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Tri-Amor

Meu CEO, Meu Mafioso, Meu Médico


Meus Astros

Copyright © 2024 por Jéssica P. G. Castro


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ISBN nº 978-65-00-96807-1

Editado por: [Jéssica P. G. Castro]


Capa por: [Jéssica P. G. Castro]
Palavras da Autora:
Com grande entusiasmo, apresento a vocês uma obra dividida em duas partes, dois e-books que
narram a história do trisal REM. A primeira parte convida-os a mergulharem na adolescência de
colegas de quarto, enquanto a segunda os acompanha em sua jornada pela vida adulta. Preparem-
se...
Tri-Amor 1 (Parte 1) Adolescentes
Tri-Amor 2 (Parte 2) Adultos
Livros do mesmo universo:
Depois dos 40 - Meu Secretario, Meu CEO
Depois dos 30 – Meu Homem, Minha Mulher
Capítulo 1
Eros

A origem da maior reviravolta da minha vida começou quando fui estudar no Internato Dom
Pedro, situado numa região mais afastada da grande São Paulo, a aproximadamente uma hora de
viagem da vasta cidade metropolitana, exceto nos horários de pico.
Meus pais praticamente me obrigaram a fazer o exame para essa escola, principalmente porque
sabem que os graduados de lá têm um futuro garantido devido às conexões que conseguem nesse
ambiente. Os alunos desse lugar são todos filhos de pessoas ricas, políticos, celebridades e
figuras importantes da sociedade.
Acredito ter esperteza suficiente para passar naquela prova, mesmo que digam ser extremamente
difícil. Tenho um amigo de rua chamado Leonardo Moraes que conseguiu entrar naquela escola
no ano passado. Com base nas dicas que ele me deu, pretendo tentar este ano.
Mas, sinceramente, eu não queria ir para lá. Ficar preso num lugar desses, saindo apenas em
feriados prolongados ou férias, vai me enlouquecer. Sou mais como um pássaro, gosto de entrar
e sair de ambientes quando quero. Porém, fazer o quê, né? Sendo menor de idade, tenho que
seguir as decisões dos meus pais.
Talvez haja algumas vantagens em ir para lá, como a ampla variedade de esportes que eles
oferecem. Ainda não decidi qual vou escolher entre rugby, futebol de salão ou uma arte marcial.
Gosto de esportes, meu corpo atlético ajuda muito nisso, e não consigo ficar parado. Prefiro
atividades físicas intensas, que me façam suar... enfim, tenho alguns dias para pensar. A prova é
daqui a três dias e preciso relaxar a mente para me sair bem nela.
Ravi
Droga, parece que não entra ninguém decente nessa escola. No time de rugby, só vejo caras que
não levam a sério ou idiotas se achando os melhores jogadores.
— Cara, para de correr feito louco e passa a bola para trás!
A pessoa com quem gritei dá um pulo. Alguns alunos aqui morrem de medo de mim,
principalmente por causa da família, os Ferrari. Isso se deve à nossa reputação meio mafiosa. Às
vezes, até ajuda a afastar os chatos, mas não todos. Sempre tem um tentando se aproveitar,
achando que por se aproximar vai ganhar vantagens ou minha proteção. Mas eles estão errados.
Não tenho tempo para amizades ou favores, só quero jogar rugby e ir para a Austrália.
— Passa a bola! — Grito.
Um dos jogadores joga a bola para trás, eu pego e avanço para o campo adversário, marcando
um try.
— Tomem isso, cinco pontos! — Ironizo.
Alguns vêm celebrar, enquanto o time adversário está exausto no chão. Alguns dizem que é
impossível me parar ou que o jogo fica mais difícil comigo no time oposto. Solto uma risada,
porque sei que é verdade, sou bom nesse esporte.
O técnico encerra o treino e volto para o dormitório, pronto para um banho merecido. Mas ao
chegar lá, me deparo com meu colega de quarto, Miguel.

Miguel
Meu dia estava indo bem demais até aquele Ravi entrar no quarto todo sujo e suado, sem camisa,
exibindo aquele físico com o qual ele se gaba pela escola toda. Ele para na minha frente,
sorrindo, fazendo movimentos leves com os músculos do peito, só para se exibir, como sempre.
Como se fosse grande coisa. Não é como se eu estivesse mal, pratico karatê e estou em boa
forma física também.
— Por que você não toma banho no vestiário? Toda vez que vem tomar banho depois do treino,
você deixa o banheiro uma bagunça e eu tenho que limpar.
Ele solta uma risada, tira o short na minha frente e joga na minha direção. — Seu idiota. — Digo
com raiva, jogando a roupa de volta nele.
— Calma, não tem senso de humor?
Até teria, mas não estou a fim de mostrar isso para ele e dar mais abertura para encher meu saco.
Maldito dia em que me colocaram no mesmo quarto que o Ravi. Não consigo nem estudar em
paz, tenho que assumir os negócios da família como CEO, enquanto tento entender o ramo do
entretenimento que os Falconer, minha família, gerenciam.
Este ano letivo está quase acabando, faltam menos dois anos para nos formarmos. Preciso
aguentar esse idiota como colega de quarto. E, quem sabe, talvez mais um ano se o nosso quarto,
um dos poucos com três camas, receber outro colega além do Ravi. Não colocaram ninguém
além dele este ano, o que foi um alívio para mim, mas no próximo com certeza vão aparecer
novatos e eu vou ter que lidar com mais um possível idiota.
Capítulo 2
Eros

Finalmente chegou o dia da prova. Meus pais estão animados, me acordaram cedo e agora
estamos a caminho do meu 'cativeiro': o Internato Dom Pedro. Ouvi dizer que no próximo ano
será misto, com a outra metade do enorme prédio recebendo garotas também. Talvez isso seja
bom; quem sabe eu consiga uma nova namorada. Tive que terminar com a Camila. Ela não
aceitou de jeito nenhum que eu viesse para cá, inventou várias coisas e quase surtou quando
soube que a escola seria mista. Brigamos feio, ela me mandou para um lugar que não vou
mencionar várias vezes, e eu fiquei calado. Não quis descer o nível, porque apesar de tudo, ainda
gosto muito dela e não queria que terminássemos assim. Mas não via outra escolha. Tenho
certeza de que ela surtaria e deixaria o ciúme consumir, achando que estou traindo ela com outra.
Não faço ideia de onde ela tira essas ideias. Sempre fui fiel, sempre gostei muito dela. Ela foi
uma das poucas garotas com quem passei mais tempo e estava disposto a ir mais longe. Mas
bem, não vou perder a paciência.
— Filho, estamos quase chegando.
Minha mãe estava mais animada que meu pai, repetindo a frase e olhando para trás.
— A senhora já disse isso umas mil vezes.
Ela começa a rir junto com meu pai, que está dirigindo. — Era o sonho do seu pai estudar aqui. É
por isso que estamos felizes, pois você está realizando um sonho dele.
Quase havia esquecido desse detalhe. Meu pai desistiu da carreira e dos estudos para cuidar da
esposa e de mim. Agora, aos dezessete anos, ele decidiu que eu deveria concluir o ensino médio
nessa escola.
— Chegamos!
Minha mãe quase salta do banco do passageiro ao anunciar.
— Filhão... Boa sorte. Tenho certeza de que você herdou a inteligência dos Santoro.
Sorrio, agradeço e digo que darei o meu melhor. Ambos me respondem com sorrisos radiantes.
Eles não têm ideia da pressão e expectativa que estão colocando sobre meus ombros. Estou
ficando nervoso, espero não passar mal, seria vergonhoso.
Saímos do carro e nos dirigimos à recepção. Não somos os únicos aqui hoje; o pátio do internato
está lotado de candidatos, além dos próprios estudantes circulando pelo campus, já que o ano
letivo ainda não terminou.
Ainda falta uma hora para a prova, então decido dar uma volta. Observo o lugar onde serei
'enjaulado' por um ano.

Miguel

São seis da manhã e já há movimentação lá fora. Levanto cuidadosamente para não acordar o
Ravi, que ainda está dormindo profundamente. Dirijo-me ao banheiro, tentando fazer o mínimo
de barulho possível. Sempre brigamos porque dizem que sou barulhento, mas é complicado
quando as coisas simplesmente fazem barulho ao serem manuseadas.
Ao sair do banheiro, encontro o Ravi sentado na beira da cama, me olhando. — Dormiu comigo
na cama essa noite para me encarar desse jeito?
Ele ergue as sobrancelhas e sorri. — Admite, cara, eu sou bonito. Para de negar o óbvio. Todo
mundo nessa escola sabe o quanto sou atraente, e você é só o segundo.
Não consigo segurar o riso e olho sério para ele. — Essa lista foi você quem fez? Ou são as
vozes da sua cabeça vazia?
Ele se levanta e se aproxima, encarando-me, pressionando-me contra a parede. — Seja vozes ou
não na minha cabeça, eu sou melhor que você!
Aquela frase idiota dele me irritou. Bato com força na mão dele que está sobre meu peito. —
Você sabe que sou melhor que você. Para de provocar. Já não basta o barulho dos candidatos lá
embaixo.
Ravi

O barulho lá embaixo me acordou. Sou sensível a qualquer ruído mínimo, o que pode ser um
problema. Queria ter o dom de dormir profundamente, como o Miguel sempre diz que faço. Na
verdade, finjo estar dormindo só para ouvir as coisas engraçadas que ele faz, pensando que estou
profundamente dormindo.
Levanto-me devagar da cama, olhando para o banheiro, ainda meio sonolento. De repente,
Miguel abre a porta e fica me encarando. Eu apenas o encaro de volta.
Ele começa a falar algumas bobagens e eu, daqui, levanto-me e tento provocá-lo um pouco.
Minhas palavras o deixam meio irritado, então ele bate na minha mão, pega a mochila dele e sai
do quarto.
Olho no relógio e percebo que está quase na hora do café. Corro para o banheiro, me arrumo e
desço para o refeitório.
Capítulo 3
Miguel

Desço rapidamente do dormitório em direção ao refeitório. Chegando lá, sinto um alívio por não
ter que enfrentar a fila e pego minha bandeja direto. Coloco algumas frutas, pão e um copo de
suco, seguindo para o meu lugar preferido, onde ninguém costuma me incomodar ou fazer
perguntas idiotas. É um lugar que me permite comer em paz e mexer no celular.
Ao sair do refeitório, me deparo com o Ravi logo atrás. Ele me olha com aquele sorriso
provocativo de sempre e segue seu caminho. Eu apenas o ignoro e continuo andando.
Estava tudo tranquilo até perceber que meu lugar estava ocupado, e não por outro aluno, mas por
um dos candidatos. Ele estava sentado com a cabeça apoiada nos braços, parecia estar dormindo.
Pensei em acordá-lo, mas sua expressão indicava que havia acordado muito cedo e estava
realmente exausto. Decidi simplesmente ignorar e sentei-me na frente dele, observando-o.

Ravi

Quando cheguei ao refeitório, vi o Miguel vindo na minha direção. Não resisti à oportunidade de
provocá-lo, de começar a implicar com ele logo cedo. Era uma espécie de missão para mim,
adorava vê-lo perder a compostura. Mas, desta vez, ele simplesmente ignorou. Talvez esteja
ficando imune às minhas brincadeiras. Preciso encontrar outro jeito de tirar aquele cara do sério.
Um sorriso malicioso brotou em meu rosto enquanto planejava o que fazer. Então, surgiu a ideia
de ir até ele e cutucar um pouco mais naquele lugar onde ele gosta de se isolar do mundo.
Peguei minha bandeja com comida e me aproximei o mais rápido que pude, decidido a expulsá-
lo dali. Porém, ao chegar perto, percebi que ele não estava sozinho. Havia alguém na frente dele,
um rapaz que não estava uniformizado, provavelmente um dos candidatos. Fiquei parado,
observando, tentando entender a situação. Miguel não comia nem bebia, apenas olhava para o
cara na frente dele, que parecia estar profundamente adormecido.
Aproximei-me silenciosamente. Miguel percebeu minha presença e fez um gesto com o dedo
para que eu não fizesse barulho. Apenas obedeci, juntei-me a ele e fiquei observando o mistério
adormecido à nossa frente.

Eros

Enquanto caminhava pelos campos do internato, encontrei um lugar agradável para sentar e
esperar alguns minutos antes de voltar para onde meus pais estavam.
Assim que me sentei, um bocejo escapou de minha boca. Estava com muito sono. Decidi tirar
um cochilo rápido.
Peguei meu celular, coloquei o alarme para vinte minutos e descansei minha cabeça sobre os
braços para ter mais conforto. 'Vinte minutos devem ser suficientes para recuperar as energias',
cochichei para mim mesmo.
De repente, meu celular começou a vibrar e, em seguida, a tocar. Levei um susto e abri os olhos
lentamente enquanto os limpava. Foi então que percebi dois caras sentados bem na minha frente,
me encarando.
Confuso, arqueei a sobrancelha. — Fiz algo errado?
O rapaz loiro à minha direita levou um copo de suco à boca e continuou me observando,
enquanto o outro, de cabelos morenos e uma tatuagem no braço, decidiu falar.
— Apenas observando, só isso...
Estava começando a achar tudo um pouco estranho. — Desculpe se acabei dormindo no lugar de
vocês.
— Não precisa se desculpar. Sou o Miguel.
— E eu sou o Ravi. E você?
Já que todos estavam se apresentando, decidi fazer o mesmo. — Sou o Eros.
Os dois começaram a rir, e eu já imaginava por quê. — Acharam meu nome engraçado? Os de
vocês foram moda na época em que nasceram, hoje em dia é comum encontrar um Ravi e um
Miguel em qualquer lugar.
Eles continuaram brincando com meu nome, mas isso não me incomodou nem um pouco. Eu
gosto do meu nome, assim como minha mãe adora o significado dele. Esses caras pensam que
vou ficar bravo por causa disso, mas estão enganados. Se eles começam a brincadeira, vou
devolver na mesma intensidade.
— Até que você tem um bom argumento... Eros.
Miguel disse isso com um tom de zoeira.
— Verdade... Eros.
Ravi seguiu a provocação.
Eu apenas sorri de canto antes de continuar a discussão. — Ok, pelo menos meu nome é
diferente e significa algo positivo.
Eles riram de novo, mas não me abalei. A diversão com esses dois até estava interessante, mas
era hora do meu compromisso.
Me levantei e, antes de me afastar, eles desejaram boa sorte e torceram por mim. Agradeci a
gentileza e segui para a sala onde faria a prova. Encontrei meus pais, que pareciam mais
nervosos do que eu. Parecia que seriam eles que enfrentariam quatro horas de questões de
português, matemática e uma redação.
Capítulo 4
Ravi

O final do ano letivo finalmente chegou e eu já tinha arrumado minhas malas, observando
Miguel fazer o mesmo. Alguma coisa me incomodava ao vê-lo arrumar suas coisas. Fiquei ali,
apenas observando suas costas sem dizer nada.
De repente, ele lança um olhar por cima dos ombros. — Vai ficar olhando para a minha bunda
até quando?
— Eu não estava olhando para a sua bunda, sério.
Ele se levanta e vem na minha direção. — Ah, não? Parecia que sim. Está a fim de mim ou algo
assim? Quer me chamar para sair?
Inicialmente, fiquei sem palavras. Aquilo não era o que estava acontecendo, eu só estava
observando. Mas eu não ia deixar ele me provocar. Levantei-me e o encarei na mesma altura. —
Ou talvez seja você que esteja interessado em mim e está tentando chamar a minha atenção?
Vi ele respirar fundo, achei que ele ia reagir, mas ele apenas se acalmou e virou-se para fechar a
mala. — Boas férias, cara. Até o próximo ano.
Ele disse isso me encarando, pegou as malas e foi em direção à porta. Antes que saísse, fiz uma
última observação.
— Divirta-se. E mande lembranças aos meus "sogros". — Brinquei.
Ele ergueu as sobrancelhas e seguiu seu caminho.
Depois, peguei minha mala e fui em direção ao carro que já me esperava. Entrei e observei
Miguel colocando suas malas no carro, olhando na minha direção antes de entrar no veículo com
seu motorista.
Acenei e seguimos para casa. Durante o trajeto, não pude deixar de pensar como o Natal e o Ano
Novo seriam chatos como sempre.
Miguel

Eu estava de costas, ajoelhado no chão enquanto organizava minhas roupas. Notei que o Ravi
não parava de me olhar. Será que ele queria me dizer algo ou tinha algum interesse? A resposta
não estava clara, mas decidi provocá-lo mais uma vez antes do fim do ano.
Olhei por cima do ombro e fiz algumas perguntas diretas sobre se ele tinha algum interesse em
mim. Ele pareceu desconfortável por um momento, mas logo se levantou e respondeu no mesmo
tom irônico. Sorte dele que eu não levaria isso adiante, já que fui eu quem começou.
Simplesmente voltei para fechar minha mala e desejei boas festas para ele.
Assim que saí do quarto, ele soltou uma frase sobre 'mandar abraços para os 'sogros''. Achei a
frase estranha e preferi ignorar.
Lá fora, notei o carro em que ele partiria e vi que ele também me observava. Comecei a me
perguntar se esse cara era estranho ou se sentia algo por mim.
Entrei no carro e pedi ao motorista para seguir em frente. Durante o trajeto, só conseguia pensar
em como as festas em família seriam chatas, especialmente com meus tios fazendo piadas sem
graça e perguntando sobre namoradas.
Não teria respostas para eles neste Natal, mas quem sabe no próximo ano, com a chegada das
garotas na escola.
Eros
O Natal chegou e com ele veio o resultado da prova, que foi incrível - passei com a melhor nota!
Tenho certeza de que, se meu amigo Daniel visse isso, estaríamos pulando de felicidade juntos.
Segui todas as dicas e orientações que ele me passou. Adoraria saber onde ele está morando
atualmente, ou melhor, gostaria muito que ele estivesse aqui para agradecer e comemorar. Mas
um dia, quando nos reencontrarmos, terei a oportunidade de expressar minha gratidão
adequadamente.
Minha família estava radiante com o resultado, e meus tios não paravam com as piadas bobas.
Na verdade, até gostava, exceto quando perguntavam sobre a Camila. Sempre precisava inventar
desculpas para não contar sobre nosso término, já que não queria mencionar os surtos,
xingamentos e ciúmes excessivos que levaram ao fim do relacionamento.
A festa transcorria tranquilamente, peguei um pedaço de pudim e fui sentar na frente de casa.
Para minha surpresa, quem apareceu? Camila.
— Podemos conversar? — Ela tinha uma expressão triste.
Não consegui recusar e a levei para o meu quarto. Parecia que ela estava prestes a chorar, e eu
não queria que alguém na rua visse, seria motivo de fofocas pelo resto do ano.
No quarto, sentei na cama e ela se acomodou ao meu lado. — O que você gostaria de conversar?
Ela segurou minha mão e deu um leve sorriso. — Podemos tentar de novo?
Capítulo 5
Eros

Camila fez a pergunta sobre voltar, e eu fiquei calado, olhando para ela. Não sabia se queria
retomar o relacionamento depois dos coisas ruins que ela me disse. Aquilo foi doloroso,
especialmente vindo de alguém que dizia me amar.
— Sinto muito, mas acho melhor sermos só amigos.
Ela apertou minha mão com mais força e começou a chorar. Era previsível, não era a primeira
vez que terminávamos e sempre acabava com ela chorando.
— Eu prometo que vou mudar, sei que errei. Juro que me arrependo profundamente. Se eu
pudesse voltar atrás, faria diferente. Por favor, vamos tentar de novo?!
Cocei a cabeça, encarando-a. Realmente havia decidido não continuar com o relacionamento. Era
melhor para ela dar um tempo e repensar a forma como agia comigo.
— Você vai me desculpar, mas já tomei minha decisão. — Puxei minha mão suavemente.
Ela começou a chorar mais intensamente. — Você realmente não me ama mais?
Aquela pergunta mexeu comigo, mas sejamos honestos, o amor talvez não tenha estado presente
desde o início. Gostava de estar com ela, mas os constantes atritos desde o início do namoro
dificultaram qualquer possibilidade de um sentimento mais profundo. Eu permanecia no
relacionamento porque, fora os problemas, tínhamos interesses em comum e ela era ótima em
vários momentos.
Naquele momento, percebi que era melhor darmos um tempo, tanto para ela quanto para mim,
para repensarmos nossos sentimentos. Tentei ser firme e pedi para que ela não usasse chantagem
emocional, especialmente durante o Natal.
— Por favor, não estrague meu Natal. Você veio aqui para me fazer sentir mal por ter terminado
com você?
— Não... eu realmente quero mudar, ser melhor. Por favor, Eros.
Levantei determinado, mantendo minha posição.
— Não. Acho melhor você ir, está ficando tarde e minha família vai dormir em breve.
Ela tentou insistir, pedindo para dormir comigo uma última vez, mas isso só daria esperanças e
complicaria ainda mais.
— Não, por favor. Vamos ser só amigos.
Ela se levantou com raiva, insinuando que eu já estava interessado em alguma garota na nova
escola, o que não era verdade.
— Claro que não!
— Escuta... que tal darmos um tempo? Quando você voltar das férias dessa escola no meio do
ano, podemos reatar?
Era uma proposta razoável, mas sem promessas. Se ainda houvesse amor, eu faria questão de
reatar o relacionamento antes.
— Tudo bem, mas não prometo nada se realmente decidirmos terminar.
Ela me encarou.
— Mas eu não terminei com você. — E saiu.

Miguel

Estou no quarto, imerso na leitura de um livro, enquanto lá embaixo a família se divertia.


Realmente não sou muito adepto de festas; prefiro a tranquilidade e o silêncio.
Apesar de não me agradar muito a agitação, não é ruim estar na companhia deles. O único
inconveniente são as constantes perguntas sobre namoradas. Tive que encerrar meu
relacionamento no início do ano; ela era uma boa pessoa, mas parece que a distância fez o amor
esfriar e, no fim, concordamos em terminar. No entanto, algo me deixa inquieto: soube que ela
irá estudar no internato no próximo ano. Fico imaginando se manteremos nossa amizade ou não.
De repente, meu celular vibra. Ao conferir a mensagem, fico surpreso. Como ele conseguiu meu
número?

Ravi

Não era nem meia-noite e meia e meus pais já estavam um pouco alterados, trocando carinhos e
declarações de amor no chão. Normalmente, passamos o Natal apenas nós cinco: meus pais, eu e
minhas duas irmãs. Gostamos assim, mas às vezes sinto que falta algo na minha vida.
Talvez eu precise de uma namorada. Quem sabe conheça uma garota interessante no próximo
ano e a convide para sair.
Enquanto mexo no celular, observo meus pais fazendo essas demonstrações de afeto mútuo. Para
quem vê de fora, é difícil acreditar que ambos estão envolvidos em atividades questionáveis. Mas
de certa forma, acho isso bonito. Gostaria de ter um relacionamento tão intenso quanto o deles.
Admiro muito a maneira como meu pai cuida do meu outro pai. É inspirador ver duas pessoas do
mesmo sexo se amando tão intensamente. Meus pais são a prova viva disso, e ambos desejavam
ter filhos. Concretizaram esse desejo através de inseminação artificial, e a semelhança entre nós e
eles é notável.
Minha irmã mais velha estava rindo enquanto digitava no celular. Ao me aproximar, percebi que
ela estava num grupo com pessoas que conheceu num cruzeiro, e para minha surpresa, Miguel
também estava no grupo. — Ei, mana, me passa o contato dele.
Sem questionar, ela me envia o número. Assim que salvo o contato no meu celular, decido
mandar uma mensagem. "Como estão os meus futuros sogros? ”
Capítulo 6
Miguel

Eu me perguntei como diabos esse cara conseguiu meu número. Nunca o dei a ele, e nem mesmo
pediu. A mensagem provocativa no WhatsApp me pegou de surpresa. Fiquei ali encarando a tela,
questionando se deveria responder ou ignorar. O pior é que visualizei a mensagem, então ele
sabe que eu li.
Passei a mão na cabeça, pensando no porquê de deveria me dar ao trabalho de responder. Não
somos amigos, mal podemos ser considerados colegas de quarto.
Deixei o celular na cabeceira com a mensagem aberta, encarei por um tempo e então decidi
levantar. Dirigi-me ao banheiro para lavar o rosto e, ao voltar, encontrei minha mãe lendo o
conteúdo na tela do meu celular. — Quem é essa pessoa?
Rapidamente peguei o celular de volta. — Não é ninguém importante. E a senhora não deveria
estar lendo as mensagens dos outros.
Ela fez um biquinho. — Antes você me contava tudo, agora, na fase "aborrecente", já não conta
mais nada.
Claro que não contaria certas coisas, é constrangedor. Há coisas que simplesmente não se
compartilham, especialmente quando se tem um colega de quarto que provoca todos os dias e
você não entende por quê.
Minha mãe cruzou os braços, mantendo o olhar fixo, esperando que eu dissesse algo. — Quem é
essa pessoa com quem você está saindo agora? Não é a Melissa, vocês terminaram, e a
mensagem era de alguém perguntando sobre eu e seu pai.
Claro que ele não quer saber sobre vocês, ele só está me incomodando e tentando me perturbar.
— Não é ninguém importante.
— Tem certeza? — Ela franzia a testa.
— Quando eu tiver algo a compartilhar, você será a primeira a saber.
Ela se aproximou e me abraçou; retribuí o gesto, e logo ela se retirou.
Tranquei a porta e corri para a cama. Já sabia o que responder para aquele idiota. — Qual é a sua,
mandando uma mensagem dessas para mim?
Ravi

Enviei a mensagem para ele, e mesmo após visualizar, já se passaram alguns minutos e ainda não
recebi um dilúvio de xingamentos. Será que aquele cara está ficando imune às minhas
brincadeiras?
De repente, meu celular vibra. Entre as notificações, uma é dele. Ao visualizar, a mensagem é
uma pergunta sobre o porquê da minha mensagem anterior. Poderia simplesmente dizer que era
só uma brincadeira, afinal, era mesmo, mas eu queria continuar a conversa. Eu já sabia como
prolongar e chamar a atenção dele.
Aquele cara daquele dia, eu nunca o vi olhar tanto para alguém sem ficar irritado. Aquele Eros
não o deixou furioso por ocupar o lugar dele, enquanto meus outros amigos tentaram sentar ali e
o Miguel simplesmente surtou, afirmando que aquele lugar tinha o nome dele e que não queria
ninguém lá.
No entanto, naquele dia ele permitiu que o candidato sentasse, e até o deixou dormir. E ainda me
pediu silêncio ao sentar ao lado dele, algo que, sem saber por quê, obedeci.
Ficamos daquele jeito por uns bons dez minutos, em silêncio, observando apenas Eros dormir e
ouvindo sua respiração. Pouco depois, ele acordou, conversamos um pouco e ele partiu para
fazer a prova.
Foi quando eu simplesmente disse: "Espero que ele passe." Miguel respondeu imediatamente:
"Espero que ele seja nosso colega de quarto."
Nós olhamos um para o outro e rimos. Foi a primeira vez que concordamos com algo e rimos
juntos.
Peguei meu celular e mandei outra mensagem: "Fala com o seu tio para colocar o Eros em nosso
quarto antes que coloquem algum outro idiota. Vi o nome dele na lista."
Ele respondeu prontamente: "Pode deixar comigo."

Miguel

Incrível como aquele cara teve uma ideia decente. Aquele sujeito daquele dia parece ser uma boa
pessoa, e não parece ser alguém que vai me incomodar. Pegou o celular e respondo que vou fazer
isso mesmo.
Descendo as escadas, deparo-me com meu tio Armando, diretor do internato, conversando.
Chamo-o para um canto e ele prontamente se aproxima, pondo a mão no meu ombro. — Fala,
meu sobrinho favorito. O que você deseja?
Olho para ele e percebo que ele já bebeu o suficiente para atender qualquer pedido. — Você está
com o celular aí?
Sem entender muito, ele apenas confirma. — Posso mandar uma mensagem para a sua
secretária? Quero pedir para que ela coloque um amigo que passou na prova no meu dormitório.
Na verdade, usei o termo "amigo", mas não tenho certeza se vamos ser amigo de verdade. Só
espero que não sejamos inimigos e que ele não venha perturbar minha paz.
Ele me olha com um sorriso. — Claro, sem problemas. — Então, pega o celular e me oferece.
Aproveito rapidamente, envio uma mensagem para a secretária dele e passo o nome do Eros. Em
poucos segundos, ela responde que resolverá isso ainda naquela semana, logo após o Natal.
Devolvo o celular e ele pergunta se preciso de mais alguma coisa. Agradeço e volto para o meu
quarto, enquanto envio outra mensagem para o Ravi. "Tudo resolvido!"
Ele responde prontamente. "Sabia que podia contar contigo."
Mas o Ravi não apenas respondeu imediatamente; ele até mandou um coração em seguida.
Que diabos de coração é esse? Solto um grito interno comigo mesmo.
Capítulo 7
Eros

O dia finalmente chegou e aqui estou, no internato, na recepção, aguardando para ser atendido.
Em pouco tempo, uma mulher se aproximou, segurando alguns papéis e me fornecendo o
número do dormitório, horário das aulas e outros documentos sobre atividades extracurriculares
e esportivas para incluir na minha grade curricular.
Ela orientou que eu não precisava fazer escolhas imediatas, o prazo seria de duas semanas.
Peguei toda a papelada, agradeci e segui em busca do meu quarto, com a incerteza de qual seria a
sorte ou azar com o colega de quarto.
Ao chegar na área masculina, vi um garoto parado na entrada do prédio e, como estava um pouco
perdido, perguntei onde ficava o quarto B1.
A resposta do aluno me deixou confuso. — Cara, isso não está errado?
— Errado, por quê?
Ele conferiu novamente o papel. — Você está no mesmo quarto que aqueles dois, e lá é o melhor
quarto daqui. Além disso, como você parece ser um bolsista, seu quarto deveria ser em outro
lugar.
Agora, até eu estava confuso. A recepcionista havia garantido que estava tudo certo, mas se fosse
um engano, deixei claro que resolveriam depois. Sem hesitar, segui a orientação dele e subi as
escadas, percebendo que a área do quarto B1 era isolada e que o quarto era bem maior que os
outros que passei.
Parei diante da porta, respirei fundo e bati. Sem resposta, girei a maçaneta e entrei.
Para minha surpresa, não havia apenas um, mas dois rostos familiares: Ravi e Miguel. Ao me
verem, pularam de suas camas e se aproximaram.
Ravi

As férias acabaram e mais um ano letivo se inicia. Lá estou eu, pegando minha mala e
caminhando em direção ao dormitório. Para minha não tão surpresa, Miguel está ao meu lado,
fingindo que eu não existo. Não faço ideia do porquê. Será que ele ficou chateado com a
mensagem do coração que mandei e não respondeu?
Decido não desistir facilmente. — Ei, amor, não vai falar com seu namorado hoje? — Brinco,
passando a mão envolta do ombro dele.
Ele se assusta e retira meu braço rapidamente. — Você está maluco? Agindo assim, se outras
pessoas ouvirem, vão pensar que nós dois estamos tendo um caso. Além disso, já não bastou
aquela mensagem sobre "sogros" que você mandou e a minha mãe acabou vendo. Qual é a tua?
Fico ali, esperando ele terminar de falar. A expressão de raiva dele, de certa forma, até me
diverte. Dá vontade de ir mais fundo nas brincadeiras e vê-lo corar. Quero descontrair aquela
aura séria e antissocial dele. — Relaxa, não precisa ficar chateado, querido. Eu sei que você é
tímido. Vou deixar para te provocar só em particular. — Solto uma risadinha.
Ele permanece em silêncio e vira o rosto, continuando o caminho ao meu lado. Será que essa
nova abordagem está funcionando para tirá-lo do sério?
Ao chegarmos ao quarto, vou direto desfazer minha mala, e Miguel continua calado. Cerca de
meia hora depois, está tudo arrumado e percebo que ele se deitou na cama para ler um livro. Faço
o mesmo, mas não para ler, e sim para mexer no celular.
Estava tudo em silêncio, até que ele quebra o silêncio. — Será que ele vem?
Miguel faz essa pergunta ainda com o olhar fixo no livro.
— Acredito que sim! Gostei dele, achei... legal e de boa.
Ele vira para mim. — Eu também.

Miguel
Eu sinto que esse cara está a fim de mim, mas como é que eu digo a ele que não curto homens? E
como ele consegue ser tão direto nessas brincadeiras, falando "amor", "querido" e tudo mais?
Será que estou interpretando o senso de humor dele errado e ele faz isso só para me testar?
Se ele acha que vou cair nessas provocações, está bem enganado. Se for verdade, ele está
perdendo tempo, minhas preferências são outras.
Entro no quarto sem dizer nada e, assim que termino de organizar minhas coisas, deito na cama
para distrair a mente com um livro. Mas algo me faz pensar naquele garoto. Será que a secretária
fez o que eu pedi? Já era para ele estar aqui. Acabo soltando uma pergunta sobre se Eros virá, e
Ravi responde imediatamente, esperando que sim porque ele gostou do cara. Eu também mostro
a mesma vontade. Parece que, pela primeira vez, concordamos e queremos a mesma coisa.
Quando menos esperamos, ouvimos alguém bater na porta. Ficamos em silêncio e então quem
bateu entrou. É ele... E juntos nos levantamos da cama para recebê-lo.
Eu chego primeiro até ele, pois minha cama está mais próxima da porta. — Oi de novo, Eros.
"Oi", ele responde surpreso ao nos ver.
Ravi também se aproxima. — Estávamos esperando por você.
Ele arqueia a sobrancelha. — Esperando por mim?
Eros não faz ideia, mas foi ideia do Ravi trazê-lo para o nosso quarto e eu concordei. Mas ele
não sabe desse detalhe e deve estar confuso com o fato de estarmos esperando por ele.
Vejo Eros se dirigir à cama do meio, a que Ravi e eu usávamos como "muralha da China" para
dividir o território. — Obrigado pela recepção, mas um aluno lá embaixo disse que, por eu ser
bolsista, não era para o meu quarto ser este. Só de olhar o quão luxuoso é, acho que ele tem
razão.
Me aproximo dele e sento na minha cama, encarando-o. Ravi faz o mesmo, sentando ao meu
lado. — Não, está tudo certo. Fomos nós que pedimos para você ficar conosco.
Ravi também se manifesta. — Gostamos de você naquele dia e pedimos para o tio dele, o diretor,
para você ficar conosco.
Capítulo 8
Eros

Nossa, aquilo foi inesperado. Mal tinha passado uns cinco minutos e esses dois já lembraram do
meu nome e usaram os contatos deles para me colocar em um quarto legal junto com eles. Será
que encontrei novos melhores amigos assim tão rápido? Isso me deixou feliz e acabei sorrindo
espontaneamente para eles.
Eles apenas ficaram me encarando, levando as mãos à boca, e fiquei sem entender. Deixei para
lá, joguei-me na cama e fechei os olhos. — Obrigado, Ravi e Miguel. Ambos responderam com
um "de nada" e permaneceram ali, sentados, me olhando por alguns segundos até que Ravi se
levantou e foi para o banheiro, enquanto Miguel se virou para o outro lado da cama.
Ignorei e fui arrumar minhas coisas, mas não pude deixar de notar as diferenças entre os
pertences deles e seus jeitos distintos. Por outro lado, percebi que tenho gostos semelhantes aos
deles. Acho que vamos nos dar bem. Isso me deixou animado, parece que tive sorte de encontrar
pessoas com interesses parecidos para serem meus colegas ou até mesmo amigos neste
"cativeiro".

Ravi
Assim que Eros se acomodou, Miguel posicionou-se à sua frente e eu, seguindo o ritmo, sentei
ao lado dele, de frente para o nosso novo colega de quarto.
Observei atentamente seu rosto e tenho que admitir, ele é um sujeito atraente. Aqui, ele vai
chamar atenção, tanto entre as garotas quanto entre os rapazes interessados em outros rapazes.
Nesta escola, a galera curte tudo, especialmente quando surgem festas escondidas. Agora, com a
presença de garotas, é provável que tenhamos mais festas e mais oportunidades para
experimentar diferentes coisas.
Miguel permaneceu calado ao meu lado, observando o novato. Eu fiz o mesmo e logo Eros abriu
um sorriso caloroso... digo, um sorriso contagiante. Misericórdia, logo após ele agradecer, fui
para o banheiro.
Miguel
Eros ocupou a cama central enquanto eu me acomodei na minha, de frente para ele. Ao observá-
lo melhor, além dos breves minutos desde o encontro do ano passado, quando o flagrei
cochilando no meu espaço, percebi que ele é um cara de boa aparência. Ele vai se destacar aqui,
tanto entre as garotas quanto para os rapazes interessados em outros rapazes, mas acredito que
ele não seja desse último grupo. Parece ser bem hétero.
Neste lugar, os caras interessados em outros caras persistem mesmo quando a pessoa não se
mostra interessada. Imagino que o rosto bonito dele vá chamar muita atenção e estou certo de
que vão tentar conquistá-lo até conseguir algo. Talvez tenha sido uma boa ideia trazê-lo para o
nosso quarto, o Ravi teve mesmo uma excelente ideia. Com o Eros aqui, acho que ele estará
seguro de ataques noturnos ou de ser perturbado por um colega de quarto indesejado. O Ravi
pode ser louco às vezes, mas ele sabe respeitar a privacidade e dar o devido espaço quando
percebe que está invadindo muito o lado oposto. Então, acredito que o Eros estará bem aqui.
Eros sorriu calorosamente e se acomodou na cama, expressando gratidão pela nossa ajuda. Mal
notei o Ravi se dirigindo ao banheiro, rapidamente me acomodei na cama e virei para o outro
lado, ouvindo-o organizar suas coisas. Espero que possamos ser ótimos amigos.
Capítulo 9
Miguel

Permaneci deitado olhando pela janela por um longo tempo até ser despertado pelo chamado do
Ravi. Ergui-me, notando tanto ele quanto o Eros me encarando.
— O que foi? — Inquiri, curioso.
Eros, ainda sentado em sua cama, me fitava. — Estou faminto, cara.
Saltei da cama. — O almoço!
Ravi já estava de pé junto à porta. — É por isso que te chamei. Ele está faminto, e já está na hora
de irmos almoçar. Anda, vamos lá.
Rapidamente, dirigi-me ao banheiro, lavei o rosto, juntei algumas coisas e as coloquei no bolso
da calça antes de descermos juntos para o refeitório.
Eros parecia pouco entusiasmado, e acho que tanto eu quanto o Ravi percebemos. Ele, mais
ousado, passou o braço ao redor do ombro de Eros, como se já fossem grandes amigos. — Por
que essa cara, camarada?
— Eu preferiria não estar aqui.
Investiguei a razão, e ele mencionou sua aversão a permanecer muito tempo no mesmo lugar e a
pressão dos pais para estudar naquele local. — Veja pelo lado bom, terá a gente como amigos. —
Falei, sorrindo.
Eros devolveu o sorriso, o mesmo de antes, e tanto eu quanto o Ravi nos surpreendemos, embora
ele parecesse nem notar, foi rápido demais.
— Ei, Eros, você tem namorada?
Sabia que o Ravi era direto, mas desta vez ele não deu espaço, lançando a pergunta
imediatamente. Confesso que também fiquei curioso.
— Terminamos... mas espero conseguir outra logo. Vi umas garotas bonitas quando cheguei aqui
pela manhã.
Aquela resposta dele só reforçava o que eu já suspeitava: total hétero.

