a limitação da execução da

ambulatorial ou à internação em estabelecimento pena, devido à disposição constitucional que veda as

hospitalar, em casos extremos. A mesma lógica se penas perpétuas, porém, não representa vedação à

aplica ao preso provisório. condenação do réu. Isso significa que uma pessoa
poderá ser condenada a uma pena superior a
12. Direitos do preso
quarenta anos, mas só terá este prazo como limite
Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não
de cumprimento de sua pena.
atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a
● A Súmula 720/STF diz que a progressão é
todas as autoridades o respeito à sua integridade
em relação à pena em concreto fixada pelo juiz,
física e moral (CP).
assim a progressão ocorre na pena de condenação
● A CF/88 garante ao preso todos os
depois do trânsito em julgado. Em decorrência dessa
direitos e garantias que não foram atingidos pela
disposição é possível passar mais de quarenta anos
privação de liberdade, com decorrência do princípio
preso se as hipóteses dos parágrafos 1° e 2° do
da humanidade das penas.
artigo 75 do CP forem atendidas.
LEP ARTIGO 41 DA LEP!
● De modo simplificado, ocorre assim: o
crime transitou em julgado → início do
13. Tempo das penas privativas de liberdade no
cumprimento da pena → o condenado foi acusado
Brasil
por outro crime → o julgamento deste crime
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas transitou em julgado também, sendo condenado a X
privativas de liberdade não pode ser superior a 40 anos de prisão → o juiz desprezará a parte da
(quarenta) anos. pena que ele já cumpriu (pelo primeira condenação)
e fará nova unificação até atender o novo limite de 1. Denominação
quarenta anos ou menos se o crime for de menor ● As PRD são sanções penais que
gravidade. apresentam duas características fundamentais em
sua natureza jurídica, em conformidade com o art.
14. Concurso de infrações em cumprimento da 44, do CP: autonomia e substitutividade.
pena privativa de liberdade ● Desse modo, consoante PRADO, “as penas
restritivas de direitos previstas no estatuto atual
Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á são autônomas – e não acessórias –, sendo, de
primeiramente a pena mais grave. conseguinte, inadmissível sua cumulação com as
penas privativas de liberdade. São, de fato,

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS substitutivas destas últimas, de modo que sua


aplicação exige, em uma etapa preliminar, a fixação
● Previstas pelo art. 5°, inc. XLVI, da
pelo juiz do quantum correspondente à privação da
CF/88, e art. 43, do CP, as penas restritivas de
liberdade, para ao depois proceder-se à sua
direitos (PRD) tiveram seu surgimento no cenário
conversão em pena restritiva de direitos, quando
pós Segunda Guerra Mundial, visando a
isso for possível.”
substituição das penas privativas de liberdade,
principalmente das PPL de curta duração. Ademais, Art. 44. As penas restritivas de direitos são
as PRD’s podem ser aplicadas em todos os crimes, autônomas e substituem as privativas de liberdade,
contanto que não haja disposição contrária em quando:
legislação especial que assim o vede.
I - aplicada pena privativa de liberdade inferior a
Art. 43. As penas restritivas de direitos são: um ano ou se o crime for culposo;

I - prestação pecuniária;
II - o réu não for reincidente;
II - perda de bens e valores;
III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
III - limitação de fim de semana. social e a personalidade do condenado, bem como

IV - prestação de serviço à comunidade ou a os motivos e as circunstâncias indicarem que essa

entidades públicas substituição seja suficiente.

V - interdição temporária de direitos; Parágrafo único - Nos crimes culposos, a pena


