Você está na página 1de 6

CENTRO UNIVERSITÁRIO MÓDULO - CURSO PSICOLOGIA

DISCIPLINA: PSICOTERAPIA, ABORDAGENS PSICODINAMICAS

PROFESSOR: MATEUS JOSÉ DA SILVA

Inibição, Sintoma e Angústia

Turma: 5º A

Alunos

Alex Ferreira - RGM 28951586

Darini Silveira – RGM 30346703

Isabela Bortoluzzi de Alcantara – RGM 29124409

CARAGUATATUBA

2024

1
Introdução

O pressente trabalho tem por objetivo dissertar sobre o tema Inibição, Sintoma e
Angústia, abordados no livro de Sigmund Freud, Obras completas Volume 17, tradução
de Paulo César de Souza.

Nesta obra Freud distingue três fenômenos clínicos intrínsecos à neurose. Busca-se
destacar cada conceito para uma melhor compreensão das manifestações
psicopatológicas.

A teorização feita por Freud define como causa do sofrimento psíquico, um excesso de
energia não passível de escoamento: seja pela inibição de uma função, seja por um
ataque de angústia ou por uma satisfação sintomática.

Desenvolvimento

Inibição: é considerada como uma limitação da função do ego, não sendo


necessariamente patológica.

Como a inibição é tão ligada conceitualmente à função, pode-se ter a ideia de investigar
as diversas funções do Eu para ver de que formas se manifesta seu distúrbio em cada
uma das afecções neuróticas (Souza, 2014).

A inibição é caracterizada por limitações nas funções do Eu ou Ego, resultando em uma


renuncia do investimento. As áreas afetadas podem incluir:

• Função sexual: está sujeita a muitos transtornos, a maioria dos quais tem o caráter de
inibições simples. Estas são classificadas como impotência psíquica, sendo os principais
estágios da inibição do homem: o afastamento da libido no início do processo; a
ausência da preparação física (falta de ereção); a abreviação do ato (ejaculação
precoce).

 Função nutrição: o mais frequente distúrbio da função da nutrição é a falta de


vontade de comer, devido a retirada da libido.

2
 Função locomoção: é inibida pela falta de vontade de andar ou fraqueza para
andar, em vários estados neuróticos.
 Função trabalho profissional: refere-se ao prazer diminuído, ou pior execução,
ou manifestações reativas como fadiga, quando o individuo é forçado a prosseguir no
trabalho.
Para Freud, em muitas situações, a inibição pode estar servindo ao propósito de
evitar a angústia e tomar a vertente do recalque. Suas causas podem estar relacionadas
a: evitar conflitos com o ID; evitar conflitos com o Super-ego (autopunição); e
indisponibilidade pulsional imobilizada por outro trabalho ( por exemplo o luto).
Em síntese a inibição exprime uma limitação funcional do Eu.

Sintoma: é um processo de substituição que ocorre fora do Eu. É um indício e


substituto de uma satisfação instintual que não aconteceu sendo consequência do
processo de repressão. A repressão equivale a uma tentativa de fuga. O Eu retira o
investimento (pré-consciente) do representante do instinto a ser reprimido e o aplica na
liberação de desprazer (angústia).
A realização pulsional é substituída, ligando o afeto a uma representação
considerada “inocente”. O investimento é realizado e, simultaneamente, deformado.
O sintoma é comparado a um corpo estranho, cuja presença gera a necessidade de
um trabalho psíquico incessante. O Eu busca a conciliação e incorporação deste “corpo
estranho”. O sintoma adquire uma natureza ambivalente: é tanto um castigo quanto uma
satisfação.
Com o tempo, o sintoma ganha complexidade. Apesar da ambiguidade, também há
sobredeterminação. O sintoma se torna valioso, podendo ser enquistado (tornando-se
parte do Eu), um instrumento de gozo (como em um veterano de guerra), um prazer da
superioridade (na neurose obsessiva), ou um campo de atividade (nos delírios da
paranoia). O sintoma pode ser visto como uma formação de compromisso, conjugando a
satisfação do desejo recalcado com a defesa.

Angústia: Freud concebe a angústia como sinal de um perigo, sinal que se produz ao
nível do eu, sendo uma forma de limitação imposta ao eu, para se proteger de algo.

3
Primeira teoria da angústia: propõe que uma porção da pulsão recalcada escapa ao
controle, resultando em um excesso que se manifesta como angústia. Este processo
implica uma transformação de libido em angústia. No entanto, Freud não encontrou
uma explicação satisfatória para essa transformação, o que o levou a reformular sua
segunda teoria da angústia.