Ravi

Notei que Eros estava de cara fechada, então tentei ser amigável com ele. Estava gostando da
companhia dele e percebi algo inédito: Miguel não surtou com outra pessoa além de mim por
perto. Talvez nós três pudéssemos ser bons amigos, apesar de Miguel ainda não me ver assim.
Eu o considerava um amigo, e acredito que, no fundo, ele também me veja assim, só não admite.
Mas eu farei com que ele me chame de amigo.
Encarei Eros novamente e decidi perguntar se ele tinha namorada. Ele respondeu que terminou e
estava à procura de outro relacionamento. Apoiei meu braço no ombro dele. — Isso aí, amigo,
não perca tempo. Você é bonito demais para ficar solteiro. Se eu curtisse caras, ficava com você.
Eros riu. — Valeu, cara. Quem sabe, se eu fosse gay, também pensaria no teu caso. — Todos
rimos juntos.
Fiquei surpreso ao ver Miguel embarcando na conversa, demonstrando ser humano e não um
robô pela primeira vez.

Eros
A companhia desses dois é muito melhor do que eu imaginava. Pensei que teria o azar de cair
com um colega riquinho, chato e que pudesse me atormentar. Mas, por sorte, encontrei esses dois
no dia da prova. Que obra do destino. Eles ainda se deram ao trabalho de me colocarem no
mesmo quarto que eles. Já os considero meus parceiros para toda vida.
O Ravi é engraçado o tempo todo, enquanto o Miguel é mais sério. As piadas do Ravi até
arrancam um sorriso desse cara sisudo.
Caminhando em direção ao refeitório, Ravi perguntou se eu tinha namorada. Respondi que
tínhamos terminado. Ele apertou meu ombro e disse que eu era bonito demais para ficar solteiro.
Brincou que se ele curtisse caras, eu teria uma chance com ele. Foi um bom comentário e rimos
juntos. Enquanto ria, dei uma rápida olhada nele. Confesso, ele não é nada mal. Tem um corpo
atlético e aquela tatuagem no braço direito o deixa mais atraente. Gostaria de ter uma tatuagem
assim, mas isso é para quando eu tiver dinheiro sobrando. Por enquanto, nem posso me dar ao
luxo de comer uma refeição mais cara no refeitório, quanto mais fazer tatuagens. Os preços
variam muito, principalmente com profissionais, e dependem do tamanho e do modelo.
Ao chegarmos no refeitório, a diferença social fica clara. Há uma fila para um almoço simples
oferecido pela escola e outra para refeições mais sofisticadas e variadas, pagas à parte. Claro que
meus novos amigos foram diretos para essa fila e eu fiquei para trás, indo para outra.
Eles perceberam minha ausência e voltaram até mim.
Miguel foi o primeiro a se aproximar. — Desculpa, esqueci que você é um bolsista.
Ravi também se desculpou. — Foi mal, cara. Fui na frente sem pensar.
Dou um sorriso para eles e digo que está tudo bem, servindo-me do que está disponível para
alunos bolsistas. Analisando a refeição, é melhor do que eu imaginava; posso me acostumar com
isso.
Os dois voltam com suas refeições e nos sentamos em uma mesa próxima à janela.
Alguns outros alunos se aproximam e se juntam a nós, formando um grupo de seis pessoas.
Parece que estamos na mesa dos populares. Todos estão olhando para nós, e os garotos que se
juntaram aqui não param de me encarar.
— Qual é o seu nome? — Um ruivo pergunta.
— Eros Santoro — respondo, tomando meu suco.
— Meu nome é Diego. Espero que você seja gay. — Ele diz isso sem rodeios, me deixando sem
jeito.
Um outro garoto, sentado ao meu lado, toca no meu cabelo. — Legal conhecer você. Sou Carlos.
Ravi e Miguel olham sério para eles, e não entendo o porquê.
— Então, você é gay, bissexual ou hétero? — Carlos pergunta, enquanto come.
Todos me olham, inclusive meus amigos.
— Vocês não acham que estão sendo muito invasivos? — Miguel olha sério para eles. — É por
isso que vocês não conseguem fazer amigos.
Eles ficam sérios e dizem que estavam brincando, apenas curiosos sobre os novos alunos.
Mas no meio disso tudo, Pedro ainda me encara. — Você não respondeu à pergunta do Carlos,
pelo menos responda isso.
Ravi bate na mesa. — Caramba, vocês estão deixando ele desconfortável. Ele não precisa
responder sobre sua sexualidade, parem de pressionar ou vão se dar mal.
As palavras de Ravi os fazem pedir desculpas novamente. Voltamos a comer e conversar como
se nada tivesse acontecido. Acho que devo agradecer a eles por me ajudarem, mas sinto que devo
respostas ou vão ficar com ideias erradas.
— Sou Hétero! — Minha resposta parece decepcionar os interessados, que murmuram um
"Droga! ”
Capítulo 10
Ravi

Esses caras estão chateando a gente, começo a entender um pouco o Miguel e por que ele
costuma ficar sozinho lá fora. Pensei que ele fosse sentar no mesmo lugar de sempre, mas para
minha surpresa, ele segue Eros e eu os acompanho, sentando aqui mesmo no refeitório. Tudo ia
bem até esses caras começarem com a mesma pergunta que fizeram ao Leonardo Moraes no ano
passado. Pelo menos o único que se salva nesse grupo é o Guilherme, que ficou calado desde que
se sentou conosco.
Volto meu olhar para Eros e vejo que esses caras estão incomodando ele sobre a sexualidade.
Abro a boca para dizer algo, mas Miguel toma a frente e os repreende. Eles param, mas logo
voltam a perturbá-los. Miguel me cutuca e entendo o recado. Bato na mesa com a mão fechada e
brigo com eles para que parem de incomodar o Eros.
Eles param de novo, e quando menos esperamos, Eros solta que é hétero. Os interessados ficam
desapontados e Miguel e eu soltamos uma risada.
— Sigam o exemplo do Guilherme. — Eles olham para ele e continuo. — Ele é o único gay aqui
que têm meu respeito. Ele não fica dando em cima de qualquer novato ou cara. Aprendam a ser
mais discretos.
Ficam em silêncio, mas como somos todos homens, não ficam chateados e continuamos
conversando normalmente.
Eros
O Pedro ainda me encara. — Espero que você seja bissexual.
Olho para ele. — Você não faz meu tipo, cara. Nem insista, não tem o que eu gosto!

Miguel

Estou ficando sem paciência com esse bando de adolescentes na puberdade. Só pensam em uma
coisa, e isso me irrita. Deveria ter chamado o Eros para sentar lá fora. Hoje isso passa, mas
amanhã vamos para lá. Não tive a chance de conversar com ele; esses abutres só querem saber de
uma coisa e isso me irrita demais.
Olho para Eros, tentando comer enquanto os garotos insistem em chamar a atenção dele. Quando
isso aqui virou um lugar tão bagunçado?
Pego minha bandeja. — Vou nessa. — Digo, esperando que meus colegas de quarto entendam, e
para minha alegria, eles captam a mensagem e me acompanham de volta para o dormitório.
— Ei, não liga, Eros. Eles logo te deixam em paz. — Tento tranquilizá-lo.
Ravi observa e segue o mesmo tom. — É, você está com a gente. Eles vão parar, só estão
animados demais com o seu rostinho lindo.
Eros sorri. — Conto com vocês para me proteger.
Coloco meu braço em volta do ombro dele.
Ravi faz o mesmo gesto, passando o braço pelo ombro de Eros. — É verdade. Não vamos deixar
ninguém se aproveitar de você.
Eros agradece enquanto subimos as escadas, e Ravi puxa mais conversa. — Já escolheu qual
grade curricular vai entrar? Esporte, talvez?
Eros faz uma pausa para pensar. — Estava pensando em rugby ou karatê, mas não tenho certeza
se serei bem recebido.
A resposta dele foi inesperada, mas deixou eu e Ravi animados. — Cara, entra para o rugby. Eu
sou o capitão. - Ravi sugeriu.
Também me manifesto. — Não, entra para o time de karatê. Eu sou o líder.
Capítulo 11
Eros

Parece que este ano começou com o pé direito. Não só passei em primeiro nesta escola que eu
detestava, como também esbarrei em dois colegas de quarto incríveis. Será que já posso chamá-
los de amigos? Bem, seja como for, as atitudes deles me animam ainda mais para seguir aqui.
Agora, tenho a chance de me juntar ao time de karatê e ao de rugby. Os dois times me querem,
sério, se um dia eu falei mal desse lugar, retiro tudo que disse.
Chego no quarto e vou direto escovar os dentes. Miguel entra logo depois e faz o mesmo, e Ravi
tenta se enfiar também. O banheiro não é pequeno, mas com três homens, começa a ficar
apertado.
Enquanto escovo os dentes, Ravi pega a pasta e passa no meu rosto, Miguel entra na brincadeira
e faz o mesmo do outro lado. Os dois começam a rir, e eu tento limpar a pasta do rosto, mas para
minha surpresa, Miguel passa a língua no meu rosto e Ravi faz o mesmo. Ambos continuam
rindo, e eu me sinto um pouco envergonhado por dentro. Será que amigos brincam assim? Mas
sabe de uma coisa? Deixa para lá, vou me jogar na brincadeira também. Pego a pasta e passo no
pescoço do Miguel e, em seguida, me viro e passo embaixo do queixo do Ravi, onde consigo
alcançar.
Ele é ágil, provavelmente pela prática no rugby, o cara se movimenta rápido.
Miguel ri e me olha. — Vai ter que limpar isso?
Ravi segura minhas mãos atrás das costas. — A limpeza é com você.
Fico confuso e Miguel insiste. — Vai ter que ser com a língua.
Espere, eu ouvi certo? Língua? Eles querem que eu faça o mesmo que fizeram em mim?
Ravi chega perto do meu ouvido. — Passa a língua nele.
Miguel se aproxima, agacha e deixa o pescoço perto da minha boca. — Limpa agora.
Ravi continua sussurrando para que eu faça. Acabo cedendo e passo a língua devagar no pescoço
do Miguel até não ter mais pasta.
Depois, Ravi me solta, e Miguel repete o gesto nos meus braços. — Agora é sua vez. — Ele diz
próximo ao meu ouvido.
Ravi se aproxima, oferecendo o pescoço. — Estou esperando. — Então, sem pressa, faço o
mesmo onde sujei.
Miguel me solta, e eles saem do banheiro. Fico ali, pensando: o que foi aquilo que acabamos de
fazer? Estranho, mas confesso que gostei da brincadeira, especialmente da forma como eles
prenderam minhas mãos e me fizeram passar a língua neles.
Nunca tive uma experiência parecida, nem com Camila. Isso me deixou intrigado, talvez seja só
coisa da minha cabeça ou estou carente. Quero uma namorada e vou atrás disso.

Miguel

Vejo Eros adentrar o banheiro, e vou logo atrás, percebendo a presença de Ravi também.
Enquanto escovamos os dentes, encaro Eros pelo espelho. Ainda penso se devo distrair a mente
dele pelo que aconteceu mais cedo, mas antes que eu faça algo, Ravi passa pasta no rosto de
Eros. Entro na brincadeira, meio que deixando-me levar pelo impulso por achar ele tão fofo, e
acabo passando a língua também, seguido por Ravi.
Ravi, em seguida, segura Eros, e sinto uma curiosa vontade de deixá-lo me imitar. Eros faz isso,
passando devagar a língua no meu pescoço, uma sensação fresca e arrebatadora. Essa línguada
até me arrepiou. É, definitivamente, algo inusitado.
Ravi
Sinto que a presença do Eros está mudando completamente o clima entre nós. Até mesmo o
Miguel parece mais descontraído. Talvez a amizade do Eros tenha essa capacidade de fazer o
robô do Miguel ser mais solto, ou talvez ele sempre tenha sido assim, mas agora é diferente. A
chegada desse novato está tornando as coisas melhores para nós, e eu quero aproveitar ao
máximo essa mudança, afinal, prometi a mim mesmo que faria o Miguel me chamar de amigo, e
a amizade com o Eros está ajudando nisso.
Brincando, seguro as mãos do Eros e as prendo atrás dele, sugerindo repetir algo que acabamos
de fazer. Confesso que fiz isso meio na malícia, imaginando que o Miguel não entraria na
brincadeira. Para minha surpresa, ele se anima com a ideia e deixa o Eros lamber sua pele. A
cena me deixa curioso, e admito que também quero participar. Miguel percebe e incentiva Eros a
replicar a ação comigo. Sinto sua língua tocar minha pele e, estranhamente, acho a situação bem
divertida.

Eros

Após aquela brincadeira, fiquei pensativo. Não conseguia parar de refletir sobre o que aconteceu
entre nós, como aquelas sensações ainda ecoavam na minha pele.
Para manter a pose e não demonstrar que aquilo me afetou, saí do banheiro e me deitei na cama,
mexendo no celular. Foi então que um pensamento veio para distrair minha mente. Olhei para
Miguel, concentrado em um livro, e para Ravi, imerso em seu jogo no celular. Respirei fundo,
soltando o ar, e decidi falar. — Vou ver as garotas!
Miguel
Eu estava absorto na leitura de um livro quando, de repente, Eros expressa o desejo de ver as
garotas... Olho para ele com um pouco de confusão, mas tudo bem. — Você está falando das
novatas? Que tal darmos uma volta pelos campos?
Ravi

Interrompi imediatamente o jogo quando ele mencionou que queria ver garotas, dei um pulo e
me sentei na cama. — Vamos lá! Quero ver as garotas.
Eros

Parece que eles têm tanto interesse nas garotas quanto eu, percebi que o que fizemos minutos
atrás parece ter sido deletado da mente deles. Levanto-me, vou até o espelho para arrumar meu
cabelo e vejo ambos me observando, provavelmente me esperando. Viro para eles. — Preparados
para flertar? — Eles apenas sorriem.
Enquanto caminhamos em direção à praça na escola, Ravi quebra o silêncio. — Sua ex-
namorada está aqui, Miguel?
Miguel mantém o olhar à frente. — Sim, ela até me mandou uma mensagem agora, quer me ver.
E a sua?
Olho para Ravi, curioso sobre esse assunto que me interessa.
Ele também mantém o olhar à frente. — Não tenho, só estava ficando com umas meninas por aí,
mas quem sabe eu não encontre o amor da minha vida este ano na escola.
Os três acabamos rindo, principalmente Miguel, que solta algumas piadas confusas no ar. —
Sério? Já desistiu de conquistar seus sogros? Não era você quem queria conhecê-los?
Ravi se junta à brincadeira. — Vai me levar para conhecê-los? Se não, preciso considerar outras
opções.
Estou um pouco perdido nessa conversa, gostaria de entender melhor, mas não quero interferir
em uma piada interna, então paro de rir enquanto eles continuam.
Eles percebem que só eles ainda estão rindo e fazendo piadas, então param e me olham. —
Aconteceu algo? — Ambos perguntam.
Dou apenas um sorriso discreto. — Não, gente, tudo tranquilo, só estava observando.
Miguel coloca o braço no meu ombro. — É só brincadeira dele, querendo que meus pais sejam
sogros dele.
Franzo a testa, tentando entender, e Ravi completa. — Estava testando ele para ver se ele é gay.
Olho para Miguel, aguardando sua resposta. — Eu não curto isso, já deixei claro. Você é que fica
testando a minha sexualidade.
Olho para Ravi, que também coloca o braço no meu ombro, e me pergunto quando nos tornamos
tão próximos a ponto de eles fazerem isso com frequência.
— Pelo que sei, sou hétero. Nunca tive interesse em homens. Brinco porque acho engraçado.
Eles param de falar e me encaram, a voz de Ravi chega primeiro ao meu ouvido. — E você?
Miguel segue o mesmo tom. — Tem interesse?
Misericórdia, será que estão me perguntando sobre meu interesse em homens? Levanto as
sobrancelhas. — Já não respondi a essa pergunta há algumas horas?
Miguel persiste. — Mas você tem algum interesse?
Ravi reforça. — Nem um pouco?
Removo os braços deles dos meus ombros. — Agora sou eu quem está sendo testado? — Eles
começam a rir e percebo que é só mais uma das brincadeiras deles. Talvez eu esteja me
acostumando com esse lado deles.
Antes que nossas conversas engraçadas continuem, duas garotas surgem, muito bonitas: loiras,
altas, cintura e quadril largos, toda uma delicadeza, são o meu tipo. Elas olham para mim, mas
sua atenção vai direto para o Ravi e o Miguel.
Uma delas se aproxima do Miguel, segura sua mão. — Podemos ter uma conversa a sós?
Vejo que ele concorda e eles se afastam um pouco, enquanto a outra garota chama Ravi para um
canto mais reservado, e ele acompanha.
Infelizmente, fico ali parado, na vibe de ser a terceira roda? Talvez, mas vê-los se distanciando
com outras garotas me incomodou, fiquei chateado. Mas não tenho muito o que fazer.
Me apoio no muro e desvio o olhar, evitando encarar o quarteto, já que eles têm a mesma visão
de onde estou e não quero parecer um idiota bisbilhotando.
Queria entender por que isso está me incomodando, mas, para minha surpresa, escuto uma voz
feminina. Olho para o lado. — Oi, prazer. Sou Rafaela.
Meu coração dá um salto, ela é linda, super gata. Estendo a mão e me apresento. Ela sorri e se
aproxima. Começamos a conversar e percebo que ela é bem direta, gosta de ser franca, e coloca a
mão no meu peito. — Olha só, você é todo malhado, debaixo dessa blusa de frio tem músculos,
será que posso ver?
Essa conversa estava me deixando animado, gosto de exibir meus músculos, então decido
atender ao pedido dela.
Capítulo 12
Eros

Após aquela brincadeira, fiquei pensativo. Não conseguia parar de refletir sobre o que aconteceu
entre nós, como aquelas sensações ainda ecoavam na minha pele.
Para manter a pose e não demonstrar que aquilo me afetou, saí do banheiro e me deitei na cama,
mexendo no celular. Foi então que um pensamento veio para distrair minha mente. Olhei para
Miguel, concentrado em um livro, e para Ravi, imerso em seu jogo no celular. Respirei fundo,
soltando o ar, e decidi falar. — Vou ver as garotas!
Miguel

Eu estava absorto na leitura de um livro quando, de repente, Eros expressa o desejo de ver as
garotas... Olho para ele com um pouco de confusão, mas tudo bem. — Você está falando das
novatas? Que tal darmos uma volta pelos campos?
Ravi
Interrompi imediatamente o jogo quando ele mencionou que queria ver garotas, dei um pulo e
me sentei na cama. — Vamos lá! Quero conferir essas belezuras.
Eros

Parece que eles têm tanto interesse nas garotas quanto eu, percebi que o que fizemos minutos
atrás parece ter sido deletado da mente deles. Levanto-me, vou até o espelho para arrumar meu
cabelo e vejo ambos me observando, provavelmente me esperando. Viro para eles. — Preparados
para flertar? — Eles apenas sorriem.
Enquanto caminhamos em direção à praça na escola, Ravi quebra o silêncio. — Sua ex-
namorada está aqui, Miguel?
Miguel mantém o olhar à frente. — Sim, ela até me mandou uma mensagem agora, quer me ver.
E a sua?
Olho para Ravi, curioso sobre esse assunto que me interessa.
Ele também mantém o olhar à frente. — Não tenho, só estava ficando com umas meninas por aí,
mas quem sabe eu não encontre o amor da minha vida este ano na escola.
Os três acabamos rindo, principalmente Miguel, que solta algumas piadas confusas no ar. —
Sério? Já desistiu de conquistar seus sogros? Não era você quem queria conhecê-los?
Ravi se junta à brincadeira. — Vai me levar para conhecê-los? Se não, preciso considerar outras
opções.
Estou um pouco perdido nessa conversa, gostaria de entender melhor, mas não quero interferir
em uma piada interna, então paro de rir enquanto eles continuam.
Eles percebem que só eles ainda estão rindo e fazendo piadas, então param e me olham. —
Aconteceu algo? — Ambos perguntam.
Dou apenas um sorriso discreto. — Não, gente, tudo tranquilo, só estava observando.
Miguel coloca o braço no meu ombro. — É só brincadeira dele, querendo que meus pais sejam
sogros dele.
Franzo a testa, tentando entender, e Ravi completa. — Estava testando ele para ver se ele é gay.
Olho para Miguel, aguardando sua resposta. — Eu não curto isso, já deixei claro. Você é que fica
testando a minha sexualidade.
Olho para Ravi, que também coloca o braço no meu ombro, e me pergunto quando nos tornamos
tão próximos a ponto de eles fazerem isso com frequência.
— Pelo que sei, sou hétero. Nunca tive interesse em homens. Brinco porque acho engraçado.
Eles param de falar e me encaram, a voz de Ravi chega primeiro ao meu ouvido. — E você?
Miguel segue o mesmo tom. — Tem interesse?
Misericórdia, será que estão me perguntando sobre meu interesse em homens? Levanto as
sobrancelhas. — Já não respondi a essa pergunta há algumas horas?
Miguel persiste. — Mas você tem algum interesse?
Ravi reforça. — Nem um pouco?
Removo os braços deles dos meus ombros. — Agora sou eu quem está sendo testado? — Eles
começam a rir e percebo que é só mais uma das brincadeiras deles. Talvez eu esteja me
acostumando com esse lado deles.
Antes que nossas conversas engraçadas continuem, duas garotas surgem, muito bonitas: loiras,
altas, cintura e quadril largos, toda uma delicadeza, são o meu tipo. Elas olham para mim, mas
sua atenção vai direto para o Ravi e o Miguel.
Uma delas se aproxima do Miguel, segura sua mão. — Podemos ter uma conversa a sós?
Vejo que ele concorda e eles se afastam um pouco, enquanto a outra garota chama Ravi para um
canto mais reservado, e ele acompanha.
Infelizmente, fico ali parado, na vibe de ser a terceira roda? Talvez, mas vê-los se distanciando
com outras garotas me incomodou, fiquei chateado. Mas não tenho muito o que fazer.
Me apoio no muro e desvio o olhar, evitando encarar o quarteto, já que eles têm a mesma visão
de onde estou e não quero parecer um idiota bisbilhotando.
Queria entender por que isso está me incomodando, mas, para minha surpresa, escuto uma voz
feminina. Olho para o lado. — Oi, prazer. Sou Rafaela.
Meu coração dá um salto, ela é linda, super gata. Estendo a mão e me apresento. Ela sorri e se
aproxima. Começamos a conversar e percebo que ela é bem direta, gosta de ser franca, e coloca a
mão no meu peito. — Olha só, você é todo malhado, debaixo dessa blusa de frio tem músculos,
será que posso ver?
Essa conversa estava me deixando animado, gosto de exibir meus músculos, então decido
atender ao pedido dela.
Capítulo 13
Miguel

Estamos rindo e provocando o Eros quando aquelas duas aparecem para cortar o clima. Eu estava
achando engraçado ver a reação envergonhada dele, foi fofo, e não faço ideia do porquê achei
isso, mas me pego tentando animá-lo de alguma forma, talvez o Ravi esteja percebendo minhas
intenções.
Melissa se aproxima, olha para eles e para mim, me chamando para conversar em um canto. Não
queria ir, mas acabo indo, e logo me arrependo quando o idiota do Ravi vai para o mesmo canto
com a Patrícia, deixando o Eros sozinho. Dá para perceber o desconforto no rosto dele daqui.
Olho para Melissa, tentando entender o que ela quer e terminar logo essa conversa. — O que
você quer me dizer? — Pergunto, mantendo o olhar no Eros.
Ela me olha de um jeito meigo. — Quero voltar com você! — Franzo o cenho.
Será que ela esqueceu por que terminamos?
Olho para o Eros e vejo uma garota bonita se aproximando dele, começando a tocá-lo. Ela passa
a mão por dentro da camisa dele e acho aquilo estranho. Melissa continua falando algo, mas não
consigo ouvir. Levanto-me e vou até o Eros. — Ei, não podem fazer isso aqui.

Ravi
Patrícia foi uma das minhas ficantes do ano passado, e me afastei dela porque queria algo sério, e
eu não estava pronto para isso com dezesseis anos. Parece que ela quer tentar algo sério de novo,
até me pergunta se estou solteiro, mas mal presto atenção nela. Vejo uma garota perto do Eros,
colocando a mão por dentro da blusa dele. Resolvo ir até lá, seguro a mão dela, ao mesmo tempo
em que o Miguel diz que não podem fazer aquilo ali. Tanto a garota quanto o Eros se assustam.
— Aí, não deixa ela te tocar assim, pode dar problema.

Eros

Fico confuso com as atitudes deles, mas de certo modo, Ravi tem um ponto. Rafaela faz uma
expressão de raiva. — Vocês arruinaram minha chance com o Eros.
Ela me olha e pisca. — Vou esperar sua resposta, me ligue. — Coloca um papel no meu bolso,
provavelmente com o número dela.
As garotas se aproximam e Melissa segura o braço de Miguel. — Ei, já decidiu? Vamos terminar
nossa conversa.
Patrícia diz algo similar para Ravi, enquanto Rafaela me encara. Essa situação está ficando
estranha. E o pior de tudo é que estou me sentindo carente. — Se não pode ser aqui, então sugira
um lugar para mim e ela nos beijarmos, estou carente e precisando de um consolo. — Rafaela
concorda dizendo estar na mesma situação.
Miguel fica sério, franze ainda mais o cenho e cruza os braços. — Então você quer beijar, Eros?
Passo os dedos pelos lábios. — Sim, eu quero. Vocês estragaram minha chance. — Rafaela
concorda.
Vejo Ravi olhar para Miguel, e este último faz o mesmo, depois ambos me olham. — Vem cá,
quero te falar algo. — Miguel me puxa.
Ravi observa as meninas enquanto eu olho para trás e Miguel me puxa ao mesmo tempo. Eu
consigo apenas escutar. — Ninguém vai se beijar aqui, vão para os seus quartos...
Volto meu olhar para Miguel, que continua me puxando. — Ei, por que está fazendo isso? Está
apertando meu pulso.
Ele para, me encara, percebo Ravi parando atrás de mim, e ambos dizem. — Te levar para beijar!
— Hein? — Fico sem entender nada.
Capítulo 14
Eros

Eles disseram que me levariam para beijar? Será que ouvi corretamente?
Miguel colocou o braço em volta do meu ombro enquanto Ravi seguia à frente. Estava tudo tão
confuso. Miguel ficou em silêncio depois do que falou, e ao chegarmos no dormitório, Ravi já
estava lá. Ele abriu a porta e, ao entrarmos, girou a chave. — Alguém pode me explicar o que
está acontecendo?
Miguel me encarava, então segurou meu ombro e me fez andar para trás até que me vi sentado na
minha cama, com a pressão de sua mão me forçando a permanecer ali.
Ele se sentou ao meu lado, fixando os olhos em mim. — Então, Eros, você mencionou que quer
beijar, certo?
— Sim.
Ravi se posicionou à minha esquerda. — E disse que está se sentindo carente, é isso?
Confirmei com uma expressão confusa.
Sinceramente, estava começando a ficar assustado. Não sabia se entendia o que eles queriam ou
se era apenas coisa da minha cabeça. — Alguém pode explicar o que está acontecendo?
Miguel me encarava, enquanto eu o fitava de volta. Mesmo sem olhar para Ravi, conseguia sentir
sua respiração e o peso do seu olhar sobre meus ombros. Meu coração começou a acelerar, e
Miguel se aproximou do meu rosto, aproximando nossas bocas. — Vou te beijar para que você
se acalme. — Fiquei surpreso e paralisado, sentindo até o frescor da sua respiração.
Mas não foi só ele, Ravi também se manifestou. — Vou aliviar sua carência. — Senti um arrepio
percorrer minha espinha.
Não conseguia dizer nada, apenas permaneci ali, encarando os dois que me observavam.
Realmente, não sabia o que dizer.
Miguel

Aquela garota tocou nele, até passou o número, e parece que quer mais do que só conversa. E de
repente, ele solta que quer beijar, se diz carente? Se isso vaza, vai dar um problemão,
especialmente para ele, que é bolsista. Mas se é um beijo que ele quer, posso resolver isso.
Me aproximo e o seguro pelo pulso, sussurrando algo para Ravi antes de partir.

Ravi

Miguel puxa Eros pelo pulso e, ao virar-se, me convida silenciosamente a acompanhá-los para
atender ao desejo de Eros. Poucas palavras, mas um bom entendimento já decifra sua intenção.
Aquilo me enche de adrenalina, e, por alguma razão, ouvir a voz de Miguel tão próxima e olhar
para Eros desperta minha curiosidade por algo novo, algo diferente.

Miguel
Observo Eros, percebo sua confusão enquanto nos sentamos ao seu lado. Ele ainda não captou
minhas intenções ou está apenas se fazendo de desentendido? Não importa. Ele manifestou seu
desejo por um beijo e confessou sua carência, algo que me instigou.
Dirijo meu olhar para ele, seguro seu queixo, e noto suas bochechas corarem. Ele me encara,
indagando silenciosamente sobre minhas próximas ações. Contemplo seu rosto perfeito, a textura
impecável de sua pele, e aos poucos me aproximo de sua boca para beijá-lo. Percebo seu olhar
fixo em mim, sem relutância aparente, então início um suave movimento de meus lábios contra
os dele, recebendo uma resposta favorável.
Eros realmente deseja esse beijo, então decido saciar sua vontade. Progressivamente, introduzo
minha língua em sua boca, sentindo-o fechar os olhos. Mesmo imerso no momento, percebo o
olhar de Ravi sobre nós e questiono o que ele pensa ao ver-me beijar outro homem. Talvez
desvende essa resposta em outro momento. Agora, foco minha atenção nessa boquinha, fecho os
olhos e me entrego ao beijo.
Capítulo 15
Ravi

Sentei ao lado de Eros, observando tanto ele quanto Miguel. As intenções de Miguel são tão
claras que qualquer um no meu lugar entenderia. Ele quer beijar Eros, posso sentir isso daqui, e é
excitante de uma maneira que nunca experimentei. Agora entendo o que meus pais sentem um
pelo outro. Talvez eu esteja começando a entender o que outros caras que gostam de outros caras
sentem ao beijar outro homem.
Fico ali, observando seus movimentos, focando especialmente em Miguel, que aos poucos
encosta seus lábios nos de Eros. Eros parece não resistir às intenções de Miguel, entregando-se
ao beijo. Miguel ainda me encara, mas gradualmente fecha os olhos, entregando-se a um beijo
mais intenso com nosso novo amigo de quarto. Vejo suas mãos segurando o rosto de Eros para
intensificar o beijo.
Assistir a essa cena me deixa com uma vontade imensa de participar. Abraço Eros por trás, o
assustando levemente, mas como ele não me rejeita e não interrompe o beijo com Miguel, sigo
com minhas intenções. Começo a beijar sua nuca, sentindo seu aroma, especialmente o cheiro
agradável de seus cabelos. A maciez da sua pele contra meus lábios, o aroma de sua pele... aos
poucos, me torno mais ousado, distribuindo não apenas beijos, mas mordidas e chupões pelo
pescoço, ombros e nuca. Avanço um pouco mais, deslizando minha mão por dentro de sua
camisa, explorando sua pele rígida do abdômen. Estou realmente gostando disso,
experimentando o que é estar com outro cara.
Ao perceber que ele não recusa minha aproximação, nem a do Miguel, sinto o impulso de
avançar. Decido então tirar o moletom que parece estar nos atrapalhando, e Miguel, percebendo
minhas intenções, colabora, garantindo que o beijo dos dois não perca o ritmo.
Assim que nos livramos daquela peça de roupa, consigo admirar melhor suas costas, seus braços,
e retomo o que estávamos fazendo antes, só que agora com mais intensidade, sem barreiras. E
para minha surpresa, ouço alguns gemidos escaparem dele. Isso me deixa completamente
atordoado, então interrompo o beijo com Miguel e o puxo para provar também aqueles lábios
que fisgaram Miguel, quero sentir sua língua quente.
Surpreendentemente, Eros introduz sua língua na minha boca imediatamente, e eu me sinto
atraído por isso. Nossos beijos se tornam mais intensos, deliciosos até, ele beija melhor do que
muitas garotas, e nossas línguas parecem estar em perfeita sintonia. No meio desses beijos,
consigo ouvir alguns gemidos de prazer vindo dele. Meu Deus, isso está me deixando louco.
Miguel

Nossos beijos estão incríveis, com a ajuda do Ravi estamos proporcionando muito prazer, e ele
até solta alguns gemidos, indicando que estamos satisfazendo sua vontade de beijar e aliviando
sua carência.
Estava indo muito bem na troca de carícias com ele, até sentir a mão do Ravi puxando o rosto de
Eros. Eu permito, percebo que ele também deseja experimentar o que estou sentindo, então deixo
que ele se envolva, sem julgamentos. Vejo Ravi beijando Eros com a mesma intensidade,
girando o rosto dele suavemente, uma mão mantendo o rosto virado enquanto a outra abraça Eros
por trás. Observo a mão de Ravi acariciando o mamilo dele.
É uma cena excitante, não posso negar, especialmente quando vejo Ravi me olhando enquanto
beija Eros e o toca com tanta intimidade. Ver Eros se entregando dessa forma e Ravi conduzindo
a situação desperta ainda mais o desejo de fazer o mesmo.
Capítulo 16
Eros

Não posso acreditar nisso, os lábios do Miguel contra os meus. Há parte de mim que quer
escapar, mas outra parte está ansiosa para me entregar. Num piscar de olhos, permito que sua
língua invada minha boca, suas mãos no meu rosto intensificam o beijo. Com os olhos fechados,
murmuro para mim mesmo que, se é para se molhar na chuva, então que seja. Entrego-me àquela
boca, sua língua dançando com a minha, num jogo de sucção mútua. Subitamente, sinto o toque
do Ravi.
Sinto um susto momentâneo, mas não me importo. Quero ver até onde isso vai. Esses dois me
deixaram alucinado e excitado desde cedo, então agora eles vão me satisfazer.
Permito que ambos me beijem, me toquem e até tirem minha roupa de cima. Sinto as mãos do
Ravi sobre meus músculos, seus dedos acariciando e estimulando meus mamilos. Essa avalanche
de sensações em meu corpo me faz querer soltar gemidos que nunca escaparam de mim com
nenhuma garota. Parece que meu corpo reage automaticamente ao feitiço desses dois caras que
estão me dominando.
Sinto Miguel se aproximando mais uma vez, sua boca encontra meu pescoço, beija, lambe,
morde, deixa marcas. Vai descendo devagar, seus lábios alcançam meus mamilos, circula a
língua e faz sucções. Estranhamente, estou gostando ainda mais disso, os dois estão sobre mim e
me vejo preso, entregue aos beijos do Ravi e aos toques de Miguel em meu corpo. — Aah. —
Deixo escapar.
Miguel decide ser mais ousado que Ravi. Sua mão desliza até o meu membro e, por impulso,
tento detê-lo. — Você vai gostar. — Ele continua, e eu deixo. Sinto-o apertar de leve.
Nesse momento, o celular toca, percebo que está no meu bolso. Estendo a mão para alcançá-lo,
retiro do bolso e vejo que é minha mãe ligando. Dou um salto da cama. Eles me olham. —
Preciso atender.
Pego meu moletom, o visto e saio do quarto. Preciso de privacidade neste momento para
conversar com ela, especialmente agora, depois do que acabamos de fazer, meu corpo ainda
excitado. Talvez me distanciar deles possa resolver isso.
Saio do quarto e desço as escadas rapidamente, buscando um lugar afastado. Meu coração ainda
bate forte, e meu corpo parece estar em chamas. Se minha mãe não me ligasse, não sei até onde
eu iria permitir que eles conduzissem essa situação ardente.
Minha mãe liga de novo e eu atendo. A conversa gira em torno do meu dia: o quarto, a
alimentação, se fiz amigos e, principalmente, se meu colega de quarto é legal. Como explicar
para ela que são dois, e que ambos são mais gentis do que o normal? Minutos depois, encerramos
a conversa e retorno ao quarto. Para minha surpresa, nenhum deles está lá. Fico pensando para
onde foram depois do que aconteceu.
Mudo de roupa e me deito na cama. Não sei exatamente quando, mas acabo pegando no sono
antes que eles voltem.
Capítulo 17
Miguel

Enquanto deslizo minha língua pelas curvas do abdômen do Eros, explorando seus peitos e
mamilos, sinto à vontade de tocar o volume crescente em sua calça. Enquanto minha língua
continua a explorar seu corpo, deixo minha mão seguir até seu membro, mas antes que eu chegue
lá, ele segura minha mão.
— Você vai gostar. — Minhas palavras escapam antes que eu perceba. — Ele autoriza soltando.
Então, continuo descendo minha mão e começo a dar leves apertadas. Para minha surpresa, Ravi
quer também. Retiro a minha rapidamente, não sei se Eros percebeu. Foi tão rápido que, quando
me dei conta, já estava pedindo para ser minha vez. Ravi retira a mão, e eu a coloco de novo. Me
sinto mais excitado e quero avançar para dentro da calça dele, mas o celular dele toca e nos
afastamos. Eros se veste rapidamente e sai do quarto apressado.