privativa de liberdade aplicada, igual ou superior a
VI - limitação de fim de semana.
um ano, pode ser substituída por uma pena
restritiva de direitos e multa ou por duas penas crimes culposos, contudo, a PPL será substituída
restritivas de direitos, exeqüíveis simultaneamente. por PRD, independentemente da quantidade da
pena.
● São substitutivas porque servem para
3.2. E à quantidade de pena privativa de liberdade
unicamente substituir as penas privativas de
concreta.
liberdade (aplicadas em concreto). Ou seja, o CP
● Como dito, para os crimes dolosos, a PPL
NUNCA irá prever as PRD associadas às PPL, bem
só será substituída por PRD quando não
como NUNCA irá o juiz aplicar as penas restritivas
ultrapassar quatro anos, já para os crimes
de direitos diretamente, antes de aplicar a PPL
culposos, não há esse limite.
antes, para que assim possa verificar se a
● Os requisitos subjetivos, por sua vez, são
substituição é possível ou não.
referentes à pessoa do condenado. Desse modo,
para que haja a substituição, é necessário, em
2. Duração
regra, que o condenado não seja reincidente em
● A duração das penas restritivas de
crime doloso; entretanto, ainda será possível a
direitos depende do tipo da pena privativa de
substituição se o juiz notar que a reincidência não é
liberdade aplicada. Em regra, as PRD duram o
específica (no mesmo crime) e que se mostra
tempo da PPL que foi substituída. Algumas, porém,
suficiente.
não têm tempo de duração, como a prestação
● A suficiência da substituição é a
pecuniária.
verificação, feita pelo juiz, no caso concreto para
averiguar se é razoável a substituição da pena
3. Requisitos para a substituição
privativa de liberdade pela restritiva de direitos. Diz
● Os requisitos para a substituição da PPL
respeito, portanto, à análise da culpabilidade, dos
pela PRD são de dois tipos: objetivos e subjetivos.
antecedentes, do comportamento social, da
Os requisitos objetivos dividem-se em:
personalidade do agente, demais circunstâncias
3.1. Pertinentes à natureza do crime: nos crimes
judiciais dispostas no art. 59. Outrossim, o juiz é
dolosos, a PPL somente será substituída por PRD
obrigado a substituir a PPL se todos esses
se o crime não tiver sido praticado com grave
requisitos forem preenchidos.
ameaça ou violência à vítima. Além disso, a
quantidade da pena não pode ser superior a quatro
4. Momento da substituição da pena
anos, mesmo que o crime doloso não tenha sido
● O momento da substituição da PPL por
cometido com grave ameaça ou violência. Nos
PRD é na sentença condenatória, posto que apenas
haverá a substituição se o réu for condenado a ser necessário a cassação à PRD e a aplicação da
uma pena privativa de liberdade, como disposto no PPL. Assim, quando o indivíduo descumpre a pena
inc. IV do art. 59, do CP. restritiva de direito, que se converte em pena
privativa de liberdade. Desse modo, o condenado
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos
cumpre o restante da pena restritiva de direito
antecedentes, à conduta social, à personalidade do
agente, aos motivos, às circunstâncias e como pena privativa de liberdade. Todavia, há uma

consequências do crime, bem como ao punição: se o condenado deixou de cumprir quinze ou

comportamento da vítima, estabelecerá, conforme apenas um dia, ele irá cumprir o saldo mínimo de

seja necessário e suficiente para reprovação e trinta dias previsto no CP.

prevenção do crime: ● Na pena pecuniária e na pena de perda de


bens, a substituição depende do caso, de quanto o
IV - a substituição da pena privativa da liberdade
sujeito cumpriu da pena. O cálculo é proporcional.
aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.
Além disso, a pena de multa não permite a sua
conversão em PPL. Assim, dispõe o art. 45, do CP
5. Regras para a substituição que:
● Duas regras devem ser observadas
Art. 45. A pena restritiva de direitos converte-se
durante a substituição da PPL por PRD:
em privativa de liberdade, pelo tempo da pena
5.1. Condenação às penas privativas de liberdade aplicada, quando:
igual ou até um ano: a substituição se opera na
I - sobrevier condenação, por outro crime, a pena
proporção 1:1, ou seja, uma PPL por uma PRD OU
privativa de liberdade cuja execução não tenha sido
por uma multa (multa substitutiva).
suspensa;
5.2. Condenação superior a um ano e até quatro: o
II - ocorrer o descumprimento injustificado da
juiz analisa se vai substituir, de acordo com o caso
restrição imposta.
concreto, na proporção 1:2, isto é, uma PPL por
duas penas restritivas de direitos OU por uma pena 7. Execução
restritiva de direitos E multa. ● A execução das PRD se dá, como de todas

6. Conversão as demais sanções penais, com o trânsito em

● A conversão é um instituto penal aplicado julgado da sentença condenatória.