Na segunda teoria da angústia, Freud propõe que a angústia precede o recalque e, em


algumas ocasiões, tem a função de ativá-la. A segunda forma de angústia, apontada por
Freud (1916), em oposição à mencionada anteriormente, está vinculada a determinados
objetos e situações. Trata-se da angústia das fobias, dividida em três grupos. O primeiro
grupo está relacionado a objetos; o segundo grupo, a situações; e o terceiro grupo, aos
animais. A angústia presente nas fobias dos neuróticos é avassaladora, o que parece
estranho não é o conteúdo, mas sim a intensidade em que se apresenta. Além disso,
todas essas fobias podem ser classificadas como histeria de angústia, ou seja, um
distúrbio relacionado com a histeria de conversão. (Huguenin & Brito, 2020).

As características gerais da segunda teoria sobre a angústia são:

 A angústia é um desprazer específico, que não se confunde com dor, tensão ou


tristeza.
 A angústia é acompanhada de sensações físicas, manifestando-se no corpo.
 A percepção corporal da angústia impede que o sujeito se engane sobre sua
presença.
 A angústia é inegável quando surge
 A angústia está sempre relacionada a uma situação de perigo.

Em relação à teoria da angústia destaca-se também:

A angústia automática: é um afeto desprazeroso e incontrolável que se configura como


uma reação ao perigo. O perigo é definido como situações que levam o sujeito à cena do
desamparo. A angústia tem no nascimento seu modelo e, assim, é frequentemente uma
reação inadequada, tendo sido adequada na primeira situação de perigo. Neste contexto,
o sujeito se encontra em uma posição, passiva.

4
A angústia sinal: é um afeto desprazeroso gerado pelo Eu quando este percebe que há
uma ameaça de angústia. O Eu se submete à angústia como se essa fosse uma vacina,
aceitando a forma atenuada de uma doença para escapar ao seu ataque pleno. É como se
ele imaginasse vivamente a situação de perigo, com o inconfundível propósito de limitar
a vivencia penosa a uma indicação, um sinal.

Sem o recurso do sintoma, o perigo realmente aparece, ou seja, produz-se aquela


situação análoga ao do nascimento, em que o Eu se encontra desamparado ante
exigências pulsionais cada vez maiores – a primeira e primordial condição para a
angústia. Portanto, a relação mais estreita não é entre sintoma e angústia, mas entre
sintoma e perigo.

Conclusão

Diante do exposto conclui-se que: inibições são restrições das funções do Eu que foram,
ou impostas como medida de precaução ou acarretadas como resultado de um
empobrecimento de energia; sintoma ocorre quando o recalque falha, a satisfação do
desejo recalcado com a defesa e a angústia como um estado afetivo, possuindo um
caráter acentuado e específico de desprazer.

A partir dos destaques deste trabalho referente a teoria de Freud sobre Inibição, Sintoma
e Angústia, observa-se que estes temas participam dos pilares da teoria psicanalítica, e
se articulam entre si nos estudas das psicopatologias.

5
Referencias

BIZZARRIA. Fabiana. P.A., TASSIGNY Fernanda G.A., ASSIS. Fernanda G. Resenha


do Livro: Inibições, Sintomas e Angústia. 2014. Revista Polymathei. Disponível em:

https://revistas.uece.br/index.php/revistapolymatheia/article/view/6420/5132. Acesso
em 30Março2024.

HENCKEL, Marciela; BERLINCK, Manoel Tosta. Considerações sobre inibição e


sintomas: Distinções e articulações para destacar um conceito do outro. Estilos
clin., São Paulo , v. 8, n. 14, p. 114-125, jun. 2003.

Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
71282003000100009&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 30 mar. 2024.

HUGUENIN. Ana C. de Faria., BRITO. Lavínia C. Um percurso pela angústia na obra


de Freud. 2020. Rev. Bras. Psico. e Educ., Araraquara-SP. Disponível em:

https://periodicos.fclar.unesp.br/doxa/article/view/14133. Acesso em 30Março2024.

SOUZA. Paulo César. Sigmund Freud. Obras completas Volume 17. Inibição, Sintoma
e Angústia, o futuro de uma ilusão e outros textos. 2014. Editora Companhia das Letras.
São Paulo-SP.

Você também pode gostar