Ravi

Beijo o Eros e percorro seu corpo, mas não consigo evitar olhar para Miguel ocasionalmente.
Quero captar sua expressão, entender como ele está lidando com a situação. Percebo um olhar de
prazer absoluto, algo que nunca vi nele antes. Não que já tenha tido relações íntimas com ele,
mas é como se nunca o tivesse visto tão desejoso por algo, e esse algo é alguém, para ser exato, o
Eros. É fascinante testemunhar esse desejo intenso dele por alguém tão claramente.
Enquanto beijo essa boca incrível que só o Eros tem, me pergunto se meu rosto também mostra o
mesmo prazer que sinto. Seu corpo é um convite que adoro explorar com minhas mãos. Olho
para Miguel de relance mais uma vez e me pego imaginando se o beijo dele teria essa mesma
intensidade, se ele me permitiria explorar seu corpo da mesma maneira que faço com o Eros.
Enquanto mantenho Eros sob minha influência, percebo Miguel acariciando o membro do Eros,
e involuntariamente, faço o mesmo. Nossa, que sensação é essa que estou sentindo ao tocar o
membro de outro cara? É ótima. Fico tentado a colocar a mão dentro de sua calça para ter uma
avaliação melhor, mas hesito, imaginando se ele permitiria. Contudo, enquanto pondero isso,
noto que Miguel compartilha do mesmo desejo e o observo deslizar os dedos para dentro de sua
calça. Antes que pudéssemos satisfazer esse desejo mútuo, Eros deixa o quarto abruptamente por
causa de uma ligação.
Assim que Eros bate à porta, Miguel direciona o olhar para mim. — Vem, precisamos conversar.
Sem hesitar, sigo-o para fora do quarto e ele me leva até uma sala onde sabemos que não
seremos perturbados. Entramos e ele tranca a porta.
Fico em pé, encarando-o, aguardando a conversa que já imagino o tema, mas prefiro que ele
tome a iniciativa. Vejo-o sentar-se numa mesa escolar e encostar-se à parede enquanto me
observa. — Espero que, por enquanto, o que aconteceu hoje fique só entre nós.
— Não sei se você me conhece, mas eu jamais faria algo do tipo.
Ele mantém o olhar em mim. — Eu conheço, só estou reforçando para ver se estamos na mesma
sintonia.
Respondo afirmativamente e asseguro que não há motivos para preocupação, jamais faria algo
contra a vontade de ambos.
Nossos olhares permanecem fixos um no outro e percebo uma mudança em Miguel desde a
chegada de Eros. Ele parece mais descontraído, mais leve; é possível notar isso em seu olhar e no
leve sorriso que se desenha em seus lábios. Considerando o que aconteceu, parece que ele ainda
está imerso nas sensações do momento, e decido deixar minha curiosidade fluir. — Você
também curtiu o que fizemos com o Eros? Não negue, sua expressão entrega tudo.
Ele amplia seu sorriso de forma sugestiva. — Foi ainda melhor do que imaginei.
É impressionante como alguém que horas atrás dizia não se interessar por homens mudou
drasticamente. A influência de Eros sobre ele é notável, e admito que mexeu comigo também.
Em meio aos meus pensamentos, sem perceber, Miguel agarra minha jaqueta e me puxa para
mais perto, prendendo-me entre suas pernas. — Você está afim de mim?
Capítulo 18
Miguel

Estou prestes a enfiar minha mão por dentro da calça do Eros, curioso para sentir aquilo na
minha palma, descobrir a sensação. Mas então, ele deixa o quarto, deixando o desejo ainda
presente em mim.
Decido chamar o Ravi para uma conversa privada e o conduzo para outro local. Assim que
chegamos, me sento e faço um pedido a ele, pedindo discrição. Não sobre o que aconteceu no
quarto, mas sobre a descoberta que acabamos de fazer. Não tenho certeza se somos bissexuais ou
completamente gays.
Não seria prudente espalhar que nós dois "invadimos" os lábios do Eros e que ele correspondeu.
Se essa informação vazar, os outros garotos interessados nele irão querer experimentar o que nós
provamos. Não desejo que eles compartilhem daquilo que experimentei e gostei. O Ravi e eu o
vimos primeiro, ele é nosso. Não quero dividir o que é meu e sou bastante possessivo nesse
aspecto.
Mas isso não é o problema. O fato é que curti muito o que rolou com o Eros junto com o Ravi.
Quando olho para ele, sinto que também curtiu. Não me senti nem um pouco incomodado, nem
senti ciúmes ao vê-lo beijar aquela boca gostosa do Eros. Pelo contrário, só aumentava minha
vontade de beijar o Eros e saber que, ao beijá-lo, estaria indiretamente beijando também o Ravi.
Enquanto estou sentado, imerso no que acabamos de fazer, Ravi me pergunta se gostei. Claro
que sim, foi muito melhor do que imaginei. Não sabia que beijar outro cara traria sensações tão
prazerosas.
E o melhor de tudo é que não foi com qualquer cara, foi com o Eros. Esse cara me chamou
atenção desde a primeira vez que o vi. Antes não entendia por que ele não saía da minha cabeça,
mas o fato de sentir ciúmes daquela Rafaela e, ao beijá-lo, só confirmaram que o Eros, como o
próprio significado do nome sugere, despertou algo mais em mim. E no Ravi também, consigo
sentir isso.
Olho para ele e percebo que está absorto em seus próprios pensamentos. Decido trazê-lo para
perto de mim, enlaçando-o com minhas pernas, impedindo qualquer fuga. Encaro-o e decido ser
direto:
— Você tem estado interessado em mim? Ano passado foi cheio de insinuações.
Seus olhos encontram os meus, não demonstrando desconforto com a proximidade de nossos
membros, ao contrário, parece se acomodar melhor. Sinto a pressão do seu corpo contra o meu,
um calor se formando entre nós, quando ele aproxima o rosto do meu.
— E se eu estiver?

Ravi

Enquanto estamos tão próximos fisicamente, percebo que foi ele quem me puxou. Decido
cooperar e pressiono nossos membros rígidos enquanto escuto sua pergunta se estou interessado
nele. Encaro-o nos olhos e decido responder com outra pergunta.
Miguel mantém seu olhar fixo em mim, e eu continuo a corresponder ao seu olhar. Aproveitando
a intimidade que se estabeleceu, decido tentar algo que me intrigou alguns minutos atrás: saber
se ele beija tão bem quanto o Eros.
Aproximo-me lentamente de seus lábios, e parece que Miguel está captando minhas intenções,
pois ele observa meus lábios sem recuar.
— Quero ver se tua boca é tão boa quanto parece. — Digo, então encosto nos lábios dele.
Ele não recua, permitindo que nossos lábios se toquem. Inicialmente, movo suavemente os lábios
contra os dele, e ele colabora. Parece que ele também compartilha da mesma curiosidade que eu.
Logo, começamos a explorar nossos lábios, nossas línguas se entrelaçando, minhas mãos vão
para a nuca dele enquanto ele segura minha cintura, intensificando o beijo.
É uma sensação incrível... tão prazerosa quanto beijar o Eros. Parece a mesma experiência, sem
diferença alguma. É delicioso do mesmo jeito, quase como se estivesse beijando a mesma
pessoa. Quais são as chances disso acontecer? Nem mesmo quando beijava garotas era assim;
conseguia distinguir as diferenças entre elas, mas esses dois caras são excepcionais, cada um à
sua maneira.
Questiono-me se experimentar beijar outro cara resultaria na mesma sensação. Talvez eu teste
isso para confirmar essa teoria. Talvez..., mas, sinceramente, estou satisfeito com esses dois
lábios à minha disposição neste momento.
Depois de alguns minutos de intensos beijos, paramos por falta de ar. Lembro-me de sentir algo
semelhante com o Eros, pela maneira como ele se envolvia com sua língua, tirando todo o meu
ar enquanto me beijava, como o Miguel também fez.
— Acho que deveríamos voltar, o Eros deve ter percebido nossa ausência.
Miguel concorda e retornamos, porém, ao voltar, percebemos que o Eros já adormeceu. Resta-
nos apenas deitar e ver o que o futuro reserva para nós três. Espero que seja isso e mais, todos os
dias.
Capítulo 19
Miguel

Ravi se aproximou lentamente, seus lábios se movendo enquanto respondia com uma pergunta
provocativa. "E se eu estiver?" O sorriso interno se formou em mim. Aquela resposta era
suficiente para confirmar seu interesse. Parecia claro que ele sempre esteve interessado em mim.
Talvez eu também tenha sentido uma certa atração por ele, mas não pretendia me entregar tão
facilmente. Eu tinha curiosidade sobre como seria estar com outro homem, mas não era qualquer
homem que me interessava. Ser o segundo cara mais desejado da escola me colocava em uma
posição especial, especialmente considerando o interesse que outros caras já demonstraram por
Ravi.
Vi inúmeros tentando flertar com ele, mas Ravi nunca mostrou interesse em homens em geral.
Contudo, comigo, notava-se um tratamento diferente em sua forma de agir e falar, especialmente
nas brincadeiras. Nunca o vi agindo assim com outros garotos, apenas comigo.
Ele até evitava o vestiário, alegando não haver nada interessante por lá e que não queria ver
outros caras nus, insinuando que o que o instigava não estava ali. Fiquei me perguntando se ele
se referia a garotas ou a outro rapaz. Com o tempo, comecei a me questionar se talvez fosse eu,
devido às suas brincadeiras.
No entanto, enquanto ele me beija neste exato momento, tenho certeza de que sempre quis isso.
Agora, questiono se ele quer o Eros também ou só a mim. Vou obter essa resposta mais tarde,
mas por enquanto, vou lhe dar o que deseja: meus lábios, minha língua, minha entrega enquanto
sinto seu calor explorando minha boca.
Sinto a intensidade do beijo de Ravi, como se ele desejasse isso há muito tempo e só agora
tivesse a chance por causa de Eros. Talvez, se Eros nunca tivesse aparecido, eu teria cedido com
o tempo, mas ele nos instigou a ir além da amizade. Gosto de Eros, e espero que Ravi sinta o
mesmo, porque se ele magoar Eros, eu o confrontarei.
Não quero que ele machuque Eros, quero avançar com ele, e se Ravi estiver na mesma sintonia,
eu também o desejo. Deixarei claro para ele que não serei exclusivamente dele, serei de ambos.
Quero tanto Eros quanto estou disposto a ceder para Ravi, aqui, nesta sala escura.
Enquanto nos beijamos com fervor, decido provocá-lo ainda mais, apalpando sua bunda,
aproximando nossos corpos. Sinto sua mão deslizar pela minha camisa, indo em direção aos
meus mamilos, apertando-os. Era evidente que ele desejava isso. Nossos beijos se intensificaram
até o celular vibrar, sinalizando o toque de recolher.
Voltamos ao quarto, mas antes de seguir, o encaro. — O que você pensou ao me ver beijando o
Eros?

Ravi

Naquela noite, depois que nos deitamos, fui dormir pensando na resposta que dei a Miguel:
"Talvez ciúmes por não ter sido o primeiro a te beijar como homem, mas não sinto raiva. Foi
com o Eros, e eu queria beijá-lo tanto quanto você, especialmente depois daquelas investidas que
ele fez no banheiro hoje cedo. Passei o dia todo pensando naquela situação, até você me convidar
para explorar esse sentimento por dentro". Essa foi a minha resposta para ele. Antes de entrarmos
no quarto, ele me confrontou mais uma vez. — Não ouse machucá-lo.
Claro que eu não faria isso, não sou burro. Notei o interesse dele por Eros desde o momento em
que o vimos dormindo. Percebi sua mudança e talvez sinta ciúmes por não ter conseguido
despertar nele o mesmo que Eros fez. Devo dar créditos a Eros, pois ele me deu coragem para
seguir em frente, fez com que eu desejasse ainda mais beijar outro homem. Não beijei apenas
um, mas dois, e não foram apenas dois caras comuns; foram dois homens bonitos e atraentes.
Estou me sentindo incrível por ter ambos no meu quarto e à minha disposição daqui para frente.
Vou aproveitar a companhia de ambos ao máximo.

Eros
Na manhã seguinte, acordei antes deles e corri para o banheiro, decidido a tomar um banho.
Assim que saí do box apenas com uma toalha, o Ravi entrou e ficou me observando. Sem dizer
nada, comecei a escovar os dentes. Ao tirar a pasta da boca, ele me abraçou por trás e, pelo
reflexo do espelho, pude vê-lo beijando minha nuca e deixando chupões em minha pele. — Você
é como uma tela em branco, Eros. Estou ansioso para marcar você mais.
Aquelas palavras me arrepiaram. Ele queria fazer o que fizemos novamente? Me pergunto se
Miguel também pensa o mesmo. Surpreendentemente, Miguel se aproxima por trás e faz o
mesmo que Ravi, beijando meu pescoço. — Seu cheiro é incrível, Eros. — Ele continua me
acariciando.
É bom começar o dia assim, mas se me deixar levar, vamos nos atrasar. Estou morrendo de
fome. Então, meio que os empurro gentilmente e vou me vestir, deixando-os no banheiro com a
porta aberta. Me pergunto onde estavam ontem à noite e por que demoraram tanto, além do que
os levou a me beijarem daquele jeito. Mudaram tão de repente suas preferências sexuais? Ou
eram dois enrustidos?
Quase todos vestidos, continuamos conversando sobre meus gostos, e eles faziam muitas
perguntas sobre o que eu gosto. Respondi a todas. Quando menos esperava, enquanto amarrava o
cadarço do tênis, Miguel se aproxima por trás na cama, me abraça e vira meu rosto. — Eu quero
meu beijo matinal, Eros. — Sinto seus lábios, cedo, e sua língua, com sabor de menta, invade
minha boca.
Não sei o que está acontecendo comigo, mas não consigo dizer não para ele. Na verdade, não
consigo dizer não para nenhum dos dois, porque logo Ravi se aproxima, gentilmente puxando
meu rosto. — Eu também quero meu beijo. — Ele me beija, eu cedo, e faz o mesmo que Miguel,
invadindo minha boca com hálito fresco, enquanto sinto Miguel deixando chupões no meu
pescoço e massageando meu membro. Então, ele sussurra no meu ouvido. — Se já é gostoso
assim, imagine como será de outra maneira, quando for algo mais intenso.
Capítulo 20
Miguel

Termino de me arrumar e não consigo resistir. Preciso me aproximar dele, queria sentir o frescor
da manhã em seus lábios. Subo na cama e o abraço por trás. Ele não se opõe, ao contrário, parece
gostar, se entrega do jeito que gosto.
Começamos a nos beijar, nossas línguas se entrelaçam de forma descontrolada. Eros parece
compreender o quanto desejo seus lábios.
Nesse momento, Ravi se aproxima e o beija. Permito, já que Eros parece gostar de nós dois. Ele
não hesita, não recusa; pelo contrário, se entrega. Isso me excita mais, perco o controle perto
dele. Deslizo minha mão por sua calça, massageando seu membro enquanto beijo seu pescoço,
dando mordidinhas suaves. Pergunto baixinho em seu ouvido. — Você é irresistível, Eros. Posso
ir além?
Ele para de beijar Ravi e volta para mim. Retribuo imediatamente. Entre os beijos, escuto sua
resposta. — Pode...
Ele volta a beijar Ravi e eu avanço minha mão para dentro de sua calça, sentindo o que desejava
desde ontem. A excitação, o calor, e é grande. Muito grande. Queria poder ver, mas por
enquanto, me satisfaço em apenas tocar. Outra hora, farei algo mais com isso.
Ravi
Enquanto beijo Eros, percebo que Miguel pediu permissão para avançar, tocar de forma mais
íntima. Questiono entre os beijos. — E eu, você permite também?
Entre gemidos abafados, ouço sua resposta. — Eu permito os dois...
Peço a vez para Miguel, que relutava um pouco, mas cedeu. Parece que ele estava curtindo,
especialmente ao ver as reações de Eros e suas tentativas de fazê-lo soltar a voz.
Deslizo minha mão e alcanço meu objetivo, percebendo o calor e a firmeza. Dá até vontade de
experimentar na boca, será que ele permitiria? Talvez deixe para outra ocasião. Também quero
fazer isso em Miguel e me pergunto se eles fariam o mesmo em mim. Quero explorar mais, estou
apreciando esses momentos intensos. Parece ser exatamente o tipo de relacionamento que eu
estava buscando.
Eros

Não acredito que agora estou aqui, me entregando para dois caras, e dois dias atrás eu me
considerava hétero. Eles não param de beijar e chupar meus lábios, deixando meu corpo marcado
com chupões, mas pelo menos as roupas escolares cobrem a região mais explorada.
Não consigo resistir a eles, estou curtindo, especialmente quando ambos vêm com a mesma
intensidade. Mas o que tudo isso significa?
Miguel começa a massagear meu membro por dentro da calça, é uma sensação incrível, seus
dedos e anéis proporcionam um toque maravilhoso.
Logo em seguida, Ravi faz o mesmo, seus anéis proporcionam sensações diferentes. Admito, não
imaginava que ser tocado por outros caras seria tão bom.
Entre beijos, toques e chupões, o sinal para o café toca e nos separamos. Todos arrumamos
nossas roupas às pressas.
Estou prestes a sair quando sou impedido por Miguel. Ele me gira, segura minhas coxas, me faz
entrelaçar as pernas em sua cintura e se inclina, mantendo-me entre ele e a porta. Ele parece
querer me beijar, então correspondo, e segundos depois, ainda carregado por ele, olha nos meus
olhos. — Estava ansioso para fazer isso.
Ele me solta, Ravi me puxa, e ele também me ergue do mesmo jeito, pedindo um beijo. Cedo,
mas paramos rapidamente.
Miguel nos lembra da hora. — Precisamos nos apressar para não perder o café.
Corremos para o refeitório e, para nossa surpresa, meninos e meninas foram juntados. Pego
minha bandeja, sirvo-me e quando me viro, Rafaela me puxa para sua mesa com suas amigas,
insistindo para que eu me junte a elas.
Olho para trás e vejo Miguel olhando sério, não para mim, mas para as meninas. — Ei Rafaela,
podia parar de se intrometer?
Ela fica confusa com o olhar de Miguel. Até Ravi se surpreende com a forma como ele falou
com ela. Fico sem entender o que está acontecendo.
Ravi se aproxima de mim e comenta no meu ouvido. — Aquele cara, ele fica com ciúmes das
coisas que gosta, e acho que entendo ele.
Capítulo 21
Ravi

Assim que me virei para acompanhar Eros, percebi Rafaela grudada nele como um carrapato.
Aquela cena me incomodou, mas parecia incomodar muito mais o Miguel. Isso deixou evidente
para mim que ele estava realmente gostando de Eros, de uma maneira mais romântica. Talvez eu
pergunte sobre isso para ele em outro momento. Pessoalmente, não sinto ciúmes se ele se
apaixonar por Eros. Na verdade, sinto algo diferente, algo bom. Vou me gabar disso mais tarde,
meus pais nem vão acreditar.
Aproximei-me de Eros e comentei que Miguel estava com ciúmes, deixando escapar que eu
sentia o mesmo. Ele me olhou de lado e eu completei num sussurro. — Deixa comigo.
Olhei para Miguel e, independentemente de sua resposta, já havia decidido o que faria. — Lá
fora? — Ele me encarou. — Lá fora! — E saiu do refeitório.
Rafaela não largava Eros. — Ei, solta ele. Precisamos discutir sobre o time.
Guilherme, que passava por perto, parou ao nosso lado. — Pare com isso, Rafaela. Você está
incomodando o Eros. Além disso, ele vai se juntar ao nosso time, sem essa de ser atirada.
Admiro o jeito direto de Guilherme. Ele não tem filtro e é um dos poucos por aqui que valorizo
como amigo, alguém para manter por toda a vida.
Rafaela olhou irritada para Guilherme. — Não acredito que você agora está de olho no Eros.
Ouvi dizer que você mal terminou um relacionamento.
Notei a expressão de Guilherme mudar, não parecia ser nada bom. — Se você abrir essa boca
para falar da minha vida pessoal, vou esquecer que você é mulher.
Adorei ver a reação de Guilherme, finalmente aquela expressão triste saiu de seu rosto, mas
também senti pena, pois ele estava sofrendo por causa do Daniel.
— Relaxa, Guilherme, não vale a pena discutir com ela.
Rafaela parecia ainda mais irritada, especialmente agora que todos estavam nos olhando. — O
que vocês estão olhando? Continuem comendo e seguindo suas vidas. — Eles voltaram ao que
estavam fazendo. — Digo.
Virei-me para Eros, que já havia se soltado das garras de Rafaela. — Vamos comer lá fora. —
Ele me acompanha.
(Notas da autora: Fiquem agora com o meu personagem preferido desse universo, na real, ele e
Daniel, apesar de eu amar todos os casais, mas o Guilherme é aquele filho preferido)

Guilherme

Ao entrar no refeitório, deparo-me com Eros sendo praticamente arrastado por Rafaela. Essa
garota consegue me irritar de tantas maneiras, especialmente por ser tão invasiva. Na minha
antiga escola, ela e Carol, duas stalker, viviam atrás de mim. Agora ela está aqui, querendo se
grudar no Eros.
Ao olhar para Ravi e Miguel, noto uma expressão específica no rosto de Miguel. Conheço aquele
olhar; vi isso no Daniel quando Carol me beijou inapropriadamente na frente dele no ano
passado. Isso é ciúmes, e meu radar gay não falha. Miguel está interessado no colega de quarto.
Sei bem o que é isso, e não acho nada anormal, afinal, também fiquei afim do Daniel desde o
primeiro dia que o vi entrar na sala de aula.
Posso estar criando teorias, mas acredito que tenha acontecido o mesmo com Miguel. Confesso
que estou surpreso, mas torço para que eu esteja certo e que isso entre eles dê certo.
Porém, observando mais atentamente a situação, vejo Miguel saindo do refeitório com raiva.
Provavelmente está indo comer no mesmo lugar de antes, mas ainda consigo captar algo entre
eles. Posso ter dislexia, mas minha mente é terrível e criativa o suficiente para captar o que está
acontecendo.
Aproximo-me e escuto o que Ravi diz sobre o time, decido ajudar. Então, Rafaela menciona meu
relacionamento, causando-me raiva. Ninguém substitui meu Daniel. Mesmo que Eros seja bonito
e tudo mais, meu Daniel é muito mais. Ele é o único dono do meu coração partido, só ele
consegue juntar todos os caquinhos. Rafaela tem sorte de ser mulher, ou eu já teria quebrado a
bandeja que está na minha mão na cabeça dela.
Ravi me acalma e vejo que a situação já está melhor. Cada um segue seu rumo.
Capítulo 22
Eros

Caramba, que situação estranha foi essa que rolou há pouco? Enquanto sigo o Ravi até onde o
Miguel está, me pergunto o motivo daquela reação estranha dos dois, especialmente do Miguel,
que saiu com aquela cara fechada. Até o Guilherme me deu um help para sair daquela situação,
porque, mano, eu realmente não estava a fim de sentar com elas, ia ser super esquisito. Na real,
estou me sentindo bem perdido nessa vibe.
Essa parada que está acontecendo entre a gente está ficando cada vez mais intensa, e na próxima,
sinto que eles vão querer avançar ainda mais. Será que isso é só aquela parada de brotheragem ou
tem potencial para virar algo mais? Seja qual for a resposta, nem faço ideia de como reagir.
Se for a primeira opção, significa que eles só estão me usando, e pode rolar de eles enjoarem de
mim depois, aí vai ficar tudo estranho entre nós. Pior ainda se eles me ignorarem de vez ou
começarem a espalhar por aí que rolou alguma coisa entre a gente, tipo, inventarem um monte de
coisa que não tem nada a ver.
Agora, se for a segunda opção, sei lá, mal nos conhecemos. Não faz nem dois dias que a gente se
viu. Qual é a chance dos dois terem desenvolvido algo por mim? Será que isso acontece? Tipo,
os dois ao mesmo tempo? Não, isso não é possível. Estou bem confuso, os dois estão me
deixando assim.
Minha linha de pensamento é interrompida quando me sento com eles e o Miguel fica me
encarando. Não entendo qual é a dele, então é melhor perguntar. — Algum problema? Não sou
adivinho.
Ele muda a expressão. — Não. Está tudo bem. Desculpa pela saída brusca.
Agora estou me perguntando se fiz algo de errado. Só que eu não vou perguntar, porque não fiz
nada. Não sei nem o que está rolando entre a gente. O problema é que estou curtindo, e será que
curtir isso é um problema? Estou na vibe dos dois, sei lá, eles têm uma energia massa e meu
corpo reage quando eles chegam perto. Será que posso me apaixonar por ambos? Ou talvez já
esteja, assim, em tão pouco tempo? Nunca curti outro cara antes, quem diria dois ao mesmo
tempo.
Enquanto como, percebo que tanto o Ravi quanto o Miguel estão me olhando de soslaio, parece
que querem dizer alguma coisa, mas estão se segurando. Vou ter que arrancar isso deles. — Por
que cês estão me encarando desse jeito?
Aí o Ravi desembucha. — Não pode sair por aí contando o que está acontecendo entre nós.
Cara, claro que não vou fazer isso. Ontem mesmo estava dizendo para todo mundo que sou
hétero e, de repente, virar e falar que sou bissexual ou gay assim do nada? Seria esquisito
demais, até para mim. — Por que acham que eu vou sair falando que vocês dois invadiram
minha boca? — Olho para o Miguel também.
Capítulo 23
Ravi

Parece que o Eros entendeu errado, então vou tentar deixar mais claro. — Só quero evitar que
aqueles caras chatos fiquem te incomodando, não quero precisar usar a violência.
Ele me olha confuso, então continuo explicando. — Não quero que eles pensem que você está
disponível para eles. Se algum deles te atazanar, é só me contar que eu resolvo isso.
E eu juro que vou, especialmente se for comigo também. Estou meio que me descobrindo agora,
talvez eu seja bi, sei lá, ou quem sabe sempre fui e não sabia. Mas se alguém me encher o saco
por causa disso, é briga na certa. E se eu for gay, isso não é da conta de ninguém.
Pelo menos sei me defender. Será que o Miguel e o Eros sabem fazer isso? Até dois dias atrás, a
gente estava jurando que era hétero para todo mundo. Agora estamos aqui, três caras que se
pegaram, se beijaram, até tocaram no pau do colega de quarto. Olho de canto para o Eros de
novo, e que corpo ele tem, me deixou até curioso para ver ele sem roupa. Pô, estou virando gay
mesmo. O que o Eros fez comigo? Fico só pensando no que rolou e no que ainda pode rolar.
Estou curtindo, é sério, quero mais... Olho para o Miguel e me pergunto se ele sempre foi gay,
bissexual ou se está se descobrindo por causa do Eros. Queria muito perguntar para ele, saber o
que está passando na cabeça dele e no do Eros.
Queria saber se estou mandando bem, se beijo bem, se estou fazendo tudo do jeito que ele gosta.
Confesso que estou meio que esperando o Miguel tomar as rédeas, mas na próxima, vou fazer do
meu jeito, estou cheio de ideias aqui.
O que rolou é intrigante, e não consigo tirar da cabeça a pergunta que o Miguel me fez sobre me
interessar por ele. Confesso que talvez, sei lá, pode ser que lá no fundo eu estivesse sim
desenvolvendo alguma coisa por ele, mas era amizade. Eu realmente queria ser amigo dele, mas
pode ser que, bem lá no fundo, algo tenha crescido no meu coração. Talvez isso explique as
brincadeiras que fazia só com ele e a vontade enorme de provocá-lo.
Mas o Eros está me provocando a mesma sensação. Só que, diferente do Miguel, sinto uma
atração para beijá-lo e proteção. Me sinto aceito por ele, e até o beijaria agora mesmo se não
estivéssemos num lugar público. Que chances são essas de eu sentir algo romântico pelo Eros e
pelo Miguel? Ou será que já estou sentindo? Não sei, nunca curti outro cara, quem dirá dois? Se
eu contar para os meus pais, eles vão ficar super felizes e vão querer conhecer o Eros logo de
cara. E também vão querer que o Miguel apareça lá em casa, eles são super acolhedores com
gente LGBTQ+, e tenho muito orgulho disso. Se um dia eu for metade do que eles são, já vai ser
um grande feito.

Eros

Ouvindo a resposta do Ravi, eu respondo de imediato a mim mesmo: não estou disponível para
ninguém fora do nosso quarto.

Miguel

Não consigo parar de olhar para ele. Será que estou desenvolvendo sentimentos pelo Eros?
Românticos? Olho para o Ravi e sua resposta vaga sobre gostar de mim ainda deixa dúvidas.
Questiono-me se consigo lidar com dois caras. Nem mesmo sou capaz de lidar com uma
namorada; terminei com ela na primeira oportunidade.
Confesso que, apesar de ter lido muitos livros de diversos gêneros, ler e vivenciar são duas
experiências distintas. O último livro que li era um romance homossexual e, ao ler aquelas
páginas, despertou em mim o interesse de experimentar as coisas românticas que aconteciam
entre dois homens. Talvez, lá no fundo, eu já fosse bissexual. E ter o Ravi flertando comigo e me
encantar com o Eros estão me ajudando a entender quem eu sou de verdade.
Enquanto estou imerso nos pensamentos, o Eros responde somente sobre o momento em que
invadimos sua boca. Paro de comer e decido ser direto, pois sinto que devo isso a ele. — Sabe,
não quero que mais ninguém além de nós dois invada o que é nosso aqui. Você está se sentindo
incomodado? Quer que a gente pare?
Eros
Agora me sinto especial e ao mesmo tempo como um item de luxo.
Ravi

Quase engasgo com o suco... Esse Miguel é idiota ou o quê? O Eros vai achar que ele é um
brinquedo.
Eros

Internamente, quero que continuem me pegando, mas devo uma resposta a ele, na real, para os
dois. — Já que é assim, eu também não quero que pensem que vão só me usar. Eu não gosto de
compartilhar o que é meu e muito menos deixar só vocês se divertirem. Também quero minha
vez.
Miguel
Dou um sorrisinho pervertido, ele disse palavras sábias, não posso discordar da sua razão e
vontade, afinal, todos têm suas necessidades. — Para mim está tudo bem, seja o que você quiser.
— Olho para o Ravi. — Ou o que vocês quiserem.
Capítulo 24
Eros

Nossa, o Miguel foi direto ao ponto, parece que ele deu sinal verde para mim e o Ravi. Então
tento olhar para ambos, e se estamos nos entendendo, como suponho, vou mostrar para eles
quem eu sou de verdade. Não sou apenas um cara bonito, também tenho minhas curiosidades e
desejos. Não sou um Eros à toa, então agora eles terão que lidar comigo. Vou mostrar que
mexeram com o cara errado, pois quando gosto de algo, eu me entrego. Desde que não me
machuquem ou façam algo que me ofenda, como aconteceu com a minha ex, estarei ao lado
deles. Vou mostrar que sei liderar também, e eles não resistirão ao meu charme. Se necessário, os
coloco de joelhos, porque não serei o único a receber, eles também vão me ter dentro deles se
chegar a esse ponto.
Interrompo meus pensamentos assim que percebo o olhar dos dois em mim. — Que comecem os
jogos. — Digo. — E eu início dando uma leve mordida nos lábios e piscando para ambos.
— Não vale desistir no meio do caminho, temos que ir até o fim. — Eles continuam me olhando,
mas sorriem de maneira maliciosa.

Miguel
Parece que finalmente estamos nos entendendo, e assim como eu e o Ravi, Eros também está na
mesma sintonia e curiosidade que nós dois de explorar esse prazer que descobrimos entre nós
três. Eu ainda não sei exatamente o que está rolando entre nós. Pode ser só brotheragem, ou pode
ser que nós três estejamos adentrando num relacionamento. Ainda não tenho a resposta, mas
acredito que chegaremos juntos nessa resposta.
Então, Eros resolve provocar tanto eu como o Ravi com aqueles lábios gostosos que ele tem.
Aquilo já me atiça, e se não estivéssemos tão expostos, eu já teria puxado ele para um beijo e
enfiado minha mão dentro da calça dele. — Certo, está valendo tudo, somente entre nós três! —
Ambos dizem que sim, me passando firmeza.

Ravi

Finalmente, o relacionamento que eu tanto ansiava está avançando. As palavras de Miguel e Eros
soam bem aos meus ouvidos, mostrando que finalmente estou livre para fazer o que quero com
ambos. Mal posso esperar, só espero que eles estejam prontos para acompanhar meu ritmo,
porque tenho muitas ideias e desejos. _ Ótimo, vou pegar os dois de jeito. — Pisco para ambos
enquanto mordo meu lábio inferior.
Mas de repente, o Eros se aproxima, segura minha mão e a leva para seu pau, sussurrando
próximo ao meu ouvido. — Então, você já sabe o que eu quero, hoje, né?
Cara, confesso que o sujeito é ousado. A abordagem dele é arriscada, mas eu já estava com
vontade de experimentar o que ele tem entre as pernas. Olho ao redor e vejo que não há mais
ninguém por perto, pois está quase na hora das aulas. Me aproximo da orelha dele e dou uma
lambida sutil. — Mal posso esperar para experimentar.
Miguel

Ah, não vou ficar de fora dessa, esses dois estão me provocando. Ver eles quase se pegando
assim me fez levantar e sentar do outro lado do Eros. Ao me aproximar, cheiro seu pescoço e
deixo um beijo suave. — E o que você quer que eu faça com você?
Eros se aproxima, morde de leve minha orelha e sussurra. — O mesmo que ele vai fazer. Quero
ver quem consegue me levar ao clímax mais rápido.
Um sorriso brota nos meus lábios e balanço a cabeça levemente, gostei da ideia. Parece que ele
está se revelando, curtindo a nossa companhia de verdade, e fico contente com isso. Talvez eu
esteja começando a me apaixonar pelo Eros, ou eu já estou? Ele não para de chamar minha
atenção.
Enquanto observava os dois, vejo o Ravi se levantar e se aproximar do meu ouvido. — Pode ser
que ainda não goste de mim, mas vou fazer você mudar de ideia... — lambe atrás da minha
orelha.
Ele então vai até o ouvido do Eros. — Digo o mesmo para você. — Ravi faz um carinho no rosto
dele, acima das bochechas, abaixo dos olhos, e vejo que o Eros até cora um pouco. Parece que o
Ravi vê o Eros da mesma forma que eu.
Capítulo 25
Eros

É, parece que as coisas estão prestes a esquentar entre nós. E olha, vejo que eles estão tão
empolgados quanto eu para ver no que vai dar essa história toda.
De um lado, o Miguel sempre tão gentil, e do outro, o Ravi, um pouco mais misterioso, mas
parece ser o mais intenso. Enquanto penso nisso, o Ravi solta uma frase que parece direcionada a
mim e ao Miguel: ele vai nos conquistar. O problema é que eu já estou na vibe deles, mais um
pouco e eu acabo falando até "eu te amo". Confesso, sou daqueles que se deixa levar fácil, é
minha natureza. Só espero que não acabe tendo que juntar os cacos do meu coração em dobro, já
que estou me deixando envolver com dois caras.
Ravi

Podem até desconfiar de mim, mas vou fazer com que confiem e gostem de mim, porque é assim
que sou. Normalmente, fujo de relacionamentos sérios, não gosto de me sentir preso, mas esses
dois caras me deixaram interessado por mais. Aposto que vou curtir cada momento com eles.
Enquanto penso nisso, o sinal toca e levantamos, agindo de boa, como três colegas comuns,
rumo à sala de aula. Enrolamos tanto que nem deu tempo de escovar os dentes, droga.
Na sala de aula, o Miguel e eu já temos nossos lugares costumeiros, mas o Eros, por ser novo na
turma, acaba sentando atrás de nós, junto com o Guilherme.