às penas restritivas de direitos, quando ocorre


algum incidente no cumprimento delas, de modo a
8. Classificação e espécies § 3o A perda de bens e valores pertencentes aos
● As penas restritivas de direitos podem ser condenados dar-se-á, ressalvada a legislação
classificadas em: genéricas e específicas. especial, em favor do Fundo Penitenciário

● Genéricas: aquelas que podem substituir as Nacional, e seu valor terá como teto – o que for

penas privativas de liberdade em qualquer crime, maior – o montante do prejuízo causado ou do

sem exigência específica. provento obtido pelo agente ou por terceiro, em


consequência da prática do crime.
● Específicas: sua aplicação está limitada a
determinados delitos perpetrados no exercício de ● Prestação pecuniária é o pagamento em
certas atividades, mediante violação do dever a elas espécie (dinheiro) à vítima, seus dependentes, a
inerentes, ou a delitos culposos. entidades públicas ou privadas com destinação
social, como substituição à PPL aos condenados que
têm condições financeiras de arcar com ela, sendo
Prestação pecuniária e Perda de bens e valores →
PRD GENÉRICAS aplicada apenas quando tenha havido prejuízo para
a vítima, não necessariamente material. Além disso,

Art. 45. Na aplicação da substituição prevista no o pagamento da prestação pecuniária é compulsivo,

artigo anterior, proceder-se-á na forma deste e isto é, ainda que a vítima recuse recebê-la, o
dos arts. 46, 47 e 48. dinheiro ainda será depositado em sua conta.
● A prestação pecuniária se dá em dinheiro
§ 1o A prestação pecuniária consiste no pagamento
ou alimentos, normalmente, (se assim a vítima
em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a
entidade pública ou privada com destinação social, concordar), mas nada tem a ver com as penas de

de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 multa.

(um) salário-mínimo nem superior a 360 ● A perda de bens e valores, por sua vez,

(trezentos e sessenta) salários-mínimos. O valor consiste na diminuição do patrimônio LÍCITO do

pago será deduzido do montante de eventual condenado, não podendo jamais atingir o
condenação em ação de reparação civil, se patrimônio alheio, conforme o princípio da
coincidentes os beneficiários. intranscendência da pena.
● A perda de bens e valores ILÍCITOS
§ 2o No caso do parágrafo anterior, se houver
aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária consiste em efeito secundário da condenação a ser

pode consistir em prestação de outra natureza. estudado posteriormente, e não se confunde com
esta PRD.
for superior a seis meses. As tarefas são cumpridas
à razão de uma hora por dia equivalente a um dia
Prestação de serviços à comunidade ou a entidades
de condenação, para não prejudicar o trabalho
públicas → PRD GENÉRICA
normal do condenado. Contudo, em casos
Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou específicos, o juiz pode, por pedido do condenado,
a entidades públicas é aplicável às condenações atribuir duas horas de tarefa diária, quando a
superiores a seis meses de privação da liberdade.
pena substituída for superior a um ano, porque o

§ 1o A prestação de serviços à comunidade ou a tempo de cumprimento, que será diminuído pela

entidades públicas consiste na atribuição de metade, nunca poderá ser inferior à metade da

tarefas gratuitas ao condenado. pena substituída. Por fim, vale ressaltar que o
condenado nada recebe, posto que há vínculo
§ 2o A prestação de serviço à comunidade dar-se-á
empregatício formado.
em entidades assistenciais, hospitais, escolas,
orfanatos e outros estabelecimentos congêneres,
em programas comunitários ou estatais.
Interdição temporária de direitos
§ 3o As tarefas a que se refere o § 1o serão
Art. 47 - As penas de interdição temporária de
atribuídas conforme as aptidões do condenado,
direitos são:
devendo ser cumpridas à razão de uma hora de
tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a I - proibição do exercício de cargo, função ou
não prejudicar a jornada normal de trabalho. atividade pública, bem como de mandato eletivo;

