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❤️‍🩹

Endocardite Infecciosa
Usuário de drogas injetáveis → celulite por Staphylococcus aureus no local de
inserção — endocardite — pneumonia…
—> Febre + sopro tricúspide + celulite no braço + pneumonia multilobar
necrosante

Na prova, sempre que tiver febre + sopro, pensar em endocardite.

FISIOPATOLOGIA

1. Lesão do endocárdio valvar…

Uso de drogas IV

Próteses valvares (lesão de maior risco)

Cardiopatia estrutural (prolapso mitral)

2. Essa lesão leva a formação de MICROTROMBOS (plaquetas + fibrina =


rede. Essa rede se torna propícia ao acúmulo de coisas, como
bactérias. ANTES da aderência de bactérias, a presença da rede
trombótica é chamada de ENDOCARDITE TROMBÓTICA NÃO
BACTERIANA (é uma vegetação estéril)…

3. Paciente faz BACTEREMIA por uma causa qualquer, sobretudo por


gram (+), que “colam” na vegetação do endocárdio valvar. Elas
invadem a superfície endocárdica, podendo formar abscesso,
destruição valvar, destruição de cordoalha tendínea…

4. Essa lesão começa a “soltar” êmbolos (bacterianos, trombos,


imunocomplexos) que serão disseminados pelo corpo inteiro através

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da corrente sanguínea… Isso leva a um quadro clínico muito
diversificado.

MICROBIOLOGIA

VALVA NATIVA
Depende da patogenicidade (capacidade da bactéria causar doença) e da
virulência (capacidade da bactéria levar a casos graves ou fatais).

1. Evolução subaguda (insidiosa)

Streptococcus viridans (mais comum dos arrastados); MAIS


COMUM NO BRASIL

Streptococcus do grupo B (cirrose hepática ou DM);

Streptococcus gallolyticus/bovis (idoso com CA de cólon por


translocação. Tem que fazer colonoscopia);

Enterococcus faecalis (associado a manipulação de TU);

HACEK GRUPO (gram -) acho que foram retirados no DUKE


2023

2. Evolução aguda (rápida e grave)

Sthapylococcus aureus (MAIS comum)

Sobretudo em usuários de drogas IV (acomete valva


tricúspide, normalmente não faz sopro, pensar em MRSA;
pensar quando tiver PNM multilobar)

VALVA PROTÉTICA

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1. Precoce (<2 meses da troca)

Pensar em bactérias hospitalares - MRSA: Staphylococcus


epidermidis (coagulase negativo) , S. aureus e GRAM (-)

2. Intermediária (2 meses - 1 anos da troca)

Mistura os dois;

3. Tardia (>1 anos da troca)

Mesmo raciocínio da valva nativa!

SINAIS E SINTOMAS

Febre (95%)

Sopro cardíaco (85%)

Sudorese noturna

Astenia

Perda de peso

Artralgias / artrite

Esplenomegalia

O bloqueio de ramo associado a uma endocardite sugere o


comprometimento do sistema de condução cardíaco, sinalizando a
extensão da infecção e, portanto, indica maior gravidade.
SINAIS PERIFÉRICOS

1. Embólicos (vasculares)

Petéquias em conjuntiva, palato e extremidades;

Lesões de Janeway → máculas hemorrágicas indolores em


palmas e plantas dos pés;

Hemorragias subungueais que não desaparecem à


digitopressão;

2. Imunológicos

Nódulos de Osler → nódulos pequenos e dolorosos (não são


planos!), comum em palmas, pode acometer plantas dos pés;

Manchas de Roth → hemorragia retiniana de centro


empalidecido;

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Poliartrite ou poliartralgia;

Baqueteamento digital;

DIAGNÓSTICO
HEMOCULTURA + ECOCARDIOGRAMA

Diagnóstico Clínico - Critérios de Duke 2023:


- Confirmada:
2 maiores OU 1 maior + 3 menores OU 5 menores
-
Provável: 1 maior + 1 menor OU 3 menores
- Descartada: Outro diagnóstico mais provável; resolução
do quadro com atb ≤ 4 dias; ausência de evidência
patológica ou macroscópica.