Eros

Sento atrás deles, ao lado do Guilherme, que parece estar perdido em seu próprio mundo. Daqui,
tenho uma visão clara das costas daqueles dois. Consigo observar suas nuca e pele intocada. A
tela está limpa, mas eu? Serei o próximo artista a deixar minha marca neles. E garanto que vou
fazê-los se beijarem.
Eles acham que sou um idiota, que não percebi nada rolando entre eles, principalmente naquela
noite em que saíram enquanto atendia o celular. Fico me perguntando o que fizeram e onde
foram. Talvez consiga arrancar essa informação mais facilmente do Ravi. Ele tem a língua mais
solta, ou talvez o próprio Miguel me conte. Mas pensando bem, posso provocá-los o suficiente
para ambos contarem o que quero saber. Se estão interessados, terão que colaborar.
A aula começa, e eu fico aqui, observando. Observando a aula e esses dois à minha frente,
conversando com o baixinho. Consigo ouvir o murmúrio, não é nada demais, mas gostaria de
estar na conversa.
— Eles mal se falavam no ano passado.
Olho para o lado, e Guilherme acaba de fazer um comentário sobre os dois. Sussurro. — Explica.
Mas Guilherme prefere escrever, para que eles não ouçam. Leio: "O Ravi vivia provocando o
Miguel, dando indiretas."
Fico surpreso. Rapidamente escrevo: "Você acha que o Ravi gosta do Miguel?"
Guilherme sorri e responde no caderno: "Daniel foi quem percebeu isso. Ele observava tudo e
notou as provocações que o Ravi fazia com o Miguel."
Aquilo estava ficando interessante; Guilherme parecia estar se tornando meu novo melhor
amigo. Então, pergunto baixo. — Que tipo de brincadeira o Dani viu?
Guilherme se aproxima mais do meu ouvido e sussurra: — Uma vez, o Miguel estava sozinho
aqui na sala, e o Ravi entrou. Foi quando o Dani passou bem na hora e viu o Ravi beijar a nuca
do Miguel. Na mesma hora, o Miguel pulou da cadeira, o xingou e saiu. No dia seguinte, eles
agiram como se nada tivesse acontecido.
Me pergunto por que Guilherme resolveu me contar essa fofoca, não vou conseguir dormir com
essa dúvida. — Por que está me contando isso?
Ele responde baixinho. — Porque vi vocês três bem íntimos lá fora. Até vi você levar a mão de
um deles... lá, sabe.
Fico chocado, pensei que não tinha mais ninguém por perto. Se Guilherme viu, quem mais
estaria testemunhando o nosso fogo?
Ele completa. — Mas relaxa, acho que só eu vi. Quase ninguém estava por lá, e confesso que
fiquei chocado.
— Chocado? — Pergunto, franzindo a testa.
— É.… três? Nossa. Quero nem imaginar o que acontece no quarto de vocês à noite. — Ele
termina rindo, com a mão na boca, e acabo rindo junto.
Capítulo 26
Eros

Durante a primeira aula, nem reparei nas pessoas ao redor. Quando o professor deu uma pausa e
saiu rapidinho, a sala se agitou. Aí dei uma olhada e vi caras conhecidas como a Rafaela e as
loiras que têm o Miguel e o Ravi na mira. Elas estavam lá, mas agora que a escola é mista, faz
parte. Eu nem notei muito essa diferença, sempre estudei em escolas assim, mas talvez os caras
que sempre estiveram aqui tenham percebido, especialmente os que curtem garotas.
Enquanto passo meus olhos pela sala, a Rafaela acena para mim, e só arqueio a sobrancelha,
evito o contato visual. Aí olho para a frente e o Miguel me encara de leve. Fico pensando se ele
viu o aceno. Isso me dá uma ideia... chamo ele para dar uma inclinada. Vou provocar um pouco.
Ele se inclina e chego perto do ouvido dele, falando de um jeito que ninguém pode ler meus
lábios. — Com ciúmes?
O Miguel sorri e tenta responder, mas o Ravi toma a dianteira. — Um pouco. Ela é bem
insistente, não vai desistir de você. — Sussurra.
Miguel solta outro sorrisinho. — Acho que ele já respondeu por mim.
Essas palavras me animam a provocá-los mais um pouco. — Ciúmes à toa, somos um trisal
agora.
Os dois me encaram, sorrisos safados no rosto. Não consigo ler as suas mentes, mas imagino o
que passa ali. Mordo os lábios só para cutucar mais um pouco e completo. — Hoje tem diversão!
— Pisco.

Miguel
A aula se inicia e, como é habitual, escolho sentar ao lado do Ravi. Ele aprecia minha
companhia, e sinto-me satisfeito ao perceber que o Guilherme é o companheiro de assento do
Eros. Ele está bem acompanhado.
Ravi inicia uma conversa sobre karatê, e eu me envolvo. Talvez seja uma forma dele buscar uma
aproximação. Fico em dúvida se é apenas um diálogo casual ou se ele realmente deseja
conhecer-me melhor, considerando o que transcorreu enquanto estávamos interagindo com o
Eros hoje.
O professor sai da sala, e somente então percebo a presença das garotas na nossa turma. Ravi
também percebe e observamos a Rafaela tentando chamar a atenção do Eros. Eu volto meu olhar
para o Eros para observar sua reação, e Ravi faz o mesmo de maneira mais discreta. Ele desvia o
olhar e fita-me, surpreendendo-me ao questionar se estou com ciúmes. Claramente estou, mas
antes de eu responder, Ravi expressa o que eu ia dizer.
E, para complementar, Eros torna-se ainda mais ousado, afirmando que somos um trisal. Achei
intrigante ouvir tal afirmação, e ele até morde os lábios, mencionando algo para hoje, uma
provocação sensual que tanto eu quanto Ravi testemunhamos. Ele sabe provocar. Se fosse outra
pessoa, já teria ficado contrariado, mas com Eros, desperta apenas emoção em mim. Ele tem
impacto sobre mim, talvez sem perceber. Se ele está ciente disso, está habilmente engajado nesse
jogo. Estou apreciando essa dinâmica, especialmente por não ser apenas ele a me provocar. Olho
para Ravi, retorno à leitura dos livros; o professor está retornando para a aula.

Ravi
Eu disse que iria liderar esse relacionamento, mas parece que o Eros está no comando. Ele é
mestre em provocação, e eu estou gostando disso. Ele parece não se preocupar em esconder o
que pensa e sente, é ousado, e eu aprecio isso, especialmente por sua sinceridade e disposição
para nos responder sem rodeios.
Okey, estamos numa sala de aula agora, ele está com sorte. Mas assim que voltarmos para o
quarto, ele vai perceber. Não vou deixá-lo escapar, vou beijá-lo com vontade. Olho para o
Miguel, ele também, se ele permitir... corrigindo: ele já permitiu, deu o aval.
Horas depois, finalmente terminamos as aulas da manhã e eu estava faminto. Nós três saímos
rapidamente rumo ao dormitório. Mal deixamos nossas bolsas no chão quando o próprio Eros
nos puxou pelas camisas. — Eu quero beijar. — Ele me beija primeiro, nossas línguas se
entrelaçam enquanto ele segura minha mão e a do Miguel.
Em seguida, ele interrompe o beijo comigo e vejo a língua de Miguel pegando fogo na boca de
Eros, escuto o som dos beijos, os gemidos sutis dos dois. Vê-los se beijando me excita ainda
mais, quero me juntar a eles. Eros percebe que os encaro e interrompe o beijo com Miguel, puxa
minha nuca e faz o mesmo com ele. — Quero sentir a língua de ambos ao mesmo tempo.
Cuidem, me deixem mais louco.
Não resisto ao pedido, me aproximo e percebo que nem Miguel recua. Eros se aproxima e nossos
lábios, respiração, línguas e os gemidos sutis que só ele sabe fazer tornam-se uma avalanche de
sensações. Nós três nos envolvemos num beijo triplo, e só posso agradecer ao Eros por
proporcionar algo tão intenso, prazeroso e gostoso.
Sinto a boca de Eros se afastar e suas mãos guiam meu rosto e o de Miguel para continuarmos. E
adivinha? Miguel não hesita, me beija com intensidade. Incrível, vou ficar doido beijando dois
caras incríveis.
Eros então puxa Miguel para beijá-lo, e ele corresponde. Eu não fico parado, me aproveito dos
dois, beijando seus pescoços, passando a língua. Tenho uma enorme vontade de deixar minha
marca no pescoço de Miguel assim como deixei no Eros.
Decido não perder a chance. Vou para trás de Miguel e percebo que Eros teve a mesma ideia,
começando a chupar o pescoço dele antes de mim. Faço o mesmo do outro lado, e isso me faz
perceber que Miguel realmente deu carta branca para qualquer coisa entre nós três. Sua
expressão e sua voz demonstram que ele está se entregando a nós dois.

Miguel
Eu mal posso acreditar no que acabou de acontecer. Um beijo triplo. Se eu contasse para o meu
eu do passado, ele provavelmente não acreditaria, muito menos se eu descrevesse a sensação e
dissesse que é uma das melhores experiências que já vivi. E mais, estamos numa perfeita
sincronia, os beijos, as carícias e os desejos estão todos em uma conexão perfeita.
Depois de alguns minutos, sinto a boca do Eros seguindo em direção ao meu pescoço,
exatamente onde o Ravi também decidiu explorar. Ambos começam a me envolver em seus
braços e a chupar meu pescoço. Eles realmente querem deixar suas marcas em mim, e eu
permito. Quero sentir ambos, quero me entregar a esse prazer e ver até onde isso nos levará.
Eros para de me chupar e me puxa. — Agora, Ravi. — Suas breves palavras me fazem entender
o que ele quer.
Observo Eros beijar o pescoço de Ravi e, em seguida, chupá-lo. Então, faço o mesmo, beijo o
pescoço dele do outro lado, dou algumas lambidas e começo a chupar. Estamos marcando
território? Me pergunto. Se é assim, então por mim tudo bem, estou aproveitando muito isso.
Enquanto o chupo, sinto a mão de Ravi percorrendo meu corpo. Acho que sei onde ele quer
chegar, então permito. Vendo que não há resistência da minha parte, ele aperta meu membro e
começa a massagear.
Paro de chupá-lo e olho para ambos. Eros está beijando Ravi e sua mão está no mesmo processo,
mas com Ravi. Não consigo acreditar no que estamos fazendo.
Eros para de beijá-lo e procura minha boca. Sinto sua mão indicar que quer tocar em mim, e Ravi
concorda. Sinto a massagem enquanto continuamos a nos beijar. Ravi não perde tempo e beija
nossos pescoços suavemente, sinto-o roçar em mim e em Eros, me pegando imaginando nós três
nus.
O clima está tão envolvente que o sinal para o almoço toca, e só então percebemos que estamos
com fome. Nos separamos.
Eros sorri para nós. — Intenso, né?
— Demais... — respondo.
— Do jeito que eu gosto. — Diz Ravi.
Eros abre a porta do quarto e nos olha. — Continuamos mais tarde. — Seguimos para o
refeitório.
Capítulo 27
Ravi

Caramba, mano, o que foi aquilo entre a gente agora? Sinto-me completamente deles, com
marquinhas dos dois. Meu Deus, Eros, você chegou e bagunçou tudo o que eu e o Miguel
tínhamos. Eros, você é incrível, eu pensava que você era todo inocente, mas aposto que é o mais
pervertido de nós. Estou cada vez mais interessado em você, curioso para ver o que você vai
aprontar mais tarde. Você é demais, cara. Passo o braço em volta dos ombros dele enquanto
caminhamos em direção ao refeitório e comento: — Estou nas nuvens.

Miguel

Dou uma olhada para o Ravi e percebo que ele está curtindo mesmo o que está rolando entre nós.
Olha só a expressão que ele faz, grudado no Eros desse jeito. Entendo ele, estou na mesma com o
Eros. O cara tem um jeito, sabe? Ele causa um impacto, em mim pelo menos, sem fazer muito
esforço, louco isso. E o mais doido é que entre nós três, não rola nem um pingo de vergonha ou
ciúmes, pelo contrário, acho que se um de nós ficar de fora, vai fazer falta. Pelo menos, é o que
eu penso, uma hora eu testo essa teoria. Estou bem ansioso por essa noite, o Eros me deixa
empolgado pra caramba. Estou virando outro cara. Aí, apoio meu braço no ombro do Eros
também e passo a mão no cabelo dele, dando uma leve acariciada. — Tamo junto nessa brother.

Eros

Pô, o que está rolando com esses dois? Parecem que tão chapados, falando a mesma língua. Será
que é sobre o que rolou agora pouco? Se for, eu sou o cara, vi os dois se pegando na minha
frente. Se eu me esforçar mais, aposto que consigo um showzinho de pegação entre eles bem na
minha frente. Vou derrubar esse muro que eles construíram, vão ficar tão soltinhos que nem vão
lembrar onde estão.
Chegamos no refeitório e pegamos nossa comida, seguimos como 'amigos' para o lugar de
sempre do Miguel, mas adivinha? Lotado, só minas lá, Rafaela, e aquelas duas loiras.
Olho para o Miguel e ele já está quase bufando. — Estou começando a ficar de saco cheio dessas
garotas. Na verdade, dessas três.
Dou uma risadinha do comentário dele, Ravi também. — Que tal acharmos um lugar mais
tranquilo, se é que me entendem.
Eles me olham, e já sei que tão pensando o mesmo. Ravi dá a ideia. — Conheço um lugar massa,
let's go.
Ravi nos guia até uma construção próxima ao campo de rugby, um lugar que parecia um
depósito. — Que abatedouro é esse, cara? — Pergunto, curioso.
Eles riem e Ravi pega um molho de chaves. — Nosso novo spot para relaxar. — Ele dá uma
piscadela.
— Ih, o clima está esquentando. — Miguel comenta.
Subimos uma escada e chegamos a uma área com janelas, quase uma sala vazia com tatames no
chão. — Para que será que usavam esse lugar? — Miguel expressa sua curiosidade.
Deixamos nossas bandejas numa mesa ali perto e nos sentamos. Ravi resolve abrir o jogo. —
Costumava ser usado por alunos antigos, meu pai até frequentava, mas acabou abandonado. Ele
vinha para cá para relaxar e dar umas fumadas.
Enquanto conversamos e comemos um pouco de forma descontraída, percebo que ali mesmo tem
até um banheiro para escovar os dentes, então aproveitamos para fazer isso.
Dou uma olhada no relógio. — Ainda temos trinta minutos, quem quer me dar uns amassos? —
Provoco, e os dois se aproximam de mim de uma vez.
Capítulo 28
Eros

Assim que mencionei quem estava afim de um amasso, os dois vieram na minha direção. Miguel
foi o primeiro a me puxar para o beijo, e eu entrei na vibe, colocando minha mão na nuca dele.
Enquanto exploramos essa troca de beijos, só consigo pensar que nunca beijei tanto assim na
vida, especialmente por várias horas seguidas e em dias seguidos, mas estou batendo esse
recorde com Miguel e Ravi. Meus lábios estão quase inchados de tanto que eles me beijam e eu
retribuo na mesma medida.
Sinto o Ravi deslizando uma mão por dentro da minha camisa, enquanto a outra se aventura em
dar uma apalpada na minha bunda, acompanhada por alguns sussurros soltos. — Não vejo a hora
de experimentar isso aqui. — Me pego surpreso por dentro. Esse cara já está planejando os
próximos passos, mas, convenhamos, quem de nós não está? Até eu já me peguei pensando em
comer os dois.
Mas o Ravi é direto, não hesita nas palavras e está dando a entender que quer mais do que só
beijos. Paro de beijar o Miguel e encontro os lábios do Ravi, que entra no clima sem demora. O
Miguel sussurra no meu ouvido: — Certeza que é ainda melhor. — Ele aperta minha bunda
enquanto a outra mão vai para o meu... você sabe. — Estou me sentindo desejado, mano.
Mas eles é que se enganam que só eles vão desejar minha bunda, eu vou mostrar que quero
também e agora eu quero ver se eles vão até o fim também.
Paro de beijar o Ravi e, num movimento rápido, seguro a mão dele e dou um giro, prendendo-a
atrás das costas dele. Ele fica meio perdido, mas de boa, sem reagir. Aproximo meu corpo,
encostando ele na parede, e chego perto do ouvido dele, o fazendo sentir toda a minha animação
lá embaixo, o pressionando.
— Estou tão ansioso quanto você, cara. Deve ser demais na cama. — Ele solta um sorrisinho
maneiro, e ainda encostado na parede a gente volta a se beijar. Aí o Miguel chega por trás, a mil
na pegada, sentindo o pau dele roçando em mim, enquanto suas mãos exploram meus mamilos e
ele beija meu pescoço.
Aí eu paro de beijar o Ravi, dou uma olhada para trás e encontro os olhos do Miguel, que parou
de me beijar no pescoço. O jeito como ele me encara dá a entender que ele espera que eu fale
alguma coisa, e claro que eu tenho algo em mente.
— Você também não vai escapar ileso, bonitão. Aposto que é bom na mesma medida. — Solto a
frase, e ele me agarra para um beijo intenso. Deixo o Ravi de lado e viro para o Miguel, na
mesma sintonia.
Ravi não perde tempo e se aproxima do Miguel, como se compartilhasse da mesma curiosidade
que eu, louco para descobrir os segredos por trás do Miguel, como ele é por dentro e que sons ele
solta. Abro os olhos, encaro o Ravi e o ouço cochichar perto do ouvido do Miguel.
— Vou fazer você gemer meu nome. — O vejo apertar a bunda dele.
Nossa, esses dois só me deixam mais empolgado! Quando o Ravi disse isso, o Miguel parou de
me beijar e o puxou para um beijo, e o Ravi topou na hora. Caramba, estou chocado, zero
vergonha, pura energia!
Haha, essa situação está demais! Enquanto eles se beijam, dou uma olhada pelo lugar, vejo no
relógio que ainda tem uns dez minutos. Me aproximo dos dois e solto:
— Antes de irmos, bora fazer uma coisinha.
Eles param, olhando para mim, cheios de expectativa. Pego o Miguel, peço para ele se esticar
num cantinho confortável, e ele topa na hora, encostando a cabeça numa almofada. Aí, seguro o
Ravi pela mão, me firmando nele enquanto me sento no Miguel e a gente se aproxima. Miguel
solta um sorrisinho de quem está curtindo, e começo a me mover, roçando nossas partes
animadas juntas, e ele embarca na onda, segurando minha cintura.
Com uma mão segurando a do Ravi, olho para ele e falo: — Agora é sua vez, deita aí. — Ele
obedece e eu faço a troca, agora estou na mesma vibe em cima dele. Só consigo pensar o quanto
essa situação é maluca, mas deixa para lá, curto o momento, beijo o Ravi, paro, e depois dou um
beijo no Miguel. Não dá para negar, está bem gostoso se esfregar neles e beijá-los.
Aí eu dei uma olhadinha para o Miguel, na malícia. — Quer experimentar a sensação, também?
Capítulo 29
Rafaela

Cheguei nesse internato determinada a curtir ao máximo, afinal, sou jovem e quero aproveitar
tudo. Lá atrás, eu estava a fim do Guilherme, mas descobri este ano, pela Carol, que ele é
gayzão. E, graças a ela, o tal Daniel foi mandado para longe. Isso é um segredo que levo para o
túmulo, não quero confusão com a família dela, e se o Guilherme descobre, sei que vai sobrar
para mim, e eu não estou a fim de dar explicações desnecessárias. Ele que se vire para descobrir
onde foi parar o namorado dele, porque nem eu sei, só sei que a Carol deu um jeito nele. Ainda
bem que divido o quarto com a Patrícia e a Melissa, elas são de boa, já a colega da Carol, cruzes,
é a pior pessoa que já conheci. Por isso desisti do Guilherme, não queria ser alvo também.
Logo no primeiro dia, as meninas me chamaram para ver o Ravi e o Miguel na praça. Fui mais
para não ficar sozinha no quarto e, quem sabe, encontrar alguém interessante.
Elas foram logo atrás dos seus alvos e notei um terceiro garoto. Meu Deus, que cara! Lindo
demais, um verdadeiro deus grego. Ele vai ser meu namorado, sem dúvida. Me aproximo dele.
— Prazer, sou a Rafaela.
Ele parece gostar da minha abordagem, e de perto, é ainda mais bonito. Se apresenta como Eros.
Meu Deus, estou diante de um deus grego de verdade, até o nome combina, estou impressionada.
E o corpo dele, musculoso para a idade. Será que acertei na loteria? Quero muito que ele seja
meu namorado. Seríamos a dupla mais popular da escola, pelo menos entre as quatro: Patrícia,
Melissa, eu e ele. Elas estão com seus alvos, e se conseguirem, seremos as rainhas do pedaço,
como em 'Meninas Malvadas'.
Pelos poucos minutos de conversa, percebo que o Eros é animado como eu. E isso é ótimo,
afinal, não gosto de caras que ficam guardando tudo para o futuro. Nunca se sabe o que o dia
seguinte reserva, então, por que não viver o agora? E ele parece ser do tipo que sabe aproveitar.
Seu jeito de falar, olhar e até respirar exala um deus grego. Estou fervendo, quero tocá-lo.
Pergunto se posso mexer debaixo do seu moletom, e ele deixa. Nossa, que sensual! Seus
músculos estão firmes. — Vocês não podem fazer isso. — O Miguel e até o Ravi se intrometem.
Eros parece indignado, mas interessado em me beijar ali mesmo. Porém, aqueles idiotas insistem
que não podemos. Droga, mas isso passa por hoje. Teremos o ano todo para eu conseguir minha
chance com o Eros, e eu vou conseguir.
No dia seguinte, interagi com o Eros no refeitório e deu uma baita confusão. Aquele cara, o
Guilherme, que é gay, já está de olho no meu Deus grego. Deixa pra lá. Ele teve sua vez com o
tal Daniel, que todo mundo dizia ser o mais bonito do ano passado, mas agora parece que até os
caras que curtem outros caras estão de olho no Eros. Não vou permitir que eles "convertam" o
Eros para o "vale do arco-íris". Ele é bonitão e delicioso demais para virar gay e eu não poder
aproveitar esse pedaço de homem.
O problema é que eles sempre arrancam o Eros de perto, que raiva. Mas vou ter minha
oportunidade mais cedo ou mais tarde.
Na aula, chamei a atenção do Eros, que passou a maior parte do tempo conversando com o
Guilherme. E estou começando a ficar irritada com o Gui. Tudo bem ser gay, mas ficar de olho
em todos os caras bonitos que aparecem é demais. O Eros não curte homens, pelo menos é o que
percebi nas nossas poucas conversas. Será que ele sabe que o Gui é gay? Vou alertá-lo, vai que o
Gui tenta dar em cima dele.
No horário do almoço, eu ia falar com o Eros para almoçar com a gente, mas ele saiu correndo
com aqueles dois, pareciam estar numa competição.
Depois, lá fora, a Melissa sugeriu comermos longe do refeitório, porque parece que o Miguel não
come lá e ela quer almoçar com ele. Então fomos todas para fora. Só que o tempo passa e eles
não aparecem. O que será que aconteceu?
Capítulo 30
Miguel

A ousadia do Eros está indo longe, mas tenho que admitir, ele e eu somos assim, autênticos.
Quando nos dão liberdade, mostramos nossa verdade. Sinceramente, estou adorando essa ousadia
dele. Isso só aumenta meu interesse. Fico imaginando qual será seu próximo passo.
— Quem quer me dar uns amassos? — Ele perguntou.
Fui rápido em responder. Nos beijávamos, minutos depois, quando ele olhou nos meus olhos e
disse que iria me possuir da mesma forma que eu insinuei mais cedo, concordei, assim ele disse
que faria o mesmo com o Ravi, e o Ravi já havia dito isso antes, mas a invertida de Eros fez ele
ceder também, concordando com aquele sorrisinho safado. Não demorou muito para o Ravi
expressar seus desejos no meu ouvido, desejando o mesmo, fazer-me gemer seu nome. Não
resisti e o beijei também.
Depois, Eros teve a ideia de se esfregar em mim no chão, me beijando. Ver Eros sentado sobre
mim dá a impressão de que estamos realmente fazendo amor. Mal posso esperar para vê-lo sem
roupas, mostrando seu corpo e ao mesmo tempo se movimentando sensualmente sobre mim.
Tenho certeza de que ele se sairá bem nisso; parece ser muito experiente na cama. Não vou me
decepcionar, e sei que não o decepcionarei.
Ele parou de se esfregar em mim para ir até o Ravi e fazer o mesmo, em seguida me perguntou se
eu queria fazer o mesmo. Foi inesperado. Até o Ravi ficou surpreso. Acho que nenhum de nós
tinha pensado nisso, estávamos tão focados nas investidas do Eros que certas possibilidades nem
passavam pela nossa mente. Mas para tudo há uma primeira vez. Peço a vez e Eros sai de cima.
Vejo o Ravi corar e sua expressão denuncia incredulidade. Acho que ele se pergunta se eu
realmente vou me sentar nele e me esfregar. Dou um sorriso leve e me posiciono sobre ele, sem
encostar ainda. Fitando-o, mordo meus lábios, provocando-o, e ele cora ainda mais. Então, eu me
sento. Começo a me movimentar, percebendo o quanto estamos excitados.
Ravi

Sério mesmo que ele vai fazer isso? Vai se sentar em cima de mim igual o Eros? Mano, estou
chocado.
Ele se senta e começa a fazer o mesmo que o Eros, usando os lábios para me provocar.
Internamente, eu estou tipo gritando, tipo "cadê o Miguel todo na dele, de boa em casa?" O cara
que era linha reta e nada a ver com minhas brincadeiras. Agora, soltou tudo, graças ao Eros, e
está rebolando no meu pau com um olhar super sedutor. Meu Deus, o mundo dá mesmo umas
piruetas, ele virou a mesa total. E sabe de uma? Estou curtindo demais esse novo Miguel, está me
deixando louco igual o Eros. Quero os dois como meus namorados, sério.
Enquanto observo essa cena, tão incrível quanto a que o próprio Eros protagonizou, ele solta: —
Já imaginou nós três fazendo isso sem roupa? — Tanto eu quanto o Miguel viramos para olhar o
Eros.
Cara, estou amando essa vibe, e as melhores ideias estão vindo desse deus Eros, né? Não é à toa
que ele é o cara do amor, está fazendo a gente se jogar completamente um no outro. Enquanto eu
estava nessa, o Miguel solta: — Estou dentro! — E olha só, até o Eros ficou surpreso com isso.

Melissa

Ouço os rapazes comentando que Miguel costuma almoçar sozinho em um lugar específico.
Chamo as meninas para me acompanhar, evitando levantar suspeitas. Sentamos juntas e
começamos a conversar sobre nossos possíveis futuros namorados ou até uma reconciliação com
ex-namorados.
No meu caso, precisei me desdobrar para convencer meus pais a me transferirem para o internato
em cima da hora. Quero reatar com o Miguel, e vou conseguir. Eu o amo e admito ter sido meio
tola por deixá-lo escapar, reclamando que ele não me dava atenção suficiente ou tempo para nós.
A vida de Miguel se resume basicamente a estudar nesta escola e a futura herança da empresa do
pai, preparando-se para se tornar CEO. Ano passado, nos vimos pouquíssimas vezes, e quando
tentei cobrar mais atenção perto do Natal, ele terminou, dizendo que o amor havia esfriado e que
não queria continuar.
A princípio, concordei por raiva, mas no dia seguinte já estava arrependida. Decidi então vir para
esta escola para tentar reatar, mas até agora não consegui captar a atenção dele. Vou esperar por
ele aqui hoje, mas o tempo passa e, infelizmente, parece que terei que encontrá-lo em outro
lugar. Ouvi dizer que ele é capitão do time de karatê; talvez eu me inscreva nessa aula extra para
ter uma chance de vê-lo.

Eros

Caramba, estou impressionado com o clima que está rolando entre a gente. Vi o Miguel se
movendo de um jeito bem sensual com o Ravi, só aumentou minha empolgação. E olha só, ele
até topou se esfregar, nós três, sem roupa. O cara está nessa com a gente, na real, nós três
estamos. Aí cheguei nele e rolou um beijo, diferente, suave, e quando fui até o Ravi, o beijo foi
parecido, com ele fazendo carinho no meu rosto e cabelos. Será que foi só impressão minha ou
rolou algo diferente mesmo?
O sinal tocou e o Miguel saiu de cima do Ravi. A gente se olhou, soltou umas risadas, pegamos
nossas coisas e descemos para devolver as bandejas no refeitório.
No caminho, a conversa foi sobre nossos planos futuros. Eu estou de olho em medicina, talvez
até busque uma bolsa em outro país, meu inglês está afiado.
O Ravi quer jogar rugby na Austrália por um tempo e depois cuidar dos negócios meio mafiosos
da família dele, coisa que eu ainda estou tentando entender.
E o Miguel vai herdar os negócios da família, mas antes quer estudar um tempo nos EUA.
Ouvindo isso, parece que nossos caminhos vão se separar quando terminarmos esse ano.
Eu quero muito ser médico, mas não um qualquer, quero explorar, estudar numa baita
universidade lá fora, conhecer o mundo, ir além desse país. Quem sabe, um dia, quando eu tiver
alcançado meus objetivos, eu volte para o Brasil.
Olho para eles e vejo que tão na mesma vibe que eu, percebendo que nossos caminhos vão se
separar logo e que esse ano é nosso último juntos. O futuro é meio incerto depois disso. Então,
decido tomar uma decisão que pode ser ou não aceita por eles. Já que a gente chegou a um ponto
de querer se envolver, não custa tentar.
Respiro fundo, digo "vamos lá" para mim mesmo. Seguro as mãos deles, faço eles olharem para
mim e decido perguntar algo que está martelando no meu coração, algo que surgiu há pouco,
menos de dois dias, mas que sinto que é certeza. — E aí, vocês topariam ser meus namorados?
Tipo, formar um trisal, nós três juntos?
Capítulo 31
Miguel

Ouvir sobre cada um seguir caminhos diferentes depois daqui me deixou um tanto melancólico.
Não esperava por isso, estou apreciando bastante a companhia deles, mesmo que seja por esse
curto período. Eu e o Ravi já compartilhamos dois anos juntos no ensino médio, mas agora
parece diferente, não sei explicar. Então, o Eros me surpreende ao segurar minha mão e dirigir a
pergunta, tanto a mim quanto ao Ravi, sobre sermos seus namorados, formar um trisal. Essa
questão não me pega de surpresa, pois já a tinha na ponta da língua, mas o Eros, sempre
surpreendente, foi mais rápido. Sem hesitar, olho para os dois e respondo: — Sim. — E seguro a
mão do Ravi, é claro que aceito os dois.

Ravi

Eita, Eros, você leu meus pensamentos! Estava na ponta da língua, mano. Estava meio para
baixo pensando nisso de a gente se separar depois desse ano, mas não quero deixar essa chance
escapar, saca? Quero aproveitar muito a vibe com vocês, pelo tempo que quiserem estar juntos
comigo. Aí, resolvo responder, mas o Miguel se adianta e solta um "sim", olhando para nós dois.
Esse "sim" dele dá a entender que ele também me quer, pelo menos é isso que parece quando ele
pega na minha mão e diz que aceita nós dois. Eu não esperava isso dele. Estou surpreso. Acho
que até fiquei meio corado. Aí, eu completo: — É isso aí, com certeza. Eu estou dentro para ser
namorado dos dois.

Eros

Uau, consegui algo surpreendente: dois gatos concordaram em ser meus namorados. Estou
chocado, me sinto incrível! Tenho certeza de que vou despertar inveja em homens e mulheres
desta escola. Se o que temos se tornar público, não vou ligar. Há apenas dois dias eu me declarei
hétero, mas por eles, estou disposto a ser gay este ano. Se essa relação perdurar por mais tempo,
continuarei sendo gay por causa deles. No momento, meu foco são eles. Um sorriso largo no
rosto, solto suas mãos, olho ao redor, coço a orelha e me aproximo de Ravi. Planto um beijo
suave nos lábios dele, e ele aceita sem hesitar.
Em seguida, me viro para Miguel, que me puxa suavemente pela cintura e me oferece um beijo
suave e prazeroso.
Olho para ambos, provocando. — Falta só vocês.
Ravi se aproxima, segura o rosto de Miguel e os dois se beijam.
Então comento: — Só falta um beijo triplo. — Cruzo os braços. Eles olham ao redor, percebendo
que não há ninguém por perto. Se aproximam de mim e, juntos, selamos um beijo triplo.
Gostei. Senti algo diferente, como se fosse mais querido. Então, sugiro: — Esta noite podemos
aprofundar esse beijo triplo. — Eles concordam.
A tarde ainda não tinha acabado. Teríamos aulas em laboratórios e depois das três, atividades nos
clubes, como esportes. Eu planejo dividir meu tempo entre o karatê e o rugby, e seria
interessante ter ambos como capitães e passar mais tempo juntos. Só espero que não se cansem
de mim.
Voltamos para a sala, ou melhor, para o laboratório onde será nossa próxima aula, e, sério, vocês
não vão acreditar no que estou vendo. As únicas mesas vazias são aquelas três garotas, cada uma
em uma mesa. Parece que foi armada, tipo, um plano Bino.
Uma das loiras agarra o Miguel, a outra pega o Ravi, e sobra para mim a Rafaela. Que
reviravolta, hein? Se fosse dois dias atrás, estaria todo animado para ficar com ela, mas agora
estou comprometido, não estou disponível para a mulherada. Eros aqui tem que lidar com o
dobro de preocupação com meus dois namorados.
Olho para o Guilherme e vejo que ele também está com uma garota ao lado. Se não tivesse
ninguém com ele, eu mudaria para a mesa do meu novo amigo. Julgando pela cara dele, está
muito mais desconfortável do que nós três. A garota ao lado dele, Carol, não para de tentar
chamar sua atenção. Foi o que ouvi na chamada, mas algo me diz que ela não é flor que se
cheire.
Capítulo 32
Miguel

Meu coração quase saltou quando Eros propôs o namoro. Olhei para Ravi e, sei lá, deixei me
guiar pelo que sinto por ambos. Preciso agir conforme meu coração. Eles retribuem e também
querem ser meus namorados. A felicidade estampada em seus rostos aquece meu coração. Nunca
pensei ser motivo de tanta alegria para dois caras - um que conheço há tempos e outro, embora
pouco, sinto algo além do físico. Parece até coisa de livro, mas agora vivo esse trisal. Minha vida
deu uma reviravolta e que loucura isso tudo.
Após selarmos nosso namoro com beijos, voltamos para a próxima aula no laboratório, onde
temos uma surpresa. Minha ex logo me puxa para perto dela e tento me soltar, mas ela é
persistente. Olho para meus namorados e vejo que estão na mesma situação. É embaraçoso e
complicado lidar com essas situações. Espero manter a calma, mas sei que perco rápido,
especialmente se alguma delas tentar beijá-los.
Tenho vontade de tornar nosso relacionamento público para afastá-las, mas não sei se seria
sensato. Nós três dividimos o mesmo quarto e se a supervisão descobrir, podem querer nos
separar. A decisão tem que ser conjunta e, sinceramente, não sei se eles também querem que isso
seja público. Se dependesse só de mim, tudo bem. Sei que até poucos dias atrás eu me
considerava hétero, mas as coisas mudam, as pessoas mudam. Por eles eu sou gay, mas apenas
por eles.
Ravi
Cara, sinto meu coração querendo sair pela boca a qualquer momento, é surreal ter dois
namorados incríveis. Mal posso esperar para contar aos meus pais. Estou super emocionado. Será
que eles curtiriam usar símbolos de compromisso? Meus pais têm joalherias, poderia mandar
fazer algo especial para nós três. Vejo meus pais admirando suas alianças às vezes, acho isso tão
fofo.
Minha mente estava tranquila, pensando no que posso fazer por eles, quando tive que lidar com a
Patrícia. E, para complicar, essas duas não desistem, grudadas nos meus namorados. Está difícil.
Queria poder dizer que eles são meus namorados, mas não sei se querem tornar isso público.
Para mim, tudo bem, mas a questão da escola e direção... se isso der problema, podem querer nos
separar. Não quero ficar longe deles. Talvez Miguel possa resolver isso com o tio dele, o diretor
Armando, caso dê confusão.
Além disso, sei que até dois dias atrás me considerava hétero, mas, sinceramente, dane-se. Por
eles, eu sou totalmente Gay.

Patrícia

Desde o ano passado, tenho investido tempo no Ravi. Vou à casa dele, sou amiga das irmãs, me
lembro do aniversário dele e de várias outras coisas. Até agora, foi só uns amassos, mas quero
mais do que isso. Quero um relacionamento sério, que ele me peça em namoro ou até mesmo eu
faça isso, desde que seja algo sério. Especialmente agora, com outras garotas de olho nele,
principalmente por ele ser popular ao lado do Miguel e agora do Eros. Não vou deixar nenhuma
outra garota roubar o Ravi de mim.
— Podemos conversar depois dessa aula? — Pergunto enquanto a aula continua.
Ele mal olha para mim e responde: — Sobre o quê?
Não quero falar sobre isso aqui, pode ser que outros escutem. — Preferia um lugar mais
reservado.
Sem me olhar de novo, ele diz: — Se é sobre nós, não estou disponível. Já estou namorando.
Meu mundo desmoronou. Namorando? Quando e com quem? Ele sempre fugiu de
relacionamentos. — Eu conheço?
Ravi, concentrado na aula, responde: — Conhece.
Pergunto se é alguém da escola, e ele confirma. Agora estou furiosa. Quem é essa garota que
chegou antes de mim? — Quem é?
Ele fica em silêncio, continua escrevendo, então insisto. — Não vai me dizer?
Ele olha sério para mim. — Minha vida pessoal não é da sua conta.
— Curioso como você sempre evitava compromissos, se dizia descompromissado, e agora
resolve ter algo sério com alguém da escola. Isso é uma piada, certo?
Um sorriso irônico surge em seu rosto. — Você não entenderia mesmo se eu explicasse, muito
menos se desenhasse.
Achei essa resposta dele grosseira, não parece o mesmo Ravi. Quem é essa garota? Quando
descobrir, vou fazer a vida dela um inferno.
Capítulo 33
Eros

Eu ouvi o Ravi dizendo que já está namorando, e quase soltei um baita sorriso. Queria beijá-lo
agora, mas vou deixar isso para mais tarde. Tenho tantas coisas em mente, mas vou com calma,
temos um ano inteiro para curtir e quem sabe muito sexo a três.
Estava perdido nos meus pensamentos, todo feliz com esse lance novo de namoro, quando sinto
o braço da Rafaela me envolver. — O que está rolando? — Afasto o braço dela.
Ela sorri meio sem jeito. — É que estou gostando de você.
Ela foi direta, uns dias atrás eu poderia até ter me empolgado, mas estou comprometido com dois
caras incríveis. Estou de boa. — Desculpa, Rafa, mas já estou comprometido.
Vejo a surpresa no rosto dela. — Mas não parecia naquele dia lá na praça. — Ela diz irritada.
Dou um sorrisinho, ela não está errada, mas esses dois caras aí me conquistaram. — Você está
certa. Mas hoje eu pedi quem eu gosto em namoro e fui aceito.
Ela parece ainda mais surpresa. — E quem é? É daqui da escola?
Ela já quer saber demais, não sei se eles querem tornar nosso relacionamento público, tudo bem
para mim, mas não é só decisão minha. E sei que a Rafaela já está irritando o Miguel e o Ravi.
Vou ter que cortar as asinhas dela. — Não posso falar, é segredo. — Volto a me concentrar nos
estudos e ela se cala.