§ 4o Se a pena substituída for superior a um ano, é II - proibição do exercício de profissão, atividade


facultado ao condenado cumprir a pena ou ofício que dependam de habilitação especial, de
substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca licença ou autorização do poder público;
inferior à metade da pena privativa de liberdade
III - suspensão de autorização ou de habilitação
fixada.
para dirigir veículo.
● A prestação de serviços à comunidade
IV – proibição de frequentar determinados
consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao
lugares.
condenado, dependendo da necessidade da
comunidade e da aptidão do condenado. Além disso, V - proibição de inscrever-se em concurso,
não é possível a aplicação dessa PRD se a PPL não avaliação ou exame públicos.
● As interdições temporárias de direitos significar um abalo na subsistência do indivíduo e
interditam determinado direito pelo tempo de dos dependentes. É bastante aplicada para os
condenação da PPL substituída. crimes cometidos por médicos que não têm
especialização para desempenhar a profissão.
I - Proibição do exercício de cargo, função ou
atividade pública, bem como de mandato eletivo →
III - Suspensão de autorização ou habilitação
PRD ESPECÍFICA
para dirigir veículo → PRD ESPECÍFICA
● Cargo é um plexo de atribuições designadas ● Em se tratando de crime culposo de
por lei no serviço público, com remuneração própria. trânsito (art. 57, CP). Tal pena restritiva de
Função é uma designação específica que somente direitos distingue-se da inabilitação para dirigir
alguém que ocupe cargo no serviço público pode veículo, quando utilizada como meio para a prática
desempenhar. de crimes dolosos, que é efeito da condenação (art.
● Atividade pública é qualquer tipo de relação 92, III, CP).
com o serviço público, aqui não precisa ter ● Pode substituir a pena e retirar dele a
remuneração. Para fins penais, se equipara cargo, habilitação.
função e atividade pública (art. 327 do CP). ● É também disposta no Código de Trânsito
● Mandato eletivo diz respeito aos ocupantes Brasileiro como penas autônomas.
de cargos públicos que são eleitos, como vereadores,
prefeitos, deputados, senadores etc. IV - Proibição de frequentar determinados lugares
● É uma PRD específica, pois o crime tem → PRD GENÉRICA
que estar relacionado com o cargo, função, ● Pelo tempo de condenação da PPL

atividade pública ou mandato eletivo. substituída, o indivíduo não poderá frequentar


determinados lugares, como bares, casas de show

II - Proibição do exercício de profissão, atividade etc.


ou ofício que dependam de habilitação especial,
licença ou autorização do poder público → PRD V - Proibição de inscrever-se em concursos,
ESPECÍFICA avaliações e exames públicos PRD ESPECÍFICA
● Só podem ser proibidas as profissões, ● Destinada para aqueles que cometem
ofícios e atividades privadas que necessitam de fraude na realização de concursos, avaliações e
autorização do poder público para serem exercidos. exames públicos.
Aqui é sopesada a substituição, porque a pena pode
Limitação do final de semana → PRD GENÉRICA ● As penas de multa consistem no
pagamento, em pecúnia (dinheiro), ao Fundo
Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste
Penitenciário Nacional (FUPEN), tendo, portanto,
na obrigação de permanecer, aos sábados e
natureza jurídica de sanção penal de ordem
domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de
patrimonial e pecuniário.
albergado ou outro estabelecimento adequado.
● Para Cerezo Mir, a pena de multa possui
Parágrafo único - Durante a permanência poderão um caráter parcialmente privativo da liberdade,
ser ministrados ao condenado cursos e palestras mas a liberdade de consumo, valor no qual se
ou atribuídas atividades educativas. encontram apegados os indivíduos nas sociedades

● Quando aplicada, o indivíduo é obrigado a capitalistas.

comparecer a cursos e palestras, em determinados


2. espécies
locais, que visam mostrar aos condenados que a
● Multa principal: prevista no preceito
prática de crimes é reprovável pela sociedade.
secundário da norma incriminadora, sendo de
Fim das penas restritivas de direito aplicação obrigatória pelo juiz.
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe
PENAS DE MULTA falsamente fato definido como crime:
1. conceito, natureza jurídica e espécies
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento multa.
ao fundo penitenciário da quantia fixada na
● Multa substitutiva: substitui as penas
sentença e calculada em dias-multa. Será, no
mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 privativas de liberdade, juntamente às penas

(trezentos e sessenta) dias-multa. restritivas de direitos ou isoladamente.


CP, art. 60, § 2º - A pena privativa de liberdade
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz
aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser
não podendo ser inferior a um trigésimo do maior
substituída pela de multa, observados os critérios
salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato,
dos incisos II e III do art. 44 deste Código.
nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.