Diagnóstico Patológico - Critérios de Duke 2023:

- LESÕES PATOLÓGICAS – Vegetação ou abscesso


intracardíaco.
- MICROORGANISMO – Demonstrado em cultura ou
histologia de vegetação ou abscesso intracardíaco.

Critérios de Duke Modificados 2023:

Critérios Maiores:

Microbiológicos

Hemoculturas positivas para microrganismos típicos de EI (por


exemplo, estreptococos viridans, Staphylococcus aureus)
isolados de duas ou mais hemoculturas.

Hemoculturas positivas para germes que raramente causam EI,


isolados em três ou mais hemoculturas.

Testes laboratoriais positivos

PCR para Coxiella burnetii (somente 1 exame, sorologia ou


cultura), Bartonella sp, ou Tropheryma whipplei; ou

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anticorpos/IF para Bartonella.

Imagem positiva para EI

Evidência de envolvimento valvar em exames de imagem


(ecocardiograma transtorácico ou transesofágico, tomografia
computadorizada cardíaca ou FDG PET/CT). Inclui nova
regurgitação ao ecocardiograma (mudança de sopro pré-
existente não é suficiente), vegetação, abscesso, deiscência.

Critério cirúrgico

Evidência de EI documentada à inspeção direta intraoperatória


dispensam critérios de imagem ou microbiológicos

Critérios Menores:

Predisposição: história prévia de endocardite, intervenção valvar


prévia, doença congênita, cardiopatia hipertrófica.

Febre ≥38°C.

Fenômenos vasculares: embolia arterial, aneurisma micótico,


hemorragia conjuntival, lesões de Janeway, abcesso esplênico.

Fenômenos imunológicos: glomerulonefrite, nódulos de Osler, fator


reumatoide positivo.

Fenômenos microbiológicos: evidência microbiológica não


satisfazendo critério maior ou sorologia positiva para organismos
conhecidos por causar EI (inclui PCR ou amplicon/sequenciamento
metagenômico de patógeno atípico)

Imagem: Atividade metabólica anormal detectada por [18F]FDG


PET/CT dentro de 3 meses após o implante da prótese valvar,
enxerto aórtico ascendente, eletrodos de dispositivo intracardíaco
ou outro material protético.

📌 Mudanças Duke 2023:


dispositivos cardíacos permanentes (CDI e marcapasso definitivo)
como fator de risco para EI, já que estes estão presentes em > 10% das
EI confirmadas.

critérios maiores incluíram evidência cirúrgica.

TRATAMENTO

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Região pouco vascularizada, difícil pra chegar o antibiótico…

VALVA NATIVA - ATB por 4 a 6 semanas


SUBAGUDA

Pode aguardar culturas ou iniciar com VANCO + CEFTRIAXONA

AGUDA / DROGAS IV

VANCO + CEFEPIME (ou gentamicina)

VALVA PROTÉTICA - ATB por ≥ 6 semanas

>1 ano da troca = valva nativa

≤1 ano da troca → pensar em germes hospitalares

VANCO + GENTA

VANCO + GENTA + CEFEPIME (ou rifampicina)

INDICAÇÕES DE CIRURGIA

Causada por organismos multirresistentes.

Presença de pseudoaneurisma no local da infecção.

Vegetação maior que 10 mm após um ou mais episódios embólicos.

PROFILAXIA
Para quem?

Prótese valvar;

História de EI prévia;

Doenças cardíacas congênitas;

Transplantados cardíacos com valvopatias;

Quando indicar?

Manipulação gengival, de região periapical dos dentes (canal) ou com


perfuração de mucosa oral ou respiratória;

Cirurgia musculoesquelética ou envolvendo estruturas cutâneas


infectadas;

Com qual ATB?

Amoxicilina 2g VO 1h antes do procedimento (alérgico → cefalexina ou


azitromicina + claritromicina)

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