Miguel
Minha visão e audição estão a mil, entendi claramente o que essas duas querem dos meus
namorados. O Ravi foi direto, ponto para ele, o Eros também, do jeitinho peculiar dele, é claro.
Tento me concentrar na aula, quando a Melissa me passa um bilhete. "Podemos conversar depois
da aula?" Ela realmente quer insistir em voltar comigo. Nem se estivesse solteiro, não rolaria,
não sinto mais nada por ela. Não dá para forçar.
Respondo no caderno: "Sobre o que você quer falar?" Ela pega o caderno para responder: "Sobre
nós!"
Parece que ela acha que temos uma chance, mas não vou prolongar isso. Pego o caderno dela e
escrevo: "Estou namorando, por favor, não insista."
Ela pergunta se é sério, olho sério nos olhos dela. — Você já me viu brincando com esse tipo de
coisa? — Ela parece entender e isso me alivia. Já passou da hora. Agora, posso curtir minha vida
de trisal, estudar tranquilão, e vamos ver o que o futuro reserva. Só quero que a noite chegue
logo, estou ansioso para curtir com eles. Nunca me senti assim antes.

Guilherme

Caramba, não basta ter perdido meu namorado Daniel, agora essa Carol louca insiste em me ter.
Será que preciso tatuar "sou gay" na testa? Porque, olha, está complicado já. No ano passado, ela
fez questão de mostrar para minha madrasta fotos minhas e do Daniel na maior pegação na praia.
Minha madrasta contou para o meu pai, e aí soltei o verbo, falei que sou gayzão, que gosto de
homem mesmo, que me acabo metendo gostoso, que eu adoro tudo que eles têm no meio das
pernas, de chupar uma rola, de quicar gostoso numa pica e tudo mais.
A briga em casa foi tensa. Meu pai ficou chocado, minha madrasta abismada, meu irmão mais
novo, o Cássio, morrendo de rir — outro gay sortudo que eu não vou expor. O único que ficou
do meu lado foi o Bryan, irmão gêmeo do Cássio, e me pergunto porquê, já que ele e eu não nos
dávamos bem. Mas depois disso, o Daniel sumiu, e de repente o Bryan está todo amiguinho
comigo. Será que ele sabe de alguma coisa? Ele jura que não, só quer ser uma pessoa melhor.
Ao menos, agradeço a Deus que ele e eu nos entendemos. Quanto ao Cássio, parece me odiar
profundamente. Deve ser porque ele também gosta do Daniel e sabe que nunca terá chance com
um cara daqueles. Ele não tem o charme, a beleza e o encanto que eu tive para conquistar o meu
Daniel.
Estava absorto em meus pensamentos quando a doida me larga um beijo no rosto. — Tu tá
louca? Eu sou gay, caramba! Vou ter que passar soda cáustica no rosto. — A sala toda ri.
Se puder fazer essa garota passar o máximo de vergonha possível, farei, porque tenho certeza
que ela é uma das culpadas pelo sumiço do Daniel. Além disso, ela não tinha o direito de contar
para ninguém sobre a minha sexualidade. — Arruma vergonha na cara, você nem é bonita! —
Completo, e a sala ri novamente.
Poderia sentir pena, mas não tenho. Ela não sabe com quem mexeu, e um dia vou me vingar dela
e de todos que ousaram atrapalhar minha linda história de amor gay.
Capítulo 34
Ravi

Aquela aula pavorosa finalmente teve fim, e nós três combinamos de nunca mais deixar isso
acontecer. Guilherme fez questão de fazer dupla com um de nós para evitar ficar próximo da tal
Carol.
— Vou treinar com a galera. Estou empolgado para esse ano com o time. — Avisei aos meus
namorados que iria treinar com o Gui. Eros disse que iria depois, pois precisava entregar a
papelada sobre as aulas extras, e o Miguel conferir quem se inscreveu para as aulas de karatê
antes de estudar.
Digo até logo para eles e sigo com o Gui para o campo. Estou empolgado, cheio de energia.
Quero extravasar um pouco, já que estou bem ansioso por essa noite. Quero distrair minha mente
com uma das coisas que gosto: jogar rugby.

Guilherme

Assim que estávamos prestes a começar o treino, alguém bate no meu ombro. Viro-me e vejo
que é meu irmão Bryan. Ele está no segundo ano e veio para o internato este ano. — O que você
quer, Bryan? Quer se juntar a nós? — Questiono.
Ele recupera o fôlego, claramente veio correndo. — Sim.
Ravi fica animado, pois sabe que Bryan é dedicado, e eu também, já que estou curtindo essa
nova fase dele. Enquanto termino de trocar de roupa, Bryan solta uma pergunta aleatória, como
tem feito ultimamente. — Como está sendo o seu dia, irmão?
Acho isso meio estranho. O dia nem acabou, e ele sempre lança essa pergunta. Respondo: — Até
agora, tudo bem. Mas poderia estar melhor se o Sr. Atrasadinho estivesse aqui comigo.
Chamo Daniel de Sr. Atrasadinho desde o primeiro dia de aula, quando ele chegou atrasado. E
teve aquela vez que adiantei o relógio do quarto para fazê-lo pensar que estava atrasado. Aquilo
foi hilário, jamais vou esquecer a reação de desespero dele.
— Quer saber mais alguma coisa? — Pergunto, sério.
Ele nem me responde, está ocupado no celular. Mais tarde, se aproxima para trocar de roupa.
Observo-o e não consigo deixar de notar como ele é estranho.
Segundos depois me pego pensando no meu namorado de novo, sinto uma enorme falta dele.
Não consigo superar o sumiço do Dani. Algo está acontecendo, e eu não consigo entender. Sinto
falta do abraço dele, da cor da sua pele, das horas que passávamos juntos na cama. Lembro-me
das carícias nas suas costas, dos beijos pelo seu corpo atlético, da forma como explorávamos
cada centímetro um do outro.
Nossa primeira vez foi mágica. Foi uma chance que jamais pensei que Daniel me daria, e quando
aconteceu, eu soube aproveitar cada segundo.
Lembro-me de cada detalhe, mesmo com a minha dislexia, não esqueço do nosso primeiro
encontro no nosso dormitório. Fui algo sem palavras e, embora ele fosse um pouco inexperiente,
e eu também, deixou-me guiar a maior parte das coisas. Mas rapidamente se soltou, repetindo
cada movimento comigo.
Eu percebi o esforço dele para me agradar. Lembro-me da sensação do calor da sua boca no meu
corpo, boca, e no meu pau, cada sucção, cada beijo, cada movimento da sua mão massageando
suavemente, nossa! Como eu adoraria sentir tudo isso de novo. Por que perdi alguém tão
perfeito? Isso me irrita tanto!
É tão estranho como tudo mudou. Receber aquela mensagem dele antes de sumir e trocar de
número, dizendo que não era gay, foi um choque. Eu quase consigo ver o sorriso nos seus lábios
ao mandar essa. Como alguém pode passar meses quicando gostoso no meu pau, me comendo
gostoso na mesma intensidade, me beijando freneticamente e dizendo o quanto me amava,
compartilhando tudo, e de repente dizer algo assim? É como se ele tivesse sumido da minha vida
sem um adeus, sem uma explicação.
Mas vou encontrar o Daniel um dia. Ou quem sabe o destino nos traga de volta um ao outro.
Dessa vez, estarei pronto para segurá-lo nos meus braços, para não deixar ninguém se meter no
que é nosso. Vamos dizer ao mundo que nos amamos, sem precisar nos esconder. Enquanto
espero por esse dia, tentarei seguir em frente.
Espero, de coração, que ele tenha uma boa razão para ter partido sem uma despedida. Por mais
confuso que pareça, meu coração diz para confiar nele.

Daniel

Todo dia, desde que parti, encontro refúgio na minha luta contra essa doença, sabendo que meu
namorado - ou ex, ou melhor amigo, ser mais perfeito que já conheci, ou todos esses adjetivos
bonitos - está bem.
Bryan, o irmão dele, sabe toda a história por trás da minha saída repentina para outro país, sem
dizer nada. Foi melhor assim. Conheço o Gui, e se ele soubesse o quanto minha doença é séria,
acredito que sofreria tanto quanto eu. Não quero que ele me veja em minha pior fase ou
testemunhe minha partida. Parece coisa de filme, mas é o melhor a fazer.
Minha partida sem aviso prévio, com apenas uma mensagem mandada "Não sou gay", contendo
ironia, vai ajudá-lo a seguir em frente mais rapidamente. Enquanto isso, estou aqui, na Austrália,
me fortalecendo com as mensagens que Bryan me envia sobre o Guilherme e alguns áudios que
ele consegue capturar da voz dele. Só de ouvir a voz dele, meus olhos se enchem de lágrimas,
mas também sinto meu coração se encher de esperança para continuar lutando contra essa
doença.
Capítulo 35
Ravi

A maioria dos caras do time já está se aquecendo, ansiosos pela temporada. Esta será a última e
queremos fazer valer a pena. — Vamos, rapazes! Mais um troféu este ano para garantir a terceira
vitória consecutiva. Nada de vacilos! — Gritei, recebendo acenos de concordância.
Enquanto termino minha frase, percebo que as arquibancadas estão lotadas de garotas, algumas
até acenando para mim. Finjo demência, especialmente ao avistar Eros se aproximando. Seu
sorriso único fez meu coração bater diferente. Será possível amar alguém tão rápido? Nunca me
apaixonei assim antes, mas acredito que desta vez foi real, será que se eu ver Miguel vindo assim
na minha direção, vou pirar o cabeção também?
Eros se aproxima, todo charmoso, vestindo apenas uma camiseta preta folgada, seus ombros
definidos em destaque. Olho para sua roupa e noto a mudança: agora ele usa uma calça preta
rasgada no joelho. Nunca prestei tanta atenção na vestimenta de um cara antes, mas não posso
evitar de perceber o quanto Eros está atraente naquelas roupas. É a primeira vez que presto
atenção nesse detalhe. Talvez eu também olhe com outros olhos para o Miguel quando ele se
aproximar. Agora que eles são meus namorados, acho que vejo as coisas de maneira diferente. E
não posso negar, eles têm estilo.
O Eros vem vindo e percebo umas garotas chamando por ele. Olho rapidamente na direção delas
e reconheço alguns rostos. Mas ele nem está ligando para elas, está só vindo sorrindo na minha
direção. Parece cena de filme, até a forma dele andar parece toda pensada para ser estiloso o
tempo todo. Cara, que gato!
Ele chega e para na minha frente. — Estava morrendo de saudades do seu namorado? — Ele
solta, sorrindo. Quero dar um beijo nele, mas me seguro. Dou um jeito de passar o braço por
cima do ombro dele e dou um cafuné discreto nos cabelos só para não bagunçar, aí me aproximo
do ouvido dele. — Um montão! — Respondo, sorrindo também.
Pergunto pelo Miguel e ele fala que ele está chegando logo. Aí eu fico todo animado e ele
pergunta se quero que ele participe hoje. Claro que quero! Peço para ele ir na frente para o
vestiário e aviso para os meus colegas que já estou voltando.
Entro na esteira atrás dele e fecho a porta do vestiário. Ele percebe e sorri, passando de forma
sedutora o dedo nos lábios, lançando-me um olhar safado.
— Vem me pegar, garotão.
Caramba, aquilo foi um gatilho. Parto para cima dele, o ergo e o faço sentar numa mesa ali perto.
Começamos a nos beijar freneticamente. Por puro instinto, retiro sua camisa enquanto ele se
prende em mim. A excitação está claramente crescendo entre nós. Meus lábios descem pelos
seus mamilos e eu simplesmente não resisto. Gosto de ter cada parte sexy do corpo dele na
minha boca.
Então avanço para a calça dele. Ele vai ter que tirar isso de qualquer jeito, então o ajudo. Sem ele
sair de cima da mesa, eu mesmo tiro a peça enquanto trocamos sorrisos pervertidos. Deixo-o
apenas de roupa íntima, e é a primeira vez que tenho uma visão completa do corpo dele quase
desnudo. Caramba, como é possível sentir tanto tesão só de olhar para ele?
Ele nota que o admiro. — Quer tirar mais alguma coisa? — Ele me lança essa pergunta,
puxando-me para perto, e agora consigo sentir até melhor sua excitação.
Passo a ponta dos meus dedos na beirada da sua roupa íntima, dando a entender que vou tirar. —
Está curioso? — Ele pergunta.
Chego perto do ouvido dele, dou uma lambida, uma mordida leve, e respondo: — Você nem
imagina o quanto.
Mas justo quando parece que vamos avançar, ouço os caras nos chamando do lado de fora e
paramos. Ele se veste e, infelizmente, a diversão terá que ficar para mais tarde, junto com
Miguel, que será ainda melhor entre nós três.

Eros

Eu adoro provocar esses dois sempre que tenho a chance. Agora mesmo, após ver o Ravi fechar
a porta e lançar aquele olhar cheio de intenções, eu o provoco para que ele venha até mim. E ele
não hesita. Deixo que ele tire minha roupa, concentra-se no meu abdômen e começa a brincar
com meus mamilos. Isso me enlouquece. Nunca pensei que ter essa parte do meu corpo na boca
de outro cara pudesse proporcionar um prazer tão intenso. E quando são os dois, fico ainda mais
extasiado.
Ainda não experimentei ter um de cada lado, e decido que hoje à noite é a noite para isso
acontecer. Minha mente está cheia de ideias, sempre elaborando novas possibilidades para
explorarmos juntos entre quatro paredes. É incrível como eles me fazem esquecer até meu
próprio nome às vezes. A sorte de ter prazer dobrado, ou seria triplicado? Já não sei mais, eles
têm esse poder sobre mim.
Quando finalmente tiro minha calça, percebo o desejo dele em ver o que está escondido sob
minha peça íntima. Mal posso esperar para que ele veja, mas o momento não é agora. Ouvimos
alguém nos chamar lá fora, e percebo que Miguel logo estará conosco. É melhor eu vestir a
roupa do treino.
Enquanto me visto, ele me puxa para mais um beijo delicioso. Aperto seu pau e sussurro: —
Gostoso! — Ele sorri ainda mais gostoso.
Saímos do vestiário e avistamos Miguel se aproximando ao longe. Esperamos ele chegar. Ele
vem com um estilo todo próprio, vestido de maneira adequada para o clima frio da região. Uma
camiseta preta por dentro com a estampa da banda Black Sabbath, jaqueta de couro, calça preta e
um cinto mais largo. Ele caminha em nossa direção com um sorriso discreto, quase mordendo os
lábios. Ele está tentando nos seduzir, Ravi e eu cochichamos sobre isso.
Meu coração parece querer sair pela boca vendo ele desse agora por Miguel, jeito, nesse ângulo,
com aquele sorriso maroto e a vibe única que só ele tem. Cruzo os braços e me pego pensando se
isso é amor? Eu sinto aquilo que rolou quando eu estava no lugar dele indo na direção do Ravi
uns minutos atrás. As garotas estavam jogando umas indiretas, mas tudo que eu via naquele
momento era o Ravi na minha frente, com aquele sorriso que é só dele. Sério, estou quebrando
todos os recordes com esses dois esses dias.
Na arquibancada, algumas meninas cochicham o nome dele, mas nós olhamos um para o outro e
dizemos em uníssono: — Ele é nosso! — Depois, voltamos nossa atenção para Miguel
novamente. Quando ele se aproxima, soltamos quase em uníssono: — Que gato!
Capítulo 36
Ravi

O treino começou há quase uma hora, e já dá para ver o quão bom o Eros é nesse esporte. Ele
comentou sobre ter jogado algumas vezes na antiga escola dele. A gente compartilha essa paixão
pelo rugby, mas diferente de mim, ele não quer seguir isso como carreira. Poxa, a gente poderia
ir juntos pra Austrália ou Nova Zelândia, tenho parentes nesses lugares e acho que a gente se
daria bem por lá, com o apoio da minha família. Seria irado ter o Miguel também. Mas deixa
para lá, não quero pensar nisso agora. De qualquer jeito, não vou desistir deles tão fácil.
— Ei, joga para mim, Eros! — Grito enquanto ele avança em direção ao time rival.
Seguro a bola, vejo dois caras vindo para cima de mim. Como estou perto das traves, decido
arriscar e chuto um “drop goal” que vale três pontos. A bola passa pelo travessão. — Toma essa!
— Comemoro.
Eros está pertinho, então corro e abraço ele. Os outros caras chegam animados, mas logo se
afastam e solto o Eros. Até ouço ele sussurrar. — Só queria uma casquinha, né? — Respondo
que sim.
O jogo finalmente termina, e vejo o Eros entrando no vestiário. Droga, esqueci de avisar para ele
não deixar as coisas lá, aqueles dois caras assumidos da escola vão pegar no pé dele.
Faço um sinal para o Miguel e corro para o vestiário, esperando que ele tenha entendido. Entro e
vejo o Henrique encarando o Eros.
— E essas marcas no seu pescoço? Quem te marcou? Foi mulher ou homem? Isso parece
recente, tipo de ontem, está bem roxo. — Questiona.
Eros leva a mão ao pescoço, olha sério para eles. — Não é da sua conta!
Henri tenta pegar o braço dele, mas chego antes. — O que você está fazendo?
Ele ri. — Relaxa, só estava conversando com o Eros. Vai que ele muda de ideia e vira gay.
Eros solta um sorriso. — Mesmo se eu virar, você não teria chance!
Henri dá um sorriso e se aproxima do Eros. — Então isso significa que você não é hétero. Quem
te marcou? Foi alguém do seu quarto ou já tem uma crush?
— Acho melhor parar de ser tão invasivo. Não é da sua conta quem foi que fez isso. — Eros vira
as costas, Miguel na porta, seguindo ele. Eu saio logo atrás, olhando para eles. — É melhor
ninguém mexer com ele.
Antes de sair, Henri diz. — Então foi você?
Prefiro ignorar por enquanto. Preciso falar com meus namorados, alcanço os dois.
— Está tudo bem? — Pergunto para o Eros.
Ele olha para os lados, Miguel em silêncio, depois volta para mim. — Sem motivo, mas se ele
continuasse, ia tomar um soco.
Miguel passa o braço nos ombros dele. — Relaxa, o cara é um idiota.
Eros diz que está de boa, não ficou chateado. Fico mais aliviado. Avisei para ele evitar o lugar
depois dos treinos. Ele diz que nem vai mais se não for comigo e me dá uma piscadinha.
Miguel bagunça o cabelo do Eros, e passa o braço no meu ombro. — Então vocês estavam se
divertindo sem mim?
Eros confirma, eu também. Miguel diz que antes de irem para o campo, eles também se pegaram,
então está tudo certo.
Menos esperado, já estamos no quarto. Jogo minha bolsa na cama, Eros faz o mesmo. Miguel
senta na cama dele, e nós três nos encaramos. Era agora, nosso momento a três ia começar e seria
intenso. Então eu digo para mim mesmo, vamos lá Eros, é você quem manda!
Miguel

Entendi perfeitamente o sinal do Ravi e me dirigi até lá, mas ainda bem que o Eros não se abala
com as piadas daqueles idiotas.
Chegamos no quarto, me sento na cama, vejo eles colocando suas mochilas em suas camas
também, e nós três nos encaramos. Quero iniciar nossa diversão, mas prefiro deixar o Eros
liderar, aposto que será mais divertido assim.
Eros

Eles me lançam sorrisos maliciosos, suas expressões aguardam minha iniciativa. É meu
momento de liderar? Ótimo, já sei como começar.
Desvio o olhar para o chão, solto um risinho, deslizo a mão no bolso, pego meu celular, escolho
uma música e volto a encará-los. — Vocês vão achar meio brega, mas é assim que eu entro no
clima. — Deixo uma música romântica preencher o ambiente.
Começo a me despir. — Vocês podem fazer o mesmo.
Miguel se ergue e segue, Ravi o acompanha. Nós três vamos nos despindo sem desviar o olhar,
até que percebemos que estamos desnudos. Pela primeira vez, temos a visão completa um do
outro. Finalmente, posso admirar as tatuagens que o Ravi tem pelo corpo, noto uma também no
peito do Miguel.
No entanto, não são apenas esses detalhes que observo; são os corpos. Percebo que Ravi possui
mais músculos do que eu e o Miguel. Imagino que eu e o Miguel devemos ter corpos bastante
semelhantes, embora ele seja mais alto. Ele deve ter a mesma estatura que o Ravi.
Claro que também direciono meu olhar para o que está entre suas pernas. Nossa, já estão
totalmente excitados? Ou estão no caminho para a excitação total, assim como eu?
Continuo observando e sem roupas eles se tornam ainda mais atraentes. Cara, parece que me
tornei gay. Fico hipnotizado olhando para os corpos nus dos meus dois namorados.
— E então, Eros, qual é o próximo passo? — Pergunta Miguel.
— Estou ansioso, Eros. — Ravi completa.
Vendo o quanto estão ansiosos, os chamo para o banheiro. Eles me seguem e entramos juntos no
box. E estou exatamente onde queria estar, no meio deles, com seus corpos pressionando o meu,
enquanto ligamos o chuveiro.
Capítulo 37
Miguel

Eu e o Ravi estávamos simplesmente aguardando o sinal do Eros. Desta vez, concordamos que
seria melhor ele liderar. Mais cedo, cochichei com o Ravi, pedindo para não pressionarmos o
Eros a nada. Ele garantiu que não tinha essa intenção.
E então, Eros percebe que estamos esperando por ele e escolhe uma música para complementar o
clima, algo significativo para nos deixar sem fôlego. Ele alega que vamos achar brega, mas se
engana. Gosto dessa música, é do meu filme favorito, “Top Gun”. Ela é perfeita, a tradução está
me arrebatando enquanto nos despojamos das roupas, revelando seus corpos diante de mim.
Em questão de segundos, ao compasso da música, estamos nus, e finalmente tenho a visão que
tanto ansiava. Primeiro, observo Eros, talvez tenhamos corpos semelhantes, apenas diferindo em
altura. Gosto do que vejo. Olho para a região central e, caramba, é realmente grande. Se ele
resolver tomar a iniciativa, será uma experiência e tanto.
Dirijo meu olhar para o Ravi. Ele tem um físico muito mais imponente que o nosso, mais
atlético, repleto de tatuagens. Nem imaginava que ele tinha tantas assim, são bem escondidas sob
seu estilo.
Agora que ele se tornou nosso namorado, meu olhar para seu corpo mudou, é cheio de desejo,
especialmente ao contemplar aquele peitoral malhado que ele adora exibir. Vou me deliciar com
isso mais tarde. Assim como com o Eros.
Após contemplar esses dois namorados atraentes que tenho, pergunto sobre os próximos passos.
Eles nos chamam para o banheiro. Deixo o Ravi entrar primeiro, enquanto Eros o segura pela
frente e empurra ele para dentro do box. Eu, então, seguro o Eros por trás e entramos juntos.
Pressiono meu corpo contra o Eros e vejo o Ravi fazer o mesmo pela frente. Uau, que calor, que
sensação nova e prazerosa. Nossas mãos se movem juntas para ligar o chuveiro, mas é a mão do
Eros que alcança primeiro, abrindo a água que começa a cair nas costas do Ravi e aos poucos em
nós.
Ravi

Tenho que admitir que a música tornou o ambiente mais interessante. Nunca imaginei que um
dia teria dois namorados, sentindo tanto desejo ao vê-los nus à minha frente. É uma experiência
incrível que estou vivendo. Meu corpo estremece só de admirá-los. Seus corpos são perfeitos.
Quero tocá-los, deixá-los saber que me conquistaram e que estou disposto a vivenciar qualquer
experiência com eles daqui para frente.
É quase inacreditável pensar nisso, especialmente agora que estou contemplando o que estava
curioso para ver: a intimidade entre nós três. Prazer em dobro, ou seria em triplo? Sinto essa
vontade, mas prometi a Miguel que não forçaria nada com o Eros, e realmente não quero. Recebi
uma boa educação dos meus pais sobre o respeito aos sentimentos de quem gostamos. Observo
como eles se tratam, com respeito mútuo, e é assim que quero agir.
Enquanto eu admirava seus corpos definidos e a tatuagem recém-revelada no Miguel, e desviava
o olhar para suas ereções, sou trazido de volta à realidade pela voz de Miguel perguntando sobre
o próximo passo para Eros. Ele nos chama para o banheiro. Entro atrás dele, e o Eros me segura
pela frente, empurrando-me cuidadosamente para o box, lançando um olhar sedutor enquanto
morde e lambe os lábios. Miguel vem logo atrás, e rapidamente estamos os três dentro do box,
corpos pressionados, com Eros no meio. Caramba, estou adorando isso.

Eros
A música lá fora, em loop no meu celular, está ajudando a intensificar o clima aqui dentro. Entre
esses dois, consigo sentir claramente a excitação que têm entre as pernas. À frente, o Ravi,
consigo até sentir seus pelos, e parece que o pau dele só aumenta.
Por trás, sinto Miguel roçando, encaixando-se perfeitamente na minha bunda, outro pau enorme.
Sinto-me prestes a tremer, à beira de perder a consciência a qualquer momento, com a sensação
de ter seus paus e corpos me pressionando de ambos os lados. Sem contar que sinto o abdômen
do Miguel atrás de mim, suas mãos acariciando enquanto beija minhas costas e nuca. Enquanto
isso, Ravi faz o mesmo no meu pescoço, pressionando todo o seu corpo contra o meu. Que
sensação maravilhosa, agora estou viciado nisso. É tão gostoso, e a água quente caindo sobre
nossos corpos só intensifica o que estamos fazendo ao som da música lá fora. É realmente de
tirar o fôlego.
O Miguel começa a me dar leves mordidas por trás, chupões, aperta a minha cintura com mais
força, sussurra que está louco por mim, e pela frente o Ravi começa a morder e lamber os meus
mamilos, e entre pausas me olha e diz que eu o deixo descontrolado, e caramba, fazer tudo isso
nu é ainda melhor do que eu imaginei. E olha que eu passei o dia todo pensando como seria esse
momento, aqui mesmo no banheiro, e confirmo que está superando todas as minhas expectativas.
Pensando bem, devo agradecer aos meus pais pela insistência de vir para essa escola. Se eu
soubesse antes que eu era, sei lá, gay, não teria relutado tanto. Agora, eu amo essa escola!
Capítulo 38
Ravi

Estou tão tentado a avançar enquanto exploro o corpo do Eros. Minha vontade é levar não só ele,
mas o Miguel lá para uma daquelas camas lá fora. Aqui dentro está ótimo, mas aposto que em
cima daqueles lençóis seria ainda melhor. Então, subo para a boca do Eros e o puxo para um
beijo. Minha mão puxa Miguel pela nuca e ele se aproxima, e começamos esse beijo triplo no
qual estou viciado. É incrível sentir nossas línguas se entrelaçando, dançando juntas num ritmo
único. Consigo perceber suas respirações, e nossos corpos estão ainda mais próximos. O calor da
água só intensifica essa sensação, e agora consigo sentir como todos nós estamos excitados.
Vou fazer algo que já estava com vontade. Levo minhas mãos até seus membros enrijecidos e,
vendo que não há relutância, começo a tocá-los. Eles param de me beijar e Miguel vai em
direção aos meus mamilos. Escuto Eros dizendo "boa ideia" e ele vai para o outro lado. Por essa
eu não esperava: ter ambos fazendo sucções de cada lado dos meus peitos. Ah, isso é bom.
Intensifico os movimentos com as mãos em seus paus enquanto eles aumentam os chupões, as
lambidas e as mordidas.
— Isso é bom pra CARALHO! — Exclamo.
Eles respondem positivamente com um gemido concordante.
Agora que estamos adorando ser namorados, farei de tudo para agradá-los e me esforçarei para
proporcionar o mesmo prazer para ambos. Será um desafio, e eu adoro desafios. Olho para Eros.
— Vou te dar o que você pediu hoje de manhã no café. — Ele responde com um sorriso
pervertido e me dá um selinho.
Dirijo meu olhar para Miguel.
— Aposto que você também quer. — Ele responde lambendo meu rosto e confirma com um
sorriso.
Maravilha, agora vou proporcionar prazer oral aos meus namorados. Quero descobrir a sensação
de tê-los em minha boca, talvez fazer isso no banheiro não seja tão ruim, a água vai ajudar. Então
me ajoelho, mantendo meu olhar em seus membros enquanto os movimentos. Lanço um sorriso
para eles e decido passar minha língua na cabeça do membro de cada um, dando uma lambida.
Olho para cima e vejo Eros mordendo os lábios, enquanto Miguel parece estar curtindo o
momento. Volto minha atenção para o que está em minhas mãos, percebo que eles começaram a
se beijar, ótimo, agora vou me concentrar aqui embaixo.
Começo dando uma chupada em cada um, intercalando, indo cada vez mais fundo na boca. Com
as mãos, massageio a base e passo a língua ao redor de seus membros. Beijo, chupo. Caramba,
dá para fazer várias coisas aqui, e estou gostando. Dá para sentir que eles estão curtindo também,
e tem como não gostar? Qual homem não gosta de receber esse tipo de atenção?!
Mas é hora de intensificar isso aqui e ir além, espero que eles permitam. Levo minha boca ao
membro de Eros, mantendo a outra no de Miguel. À medida que acelero e faço garganta
profunda em um, intensifico os movimentos da mão no outro. Daqui de baixo, consigo ouvir os
gemidos de Eros, e bem baixinho os de Miguel. Após um tempo fazendo isso, Eros anuncia que
não está aguentando mais e que vai gozar. Eu continuo ali mesmo e, percebendo que não vou
sair, ele segura meus cabelos.
— Então, toma tudo! — Ele diz gemendo, despejando tudo dentro da minha boca.
Que interessante, é esse o gosto, agora quero saber como é o gosto do Miguel. Lavo minha boca
e vou em direção ao Miguel, iniciando o mesmo processo. Enquanto estou com a boca no
membro dele, a outra continua trabalhando no meu outro namorado. Não quero que nenhum
deles fique com vontade, quero ambos satisfeitos.
Aumento a velocidade com a boca, indo mais fundo nesse membro que também é delicioso na
minha boca. Escuto Miguel sussurrando:
— Que boquinha boa essa que a gente tem, né, Eros? Ele chupa tão bem para alguém que nunca
fez isso antes.
Escuto Eros concordar.
Ouvir eles falarem assim só me deixou ainda mais motivado, era bom perceber que estava me
saindo bem na primeira vez. Posso nunca ter feito isso antes, mas sei muito bem como gostaria
que alguém fizesse isso em mim. Sou homem e sei como gosto de ser estimulado oralmente.
Algum tempo depois, Miguel segura meus cabelos e já percebo que ele está prestes a gozar.
Intensifico os movimentos e logo escuto os gemidos que indicam que está prestes a acontecer.
Sinto o jato em minha boca e permaneço ali, mantendo até perceber que ele ejaculou
completamente. Olho para cima e vejo o alívio em seu rosto. Limpo minha boca e me levanto.
Olho para eles e os seguro pela nuca, trazendo-os para perto.
— Que tal os dois me chuparem ao mesmo tempo? — Lanço um sorriso.
Eros me encara. — Eu já estava pensando nisso. Vamos para a cama?
Miguel completa. — Vamos, ainda temos alguns minutos antes da janta.
Capítulo 39
Miguel

A água começa a escorrer, intensificando ainda mais o calor entre nós. O desejo fervilha dentro
de mim, guiando-me irresistivelmente para o Eros à minha frente. É um anseio carnal, uma
urgência que consome meus sentidos.
Sinto meu corpo tenso, ansioso por prazer. Enquanto o envolvo com beijos na nuca, deixo
marcas, mordidas suaves, enquanto meu membro se roça suavemente contra ele. É uma sensação
deliciosa, um desejo avassalador de possuí-lo ali mesmo. Mas não, não farei isso agora. Quero
nossa primeira vez com mais serenidade, em um lugar mais apropriado do que este banheiro.
Será preciso me contentar em sentir o calor e a pressão do meu membro contra essa bunda tão
sedutora dele. Não é o momento certo para avançarmos mais, mas a ansiedade pulsa dentro de
mim.
Vejo Ravi puxando-o para um beijo, enquanto com a outra mão me atrai para esse beijo triplo. É
algo que anseio, beijá-los, explorar esse novo território que desperta emoções dentro de mim.
Estou descobrindo sensações que me encantam profundamente.
Bem, já troquei muitos beijos para alguém da minha idade, com várias garotas, mas essa
experiência tripla é algo fora de série. É como se fosse três vezes mais intenso, três vezes mais
gratificante. Acho que todos deveriam experimentar algo assim pelo menos uma vez na vida.
Enquanto nos beijamos, sinto a mão de Ravi em meu membro. Paramos o beijo e vejo que ele
está fazendo o mesmo com Eros, e pela expressão no rosto dele, parece que está curtindo. Eu não
nego, também estou gostando. Olho para Ravi e, já que ele tomou uma iniciativa ousada, decido
retribuir. Levo minha boca ao mamilo dele, começando a fazer sucções suaves, enquanto deslizo
minha mão pelo seu abdômen.
Percebo que Eros está fazendo o mesmo, e então ambos estamos ali, um de cada lado,
acariciando-o com nossas bocas e mãos. É uma experiência intensa, um momento de conexão
íntima e exploratória.
Mais tarde, Ravi decide ir além e sugere um sexo oral para nós. É claro que estamos ansiosos por
isso - tenho desejado isso o dia inteiro. Não importa quem seja o primeiro a me satisfazer
oralmente, eu iria querer de qualquer maneira. Especialmente agora que estamos namorando,
sinto que dentro desse relacionamento, tudo é permitido. Todos devem respeitar os desejos e
vontades do outro, pelo menos é assim que espero que seja e que eles entendam isso também.
Vejo-o se ajoelhar e iniciar o que propôs, o que nos deixa eu e Eros animados. Então sinto sua
língua em meu membro e, cara, que estimulação intensa. Sua técnica é incrível, a pressão é
perfeita, não é nem muito forte nem leve demais, ele domina isso com maestria. Parece que ele
tem experiência, mas provavelmente só sabe exatamente como fazer. Está indo muito bem e
estou completamente envolvido. Nunca imaginei que um dia teria essa experiência com Ravi,
especialmente aqui no chão do banheiro. Mas agora, tudo é diferente, e a sensação é surreal ao
pensar em ambos envolvidos nesse momento.
Volto minha atenção para Eros e o puxo para um beijo, enquanto sinto Ravi me masturbando e
sua boca ocupada no membro do Eros. Passam-se alguns minutos e Eros para de me beijar,
indicando que está prestes a atingir o clímax. Imagino que Ravi vá parar, mas ele me surpreende
ao manter e intensificar o ritmo. Para minha surpresa, ele engole tudo, exibindo uma expressão
incrivelmente sensual enquanto o faz.
Os gemidos de prazer de Eros aumentam minha excitação e despertam em mim uma forte
vontade de ser o próximo.
Felizmente, agora é minha vez, e já sinto a boca quente de Ravi em meu membro. É
simplesmente incrível, ele entende perfeitamente como nós, homens, gostamos e desejamos ser
estimulados. É tão bom que é quase avassalador. Sua boca e mão trabalham habilmente,
enquanto ele mantém o ritmo com a outra mão em Eros, que também está claramente curtindo a
sensação. Eros até fecha os olhos para se perder no prazer.
Não consigo conter um elogio sobre o quão bom é a boca de Ravi, e Eros concorda com
entusiasmo. E então, Ravi intensifica suas sucções, mostrando um talento para a garganta
profunda que impressiona. Parece quase que ele vai se engasgar, mas ele persiste, mantendo o
ritmo, e estou chegando ao meu limite. Seguro delicadamente em seus cabelos, indicando meu
desejo de alcançar o clímax. Parece que ele também está prestes a fazer o mesmo, mantendo sua
boca firmemente em meu membro, e então chego ao ápice, liberando tudo naquela boca
deliciosa.
Ele se levanta e nos segura pela nuca, expressando o desejo de ser chupado por mim e por Eros
ao mesmo tempo. Eros sugere irmos para a cama, o que parece uma ótima ideia.
Molhados, seguimos para a cama dele. Ravi se deita primeiro, e eu me posiciono ao seu lado
enquanto Eros fica do outro. — Me beijem. — Ravi solicita.
Eros e eu nos aproximamos dele, sem pressa, e começamos a distribuir beijos por todo o seu
rosto, pescoço e ombros. Passo minhas mãos pelo seu corpo, focando no abdômen, e percebo que
Eros está fazendo o mesmo. É uma sensação incrível, aproveitar esse momento de intimidade. É
ótimo tocar seu corpo, sentir a firmeza desses músculos definidos - ele é um namorado realmente
gostoso.
Minha mão desliza um pouco mais, alcançando seu membro enrijecido. Faço movimentos suaves
de baixo para cima, enquanto observo Eros descendo, beijando todo o corpo de Ravi, explorando
seu abdômen até a virilha. Ele me chama, e eu desço também, juntando-me a ele para
começarmos a explorar o membro de Ravi com nossas línguas.
Passo minha língua devagar de baixo para cima, massageando delicadamente. Eros segue,
assumindo o controle por um momento, e nossas línguas trabalham em sincronia, oferecendo
toda a atenção ao membro que está completamente ereto. Vejo Eros envolver o membro com a
boca, então peço minha vez, alternando com ele.
Experimentamos diferentes movimentos, lambendo e explorando profundamente, alternando
entre nós dois. É uma sensação incrível e está claro que Ravi está completamente extasiado com
duas bocas e mãos dando total atenção a ele.
Enquanto nos revezamos chupando seu membro, olho para seu rosto, buscando ver a expressão
que ele faz. É exatamente o que eu imaginava, um olhar entregue ao prazer, soltando gemidos
ocasionais e nos elogiando pelo que estamos fazendo. Observo Eros dedicado ao membro,
aplicando-se com entusiasmo, sugando com vigor. Peço minha vez e ele prontamente cede, então
intensifico as chupadas, indo mais fundo, sentindo sua mão segurando meus cabelos. Ele dá
indícios de que está prestes a atingir o clímax.
Foi quando Eros sugeriu: — Goza que a gente limpa com a língua.
Assim que ele terminou a sugestão, retiro minha boca e sinto a língua de Eros se juntar à minha,
ambos acariciando o membro de Ravi. Entre gemidos de prazer, Ravi atinge o ápice, e usamos
nossas línguas para limpar. É um gosto que jamais imaginei, mas surpreendentemente, gostei da
experiência, especialmente ao compartilhá-la com Eros, tornando tudo ainda mais prazeroso.
Capítulo 40
Eros

Uau, o que está acontecendo no banheiro? O Miguel está por trás de mim, quase entrando em
mim, e eu estou tão em chamas que, se eles pedirem com gentileza, tanto ele quanto o Ravi, eu
acabo cedendo. Mas se eles querem transar comigo, quero que seja algo mútuo, quero que se
entreguem a mim também. Também estou curioso para saber como eles são por dentro, o meu
âmago anseia por essa conexão mais profunda.
Eu fiquei ainda mais excitado depois de começar a estimular aqueles mamilos do Ravi, e
surpreendentemente, o Ravi cumpre o que promete. Ele começou a me estimular também,
deixando meu pau todo em chamas, superando minha experiência anterior com outras garotas.
Incrível, que homem habilidoso. Agora, estou curioso sobre como é fazer isso com outro cara,
quero explorar isso com o Miguel e que ele faça o mesmo comigo. Também quero provar o gosto
deles em minha boca, assim como o Ravi fez ao engolir toda minha excitação, além de ter visto
ele fazer o mesmo com o Miguel. Parece ser uma sensação incrível. Apesar de ter experimentado
um pouco quando pedia para minha ex me beijar após me estimular, quero experimentar o gosto
específico deles.
Assim que ele termina de estimular o Miguel, ele se levanta e pede para que eu e o Miguel
façamos o mesmo nele. Sugiro irmos para a cama, ainda molhados, pois quero explorar algo
mais com eles além de estimulá-los, é claro.
Segundos depois, estamos deitados na cama, um de cada lado do Ravi, e começamos a beijá-lo.
Sinto uma enorme curiosidade em explorar cada detalhe desse corpo que me atrai tanto no
momento, e depois pretendo fazer o mesmo com o Miguel.
Vou descendo até o membro do Ravi, olho para o Miguel. — Vamos fazer ele pirar com dois
caras chupando ele ao mesmo tempo — digo chamando ele, e sem hesitar ele vem, e começamos
a fazer tudo o que imaginamos que um homem possa gostar ao ser estimulado nessa região.
Enquanto fazemos isso, escutamos sussurros do Ravi.
— Vocês falam que eu sou bom, mas vocês dois juntos são ainda melhores. Não parem, suas
bocas são gostosas demais, continuem, eu estou quase lá.
Foi aí que comecei a chupar com prazer, indo até o fundo, quase me engasgando com aquele
membro enorme na minha boca. Fico imaginando como seria ser penetrado por isso, deve ser
intenso, talvez até goste, só saberei experimentando.
Minutos depois, ele anuncia que está prestes a chegar ao clímax e segura o cabelo do Miguel
para que ele pare, mas Miguel continua. Sugiro que ele goze para o Miguel e eu limparmos, mas
na verdade, era para nós dois desfrutarmos da experiência.
Depois de termos experimentado o sabor, utilizando nossas línguas para saborear tudo, tive uma
ideia: um beijo triplo com o gosto de porra ainda presente. Então, avancei em direção ao Ravi e
comecei a beijá-lo, e ele retribuiu sem hesitação. Logo em seguida, vi o Miguel se juntar a nós,
repetindo a mesma ação, e eles se beijaram.
— Estou adorando isso, é exatamente do jeito que eu gosto. Vocês têm um sabor delicioso —
disse, puxando ambos para um beijo triplo. Terminamos nos beijando dessa forma, é incrível
como adoro esses nossos beijos triplos.
Minutos depois, me separo deles e faço o Miguel se deitar na cama. Sem perder tempo, visto que
a hora do jantar se aproxima, avanço na direção do seu membro e começo a lamber a cabeça do
pau dele, dando várias lambidas. Percebo que ele e o Ravi começaram a se beijar e que a mão do
Miguel está a estimular o Ravi. Observar isso só me motiva ainda mais a continuar com o que
estou fazendo, então intensifico meus movimentos, lambendo o membro com mais vontade,
massageando e enrolando minha língua ao redor dele. Começo a deslizar minha boca até o fim,
lentamente no início e, aos poucos, vou aumentando a velocidade. Escuto os gemidos do Miguel,
os gemidos do Ravi em resposta ao Miguel, e é esse som que faz meu tesão crescer ainda mais.
Enquanto faço isso, a mesma pergunta que fiz quando estava com a boca no membro do Ravi
vem à mente: será que vou aguentar?
Minutos depois, o Miguel alcança o clímax e engulo o máximo que consigo, logo em seguida o
Ravi também está prestes a gozar. Direciono minha boca para o membro dele, retirando a mão do
Miguel, e continuo com a minha boca. Ele ejacula completamente na minha boca, e quando ele
se sente aliviado, o Miguel me puxa para um beijo. Deito de frente para ele, com o Ravi atrás de
mim, ficando no meio dos dois. Sinto ambos me abraçarem, suas mãos percorrendo meu corpo
enquanto me perco no beijo com o Miguel, e o Ravi me cobrindo de beijos por trás.
Elevo minha perna na cintura do Miguel, ele a segura, e sinto o Ravi roçando meu traseiro,
encaixando-se perfeitamente. Seu membro roça na minha entrada, despertando um tesão incrível,
uma vontade intensa. Mas tenho a certeza de que vai doer, e não sei como vou lidar com essa
dor, mesmo estando completamente excitado.
Capítulo 41
Ravi

Meu Deus! O Eros me enlouquece de todas as maneiras possíveis. Além de me chupar


novamente ainda mais intenso e prazeroso. Agora ele se deitou no meio de nós dois, com aquela
bunda deliciosa virada para mim. Estou excitado outra vez, meu membro se encaixou atrás dele,
e a excitação só aumenta. Meus instintos me fazem esfregar nele, especialmente nessa entrada
que ficou ainda mais tentadora depois que ele colocou a perna sobre o Miguel, deixando a bunda
ainda mais rebitada. Seguro meu pau e começo a pincelar na entrada dele... que sensação
gostosa.