§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da ● Multa reparatória: prevista no Código de

execução, pelos índices de correção monetária. Trânsito Brasileiro, por isso é aplicada apenas aos
crimes dispostos neste dispositivo específico legal.
3. Sistema de Dia-Multa 2) o valor de cada dia não pode ser inferior a 1/30
● Adotado pelo CPB, o sistema de Dia-Multa do valor do salário mínimo vigente ao tempo do fato
é criação originária do Direito Penal brasileiro, nem superior a 5 vezes o valor do salário mínimo
estando presente na legislação pátria desde o vigente na data do crime (ao tempo do fato).
Código Criminal do Império (1930), ainda que fosse Definido com base na capacidade econômica do
apenas um esboço. condenado. É fixado na sentença, com o valor
● O Sistema de Multa Tarifada, disposto exato, desprezando as frações de centavos,
inicialmente no Código Penal de 1940, previa uma conforme o art. 11 do CP.
multa fixada pelo balizamento em abstrato da pena ● Além disso, de acordo com a
privativa de liberdade. Porém, com a Reforma de impossibilidade de conversão da pena de multa em
1984, o Sistema de Dia-Multa foi adotado pelo CP, pena privativa de liberdade, se o condenado não
passando-se a fixar a multa em duas etapas tiver condições de pagar ou não quiser pagar,
(sistema bifásico): mesmo tendo condições, a pena de multa não pode
1) Dias-multa: no mínimo 10 e no máximo 360. ser convertida em pena privativa de liberdade.
● Tem que estabelecer entre o intervalo de Multa substitutiva
350 dias (360 - 10 = 350), de acordo com os CP, art. 60, § 2º - A pena privativa de liberdade
requisitos do art. 59. Divide-se, em seguida, os 350 aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser
dias por 8 (requisitos legais do art. 59), substituída pela de multa, observados os critérios

ponderando-se, ainda, a elevação do valor de algum dos incisos II e III do art. 44 deste Código.

critério (normalmente a culpabilidade), somando,


por fim, o valor mínimo de 10. Assim, quanto mais ● A reforma de 1984 previu a multa,

desfavorável, maior os dias-multa. também, como pena substitutiva da privação de

● Exemplo: 360 - 10 = 350/8 = 43,75, liberdade, para casos onde ela se revele oportuna e

arredondando para 44, com base na maior necessária (art. 59). Assim, as penas de multa

culpabilidade ou gravidade das outras substitutivas podem ser aplicadas isoladamente,

circunstâncias do art. 59. Assim, se apenas duas quando se tratar de pena privativa de liberdade

circunstâncias estiverem presentes no caso, o juiz não superior a um ano, ou cumulativamente com

soma 44 + 44 = 88 + 10 = 98. uma pena restritiva de direito quando superior a um

● Sempre somando os 10 no final porque é o ano a privação de liberdade e não superior a quatro

mínimo disposto em lei. anos.