Eros

Minha perna está na cintura do Miguel, ele a segura enquanto nos beijamos, e sinto o membro do
Ravi na minha entrada. Ele se aproxima do meu ouvido. — Estou louco para fazer amor com
você, você permite? Hein? Deixa eu entrar em você bem gostoso?
Ele diz isso enquanto me beija, e a sensação da cabeça do membro dele me enlouquece.
Miguel

Estou imerso nos beijos com o Eros quando ouço o Ravi pedir para transar com ele, interrompo o
beijo. — Ei, não é justo, eu quero ser o primeiro.
Olho para o Eros. — Deixa eu ser o primeiro, amor?
Percebo sua expressão, parece que ele está considerando, mas não tenho certeza de quem ele vai
escolher primeiro. No entanto, eu realmente quero ser o primeiro a fazer amor com ele.

Eros

Agora me vejo em apuros, não sei como responder a isso. Não tinha imaginado que haveria uma
disputa pelo meu traseiro, não sabia que seria uma questão. Eu só queria deixar o momento fluir,
independentemente de quem fosse o primeiro. — Por favor, não me obriguem a escolher. Só sei
que vai doer pra caramba no início e espero que depois que eu ceder, fique gostoso, e embora eu
queira que ambos me penetrem para eu saber se é gostoso mesmo, não quero uma discussão
sobre quem será o primeiro. É como se estivéssemos brigando para ver quem terá vez com o
Miguel ou contigo, Ravi. — Digo, olhando para ambos.
O sinal para o jantar toca e me levanto. Eles continuam na cama, sem reação, então me viro para
encará-los. — Decidam entre vocês dois, porque quando chegar a minha vez, eu deixo vocês
irem primeiro. Não me importo com isso.
Eles ainda me observam quando começo a vestir minhas roupas. Escuto a voz do Ravi. — Ok,
deixo ele ir primeiro. Vou ter minha vez de qualquer jeito, certo, Eros?
Me viro para eles, já quase totalmente vestido. — Sim, os dois vão poder aproveitar meu corpo.
Mas não se esqueçam que eu também quero a minha vez, com os dois. Nesse relacionamento,
vamos ser versáteis. Não quero ser apenas o receptor, nós três teremos que ceder. Concordam?
Miguel se manifesta primeiro. — Já deixei claro isso antes. Não me importo em ser versátil.
Ravi dá um sorriso. — Fui o primeiro a fazer oral em vocês dois, e não me importo se quiserem
me penetrar primeiro. Estou de boa em ceder também.
Capítulo 42
Melissa

Estamos na arquibancada planejando uma tentativa de provocar ciúmes naquele trio. Todas estão
chateadas com o fora que levamos. Talvez dar em cima do ex, do ficante e do novato não seja tão
ruim; afinal, são bonitos. Se estão mentindo ou não, vamos descobrir a verdade.
Rafaela se manifesta primeiro. — Posso tentar dar em cima do Miguel, ele está ali, é só um pulo.
E ainda dou um jeito de afastar aquela menina que está do lado dele. Ouvi dizer que ela já tentou
ficar com ele.
Olho surpresa para ela. — Que história é essa?
Ela explica sobre um cruzeiro, do qual eu não participei, mas Miguel sim. Diz que eles estavam
próximos e ouviu uma conversa deles. Pareciam íntimos, e acrescenta que essa conversa foi uma
armação das amigas da tal Anna, que estavam tentando empurrá-la para o Miguel.
Agora me pergunto se eles já ficaram ou se talvez essa Anna seja a pessoa com quem Miguel
está saindo. Eles estão se divertindo juntos ali. Ele nunca foi assim comigo, raramente sorria e
era sério o tempo todo, parecia um robô. Não conseguia entender o que ele pensava, e quando
estávamos sozinhos, não tínhamos assuntos. Ele se fechava em seu mundo, preferindo ler livros,
ouvir suas músicas e treinar karatê, mais focado nos estudos para herdar os negócios da família
do que me dar atenção.
Duvido muito que ele esteja com alguém. Provavelmente está mentindo, não teria encontrado
alguém para namorar tão rápido.

Rafaela
Estava na arquibancada, e a Patrícia sugeriu uma ideia meio louca, mas resolvi arriscar. Sempre
achei tanto o Ravi quanto o Miguel bonitos, mas por respeito a elas, nunca tentei nada. Mas
agora, com a oportunidade, decidi aproveitar. Se rolar alguma coisa, a culpa vai ser delas por
permitirem isso.
Levanto e me aproximo deles. — Oi, pessoal, posso me sentar com vocês? — Eles me olham, até
o Miguel, que solta um sorrisinho de canto antes de voltar a prestar atenção no campo.
Me sento o mais próximo possível do Miguel, focando no jogo para puxar assunto. — Como é
que esse jogo funciona, Miguel? — Pergunto, direcionando a questão especificamente para ele.
Ele me olha rapidamente e volta a prestar atenção no campo. — Você precisa jogar a bola
sempre para trás com as mãos, se jogar para frente é falta. Para avançar, só chutando a bola para
frente através do travessão, e jogar a bola para frente com as mãos também é falta.
Ele explica, e essa foi uma explicação melhor do que as tentativas das outras. Ele continua
explicando sobre o rugby.
Nesse meio tempo, percebo que a Anna não para de me encarar. Acho que ela está interessada no
Miguel. Vou direta e lanço uma pergunta para ela. — Ouvi dizer que você está namorando o
Kaio, parabéns. — Kaio é um cara que vi ela ficando uma vez.
Ela fica vermelha imediatamente. Observo a reação do Miguel, mas ele mal nota o que eu disse,
focado no jogo. Aproveito. — E você, Miguel? Ouvi dizer que está namorando outra pessoa.
Meus parabéns. Quem é a dona do seu coração? — Os outros olham para ele.
Ele dá um sorriso sutil. — Sim, estou namorando sim.
Vejo a expressão chocada da Anna. Isso está ficando interessante. Vou mais fundo. — E quem é
ela? Aposto que é muito bonita para ter conquistado seu coração.
Ele mantém o olhar no campo. — Sim, beleza em dobro. Não é só a aparência, é o interior
também.
Essa resposta me deixou confusa. Só entendi que não é a Anna, e que é mais bonita que a
Melissa. Agora fico pensando quem é essa pessoa. Duvido que seja daqui da escola, ou ela está
escondida? Por que deixaria o namorado sozinho? Se fosse o Eros, eu não o deixaria.
O jogo termina, e o Ravi acena para o Miguel. Ele se levanta e vai para o vestiário. Volto para
minhas amigas e conto tudo, até sobre a garota ser mais bonita que ela. Melissa fica furiosa, mas
a culpa é dela, foi ela quem mandou eu investigar mais sobre a suposta nova namorada do ex.
Vemos os três saindo, e decidimos ir atrás, quem sabe eles se encontram com suas 'namoradas'.
Vamos seguindo de longe, só até onde podemos, já que o dormitório dos garotos é uma área
proibida. Vemos eles indo para o dormitório, com o Miguel no meio, abraçado aos ombros do
Eros e do Ravi, todos rindo. Desaparecem da nossa vista, e nada acontece.
Voltamos para o quarto e decidimos sentar na mesma mesa que ela no jantar, já que lá fora estará
escuro e eles não devem ir para lá.

Patrícia
Deito na minha cama, completamente irritada. Não acredito que vim para esse internato por
causa do Ravi, e ele nem sequer considerou meus sentimentos. Ficamos várias vezes, achei que
tínhamos algo, além do sexo gostoso que tínhamos. Ele era ótimo, me levava nas alturas. Sentar
nele era uma delícia, aquele corpo malhado, cheio de tatuagens, é de enlouquecer. Agora, estou
aqui irritada, poderíamos ter ficado mais uma vez. Mas ele preferiu seguir em frente.
Fico pensando se a nova namorada dele é mais bonita ou gostosa do que eu, se vai satisfazê-lo
como eu fazia. Ele curtia transar várias vezes quando estávamos juntos. Eu até estava me
esforçando para melhorar o sexo oral. Agora, ele que vai perder.
Pondero sobre o que ele está fazendo agora em seu quarto. Estará jogando videogame como de
costume ou teclando com a nova namorada? Que raiva, poderia ser eu.
O sinal toca, decidimos ir para o refeitório. Chegamos lá e vemos os três indo para uma mesa
vazia. Resolvemos nos juntar a eles e sentamos na frente deles, mas o Guilherme também se
junta à mesa. Sério, será que ele não percebe que está sobrando aqui?
Capítulo 43
Miguel

Certo, talvez eu tenha sido um namorado egoísta ao querer ir antes do Ravi, mas sei lá, eu queria
ser o primeiro. Sinceramente, espero que ele sinta o mesmo que eu sinto pelo Eros, e que não
esteja querendo transar com ele só por curiosidade. Eu realmente o vejo de um jeito especial,
assim desde a primeira vez que o vi.
Mas eu nunca perguntei para o Ravi o que ele realmente sente pelo Eros. Se ele entrou nesse
namoro por nós, por ele ou por mim. E sinceramente? Espero que seja pelos dois. Não quero que
ele magoe o Eros. Talvez eu precise ter uma conversa mais séria com o Ravi sobre isso, talvez
depois da janta.
Fui um pouco infantil ao querer ser o primeiro, e o Ravi me impressionou cedendo para mim na
primeira vez com o Eros. Mas notei mudanças na voz dele. Acho que ele também quer tanto
quanto eu. Mais um motivo para conversar com ele sozinho.
O Eros se veste, nos levantamos também para nos vestir. Aproveito que o Eros vai ao banheiro e
cochicho para o Ravi. — Quero falar com você depois da janta sobre essa questão do primeiro.
Ele franze o cenho. — Ué, eu já não cedi para você. O que mais você quer?
Mantenho a voz baixa. — Você também quer ser o primeiro?
Ele fica em silêncio por um momento enquanto se veste. Eu seguro em seu ombro, chamando sua
atenção novamente. — O que foi?
— Me responde, cara.
Ele desvia o olhar. — Sim, eu queria, mas não vou brigar por isso. Não vejo problemas em
deixar você ir primeiro. Estamos em um relacionamento, e aprendi com meus pais que devemos
ceder certas coisas para que nossos parceiros se sintam bem, especialmente se não prejudicar
ninguém.
Fiquei impressionado com o Ravi. Apesar do jeito brincalhão, descolado e durão, filho de pais
mafiosos, ele é maduro para a idade e cita coisas que aprendeu com os pais. Acho que devo
conhecer meus sogros o mais rápido possível e parabenizá-los por essa boa educação.
Vejo-o terminar de se vestir, parece um pouco retraído, talvez até envergonhado pelo que acabou
de dizer. Me aproximo dele, o abraço e bagunço seu cabelo, esperando animá-lo. Felizmente, ele
se anima e retribui a brincadeira.
Eros

Enquanto me arrumo, ouço aqueles dois cochichando. Talvez precisem de aulas sobre como falar
baixo, já que escutei tudo. Mas são questões deles, e qualquer que seja a decisão, eu aceito. Só
não quero brigas. Ainda bem que estão se entendendo. Ravi está se mostrando muito maduro.
Quem diria que debaixo daquele jeito de moleque há um cara sensato. Tenho que conhecer logo
meus sogros e dizer o quanto estou impressionado.
Concluo os preparativos e vejo que eles estão brincando. Fico feliz por isso. No primeiro dia,
mal trocaram palavras quando cheguei. Agora os vejo brincando, que fofos.
Decido me juntar a eles. Pulo nas costas do Ravi e ele me segura, enquanto o Miguel entra na
brincadeira e me segura por trás para eu não cair. Depois, o Ravi me solta e tenta carregar o
Miguel, que se segura por ser mais tímido. Faço brincadeiras para que ele relaxe e, no fim, ele
cede. Ravi finalmente consegue carregá-lo como uma criança no colo. Olhamos no relógio e
percebemos que precisamos correr para o jantar.
Saímos em disparada do quarto em direção ao refeitório, até disputamos quem é mais rápido, e
claro que o Ravi venceu. Ele atravessa o campo de rugby com frequência, então o cara tem
resistência. Imaginei até como seria ele na cama, deve ser bem intenso.

Ravi
Pode ser que eu tenha ficado um pouco triste ou chateado, mas se isso traz felicidade para eles,
não me importo em ceder em certas coisas. Admito que talvez o Miguel tenha se interessado por
ele antes de mim, e meus sentimentos por ele vieram depois. Agora, meus sentimentos por
ambos estão se fortalecendo, e como estamos em um relacionamento, acho que é importante
entender o ponto de vista do outro. Ficou claro que o Eros ficou desconfortável com nossa
discussão sobre quem teria a intimidade dele primeiro.
Ele não queria ter que escolher, talvez ele tema que quem não for escolhido se sinta menos
valorizado, o que poderia gerar conflitos. Eu realmente não quero isso. Gosto de ouvir e
compreender as pessoas. Não quero que eles tenham uma impressão negativa de mim. O próprio
Miguel já teve isso quando éramos apenas colegas de quarto. Agora, que estamos namorando e
nos aproximamos, espero que ele possa me enxergar de outra forma, e também espero que o Eros
possa me ver de maneira diferente.
Enquanto eu pensava nisso, Miguel trouxe à tona o mesmo assunto sobre ceder. Espero que ele
entenda que estou tranquilo com isso. Gosto genuinamente do Eros e dele também, mas não
quero prolongar esse assunto. Estou aguardando minha vez.
Em questão de segundos, me vejo brincando com os dois. É incrível como a energia que
tínhamos, o fogo intenso entre nós, parece ter se transformado completamente. Há momentos
atrás estávamos cheios de desejo, chupando um ao outro e desfrutando do gosto de cada um em
nossas bocas, que foi uma delícia, ou seja, praticamente nos entregando um ao outro com paixão,
e agora estamos aqui, simplesmente nos divertindo. É impossível não sentir uma forte conexão
com ambos. Gosto realmente da companhia deles e estou ansioso para apresentá-los aos meus
pais, sei que vão adorar conhecê-los.
Minutos se passam e estamos todos juntos no refeitório. O Guilherme se aproxima para se sentar
conosco, estamos ansiosos para compartilhar melhor nossa experiência com ele. Mas eis que
chegam elas, os três ‘carrapatos’. O que elas querem aqui?
Enquanto começamos a comer, tentamos puxar assunto com o Gui, mas elas parecem tentar se
intrometer na conversa. Opto por manter a calma, não vou agir como um moleque, então trato
todos como colegas.
— Alguma notícia do Daniel, amigo? — Direciono a pergunta ao Gui.
Ele responde que não, mas espera que esteja onde estiver, o Daniel esteja bem. E acredito que eu
e meus namorados, que conhecem o Dani, compartilhamos dessa mesma perspectiva. O Daniel é
o tipo de pessoa que transmite confiança, assim como o Gui. Perdi a conta de quantas vezes
precisei emprestar a chave da construção próxima ao campo para esse casal desfrutar de um
tempo a sós. Além disso, o próprio Daniel já me pegou várias vezes brincando com o Miguel.
Ele costumava perguntar quando teria coragem de confessar. Bom, nunca respondi porque não
via o Miguel da mesma forma que vejo ele e o Eros agora. Se um dia nos reencontrarmos, direi
que não foi uma confissão, apenas aconteceu naturalmente.
Perdido em meus pensamentos, ouço alguém dizer: — Teve uma noite boa com quem você
gosta, não foi, Ravi? E essas marcas no pescoço. — Disse um colega que passou por trás de
mim, provavelmente vendo por cima, já que nós três usamos roupas que escondem as marcas.
Mas uma hora alguém vai notar, não dá para usar camisas de frio o ano inteiro se continuarmos
assim. Talvez seja hora de assumir o namoro ou criar regras sobre onde deixar essas marcas.
Pessoalmente, não me importaria se deixassem marcas no meu pescoço ou em outro lugar,
exemplo no meu pau, não esqueceria de qualquer jeito.
Olho para o colega e respondo com um sorrisinho. — Tive mesmo.
E volto a olhar para frente, encontrando o olhar de Patrícia fixo em mim. Me pergunto se ela se
sentiu incomodada. Mas, caramba, não temos nada sério. Sempre deixei claro para ele que era
apenas ficada. Ela é bonita, admito, mas não mexe comigo do jeito que esses dois aqui ao meu
lado fazem. Só de estar perto deles, meu corpo já reage.
— Quem é a sortuda? — Pergunta Melissa.
Olho para os meus namorados, queria dizer que eles são os sortudos, mas ainda não discutimos
se vamos ou não tornar público o nosso relacionamento. O calor entre nós dificulta qualquer
conversa.
Mas antes que eu responda, alguém toma a palavra por mim. — Com quem ele namora não é da
sua conta. — Responde Guilherme.
Melissa olha para ele com raiva. — Eu não estava falando com você, seu viadinho.
Ah, agora fiquei irritado!
Capítulo 44
Ítalo

Há alguns dias venho notando o comportamento bobo da minha irmã Melissa. Ela ficava dando
em cima do Miguel, mas nunca achei que eles combinavam. Percebia a tensão entre eles quando
íamos para a casa dele ou ele vinha para a nossa. Ele parecia bem desconfortável. Mas nunca me
intrometi na vida dos dois. Aconteceu deles terminarem e ela ficar descontrolada, já a vi até
chorar, dá uma certa pena, mas relações são assim mesmo.
Ela até veio até mim, tentando que eu falasse com o Miguel por ser meu amigo, mas recusei. Foi
estranho. Se ele terminou, é porque não sentia mais nada e é melhor que não fique alimentando
falsas esperanças.
Senti pena dela chorando, mas além disso, estou tranquilo, e ela é um porre. E essa falta de amor
próprio? Vir para essa escola só para correr atrás de caras? Ah, pelo amor! Tem um monte de
caras heterossexuais aqui, e os poucos gays que existem ela quer ofender? Perto de mim, que sou
conhecido como o viadinho metido a playboy da escola? E ainda quer insultar meu amigo
Guilherme? Não vai rolar.
Pego meu copo de suco, me levanto, Jaques, meu namorado, me olha, ele sabe que sou
impulsivo, mas não tenta me deter. Vou até a mesa delas e bato o fundo do copo de suco na
mesa, espirrando neles. — Se te pegar falando isso de novo sobre meus amigos, vou fazer pior na
próxima vez, e você sabe que eu cumpro o que prometo.
Ela solta um grito, todos olham para nós. — Eu te odeio! — Ela se levanta.
Completo minha fala. — E se contar para o papai, espalho teus segredos pela escola. — Ela sai
do refeitório e as outras a seguem.
Ok, talvez eu tenha exagerado, mas ela já fez coisas piores comigo. Uma das que jamais vou
perdoar é quando decidiu contar ao nosso pai que sou gay, tirando de mim a chance de escolher
se contava ou não. Agora que ela aguente o gay que vive em mim.
Elas saem e chamo Jaques para sentar com nossos amigos, já que elas tomaram nossos lugares.
Mas na próxima vez, vou dar um jeito de expulsá-las. Já faz dois dias que elas estão perturbando
eles.
Me sento na mesa com um sorriso e a bandeja. — Desculpem pelo show, pessoal. Gostaram? —
E todos riem.

Jaques

Eu valorizo muito as atitudes dele. Na verdade, o admiro. Vejo nele um reflexo do que eu
gostaria de ser. Estou realmente feliz ao lado do meu namorado. Desde que descobri minha
bissexualidade com ele, tenho vivido uma fase ótima. Até contei para os meus pais. No começo,
foi um choque para eles. Disseram que jamais imaginariam que eu fosse gay, essas coisas.
Surpreendentemente, meu pai foi o primeiro a aceitar. Ele queria conhecer o cara que conquistou
meu coração. Por sorte, ele e o Ítalo se deram muito bem. Mas aí entra a minha mãe, que ainda
reluta. Argumenta que não é certo, cita passagens da Bíblia, e isso gera discussões entre ela e
meu pai. Pelo menos, tenho meu pai do meu lado. É triste não ter o apoio de ambos. E piora
quando ela menciona o sonho dela de ter netos, como se homem não pudesse ser pai. Sério, acho
isso um absurdo. Não nasci para cumprir essa expectativa. Mal tenho dezoito anos, e ela já quer
que eu planeje uma família?
Estou vivendo meu lado gay ao lado do meu namorado e curtindo cada momento. Quero que isso
dure bastante. Amo o Ítalo e estou disposto a tudo por esse amor. Não vou permitir que minha
mãe nos separe. Meu pai me apoia, e isso é o que importa. Os pais do Ítalo gostam de mim.
Então, está tudo sussa!

Guilherme
Eu pensei em responder a elas de forma sarcástica e direta, falando dos cabelos, unhas e tudo
mais, mas o Ítalo teve o insight dele, o que foi ótimo. Se não fosse por isso, eu talvez tivesse
feito elas chorarem. Sou tranquilo, sei que sou gay, mas chamar alguém de gay ou viadinho tem
uma diferença, certo? Ela optou pela segunda opção como ofensa, aí já não dá.
Enquanto conversamos, percebo um novato me olhando de canto de olho. Ele tem feito isso
desde que chegou na escola. Será que tem algo na minha cara ou ele está interessado? Até que
ele é bonitinho, mas espero que não seja interesse romântico. Ainda estou passando pelo luto do
meu relacionamento. Sei que preciso seguir em frente, mas lá no fundo, sinto como se estivesse
traindo o Dani. Será que ele pensa o mesmo, onde quer que ele esteja?

Daniel

Estar sem o Guilherme é difícil, depois de um ano juntos, criei um apego enorme. Ficar aqui
sozinho, estudando, lidando com a doença sem a atenção dos meus pais e com meus irmãos
ocupados, só piora a situação. Além disso, nossa casa quase não tem vizinhos por perto, mal vejo
outras pessoas, como vou socializar?
Recebi uma mensagem do Bryan sobre o Gui. Ele disse que as coisas estão indo bem e que
talvez, dentro de alguns meses, o Gui possa seguir em frente e se apaixonar de novo. Fico
chateado com essa possibilidade, mas não posso culpá-lo. Fui eu quem decidiu não dizer nada e
o acordo que assinamos me impede de falar com ele. Ah, como eu queria voltar para o meu
namorado. Sinto tanto a falta dele. Queria um abraço, sentir seu cheiro, seus beijos, aquelas
carícias nas minhas costas, e o sexo... Como eu adorava estar com ele. Queria ter aquela
intimidade de novo, era tão bom. Ele me ensinou muitas coisas, e se um dia eu puder me livrar
dessa doença e encontrá-lo novamente, gostaria de reviver esses momentos, se ele também
quiser, é claro. Há tempos que não voltam mais.
Capítulo 45
Miguel

Essa não é a primeira vez que essas meninas perguntam sobre nossos relacionamentos. Está
começando a parecer invasivo. Tenho a impressão de que elas estão mais interessadas na nossa
vida do que na delas. Mas eu não vou entrar nesse papo delas.
Notei que o Ravi se incomodou quando a Melissa chamou o Gui de "viadinho". Eu segurei a mão
dele para acalmá-lo, e ele se manteve tranquilo. O Eros, por outro lado, apenas baixou a cabeça.
Parece que ele queria dizer algo, mas sabia que não valia a pena discutir. E se alguém naquela
mesa fizesse algo, o Ítalo já cuidou disso para nós. Ele é realmente incrível.
Terminamos o jantar e decidimos voltar para o dormitório. Acredito que nós três precisamos ter
uma conversa sobre o status do nosso relacionamento.
Assim que entramos no quarto, decido abordar esse assunto imediatamente. Sento-me na minha
cama e olho para eles. — Agora que estamos em um trisal, namorando, vamos manter nosso
relacionamento privado ou torná-lo público?
Expliquei a eles que é normal caras namorarem aqui, mencionei o exemplo do Jaques e do Ítalo,
entre outros. Isso vai acontecer entre garotas e garotos também. No nosso caso, meu tio Armando
não veria problemas, afinal, o próprio filho dele é gay e se relaciona com vários alunos sem
causar nenhum problema. Então, por mim, estou confortável em dizer que tenho dois namorados.
Gosto de ambos, expliquei para eles.
Eros
A explicação do Miguel foi útil. Sempre tive esse receio de que pudessem nos transferir para
quartos diferentes, mas gosto daqui com eles. Não que isso fosse um problema gigante, mas sou
bolsista e poderiam arranjar um pretexto para me mandarem embora. Então, resolvo questionar
isso com eles. — Acham que posso ter problemas com isso por ser bolsista?
Os dois se aproximam de mim. Ravi é o primeiro a chegar e me abraça pela cintura, olhando
diretamente nos meus olhos. — Nem pensar em mexerem com um dos meus namorados e te
mandarem embora. Meus pais podem resolver isso com uma conversa direta com a direção.
Em seguida, Miguel também nos abraça. — Meu pai também não vai deixar isso acontecer.
Tenho certeza de que, quando eu contar sobre nós três, ele vai me apoiar. — Ele termina de falar
e nos envolvemos ainda mais em um abraço.
Ao ouvir sobre o apoio dos pais deles em relação à orientação sexual, me questiono se meus pais
serão compreensivos assim. Conhecendo meu pai, ele vai surtar, me xingar de todos os nomes
possíveis, e minha mãe, provavelmente, seguirá o mesmo caminho, já que costuma apoiar tudo o
que ele diz. Queria ter a sorte deles, de saber que posso contar com meus pais e não serei
rejeitado por ser gay, ainda mais por ter dois namorados, sendo um deles filho de pais mafiosos.
Isso não me importa. Gosto do Ravi tanto quanto gosto do Miguel. Não quero brigar com meus
pais por causa da minha orientação sexual.
— Algum problema, Eros? — Pergunta Ravi.

Ravi
Enquanto o Miguel nos abraça, não consigo deixar de me preocupar se nosso relacionamento
pode prejudicá-lo. Torço para que não aconteça e, se chegarmos a esse ponto, confio que meus
pais resolverão tudo. Eles são incríveis, e adoro saber que sou filho deles. Mal posso esperar para
ser como eles e proteger quem amo, ou melhor, os dois aqui.
Percebo que o Eros ficou mais quieto e questiono o que está acontecendo. Ele se afasta do abraço
e deita em sua cama. — Estou apenas pensando em como contar aos meus pais e imaginando
como será a reação deles.
Miguel se senta ao lado de Eros na cama, e eu me uno ao outro lado. — Esperamos que eles
entendam. — Comento, e Miguel concorda com minhas palavras.
Me aproximo e dou um beijo suave no canto da boca de Eros, e Miguel faz o mesmo antes de se
deitar ao lado dele, envolvendo-o em um abraço. Eu me deito também e abraço os dois.
— Pretendo contar aos meus pais no próximo feriado prolongado. — Miguel compartilha.
Eu afirmo que farei o mesmo, mas o Eros fica em silêncio por um momento, depois decide falar.
— Vou tentar ver se consigo criar coragem.
Nós rimos e o Miguel se aproxima para beijar Eros, que corresponde, e os vejo se entregarem a
um beijo intenso, cheio de paixão. É gostoso testemunhar esse carinho entre eles, ouço os estalos
suaves dos beijos, seus gemidos delicados, e acompanho suas mãos deslizando pelos corpos.
Enquanto eles se entregam às carícias por um tempo, observo atentamente. Logo após, Eros me
puxa para um beijo, e me entrego a essa sensação que eles me viciaram, permitindo que nossas
línguas se encontrem, se entrelacem, explorando cada movimento, deixando nossos beijos
ecoarem pelo quarto escuro.
Quando Eros para de me beijar, vejo-o puxar Miguel, e nós três nos envolvemos em um beijo
triplo, onde todas as sensações e sons parecem se multiplicar. Sinto meu corpo esquentar, então
tiro minha camisa e incentivo Miguel a fazer o mesmo, ajudando Eros a se livrar da dele.
Continuamos nos beijando, explorando nossos corpos com carícias, beijos e mordidas,
Paramos de nos beijar, olho nos olhos do Miguel, e ele retribui o olhar. Minha mão desliza até a
nuca dele, enquanto ele coloca a mão no meu queixo. Lentamente nos aproximamos, nossos
rostos se inclinam, nossos olhos se fecham, e nossos lábios se tocam suavemente. Esses beijos
têm uma cadência diferente, distinta dos primeiros. Fico imaginando se o Miguel me vê da
mesma forma que vê o Eros, e eu realmente espero que sim, pois sinto algo especial por ambos.
Nossas línguas se encontram, dançando num ritmo próprio, e eu me entrego a essa sensação,
permitindo que meus suspiros revelem o quanto valorizo cada momento com ele, da mesma
forma que me entrego aos desejos pelo Eros, até que percebo algo. — Vamos tornar nosso
relacionamento público ou não? Eu estou bem com isso, quero que todos saibam que vocês são
meus namorados.
Capítulo 46
Eros

Respondendo à questão de tornar o nosso relacionamento público, eu encaro os meus namorados


com um sorriso. — Claro, estou de boa com isso.
Até brinco que posso usar minhas habilidades em jiu-jitsu se alguém da nossa escola resolver
exagerar nos comentários sobre o nosso namoro. Sei que isso vai ser o falatório do ano e vai
dividir opiniões. Com base nisso, a gente vai saber filtrar quem são os verdadeiros amigos.
— Eu já falei que para mim está de boa, e eu até posso bancar o "Karatê Kid" se algum bobão
quiser arrumar confusão com vocês ou comigo por causa do nosso namoro. E se a coisa ficar
feia, meu pai ou o tio Armando entram em cena, pelo menos conto com isso. — Miguel diz,
soltando uns risinhos.
Ravi levanta a mão dele com um sorriso. — Se dependesse de mim, desde quando você nos
pediu em namoro, eu já teria anunciado. E eu não vou ficar parado também, sei umas artes
marciais, meus pais são ótimos nisso. Se tiver que partir para a briga, entro com meu boxe e
muay thai, porque usar os dois juntos é poderoso, mas quero evitar, já que sou meio bravo. Mas
se alguém ofender vocês, aí eu viro uma fera.
Essa conversa nos fez perceber que estamos realmente tranquilos em revelar nosso
relacionamento a três e que eles não têm vergonha de afirmar que é um relacionamento
homossexual. Cara, essa atitude deles me deixou tão feliz! Eu pensava no primeiro dia que
poderiam ser homofóbicos, especialmente porque o Miguel sempre fugiu de qualquer coisa que
parecesse diferente, e o Ravi parecia só um cara que buscava diversão. Fiquei confuso quando
eles me deram aquela lambida no banheiro e depois me trouxeram para o quarto para me
beijarem, agindo tão íntimos ao passarem os braços pelos meus ombros com frequência. Tudo
isso me deixava confuso. Eu, que me considerava hétero, estava começando a gostar de dois
caras héteros, e essa confusão mental prometia ser o tema do resto do ano.
Mas aí, eles me surpreendem, mostrando disposição para encarar alunos, amigos e pais por nós.
Cara, estou amando o Ravi e o Miguel, eles fazem meu coração bater de um jeito diferente. Cada
um tem um jeito único de ser, o que só me faz gostar mais deles. E é engraçado, porque me pego
pensando em elogios para dois caras, algo que nunca imaginei fazer. Antes, só pensava no corpo
feminino, em curvas, bunda, peitos..., mas agora, me pego pensando nos rostos deles, em suas
vozes, no jeito carinhoso como andamos pelos corredores e até nos nossos momentos íntimos,
nos corpos definidos e tatuados, e até mesmo nos gemidos.
Ah, meu corpo está em chamas de novo, e minha mente é um turbilhão de pensamentos. Então,
por que não aproveitar um pouco mais desta noite com meus dois namorados antes de dormir?
Começo a tirar minhas roupas de baixo e os vejo me olhando. — Não vão fazer o mesmo? —
Solto um sorrisinho malicioso para eles.
Ambos começam a se despir imediatamente e, em pouco tempo, estamos todos sem roupas
novamente. Dessa vez, estamos na minha cama, mas acho que na próxima vez estaremos na
cama do Miguel, e automaticamente teremos explorado cada uma delas.
Faço o Miguel se deitar, me sento sobre ele e junto nossas intimidades, unindo nossos membros
com as mãos. Posso sentir a excitação mútua, o calor que emana de nós e os batimentos
acelerados.
Levo a outra mão ao membro do Ravi. Ótimo, agora tenho ambos nas minhas mãos. Olho para o
Ravi. — Me beija, amor. — Ele se aproxima, fecha os olhos e nós nos entregamos a um beijo
ardente e apaixonado.
Enquanto isso, movimento minhas mãos em nossos membros, querendo que ambos se sintam
envolvidos. Paro de beijar o Ravi por um momento. — Quero ouvir vocês gemendo para mim.
— Volto a beijá-lo.
Em poucos segundos, ouço seus gemidos, o que só aumenta minha própria excitação, me
deixando ainda mais instigado. Não paro de estimular nenhum dos dois, até que eles começam a
anunciar que estão prestes a chegar lá. Primeiro, me concentro no Miguel, e ele atinge o ápice em
minha boca. Em seguida, direciono minha atenção ao Ravi, e ele também ejacula, preenchendo
minha boca. Depois, eles me deitam na cama e ambos continuam o processo, me proporcionando
prazer ao me estimularem ao mesmo tempo. Em questão de segundos, faço o mesmo em suas
bocas. É incrível sentir o prazer dobrado proporcionado por seus dois namorados, é uma
experiência deliciosa.

Miguel
Nossa, que sensação incrível de prazer foi essa que vivenciamos, só vai ficando cada vez melhor.
Me estico e me deito no meio da cama. É um prazer intenso demais e estou simplesmente
adorando cada momento.
Eles deitam ao meu lado, e o Ravi me puxa para um beijo, então me viro em sua direção e
começamos a nos envolver, deslizando as mãos pelos corpos um do outro. Sinto o Eros atrás de
mim, fazendo carícias, beijando minha nuca, minhas costas, meus ombros, intercalando com
chupões suaves e algumas mordidas. Confesso, isso é extremamente excitante para mim, e bom
demais.
Enquanto ambos me acariciam, percebo que estamos nos excitando novamente. Sinto meu
membro pressionando contra o do Ravi, e é uma sensação maravilhosa. Até movimento meu
quadril para nos esfregar e ele parece estar curtindo. — Isso aí, amor.
Sinto o Eros atrás de mim, seu membro enrijecido roçando na minha região traseira, o que
também me excita intensamente no meio dos dois. A sensação de desejo e prazer aumenta com
nossos corpos quentes e nus. Ficar no meio é realmente incrível, superando até mesmo estar nas
extremidades. Precisamos fazer um rodízio dessa experiência.
Então, viro-me para o Eros, e começamos um beijo apaixonado. Ele eleva minha perna
suavemente, apertando minha bunda e deslizando a mão pela minha perna enquanto nos
beijamos.

Ravi
O Miguel para de me beijar e se vira para fazer o mesmo com o Eros. Esta é a primeira vez que
ele fica no meio dessa forma, completamente sem roupa. Agora, consigo sentir sua presença de
uma maneira diferente, então decido aproximar mais nossos corpos. A excitação que sinto lá
embaixo começa a roçar automaticamente contra a região traseira dele. Ele eleva a perna do
Eros, e, cara, esses dois são uma tentação para mim, que já estou perdendo a resistência diante
deles.
Hoje mais cedo foi o Eros, ao passar meu membro na entrada dele, aquilo me deixou com muita
vontade de fazer amor com ele. Agora é o Miguel. Caramba, esses dois vão me deixar louco de
tanto tesão. Com a bunda do Miguel mais exposta, não resisto e começo a roçar a cabeça do meu
pau na entrada dele enquanto o beijo no rosto. Nós três nos entregamos a um beijo triplo
prazeroso, e entre os beijos, sussurro: — Amo vocês.
— Eu também, vocês despertaram esse sentimento em mim. — O Eros sussurra enquanto tenta
manter seus lábios perto dos nossos.
Sinto a mão do Miguel na minha nuca e vejo que ele faz o mesmo gesto com o Eros. — Eu
também sinto o mesmo, amor, por ambos.
Isso só me deixa mais e mais enlouquecido de tesão. Estou com muita vontade de fazer amor
com eles. Com o Miguel aqui, todo entregue, será que ele vai nos deixar fazê-lo sentir esse nosso
amor dentro dele?
Enquanto nos beijamos, acabo soltando em sussurros: — Vamos fazer amor, os três? — E
continuo beijando-os.
— Vamos... eu quero vocês. — Sussurra o Miguel, e isso me surpreende. Ele vai se entregar a
nós?
Em seguida, o Eros sussurra: — Tenho lubrificante na mala, podemos usar. — Isso também me
surpreendeu e aumentou ainda mais minha vontade.
— Pega lá. — Diz Miguel num tom baixo.
Na escuridão, percebo o Eros se levantando. Enquanto beijo o Miguel, ouço o som do zíper da
mala dele, pegando algo para nós.
Ele retorna ao mesmo lugar, beija o rosto do Miguel e ouço suas palavras. — Deixa que eu
comece a te preparar para não sentir muito desconforto. — O Miguel responde que sim com
gemidos.
Capítulo 47
Miguel

No momento em que nos envolvemos naquela cama, com carícias íntimas, beijos e a forma como
nossos corpos se entrelaçavam, especialmente quando expressaram seu amor por mim, despertou
em mim um desejo ardente de me entregar completamente a eles, a esse amor mútuo que
compartilhamos.
Quando ouvi "vamos fazer amor", não consegui resistir. Não me importo em ser o primeiro a me
entregar. Quero isso, estou ansioso para descobrir como será, como eles vão conduzir esta noite.
— "Vamos fazer", eu digo. — Eros se aproxima com o lubrificante, enquanto Ravi continua me
beijando de maneira carinhosa, envolvendo-me com afeto.
Em seguida, sinto a respiração de Eros no meu ouvido. — Eu te amo. — Seus dedos gelados
tocam minha entrada suavemente, espalhando cuidadosamente o lubrificante pela região.
Lentamente, ele começa a introduzir um dedo enquanto me acaricia com a boca, adentrando mais
fundo, e sinto uma espécie de resistência. — Apenas relaxe, meu amor. — Eros sussurra.
Vou me entregando, permitindo que o dedo de Eros se aprofunde gradualmente. Admito que,
inicialmente, houve algum desconforto por ser algo novo para mim, mas com o uso do
lubrificante, tornou-se prazeroso. Além disso, os beijos, os sussurros amorosos e as carícias de
ambos estão me deixando mais confortável.
O Ravi interrompe os beijos, e Eros me atrai para um beijo, ao qual respondo prontamente. Aos
poucos, sinto o movimento dos dedos dele dentro de mim, e não consigo evitar começar a gemer
de prazer. É uma sensação incrível, não é invasiva, e percebo que ele domina muito bem essa
arte, provavelmente já teve experiências anteriores com garotas e sabe como proporcionar prazer
de maneira delicada.
Entre beijos e sussurros, percebo que os dedos de Eros se retiram, talvez atendendo a um pedido
de Ravi. Ele introduz o dedo dele, parece ter aplicado lubrificante também, e começa a me
penetrar delicadamente. Sinto-o adicionar mais um dedo enquanto me beija suavemente. — Eu
também te amo. — Ele murmura.
Caramba, é surpreendente ouvir ambos expressarem seu amor enquanto estão me tocando, isso
me deixa ainda mais relaxado e excitado.
Enquanto beijo Eros, os dedos do Ravi me exploraram profundamente, o ritmo aumenta e eu não
consigo controlar os gemidos, o que parece agradar a ambos. Seus sussurros sobre minha voz e
como me ouvir gemer os deixam loucos e ainda mais apaixonados por mim.
Depois desse momento de preparação, ouço Eros sussurrar. — Acho que já está bom, pode ir
primeiro. — Ele diz isso para Ravi. Fico pensando se ele concedeu a vez para o Ravi por ele e eu
nos conhecermos antes, mas, para mim, não faz diferença. Estou aberto para quem vier, só quero
sentir essa conexão com eles.
Em questão de segundos, a decisão é tomada e Ravi se posiciona sobre mim, abrindo suavemente
minhas pernas. Começamos a nos beijar, mas ele interrompe brevemente. — Confie em mim. —
Sussurra. Enquanto isso, Eros me puxa para outro beijo, acariciando meus cabelos
delicadamente. Sinto então a cabeça do membro de Ravi na minha entrada, ele aplica mais
lubrificante e é hora. Ele começa a me penetrar e sinto uma leve contração involuntária, mas
ouço deles para relaxar, permitindo que ele introduza seu membro suavemente em mim.
Meu Deus, ele é tão grande assim? Surpreendo-me com o tamanho, previa alguma dor, e
realmente sinto um desconforto inicial, mas é estranho, é uma sensação dolorosamente
prazerosa. O lubrificante está fazendo efeito, e a preparação anterior com os dedos certamente
ajudou.
Alguns instantes se passam enquanto eles me distraem com beijos, carícias e palavras afetuosas,
e percebo que Ravi conseguiu se acomodar completamente dentro de mim. Mantenho meu olhar
fixo nele, curioso para ver sua reação ao estar dentro de mim. Parece que ele está se sentindo
satisfeito, pois seu olhar transmite desejo. — Você é gostoso de todas as formas, principalmente
por dentro. — Ele diz, beijando-me.
Enquanto seus lábios se encontram aos meus, tento me ajustar à sensação de tê-lo completamente
dentro de mim. Caramba, então é essa a sensação em ter alguém dentro de si. Confesso, é uma
mistura de dor, prazer e constrangimento ao mesmo tempo.
Eu e Ravi paramos de nos beijar, e Eros começa a me beijar novamente. Sinto Ravi começar a se
movimentar dentro de mim, e dessa vez não consigo mais conter meus gemidos, e nem ele os
dele. Se alguém passar na frente do nosso quarto, vai ouvir, principalmente a minha voz, pois
além da dor inicial, essa sensação é incrivelmente intensa. Sentir suas investidas enquanto ele
beija meu abdômen e estimula meus mamilos só aumenta o prazer. E tudo o que consigo pensar
é: Mais. — Agh.
Começo a gemer mais intensamente. — Isso, mostre aos seus namorados o quanto está gostando.
Não faço ideia de quanto tempo se passou, mas eu e Ravi permanecemos assim por um bom
tempo. Ele dentro de mim, preenchendo não só com seu corpo, mas também com palavras e
carícias amorosas, até que avisa que está prestes a chegar ao clímax e pergunta se pode fazer isso
dentro de mim. Sem saber ao certo, apenas respondo gemendo um sim. Então, ouço seus
gemidos enquanto atinge o ápice do prazer. Assim que termina, aos poucos sinto o vazio que sua
ausência deixa em mim.
— Você também me quer? — Eros pergunta.
Olho para ele. — Eu disse que quero sentir os dois. — Então ele substitui Ravi.
Retomamos os beijos, e consigo sentir a ponta do seu membro na minha entrada. Gradualmente,
ele vai preenchendo o espaço deixado por Ravi, cuidadosamente ocupando cada centímetro de
maneira lenta e carinhosa. Parece que ele deseja apreciar cada momento. Ele interrompe os
beijos e passa a deslizar seus lábios e nariz pelo meu rosto com afeto. Após alguns segundos,
sinto-o completamente dentro de mim.
Ele interrompe os carinhos e beijos, dando lugar a Ravi, e iniciamos um novo beijo. Eros começa
a me penetrar, aumentando gradualmente o ritmo, sem hesitar em expressar o quanto me acha
delicioso, como está desfrutando cada momento conosco e reitera seu amor por nós.
Ravi para de me beijar e começa a beijá-lo, e não posso deixar de observar. É fascinante
testemunhar essa cena, vê-los se entregando um ao outro enquanto Eros se concentra em me dar
prazer, fazendo-me gemer intensamente, ecoando por todo o quarto. Deve ser a terceira vez que
atinjo o ápice do prazer com um deles dentro de mim, e até sinto a mão de Ravi me ajudando
nisso.
Mal consigo raciocinar com toda essa explosão de prazer e carícias que esses dois estão me
proporcionando. Nem mesmo quando estive com outras garotas me senti tão confortável. Talvez
eu tenha muito a aprender ou talvez estejam sendo excessivamente atenciosos. Se alguém olhar
de fora, pode parecer que estão exagerando nas carícias, mas sinceramente, não me importo.
Estou adorando ser tratado com tanta ternura, como se estivessem genuinamente preocupados se
estou aproveitando ou não, tentando me envolver cada vez mais com seu carinho. Não sei se
consigo me entregar mais do que já estou. Já estou completamente entregue aos dois.
Principalmente ao sentir ambos dentro de mim, penetrando profundamente e proporcionando um
prazer intenso. Acredito que até foram capazes de estimular bem o meu ponto G. É nesse ponto
que atinjo o ápice do prazer. — Agh.
Minutos após meu clímax, Eros anuncia que também está prestes a chegar ao clímax. Autorizo
que ele ejacule dentro de mim, e assim o faz, gemendo enquanto libera tudo. Ele me beija, e
alguns segundos depois, se retira. É inevitável não sentir aquele vazio novamente. E confirmo,
foi gostoso demais tê-los me preenchendo.
Capítulo 48
Ravi

É inacreditável. Ele expressou o desejo de fazer amor? Meu coração está em êxtase. Se ele se
entrega assim, vou me dedicar de corpo e alma para mostrar o quão profundo são meus
sentimentos por ele, por ambos. Que Eros me guie neste momento, pois, embora já tenha
compartilhado momentos íntimos com outras garotas, nunca me entreguei a um homem, muito
menos a dois namorados. Estou vivendo algo tão intenso, meu coração bate em uma cadência
nova. Isso é amor, certo!? Que turbilhão de sentimentos são esses que Eros e Miguel despertam
em mim? Não tenho todas as respostas, mas sei que estar com eles, em qualquer momento, será
mágico. Tenho certeza de que serão experiências inesquecíveis, e até mesmo nossas desavenças
se tornarão insignificantes, apenas risadas depois.
Eros começa a preparação, cuidadosamente usando os dedos para que Miguel não sinta
desconforto. Enquanto isso, permaneço aqui, beijando-o suavemente, deslizando minha mão por
seu corpo, explorando seu abdômen e descobrindo a tatuagem que até então era desconhecida
para nós. Meu desejo é proporcionar a ele a melhor experiência ao lado de nós dois.
Peço a vez para Eros depois de alguns minutos, ansioso para oferecer-lhe também um prazer
maior naquela área. Passo mais lubrificante nos dedos e introduzo gradualmente, percebo uma
leve hesitação dele ao sentir que sou eu agora, mas logo ele se acalma. Eros inicia um beijo
ardente, cheio de fervor, e eu me concentro nas movimentações, adicionando mais um dedo,
provocando gemidos intensos. Ouvir seus gemidos me enlouquece; sua voz já é sexy, mas
gemendo assim, desperta um tesão avassalador em mim. Na verdade, os gemidos deles são os
mais incríveis que já ouvi. Acho que não fazem ideia do poder que exercem sobre mim quando
gemem assim para mim.
— Amo vocês. — Sussurro aquilo que está em meu coração.
Minutos depois, Eros sugere que é um bom momento, e eu nem esperava ser o primeiro. Eu
estava tranquilo com ele indo primeiro, mas ele insistiu. Talvez tenha agido assim por achar que
eu já gostava do Miguel antes dele, mas não foi bem assim. O sentimento romântico por ambos
surgiu no mesmo dia em que nossos olhares se cruzaram naquela manhã em que ele veio fazer a
prova. Mesmo sabendo que Miguel o tinha visto antes, fui eu quem fez questão de procurar o
nome de Eros na lista dos aprovados todos os dias, ansioso para ver se ele tinha passado. Fiquei
feliz, embora não entendesse o motivo na época. Mas agora, tenho a resposta. E o melhor de tudo
é que Miguel também sentiu algo por ele.
Naquela noite, 25 de dezembro, estávamos na mesma sintonia, quando fizemos questão de tê-lo
em nosso quarto. Por destino ou não, aqui estamos nós agora, no mesmo quarto, os três, nos
entregando a esse sentimento que surgiu sem que percebêssemos.
Eu me ergo e me posiciono entre as pernas de Miguel, abrindo-as com suavidade enquanto ele
ainda mantém os olhos fechados, entregue ao beijo com Eros. Me inclino em direção a eles e
peço silenciosamente minha vez naqueles lábios. Eros me concede espaço e eu começo a beijar
Miguel, esperando intensamente que ele perceba o que estou sentindo neste momento. Então,
sussurro para que confie em mim.
Em seguida, com cuidado, guio-me com a minha mão para posicionar-me à entrada dele.
Gradualmente, busco adentrar, percebendo sua hesitação. Eros e eu, em uníssono, expressamos
palavras de amor, acariciando-o, até sentir sua tensão se dissipar aos poucos, permitindo-me
avançar. Aos poucos, ele vai me aceitando, e essa entrega gradual me traz uma sensação de
segurança. Em questão de minutos, o sinto por completo, quente e envolvente. Olho para ele e
sinto uma onda de plenitude. É surpreendente, reconheço: eles me permitiram ser o primeiro, e
essa honra me enche de gratidão. Nunca imaginei sentir dessa forma durante um momento
íntimo. Porém, é diferente quando se trata de estar com meus namorados.
Após alguns minutos, enquanto espero que ele se acostume comigo, o acalmo com beijos e
carícias ao lado de Eros. Começo a me mover dentro dele e, meu Deus, que sensação incrível! A
experiência se intensifica com os gemidos de prazer que ele solta ao me sentir. Isso me anima
ainda mais, mas, considerando que é nossa primeira vez juntos, decido não exagerar. Costumo
ser mais intenso na cama e aprecio um sexo mais selvagem, porém opto por ir com calma. Não
quero que ele se sinta desconfortável ou que isso o afaste de querer compartilhar mais momentos
íntimos. Então, decido que é melhor agir com delicadeza. Talvez, quando ambos estivermos mais
confortáveis, eu possa intensificar as coisas. Estou ansioso também para estar com Eros, para
senti-lo, e quando esse momento chegar, talvez possamos explorar experiências mais intensas na
cama juntos.
A voz de Miguel, combinada com a maneira como Eros o acaricia e estimula, me faz lembrar de
algo que li sobre o ponto G masculino uma vez. Decido focar nisso e tentar descobrir esse ponto
nele. Observo suas expressões e gemidos, e após alguns segundos, acredito ter encontrado o que
procurava. Decido concentrar minhas investidas em um único local e acelerar, indo mais fundo.
Sinto que ele está experimentando um prazer intenso, assim como eu, pois seus gemidos são
como músicas, preenchem todo o quarto, e eu me vejo à beira do ápice.
— Posso gozar dentro? — Sussurro. Ele geme afirmativamente. Então, prosseguimos, gemendo
juntos.
Enquanto nos beijamos, expresso meu amor por ele antes de sair lentamente de seu interior.
Miguel expressa o desejo de nos sentirmos juntos dentro dele, e Eros assume meu lugar. É
incrível a experiência que esses dois me proporcionam.
Capítulo 49
Eros

Minha vez finalmente chegou, e confesso que estou nervoso. Acho que é porque estou aqui,
fazendo amor com dois caras pelos quais nutro um sentimento avassalador, algo que invadiu meu
ser em um tempo tão curto que qualquer observador externo diria que estamos todos em êxtase.
Talvez estejamos, mas os três, ao mesmo tempo? É nessas horas que minhas teorias sobre almas
gêmeas e vidas passadas parecem mais plausíveis, especialmente com esses dois aqui. Mesmo
que tenham me cativado com beijos e carícias, se não gostasse disso tudo, teria recuado. No
entanto, me deixei levar, e estar com eles me fez esquecer até da existência do mundo lá fora.
Pensando bem, naquele dia em que nos vimos pela primeira vez, quando ergui a cabeça, ambos
estavam me encarando como se estivessem petrificados. Se fossem pessoas ruins, certamente
teriam me acordado ou me tratado de maneira diferente enquanto eu dormia. Mas não, eles
simplesmente esperaram, em silêncio. Estariam esperando eu acordar? E depois, ambos fizeram
questão de me incluir, um completo desconhecido, no mesmo quarto. Além de todas as outras
experiências... OK, sei que foi pouco tempo, mas e se eu considerar o lado espiritual disso tudo?
E se nós três já estivéssemos predestinados?
Com esse pensamento em mente, assumo o lugar de Ravi depois que Miguel expressa o desejo
de nos sentir a ambos. Inclino-me em direção aos seus lábios, iniciando um beijo suave. Com o
auxílio da minha mão, coloco-me à entrada dele, usando palavras de carinho para acalmá-lo
enquanto deslizo para dentro, sentindo a sua temperatura quente e apertada. Sim, estou nervoso.
Não entrei nessa escola com a intenção de me envolver com dois caras incrivelmente atraentes.
Vim para estudar e me relacionar com garotas, e sim, na minha mala tem lubrificante e várias
camisinhas para isso. Era para ser com garotas, e, se eles permitissem, até por trás, pois gosto de
experimentar de tudo. Agora, com dois namorados, pretendo realmente explorar diversas
experiências. A diferença é que apenas eles me motivaram a buscar informações na internet
sobre como ter relações com outro homem, algo que nunca tinha feito antes. Cheguei até a ler
sobre dupla penetração. Não sei se algum de nós terá essa curiosidade ou disposição, afinal, isso
exigiria muita confiança e determinação dos três.
Assim que me sinto completamente dentro de Miguel, continuamos a nos beijar, mas depois me
afasto para começar as movimentações, buscando arrancar esses gemidos de puro prazer da voz
encantadora dele. Vou acelerando aos poucos minhas investidas, provocando gemidos cada vez
mais intensos. Enquanto isso, Ravi o beija, acaricia e desliza suas mãos por seu corpo, enquanto
eu beijo suas pernas, buscando pelas suas expressões e gemidos o ponto máximo de prazer
masculino. Parece que encontrei, pois, seus gemidos se intensificam, me deixando
completamente envolvido. Nesse momento, expresso o amor que sinto por eles e o quanto ele é
gostoso.
Ravi se aproxima de mim e iniciamos um beijo apaixonado. Ele sussurra que me ama e está
ansioso para nos entregarmos também. É excitante demais. Aumento o ritmo das estocadas em
Miguel, enquanto Ravi o ajuda a atingir o clímax, estimulando-o. Em poucos minutos, eu
também estou no limite, e Miguel me diz que posso gozar dentro dele. Assim o faço, soltando
gemidos de prazer.
Inclino-me, o beijo e expresso meu amor por ele. Lentamente, saio desse lugar que me acolheu
tão bem e proporcionou uma experiência incrível. Agora, estou ansioso para fazer amor com
Ravi, senti-lo, assim como sinto que eles também desejam.
Deito na cama ofegante e abraço Miguel, enquanto Ravi também nos envolve com o seu abraço.
Passamos um tempinho assim, fazendo carícias um no outro, e então Miguel diz que quer ir ao
banheiro se limpar.
— Posso te carregar? — Falo brincando.
— Não, eu acho que consigo — ele se levanta se apoiando no Ravi.
— Será que vou conseguir sentar direito amanhã? — Ele fala brincando.
Ravi e eu nos olhamos, damos um sorrisinho e vamos atrás dele no banheiro. Entramos no box
juntos, e por incrível que pareça, o clima entre nós está divertido. Começamos a conversar sobre
o horário, que já deve ser quase meia-noite. Nós nos ajudamos a passar sabonete e shampoo um
no outro, rindo e zoando, e Miguel encosta de frente na parede e paramos para olhá-lo.
— Algum problema? — Eu pergunto.
— Não sei se o que vocês colocaram dentro de mim já saiu ou vai escorrer aos poucos —
expressou Miguel, mostrando sua preocupação sobre termos gozado dentro dele.
Me aproximo dele lentamente. — Não sei se vai ajudar muito, mas... — interrompo a frase
puxando-o para um beijo apaixonado. Deslizo minha mão delicadamente pela região traseira
dele. — Confie em mim — sussurro, retomando o beijo.
Então, levo meus dedos à entrada dele. Nunca imaginei fazer algo assim com outro cara, mas
assumo minhas responsabilidades. Tento limpar a região com cuidado. Ravi assume minha
posição com a mão ensaboada. Estamos realmente fazendo isso? Tanta intimidade... depois
disso, poderíamos até soltar um pum na cara um do outro que nada aconteceria. Estou encantado
por ver o quanto Miguel confiou em nós esta noite e apreciando o cuidado que Ravi está
demonstrando. É difícil acreditar que é o mesmo cara que jogava rugby durão mais cedo.
Durante o sexo, pude notar que ele estava contendo-se, parecendo ser mais intenso na cama.
Reconheci isso, pois sou observador. Estou ansioso, louco para ter minha vez com ambos na
cama. Em seguida, expresso para mim mesmo: Ponto para o Ravi por sua compreensão, e ponto
para Miguel por nos permitir ter essa primeira experiência com ele. Mal posso esperar para
proporcionar o mesmo prazer para ambos, assim que possível.
Minutos depois, terminamos o banho e vestimos nossas roupas. O relógio marca quase meia-
noite quando Miguel sugere algo.
— Que tal dormirmos os três na minha cama? — Ele propõe.
Inicialmente, eu até poderia ser contra, mas ele pede com uma carinha tão meiga que se torna
impossível resistir. A questão é que eu me mexo demais na cama.
Inesperadamente, Ravi se joga na cama de Miguel. — Eu me mexo muito, mas se eu ficar aqui
no cantinho, está de boa para mim.
Miguel sorri e vai para sua própria cama. Eu o sigo e ambos insistem que eu deite no meio, e
assim termina nossa noite.
Capítulo 50
Miguel

Nossa, que experiência incrível acabei de ter com esses dois, e o cuidado que tiveram comigo? É
impossível não sentir o amor deles e não se entregar por completo. Percebo que ambos estão se
envolvendo cada vez mais nesse relacionamento. Mesmo com a preocupação extra do Eros sobre
a aceitação dos pais dele em relação à sua orientação sexual, ou sobre ter dois namorados, já que
isso é considerado um tabu pela sociedade. Ser gay já é visto como algo fora do comum, mas
namorar duas pessoas? Em nosso caso, três caras? É esperado que muitos não aceitem isso,
especialmente aqueles de crenças ou doutrinas que não apoiam relacionamentos homoafetivos.
Mas independentemente do que acontecer a partir de amanhã, quando acordarmos e daqui para
frente, se esses dois estiverem tão comprometidos quanto eu, farei de tudo por eles. Estou
emocionado? Talvez sim, mas estou amando dois caras, um amor dobrado. Quero estar com eles,
quero essa experiência maravilhosa que acabamos de ter na cama muitas vezes mais, e desejo
que sejam cada vez mais intensas.
Torço para que os pais do Eros o aceitem, e estou certo de que os pais do Ravi vão adorar nós
dois. Quanto ao meu pai? Bem, ele é uma figura interessante, e minha mãe também. Eles são
casados, mas têm um relacionamento aberto. Meu pai é bissexual e já tivemos conversas sérias
sobre relacionamentos. Sinto-me sortudo por ter um pai que age como meu melhor amigo.
Também reconheço a sorte de ter ambos como pais, já que ambos foram bastante rebeldes em
suas juventudes e compreendem muito bem o que nós jovens somos capazes de fazer.
Quando se trata do Eros, farei tudo o que estiver ao meu alcance por ele, e aposto que o Ravi fará
o mesmo. A única coisa que me deixa inquieto é a possibilidade de ele desistir de nós por causa
da opinião da família. Talvez eu aceite que ele se afaste se considerar que é melhor atender aos
desejos dos pais, mas sei que vou sofrer. Quero que ambos me amem, e eu os amarei da mesma
forma, quero que o Eros e o Ravi se amem, e que nós três nos entreguemos com a mesma
intensidade.
Adormeço com Eros entre nós, posicionado ao centro, enquanto me encontro em uma
extremidade, e Ravi está do outro lado de Eros.

Guilherme

Desperto cedo como de costume, fito o lado vago na cama do Daniel. Caminho até lá e me deito,
contemplando o teto. Uma lágrima escorre. Ah, Deus, por que me deixaste apaixonar-me por ele
para depois tirá-lo de mim? E por que me fizeste gay? Não consigo tirá-lo da minha cabeça. Este
quarto ainda tem o perfume dele. Só queria estar com ele. Deus, por favor, que o Daniel esteja
bem, que nada de mal lhe tenha acontecido ou esteja acontecendo. Peço-te que o protejas, pois eu
falhei. Deus, por favor... traz ele de volta para mim um dia.
Saio da cama dele, me arrumo, pego minhas coisas e coloco meus fones para evitar conversas
com qualquer pessoa que não seja um amigo próximo. Não estou com disposição para criar laços
com ninguém.
Chego ao refeitório, pego minha bandeja e me sento do lado de fora, num lugar isolado, distante
da agitação. É assim que pretendo terminar este ano letivo, completamente sozinho.

Bryan

Meu irmão mais velho está sozinho, e isso me deixa preocupado. Se eu ainda fosse o cara
insensível do ano passado, talvez ficasse feliz com isso, mas conhecendo toda a história por trás
do sumiço do Daniel e sabendo da doença dele, sinto uma tristeza imensa por eles dois.
Quero muito que o Daniel melhore, não quero que meu irmão sofra sabendo que ele pode estar
com os dias contados. Mentir para ele é algo que me deixa angustiado, mas sei que, dadas as
circunstâncias, revelar essa verdade pode desencadear mais problemas para ele. Então, torço com
toda a minha força para que o Gui encontre seu caminho e que o Daniel consiga se recuperar
dessa doença, quem sabe por um milagre, para que possam ficar juntos novamente.

Eros

Não sei se foi cansaço, mas dormi profundamente e só acordei com o despertador do celular.
— Eita, vamos nos apressar, o café! — Exclamo, saltando por cima de Miguel.
— Bom dia! — Ele cumprimenta.
— Bom dia — respondo, indo para o banheiro.
Enquanto olho pelo espelho do banheiro, vejo Ravi se levantando aos poucos.
— Bom dia, meu sol e minha lua! — Ele se espreguiça.
Miguel sorri levemente, eu respondo com um bom dia enquanto escovo os dentes.
— Quem acha que seria a lua e quem seria o sol? — Miguel pergunta com um sorriso malicioso.
Sem hesitar, lanço minha teoria. — Com toda sua tranquilidade, acho que você seria a lua, e eu,
com toda a intensidade, o sol. — Isso arranca risadas dos dois.
O Ravi só confirma com um sorriso largo.
E, claro, não posso deixar ele sem um apelido: — E você seria nosso cometa! — Solto a ideia.
Ele ri, parecendo se divertir com a comparação. — Ah, combina comigo! — Responde, entre
risos.
Cerca de meia hora depois, já estávamos prontos. Me aproximo de Miguel e o beijo, quando
Ravi surge por trás. Me viro e o beijo também, depois abaixo minha cabeça em seu ombro
enquanto o abraço. Miguel se junta a nós por trás e os observo, de canto de olho, se beijando.
Então descemos para o refeitório com nossas coisas e, por hábito de Miguel, sentamos lá fora, no
seu lugar.
— Agora todos saberão quem são os mosquitos que me deixaram marcado no pescoço — brinco,
provocando risadinhas.
— Ei, sobre o próximo feriado, depois que cada um for para suas casas e tal, se der, que tal irmos
à minha casa? — Ravi pergunta enquanto come.
Miguel e eu nos olhamos, depois voltamos nossa atenção para Ravi.
— Se depender de mim, vou sem problemas. Manda o endereço. — Respondo.
— Eu posso te pegar lá com o meu motorista. — Miguel responde.
— Então, você também vai? — Ravi pergunta a Miguel.
— Claro, sem dúvidas. E depois, vocês vão para a minha casa. Meu pai vai ficar de boca aberta
quando souber que estou namorando dois homens. Ele apostou com minha mãe que, pelo meu
jeito, eu iria passar um ano solteiro depois da Melissa.
Enquanto ouço essa conversa, tento imaginar a abordagem que usarei com meus pais. Penso o
quanto gostaria de ter pais como os deles para levá-los até minha casa e dizer: "Pai, mãe, esses
dois caras aqui são meus namorados. Sintam inveja e orgulho do filhão aqui, que logo conseguiu
os dois rapazes mais atraentes da escola como namorados.
Parando para pensar nisso, nem quero imaginar a reação da Camila ao descobrir que, em menos
de dois dias, já tenho dois namorados. Gatos, gostosos e charmosos e todos os adjetivos positivos
que existem como parceiros. Ela vai pirar, especialmente porque percebi hoje cedo que ela me
mandou mensagens ontem à noite, enquanto estávamos os três juntos.
Enquanto divagava sobre isso, ouço:
— Você vai à minha casa também, certo, Eros? — Miguel pede confirmação. — Sim, com toda
certeza. — Beijo o rosto dele. Ravi pergunta e pede o dele, me inclino e dou um beijo no rosto
dele também, e nesse instante sinto a mão do Miguel me apalpando.
— Mal posso esperar, hein... — ele diz, voltando a comer.
Sento novamente, mordiscando os lábios enquanto olho para ambos.
— Quando chegar a minha vez de dar, quero ser mimado até ficar de quatro para os dois. —
Respondo, dando uma mordida no sanduíche e piscando para eles. Apenas ouço suas risadas
enquanto como.

Ravi
Fico contente que ambos tenham concordado em ir à minha casa. Pego meu celular e envio uma
mensagem para meus pais: "Preparem-se para o próximo feriado, estou indo acompanhado."
Recebo uma sequência de emojis surpresos e curiosos, perguntando sobre quem é, se estou
namorando ou se finalmente decidi assumir a Patrícia. Eu só respondo: "Estejam preparados para
receber visitas." Depois disso, deixo-os falando sozinhos nas mensagens.
Meia hora depois, já estamos na sala de aula. Sento ao lado do Eros, e Miguel se junta ao Gui.
Dessa forma, evitamos deixar nosso amigo sozinho, e ele também não quer sentar com mais
ninguém além de nós três. Aproveito a chance para confirmar algo para ele, e um dia, quando
encontrar o Dani, também direi que estou oficialmente namorando.
— Ei, Gui? — Ele olha para trás sorrindo, e até o Miguel e o Eros dão uma olhada meio de lado.
— Fala, mano.
— Agora é oficial, somos um trisal. — Sussurro para ele.
Ele solta um sorriso enorme. — Salve, Eros, o deus do amor!
Todos nós começamos a rir. Nossa amizade com o Eros começou com eu e o Miguel zoando o
nome dele de forma carinhosa, algo que acredito que, naquele dia, ele tenha levado para o lado
ruim. Mas é só brincadeira, e nós gostamos disso.
— Parabéns ao trisal! — Gui demonstra felicidade.
Enquanto as aulas seguem, lembro-me de pedir um favor para minha irmã mais velha. Seguro o
celular e digito: "Manda o catálogo das melhores alianças." Minutos depois, ela responde: "Opa,
o que eu perdi? Você está namorando?" Respondo com emojis rindo e digo: "Sem detalhes, só
manda, por favor." Recebo o catálogo, mas deixarei para ver à noite ou quando estiver sozinho.
Quero fazer uma surpresa e espero que eles gostem.
Capítulo 51
Tiago

Mudei para esta escola por insistência dos meus pais, querendo que eu siga seus passos, assuma
responsabilidades, entre nos negócios da família. A verdade é que, sinceramente, não estava
muito afim de vir para cá.
Mas tudo mudou quando pus os olhos nele. Guilherme, acho que é esse o nome dele. Ele é
simplesmente o cara mais incrível que já vi. Sabe, dentre todos que já namorei, nenhum se
compara à beleza dele. E, pelo que parece, ele é gay. Isso aumenta as minhas chances. Além
disso, ele está solteiro. Talvez ter vindo para essa escola não seja tão ruim assim. Se o Guilherme
me der uma chance, prometo que farei valer a pena.
Estou na expectativa de ter uma oportunidade de conversar com ele. Pelo que percebi, faz parte
do time de rugby. Talvez eu deva tentar esse esporte, apesar de preferir lutas. É uma chance de
tentar algo novo e, quem sabe, me aproximar dele. Estou torcendo para chamar a atenção dele,
porque, caramba, ele chamou muito a minha.
Planejo falar com ele durante o almoço hoje, mas por enquanto, fico aqui, no canto da sala,
observando-o de longe enquanto conversa com seus amigos. Há algo curioso: ele parece sorrir
apenas quando está com aqueles caras. Nas outras vezes em que o vejo sozinho, parece ter uma
expressão mais séria. É estranho, porque, mesmo sendo bonito de todas as formas, ele fica ainda
mais cativante sorrindo. Adoraria ser o motivo desse sorriso.

Patrícia
Estávamos na segunda aula do dia quando recebo uma mensagem da irmã do Ravi avisando que
ele levará alguém para conhecer os pais no próximo final de semana, além de pedir o catálogo de
alianças da loja da família deles. Meu mundo já estava desmoronando, mas agora parece o
próprio apocalipse. Quem conquistou ele tão rápido assim em tão pouco tempo? A ponto de ser
apresentado à família e assumir um compromisso com anéis e tudo?
Não posso acreditar nisso. Estou sofrendo, amo ele. Ravi é meu primeiro amor, o cara com quem
compartilhei minha primeira vez, e fiz tantos planos. Meu coração dói. Por que, Ravi? Por que
não fui o suficiente para você? O que fiz de errado para que nunca me amasse? Quero ao menos
saber quem é essa garota, quero ver por quem fui substituído.

Rafaela

Caramba, não acredito no que vi mais cedo. Será que estou criando teorias loucas ou foi só uma
brincadeira deles? Eu estava andando sozinho, tentando planejar como conquistar o Eros, quando
me deparei com algo surpreendente: vi ele de longe beijando a bochecha do Miguel e do Ravi. Vi
o Miguel até apalpando a bunda dele. Homens agem assim? São tão pervertidos quanto as
mulheres ou há algo mais acontecendo aqui?
Será que o Eros é gay, bissexual ou algo assim? Pior ainda, e se os outros também forem? Não
quero falar nada para essas duas sem ter certeza. Se elas confrontarem os três por causa disso, vai
acabar sobrando para mim, especialmente pra Melissa, que é a mais surtada. Acho melhor só
observá-los de longe. Mas e se aquele beijo significar algo? Mas... — dou um tapinha na minha
cara —, mas mulheres também fazem essas coisas, certo? Teve uma vez que bebi demais e beijei
minha prima, foi só uma vez. E sim, às vezes fiz umas brincadeiras, dei tapinhas na bunda de
amigas e apertei os peitos delas, mas tudo na zoeira, sem maldade. Aposto que os caras também
fazem esse tipo de coisa. Talvez eu esteja vendo coisas.
De qualquer jeito, não vou falar nada. Vou apenas observar e tentar fazer as mesmas brincadeiras
com essas duas, quero testar minha teoria na prática.