recursos indispensáveis à manutenção do
Atualização do valor da multa condenado).
● A fixação da pena de multa ocorre de ● Insolvência do condenado - prescrição em
acordo com o salário mínimo vigente ao tempo do dois anos se for a única pena cominada ou no
crime. E a atualização, quando da execução, pelos mesmo prazo estabelecido para a prescrição da
índices de correção monetária (CP, art. 49, pena privativa de liberdade (vide CP, art. 114).
parágrafo 2°). A correção começa a contar da ● Inconversibilidade da pena de multa em
data da citação no processo de execução contra o prisão: desde 1996 (Lei 9.268) não é mais possível
condenado. a conversão da multa em pena de prisão. É
inconversível a pena de multa em pena privativa de
Órgão destinatário do valor liberdade.
● Fundos penitenciários;
● Lei Complementar Federal 79/94 - Fundo Execução da pena de multa
Penitenciário Nacional - FUPEN (Ministério da ● Multa como Dívida de Valor: significa
Justiça). Se destina a melhorar as condições do dívida indexada (com atualização monetária). O
sistema penitenciário. → Principal destino das dinheiro é apenas um ponto de referência, ou de um
penas de multa. meio necessário de liquidação da prestação em
● Fundos estaduais e legislação penitenciária determinado momento.
concorrente (CF, art. 24, I): como São Paulo. ● Juízo Competente: Juízo da Fazendo Pública
● O Fundo Nacional Antidrogas (Lei (STJ, Resp 459750/SP, 5° Turma) ou Juízo da
11.343/2006 - Legislação Especial) - independente Execução Penal (Nucci, Bittencourt, Shecaria e
de condenação Federal ou Estadual. outros)? Agora é o Juiz da execução penal
(promotor).
Pagamento da multa ● Parte: Fazenda Pública competente ou o
● Tempo: dez dias após o trânsito em julgado. Ministério Público? Quem propõe é o MP.
Notificação pelo Juiz da Execução Penal. ● Rito Procedimental: Lei 6.830/80
● Parcelamento - Se o condenado requerer. (execução fiscal) ou a LEP? O STF derrubou o RE
● Desconto em Folha de Pagamento - Se o que entende que o juiz responsável para executar a
condenado requerer, observado de um décimo a um pena de multa é juiz da fazenda pública, de forma
quarto da remuneração do condenado (LEP , art. que agora quem executa a pena de multa é o juiz da
168, I c/c o parágrafo 2° do art. 50 do CP - execução penal. Isso dificulta a pena de multa,
principalmente para quem pode pagar, mas não ● A prescrição implica na perda do poder de
paga. punir do Estado, ou seja, após prescrita, a pena de
multa não pode mais ser cobrada.
Suspensão da execução da multa/prescrição e
multa reparatória do código de trânsito Multa reparatória (Código Brasileiro de Trânsito)
CTB, art. 297. A penalidade de multa reparatória
Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa,
consiste no pagamento, mediante depósito judicial
se sobrevém ao condenado doença mental.
em favor da vítima, ou seus sucessores, de quantia
calculada com base no disposto no parágrafo 1°
do art. 49 do Código Penal, sempre que houver
Prescrição da multa
prejuízo material resultante do crime.

Art. 114 - A prescrição da pena de multa 1° A multa reparatória não poderá ser superior ao

ocorrerá: valor do prejuízo demonstrado no processo.


2° Aplica-se à multa reparatória o disposto nos
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única arts. 50 e 52 do Código Penal.
cominada ou aplicada; 3° Na indenização civil do dano, o valor da multa

II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição reparatória será descontado.

da pena privativa de liberdade, quando a multa for


● Essa modalidade da pena de multa apenas
alternativa ou cumulativamente cominada ou
cumulativamente aplicada. se aplica aos crimes previstos no Código Brasileiro
de Trânsito, sendo o cálculo feito da mesma forma
que aquele da multa principal.

Fim das penas de Multa

QUESTIONÁRIO

1. Quando da conversão de uma PRD por PLL, 2. Explique, sumariamente, o surgimento das penas
devido ao cometimento de falta grave, explique privativas de liberdade.
porque o condenado deverá cumprir, no mínimo, 3. O que é a detração, para que ela serve e em quais
trinta dias de detenção ou reclusão. ocasiões ela pode ser aplicada?
4. Quais são os requisitos para a aplicação das 11. Como a detração pode influenciar a pena em
penas restritivas de direitos? concreto do condenado?
12. Por que as PRD são consideradas autônomas e
5. Qual a diferença da prestação pecuniária para substitutivas?
as penas de multa?
13. Explique em quais casos é possível aplicar as
6. Explique como se aplicam as penas de multa. PRD.

7. Quais fatores influenciam na fixação da pena 14. Explique no que consiste as penas de multa,
privativa de liberdade? Fale um pouco sobre cada diferenciando-as em suas espécies.
um deles. 15. Em relação às PPL, é possível progredir e
regredir no regime de cumprimento da pena;
8. Quais são os regimes que o condenado a PPL pode sabendo disso, explique como essas duas hipóteses
iniciar o cumprimento da sua pena e por meio de podem ocorrer.
quais critérios esses regimes podem ser fixados?
16. Em quais casos é possível aplicar as PRD?
9. Diferencia as teorias deslegitimadoras das
legitimadoras, aproveitando para estas em 17. É possível ocorrer a conversão das penas de
absolutas, relativas e ecléticas. multa em PPL? E, em relação às PRD, é possível?

10. A quais “tipos” de prevenção a PPL serve no seu 18. Explique, brevemente, sobre os períodos pelos
caráter preventivo? quais passou a pena privativa de liberdade até
chegar na noção atual que se tem dela.

Bons estudos!

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