Carol

Não posso ter o amor do Guilherme, mas posso tornar a vida dele um inferno e destruir a vida do
Daniel. Minha vingança contra esses dois foi afastá-los por quilômetros de distância. Para um,
inventei uma doença incurável; para o outro, fiz com que Daniel enviasse uma mensagem
pedindo para não ser procurado, acrescentando que não era gay. Além disso, os pais deles
colaboraram com essa farsa e até a mãe de Daniel está fingindo uma doença. Sinceramente,
mereço um prêmio de melhor vilã.
Mas é isso que eles ganham. Se eu não posso ter o que quero, os outros também não terão. Irei
tornar a vida do Guilherme um inferno eterno, essa será minha missão. E se qualquer outro
garoto tentar algo com ele, também darei um jeito de afastá-lo. Eu admito, tenho uma obsessão
pelo Gui, mas também nutro ódio por ele. É divertido vê-lo triste pelos cantos. E o Daniel? Ah,
que ele vá para o inferno. Os únicos que talvez se importem com ele são os irmãos e o Gui, mas
como eles não sabem a verdade, ninguém vai ajudar o Daniel no castigo que eu criei.
Por enquanto, prefiro ficar aqui na escola, observando-o, vendo até onde ele vai sofrer por causa
do Daniel. E quando ele se apaixonar novamente, vou desestabilizá-lo outra vez. A propósito,
tenho o apoio do pai dele e daquela madrasta insignificante.

Melissa
Se meu irmão não fosse tão cruel, talvez tivesse me ajudado com o Miguel. Mas ele prefere
apoiar um estranho, um gay. Ah, que ódio. Certo, estou furiosa, mas decidi tomar um rumo
diferente. Desistirei do Miguel, já que aparentemente não sou o bastante para ele. Vou encontrar
alguém que me ame como mereço. Ele é quem perdeu. E seja lá quem for essa pessoa, não deve
ser tão especial quanto eu, pelo menos não nesta escola. Mesmo desistindo dele, ainda quero
saber quem é essa garota capaz de tocar o coração de pedra do Miguel. Mas enfim, desisto. Não
vou me torturar para sempre.
Capítulo 52
Eros

Finalmente, o período da primeira aula chega ao fim e, cara, ainda bem que não sou burro. Esta
escola realmente merece toda a reputação que tem, as aulas são desafiadoras, os professores são
altamente qualificados – e precisam ser. Os pais dos alunos pagam uma fortuna para que seus
filhos estudem aqui, fora outros investimentos que ouvi falar que fazem para manter essa escola
impecável. Fico me perguntando a quantia astronômica que Ravi e Miguel, ou melhor, seus pais,
pagam para mantê-los aqui. Ainda bem que sou bolsista. E outra coisa em que preciso me gabar:
mesmo se esses dois não fossem ricos, se dariam muito bem na vida, porque são tão inteligentes
quanto eu. No entanto, observando-os nessas aulas, percebo que Ravi pensa mais rápido em
cálculos e assuntos relacionados a exatas, enquanto Miguel é excepcional em quase tudo.
Acredito que ele seja o mais inteligente entre nós dois. Não é à toa que estuda e lê bastante. Deve
estar ansioso para mostrar ao pai que é tão bom quanto ele e digno de herdar a empresa.
Levanto-me, pego minhas coisas e seguimos para o quarto. Miguel está com o braço ao redor do
meu ombro, enquanto Ravi está do outro lado dele, deixando Miguel no meio. Ele apoia o braço
no ombro de Ravi, e para quem olha de longe, parece que somos apenas amigos próximos. Mas
estou feliz por sermos mais do que isso – somos namorados. Assim, seguimos em direção ao
quarto.

Rafaela
Tenho o objetivo de seguir esses três e descobrir se há algo mais entre eles ou se são apenas
amigos que têm comportamentos estranhos. Observo-os discretamente e os vejo andando bem
próximos: Miguel está no meio, os outros dois ao lado. Miguel parece mais íntimo do Eros, até
cochicho algo no ouvido dele, enquanto Ravi está um pouco mais descontraído, apenas com o
braço apoiado em Miguel. Hoje, decidi observá-los mais de perto. Os sigo em direção ao
dormitório masculino e decido dar a volta pelos arbustos e subir as escadas de emergência.
Corro o mais rápido que posso, subo as escadas e torço para que nenhum aluno apareça por aqui.
Finalmente, chego ao segundo andar. Abro a porta com cuidado e os vejo subindo. Estão rindo, e
meu Deus... O que estou presenciando?
Miguel encosta Eros na parede e Ravi fica ao lado, ambos olhando fixamente para Eros. Eros
sussurra algo no ouvido de ambos e eles trocam sorrisos maliciosos. Em seguida, vejo Miguel
puxar Eros, abraçando-o pelas costas, enquanto Ravi o abraça pela frente. Aquilo parece um tipo
de abraço estranho, um sanduíche humano? Meu Deus, que tipo de brincadeira é essa?
Em seguida, vejo-os entrar no quarto e fecharem a porta. A curiosidade está me matando. Será
que está acontecendo algo mais lá dentro? Decido me aproximar, ouvir atrás da porta.
Felizmente, o lado do quarto deles é isolado, então ninguém me verá. Caminho silenciosamente,
com cautela, chegando à porta. Encosto meu ouvido, tentando captar qualquer som. Escuto vozes
como 'Assim, não', 'Espera, gosto quando faz isso', 'Nossa, que gostoso'... Meu Deus, o que estou
ouvindo? De repente, a porta se abre e eu acabo caindo para dentro do quarto, encarando os três
surpreso.
Eu digo. — Oiê?! — Fodeu!
Capítulo 53
Eros

Decidimos voltar para o dormitório e, no meio do caminho, o Miguel sussurra no meu ouvido: —
Nas férias, quero viajar com os dois para algum lugar, seja dentro ou fora do Brasil. — Dou uma
risada antes de responder. — Você vai me desculpar, mas ainda não sou um médico cirurgião, e
a grana está curta.
Ao chegarmos à porta do quarto, o Miguel me encosta na parede, e o Ravi se posiciona do outro
lado. — Sobre a viagem, eu pago. — Miguel declara. Fico meio sem jeito com a oferta, viro o
rosto envergonhado. Eu sei que namorados fazem essas coisas, mas, geralmente, quando eu era o
namorado das garotas, era eu quem pagava, não o contrário. Agora, estou do outro lado desse
relacionamento e me vejo recebendo um pedido de viagem com tudo pago por um dos meus
namorados.
Sinceramente? Prefiro recusar, mas... — Nós dois podemos pagar isso para você. Por favor, não
recuse ou vamos ficar chateados. — Ravi completa. Eu continuo olhando para o outro lado,
envergonhado. Mas viro para eles e sussurro em seus ouvidos, para o Miguel eu digo: — Deixa
eu pensar primeiro. — E então me viro para o Ravi. — Se minha resposta for não, por favor, não
fiquem chateados.
Eles não desistem e me puxam para um abraço triplo. A voz do Miguel fala baixinho no meu
ouvido: — Vamos lá, amor, vai ser divertido. Além da viagem, vamos fazer muitas excitantes...
interessantes. — Cara, até animei com a última palavra "excitantes", espero que seja sexo, muito
sexo.
Em seguida, o Ravi também sussurra: — Quero curtir muito com meus namorados,
especialmente na cama, fazer vocês enlouquecer. Você não vai querer ficar longe de nós, vai,
Eros? Você é o mais intenso, afinal. — Nós três rimos.
Eles me puxam para dentro do quarto e começamos a nos beijar. Entre os beijos, respondo: —
Claro que não aguentaria ficar longe dos meus dois namorados gostosos, especialmente por um
mês. Ficaria maluco sem sexo.
Após alguns minutos de beijos e pegação, Ravi diz que precisa fazer algo e sai na frente. Ao
abrir a porta do quarto, quem está lá? A Rafaela. Ela estava ouvindo atrás da porta? Será que viu
esses dois tentando me agarrar no corredor? Será que testemunhou nosso fogo?
Isso não importa. Então me viro para Ravi: — Pega ela no colo e coloca na minha cama. — Ele
obedece. Olho para Miguel, confiro se não há mais ninguém lá fora, e fecho a porta. — Ele me
obedece. Enquanto isso, puxo uma cadeira de estudos e me sento em frente a ela. Acho que além
do Gui, ela será a segunda pessoa desta escola a saber que somos um trisal.

Miguel

Namorar os dois está me deixando animado, e no meio das aulas, me pego pensando em
aproveitar mais o nosso relacionamento para além dos muros desta escola. Não sei como será
nossa vida após a formatura, mas quero muito prolongar esse amor, essa chama que arde entre
nós. Ainda não sei como faremos isso ou se teremos tempo, mas enquanto somos apenas
estudantes, sem muitas responsabilidades, quero estar com eles o máximo possível, com os dois.
O Ravi, eu sei, está sempre disposto a ir para qualquer lugar que eu ou o Eros sugerirmos. Mas a
questão é o Eros. Já imagino que ele ficará desconfortável, mas estou determinado a pagar, e
espero que ele entenda que é um gesto de coração. A única maneira dele me retribuir por isso é
aceitando e amando nós dois. Até o Ravi se manifesta para ajudar a pagar, embora não seja
necessário. Porém, ele também é namorado do Eros e meu, então faz sentido oferecer a ele as
melhores experiências que o dinheiro pode proporcionar. Espero que o Eros não sinta seu
orgulho ferido como homem. Nós dois gostamos muito dele. E eu faria o mesmo pelos dois se
ambos não pudessem arcar com as ideias que tenho para nós no futuro.
Estou certo de que o Ravi pensa da mesma forma que eu. Acredito até que o Eros faria um gesto
semelhante. Sinto que posso confiar nos sentimentos deles.
Dentro do quarto, enquanto nos beijamos, Ravi diz que vai sair para fazer sei lá o que. Ele sai na
frente e, de repente, quem entra no nosso quarto? Ela mesma, Rafaela. Eros pede para eu
verificar lá fora, e vou sem questionar. Confiro se não há ninguém, volto e fecho a porta. Agora
estou curioso para saber como Eros lidará com essa garota intrometida. Se dependesse de mim,
teria levado ela para o meu tio e feito com que fosse expulsa. Mas vou me conter e deixar que ele
decida.
Ravi

Fiquei animado com a ideia da viagem, mas também estou ansioso para entregar a eles as
alianças, espero que gostem. Decido sair antes para ver o catálogo, se não tiver nada interessante,
mandarei fazer uma do jeito que imagino.
Abro a porta e quem cai no chão? Sim, a Rafaela. Cara, estou ficando chateado com essa menina.
Desde o primeiro dia, ela tenta algo com o meu Eros, e até agora não entendeu que ele não está
interessado? E sinceramente, espero que as outras tenham entendido que nenhum de nós está
disponível, especialmente a Melissa. Preciso me segurar para não falar algumas verdades. Não
sou de discutir, mas elas estão me irritando demais.
Eu ia perguntar o que ela estava fazendo na porta do nosso quarto, mas o Eros me pede para
carregá-la e colocá-la na cama. Miguel verifica lá fora e depois fecha a porta. Eros se senta na
frente dela, eu me encosto ao lado dele, e Miguel fica encostado na porta enquanto ela fica com
uma expressão de pamonha para nós três.

Rafaela

Misericórdia, me meti em uma enrascada. Não era minha intenção ser pega, mas acabei
provocando isso. Agora vou ter que arcar com essa minha idiotice ou o Miguel ali, que está me
fuzilando com os olhos, vai entregar tudo para o tio dele, e estou em apuros.
— Anda, desembucha! — Eros fala sério e grosso comigo. Nem parece aquele cara gentil e
descontraído que conheci no primeiro dia, especialmente com Ravi ao seu lado, com uma pose
de mafioso. Olhando assim, parece até que Eros é o chefe e Ravi o seu segurança.
Então, já que chegamos a esse ponto, estou diante deles, o que é um peido para quem já está
cagado? Melhor arrancar logo as verdades. — Vocês estão em um triângulo amoroso? —
Questiono diretamente. Eros lança um sorrisinho de canto.
— Sim, somos um trisal, estamos namorando! — Ele responde diretamente, e fico chocada.
Minha boca quase cai, mas me contenho. Será que ele está falando sério ou só brincando? —
Isso é verdade ou é brincadeira?
Ele dá outro sorrisinho, segura delicadamente o queixo de Ravi e olha para mim. — Espero que
isso tire suas dúvidas. — Eles se beijam, um beijo de língua.
Meu Deus, estou vendo a língua deles dançando dentro da boca um do outro, nossa senhora, que
beijo! Nem sei se já beijei assim, quase se engolindo.
Eles ficam assim por alguns minutos e param. Ele olha para mim de novo. — Miguel? — Ele
chama, e Miguel se aproxima do outro lado. E ainda olhando para mim, ele diz: — Agora, não
vai restar mais dúvidas, certo? Porque eu tenho os dois. — Eros o beija, da mesma forma que
beijou Ravi, um beijo longo e intenso, com estalos e gemidos. Estou chocada.
Capítulo 54
Eros

Eu não estou acreditando nisso, ela nos seguiu? A garota já sacou que estamos juntos? Observou
nosso fogo no café ou o quê? Mas enfim, ela terá a resposta dela agora, e espero que de uma vez
por todas esqueça qualquer pensamento comigo. Espero até que ela conte essa fofoca para as
amigas dela. Então darei a resposta diretamente, curta e grossa. — Sim, somos um trisal,
namorados!
Quase tive que correr para segurar o queixo dela de tão chocada que ficou. Mesmo assim, não
acreditou. Acho que vou fazer melhor do que com palavras, um beijo, porque ações às vezes são
as melhores respostas.
Puxo o Ravi. — Vem aqui, meu gostoso. — Ele entende o que eu quero, pisca para mim, e nos
beijamos. Não é um beijo qualquer, é um beijo capaz de sugar a alma um do outro pela boca.
Que beijo gostoso é esse que estamos dando? Beijar com paixão ajuda a intensificar o que
sentimos? Se a Rafaela não estivesse ali, eu até tirava minha roupa, mas vou me conter. Quem
sabe hoje à noite eu role sexo de novo.
Em seguida, chamo o Miguel. Ele já sabe o que eu quero, é espertinho, até sussurra. — Deu
tesão ver vocês dois se beijar. — Respondo. — Podemos resolver isso mais tarde. — Pisco para
ele, e começamos a nos beijar.
Ele segura delicadamente meu rosto e intensificamos o beijo. Ele chupa minha língua como se
quisesse tirá-la da minha boca, desliza as mãos pelo meu corpo, aperta suavemente e pressiona
meus mamilos discretamente. Com o beijo ardente que ele está me dando, começo a soltar leves
gemidos. Cara, se a Rafaela não estivesse ali, juro, eu me entregaria a eles agora mesmo.
Minutos depois, terminamos. Olho para ela; ela ainda está incrédula. Digo: — Ainda não
acabamos o show. — Ela faz uma expressão ainda mais confusa.
Levanto-me e puxo os dois para perto. — A próxima cena será o grande final, e você vai ficar até
molhadinha. — Mordo os lábios. Consigo até vê-la corar.
Então, olho para eles e digo: — Me beijem!
Nos abraçamos e sorrimos de canto. Aos poucos, nos aproximamos. Sinto suas respirações, seus
hálitos e finalmente seus lábios, suas línguas, nossas línguas, nos envolvendo em um único
ritmo. O beijo vai se intensificando, sinto suas salivas, é um beijo triplo incrível, que bocas
maravilhosas são essas que tenho. Para deixar ainda mais quente, deslizo minhas mãos para
dentro das calças deles, eles permitem. Com um olho, olho para Rafaela, e ela está simplesmente
paralisada, nos observando. Posso até vê-la passando o dedo na boca, parece que ela está
gostando do que estamos fazendo. Safada, ela deve ser pior que eu.

Rafaela

Puta que pariu!


Agora estou curiosa para saber como é um beijo assim!
E, olha só, estou sentindo algo aqui embaixo, exatamente o que o Eros acabou de mencionar.
Esse cara sabe como deixar uma mulher, molhadinha. Droga, não consigo desviar o olhar, é
excitante, é fascinante ver três caras desejados se beijando, deixando a chama da paixão se
acender entre eles.
Será que consigo mais duas pessoas para testar isso? Duas mulheres? Um homem e uma mulher?
Dois homens? O que vier é lucro.
Se até o Eros, que até três dias estava gritando para todo mundo que era hétero, de repente se
interessou e gostou disso, eu também posso, certo? Deve ser uma experiência incrível, eu quero
descobrir como é essa sensação, esse calor que está percorrendo meu corpo.

Ravi
Cara, amo o Eros, amo esses dois, somos loucos, capazes de qualquer loucura um pelo outro, até
mesmo perder a vergonha na frente de uma garota que antes estava obcecada por um de nós. E
agora ela está ali, parada, nos observando enquanto nos beijamos intensamente, enquanto a mão
do Eros estimula meu pau, aumentando ainda mais minha vontade de jogar os dois naquela cama
e deixar o desejo tomar conta.
Assim que esse beijo terminar, sem dúvida, vou ver nossas alianças. Quero demonstrar que estou
comprometido com eles.

Miguel

A experiência que estou tendo com esses dois é melhor do que qualquer coisa que já li em
qualquer livro de romance gay. Só experimentando para saber.
Minutos depois paramos o beijo. O Eros direciona o olhar para a Rafaela, e o Ravi diz que
precisa sair, pede para que nós dois resolvamos essa situação, e concordamos.
— Fala aí, Rafa. Vai sair correndo e espalhar para suas amigas e para toda a escola o que viu?
Ou vai me dizer a verdade, que gostou do que viu? — Perguntou o Eros. Fiquei confuso com
essa pergunta, mas deixo que ele resolva.
— Não, vou ficar na minha. Elas que se virem para descobrir quem são suas namoradas, melhor,
namorados. Quando elas souberem que são só vocês mesmos, entre vocês três, vai dar bug no
sistema delas. A mais histérica vai ser a Melissa, que é louca por você. Ou, posso estar enganada.
Já a Patrícia, não sei. Ela é na dela, pode ser que fique mais triste do que já é. Ela é louca pelo
Ravi, e quando souber que ele preferiu dois paus, em vez da pepeca dela, juro, quero estar perto
para ver a reação dela. Tenho certeza que será igual à minha.
Me sento na cama e encaro ela. — E você? Vai ficar na sua e parar de correr atrás do meu
namorado? Ele é meu e do Ravi, e não temos vagas!
Ela solta uma risadinha, se senta na beirada da cama e olha para mim. — Ok, admito a derrota. É
justo perder para os dois caras mais lindos da escola, mas ainda não dei uma olhada melhor nos
outros caras. Achei aquele Tiago um gatinho, e ouvi dizer que ele é bissexual.
— Ou você pode tentar também com garotas! — Solto um sorrisinho irônico.
— Pode ser que eu tente também com garotas. — Ela responde, arqueando a sobrancelha.
O Eros se senta ao meu lado, olhando para ela. — Então, vamos ficar de boa com toda essa
situação? Amigos? — Ela pega na mão do Eros e na minha e responde. _ Amigos!
Ela se levanta. — Eu sempre quis ter amigos gays.
Respondo para ela. — Não sei se somos exatamente total gays, mas nesse relacionamento somos
só gays. — O Eros concorda comigo.
— Posso me sentar com vocês no almoço? — Ela pergunta, rindo.
Concordo, e em seguida, ela pergunta se nosso relacionamento será sigiloso ou público. O Eros
responde que aos poucos a escola toda saberá, mas isso dependerá das circunstâncias. Ela jura
que vai ficar na dela, então descemos juntos para o refeitório.

Ravi

Tive que me afastar rapidamente, a situação com aquela garota foi inoportuna, mas até que não
acabou tão mal. Pelo menos, agora ela sabe a verdade e espero que desista de ficar em cima do
meu namorado. Além disso, o beijo que demos foi surpreendentemente bom, parece que estamos
nos aprimorando nesse negócio de beijo triplo.
Ao me aproximar de um local mais tranquilo, avisto o Gui e sento ao lado dele. — E aí, irmão?
— Cumprimento-o, e ele retribui o aperto de mão.
Já sei que não preciso perguntar o motivo desse isolamento dele, pois já sei a resposta, estaria da
mesma forma se fosse comigo.
Pego meu celular, abro o catálogo de alianças e começo a procurar por opções triplo, e o Gui
percebe o que estou fazendo. — Ano passado, fui na loja da sua família comprar uma para mim e
outra para o Dani.
Olho para ele. — Então, aquele anel que o Dani usava em volta do pescoço era o anel de
compromisso de vocês dois? — Ele confirma.
Já que tocamos nesse assunto, decido pedir conselhos sobre a minha insegurança. — Como foi a
reação do Dani? Ele gostou? Achou exagerado?
O Gui logo percebeu que eu estava procurando fazer o mesmo com os meus namorados. — No
começo, ele só me chamou de emocionado, e é verdade, mas na real, eu queria mostrar que eu
estava falando sério, que apesar das brincadeiras por longos seis meses, eu não estava só
brincando. Eu realmente me apaixonei por ele. — Ele fez uma pausa antes de continuar. — Eu
ainda estou completamente apaixonado, então quis provar isso do jeito tradicional.
— E depois de te chamar de emocionado, vocês fizeram o quê? Transaram? — Perguntei com
um sorriso.
Ele sorriu de volta. — Não, isso aconteceu depois que transamos.
Tive que sorrir também. A estratégia dele foi ótima, transar antes de entregar as alianças, assim o
namorado não tem como recusar. Genial. Talvez eu faça algo parecido. Vai depender das
circunstâncias.
Capítulo 55
Ravi

Passei um bom tempo escolhendo as alianças, e o Gui até me deu uma opinião sobre elas, além
de me mostrar que ainda carrega no pescoço a aliança dele com o Dani. Fico dividido entre a
admiração e um misto de emoções em relação ao meu amigo.
Admiro profundamente a capacidade dele de amar verdadeiramente alguém, no caso dele, o
Dani, e desejo para mim a mesma entrega, embora no meu caso, sejam duas pessoas. É
inspirador ver a forma como o Guilherme se mantém fiel ao sentimento, e tenho certeza de que,
onde quer que o nosso amigo Daniel esteja, ele também sentirá o mesmo.
Se um dia, porventura, eu e meus namorados seguirmos caminhos diferentes devido às nossas
carreiras ou trabalhos, espero que eles possam levar essas alianças consigo e lembrar do que
compartilhamos. Eu faria isso por eles. Apesar de eu ter um lado bravo e impulsivo, por dentro
sou alguém completamente diferente, e os sentimentos que tenho por esses dois são realmente
profundos.
Quero que essas alianças sejam mais do que meros símbolos; espero que elas representem a
união dos nossos corações, mesmo que estejamos separados. Se o destino nos levar por caminhos
distintos, que esses anéis sejam a promessa de um reencontro. E quando esse dia chegar, se
nossos sentimentos permanecerem os mesmos, terei um novo conjunto de alianças para propor
algo mais sério e definitivo.
Verifico o tempo que resta para o término do almoço - meia hora. Escolho as três alianças que
devem entrar no novo catálogo e disparo uma mensagem à loja para que sejam feitas
exclusivamente e únicas. Espero que meus namorados gostem, porque eu gostei muito; tenho
boas expectativas.
Gui e eu caminhamos até o refeitório, pegamos nossas refeições e nos juntamos aos nossos
amigos e meus namorados. — Pensei que você não fosse almoçar. — Diz Eros.
— Faço um carinho na cabeça dele antes de voltar para a refeição.
Observo cuidadosamente quem está na mesa e vejo a Rafaela à nossa frente, sorrindo. Fico
curioso para saber o desfecho da conversa entre ela e meus namorados. — E aí, o que
resolveram? — Pergunto a eles.
— Ela admitiu a derrota para vocês dois. — Respondeu Eros.
Solto um sorrisinho e olho para ela. — Você nunca teve chance. — Ela começa a rir, parecendo
uma foca.
Ítalo e Jaques nos olham estranhamente, percebo que eles ainda não sabem. — Vocês já
contaram para eles? — Pergunto a Eros e Miguel. — Não. — Ambos respondem.
Eles nos encaram, visivelmente confusos.
— Quem vai dar a notícia? — Pergunto novamente.
Eros e Miguel trocam sorrisos, e Miguel se manifesta. — Acho que eles vão perceber sem
precisarmos dizer nada, principalmente o Ítalo.
Ítalo franze a testa, analisa a situação, enquanto Rafaela continua rindo incessantemente e Gui
parece quase entrar na onda dela. Ela cochicha algo para ele, e ambos começam a rir.
— Realmente não estou entendendo. — Diz Ítalo.
— Enquanto você e seu namorado são dois, eles são três. — Rafaela diz, desviando o olhar.
Jaques imediatamente entende o que ela quis dizer e fica boquiaberto. Ítalo, por sua vez, solta um
sorriso largo. Ambos discretamente nos desejam parabéns, incrédulos por descobrirem que nós
três formamos um trisal.

Rafaela
Durante o almoço, percebo Melissa e Patrícia me fuzilando com o olhar, provavelmente se
perguntando por que estou na mesa dos ex delas. Vou ter que encontrar as palavras certas para
responder a elas mais tarde no quarto.
Elas não foram as únicas a olhar para a mesa. Sou observadora e notei que aquele Tiago não
tirava os olhos de nós, mas acho que não especificamente de mim. Olho para o meu lado, Gui.
Claro, é óbvio que o interesse dele está no Gui.
— Aquele garoto está olhando para você? — Cochicho para o Guilherme.
Ele responde que já percebeu isso desde o primeiro dia, mas não tinha certeza. Agora, comigo
vendo o mesmo, ele tem certeza.
— Ele é gatinho, você vai dar uma chance?
Ele cochicha de volta. — Não, e você sabe o porquê.
Fico em silêncio. Claro, é por causa do Daniel, o cara de quem a Carol se livrou. Talvez, quando
criar coragem, conte isso para o Guilherme, embora ele já suspeite da Carol ter algo a ver com o
sumiço dele. Sinceramente, não quero me envolver nisso, acho que vai dar problema para mim.
E estou até sentindo um calafrio agora, principalmente porque ela não para de nos encarar.

Eros

Após a refeição, tivemos mais duas aulas no período da tarde, e agora estou indo para as aulas de
karatê com o Miguel. Estou bem nervoso, já que só sei jiu-jitsu. Vou tentar um esporte diferente
e espero não passar muita vergonha. O Miguel garante que vai me ajudar.
Troquei de roupa e, como iniciante, não há tantas opções para mim. Enquanto o Miguel ajuda o
sensei diretamente, eu fico mais à margem. O sensei chama o Miguel para fazer algumas
demonstrações para nós, novatos. Junto com ele, outro novato - um cara que parece estar no
mesmo nível que o Miguel no karatê.
Nesse momento, vejo o Ravi entrar no dojo, e a Rafaela está com ele. Parece que ela se tornou
nossa mascote ou está fugindo das amigas, mas isso não me importa. É bom saber que ela está do
nosso lado, não é uma inimiga.
"— Ei, o que o Ravi está fazendo aqui?" Ouço alguns cochichos.
O Miguel dá uma olhada para a porta, sorri para o Ravi, que retribui o gesto, a Rafaela acena
para nós, e eles se sentam. Depois, acenam para mim e eu balanço a cabeça antes de voltar minha
atenção para a aula, na qual começam a demonstrar golpes de karatê.
A aula acontece, aprendo algumas coisas e depois termina. Saio para esperar o Miguel do lado de
fora, onde o Ravi e a Rafa já estão.

Miguel
Fico feliz em vê-los ali, e o Ravi aparecendo pela primeira vez é uma surpresa. Nunca o
convidei, e nessa mesma hora no ano passado, provavelmente estaria trancado no quarto,
jogando videogame. Então, surpreendeu.
A aula começa e o sensei pede algumas demonstrações para os novatos, começando com um tal
de Carlos.
— Espero conseguir acompanhar seu ritmo. — Carlos comenta.
Durante a demonstração de alguns golpes, em um deles, ele me joga no chão e solta um
comentário: — Você é bonitinho. — Dou um empurrão para afastá-lo.
Ele se ergue com um sorriso, estendendo a mão para me ajudar a levantar, mas recuso. Então, ele
tenta de novo: — Você é difícil, espero que não seja sempre assim.
A aula termina, a maioria vai embora, e ficamos só eu e Carlos para organizar o que usamos na
aula.
— Te incomodei por achar você bonito? — Ele solta essa pergunta do nada.
Olho sério para ele. — Costuma elogiar caras que nunca viu na vida? Qual seria sua reação?
Ele sorri. — Elogio só os que me interessam.
Ele se aproxima, tenta mexer no meu cabelo, mas bloqueio a mão dele. Nesse momento, alguém
abre a porta. É o Ravi. Ele nos olha, vê Carlos e depois olha para mim. — Vamos, o Eros está
esperando.
Fico pensando se o Ravi ouviu algo. Ele parece bem sério.
Peço para Carlos sair, já que preciso fechar o dojo, e o Ravi fica na porta encarando-o seriamente
enquanto ele passa por ele.
Agora estou intrigado com esse Carlos. Não quero pensar que ele está dando em cima de mim,
talvez seja só o jeito dele. Seja como for, não passará de amizade ou nem isso. Espero não estar
pensando demais, mas no momento os únicos caras que aceito que se aproximem, são eles: o que
está ao meu lado e o outro mais adiante. Estou muito bem assim.
Capítulo 56
Ravi

Após as aulas do período da tarde, o Eros e o Miguel seguiram para a aula extra no clube de
karatê. Desde que conheço o Miguel, ele sempre curtiu isso. No ano passado, nesses horários,
não tinha muito o que fazer; eu acabava ficando sozinho no quarto, distraído com videogames no
celular. No entanto, este ano é diferente. Agora tenho dois namorados, e ambos me convidaram
para ir junto, caso eu não tivesse planos. Fiquei um pouco sem jeito, sabendo que, ao colocar os
pés lá, provavelmente todos iriam comentar.
Confesso que teria adorado receber esse convite no ano passado, assim como convidei o Miguel
várias vezes para assistir às minhas vitórias no rugby, mas ele nunca foi. Tudo bem, éramos mais
colegas de quarto há dois anos, e as coisas eram diferentes naquela época. Ele não me dava muita
atenção, e eu era meio babaca, então tudo bem.
Mas este ano é diferente. Agora, ele é um dos dois homens por quem estou apaixonado, e quero
estar lá com eles.
— Vamos na frente! — Disseram eles, enquanto eu fiquei no banheiro tomando banho.
Minutos depois, direcionei-me para o dojo, confesso que estou meio sem jeito. Nunca fiz nada
parecido e não sei qual expressão adotar assim que entrar lá. Para minha surpresa, vejo a Rafaela
sentada sozinha. — O que você está fazendo aqui sozinha?
Ela me olha. — Estou fugindo das minhas colegas de quarto.
Então, tenho uma ideia. — Quer fugir comigo para o dojo? Quero ver meus namorados. —
Rafaela concorda, pulando no meu braço.
Sinto-me um pouco mais confiante enquanto entramos no dojo. Todos nos olham, mas fico mais
tranquilo quando vejo os dois sorrindo para mim. Rafa e eu acenamos de volta.
O sensei Taiki permitiu nossa entrada, pois é amigo dos meus pais e gosta muito de mim. Ele
sempre tenta me convencer a participar das aulas, mas eu sempre escapo. Sentamos e ficamos
observando a aula.
Miguel inicia uma demonstração de golpes com um novato, e algo estranho chama minha
atenção. Uma frase saiu dos lábios daquele Carlos. Azar dele que, pois, se há uma habilidade que
meus pais me ensinaram desde criança, foi a leitura labial. Entendi perfeitamente quando ele
chamou meu namorado de 'bonitinho'. Dou um soco no assento.
— Ei Ravi… aquele cara chamou seu namorado de 'bonitinho'. — Olho para ela.
Ela sorri, séria e de canto e pergunto como ela percebeu, ela responde. — Meu amigo, você está
falando com uma fofoqueira especialista aqui. Nada escapa dos meus olhos.
Estou começando a gostar dela. Se tivesse agido assim desde o início, já seríamos melhores
amigos. — Escuta… — olho para ela. — Vou te dar uma missão. — Ela sorri. — Qual é? —
Pergunta. Respondo. — Fica de olho naquele cara por mim, se ele tentar algo, não deixa. Me
chama ou bota fogo no circo. — Ela começa a rir igual uma foca. Acho isso legal nela.
Uma hora depois, a aula termina, e o Miguel pede para esperá-lo do lado de fora. Ficamos
próximos à porta, pelo menos eu fico. O Eros está mais adiante, batendo papo com a Rafaela. Eu
fico perto da porta e escuto o infeliz cantando o meu namorado de novo. Por impulso, abro a
porta e vejo ele tentando, acho que, tocar no Miguel, mas ele bloqueou com a mão, acho. Não
sei, só sei que estou furioso!
O tal Carlos me encara, e eu o encaro de volta. Nossos olhos se cruzam e, se ele estiver
realmente dando em cima do meu namorado — espero que não seja o caso, talvez seja coisa da
minha cabeça —, mas se for, eu vou dar um soco nele.
O Miguel manda ele sair, e eu faço questão de encarar esse cara que mal chegou nessa escola e já
quer sentar na minha janela. Ah, mas não vai mesmo!
— Está tudo bem? — O Miguel pergunta.
Olho para ele. — Está sim! — Passo o braço em volta do ombro dele.
— Você também entendeu?

Miguel

Esse Ravi acha que eu não percebi que ele notou o que aconteceu. Se tem uma coisa que eu não
gosto é deixar assuntos mal resolvidos. Sempre encarei as coisas de frente, e não será dessa vez
que farei diferente.
Seguro em seu queixo, beijo-o. Vejo que ele se surpreende, mas retribui o beijo.
Quando paramos de nos beijar, ele me encara, ainda surpreso. — Você ouviu, né? Não disfarce.
Ele responde afirmativamente, conta o que leu nos lábios dele no dojo e ouviu o que o tal Carlos
disse, e também a minha resposta. — Você não está chateado comigo, está? — Pergunto. Ele
responde que não comigo, mas que com o Carlos ficará se ele continuar dando em cima de mim.
— Quem está dando em cima de quem aqui? — Questiona o Eros. Nós dois o olhamos e fico
pensando por onde começar.
— Aquele Carlos estava dando em cima do nosso namorado. — O Ravi responde antes de mim.
O Eros olha para frente, continua andando ao lado da Rafa. — Eu pensei ter ouvido errado
quando ele te chamou de bonitinho, mas vejo que não.
Até o Eros percebeu o que aquele idiota disse. Espero que ele não faça mais isso, ou...
— Se ele tentar algo assim de novo, eu meto o soco nele. — Diz o Eros. Cara, não sabia que
meus namorados também são tão ciumentos quanto eu.
O Ravi se anima e vai abraçar o Eros, dá um selinho nele. — Isso aí, amor, mete a porrada.

Carlos

Não costumo flertar com caras, mesmo sendo bissexual, mas o Miguel é exatamente o tipo de
pessoa que me atrai. Sorte minha ter entrado para o clube de karatê, talvez isso me dê uma
chance com ele.
Durante a demonstração, deixo escapar que ele é bonitinho e, de repente, ele se afasta de mim.
Será que ele nunca recebeu um elogio? Especialmente de outro cara? Pode ser raro, mas não é
impossível.
Quando a aula acaba, tento ajudá-lo e puxar conversa para verificar se ele ficou incomodado com
meu comentário. Ele é direto ao me responder com outras duas perguntas, e eu sou franco ao
dizer que só elogio quando realmente me chama atenção, e ele foi um desses casos.
Percebo algo em seu cabelo e estendo a mão para pegar, mas ele bloqueia. Nesse momento,
alguém entra na sala. Não faço ideia de quem seja, mas ele me encara, e eu encaro de volta, me
perguntando qual é o problema dele.
Miguel me pede para sair e, ao passar por aquele cara, ele continua me encarando intensamente.
Não entendo tanto foco em mim. Será que mexi com algo que não devia? Estou curioso e com
um jeito de descobrir.
Saio do dojo e mudo meu caminho, escondendo-me atrás de uma coluna. Espero que eles saiam.
Vejo o Miguel sair, e aquele cara está com o braço ao redor dele, e para minha surpresa, eles se
beijam. Agora entendi, o Miguel é gay e aquele cara é seu namorado. Talvez ele tenha ouvido o
que eu disse, presumo. Ou talvez seja apenas extremamente ciumento.
Não sou de desistir facilmente, quem sabe eu ainda tenha uma chance? Talvez algo aconteça
entre os dois e eu possa tentar com o Miguel. Ele é exatamente o tipo de pessoa que me atrai.
Capítulo 57
Eros

Voltamos para o quarto e, mal chego, já corro para o banheiro. Mesmo com poucos movimentos,
meu corpo está coberto de suor.
Enquanto retiro o kimono, o Miguel aparece na porta e começa a se despir também. — Posso te
ajudar a tomar esse banho mais rápido.
Solto um sorrisinho. — Ou será que você vai prolongar ainda mais?
O Ravi aparece atrás dele. — Já tomei banho, mas não me importo de tomar outro.
Minutos depois, estamos os três dentro do box, nos beijando, nos tocando, nos entregando um ao
outro. Provavelmente depois de muitos minutos, ouvimos o alarme para o jantar. Saímos
correndo do banheiro, vestimos nossas roupas às pressas, rindo, zoando um ao outro, e damos
passos largos em direção ao refeitório.
Terminamos de jantar e eu e o Ravi acabamos nos distraindo em conversas com alguns caras. O
Miguel avisa que vai na frente, quer dar uma estudada antes que algo mais intenso aconteça entre
nós. Ele nos pede para demorar o máximo possível e nós concordamos.
Enquanto conversamos, há uns dois minutos desde que o Miguel saiu, percebo que esqueci meu
celular e aviso que vou até o quarto rapidinho.
Desloco-me rapidamente em direção ao dormitório. Antes de virar à direita, rumo ao quarto,
ouço a voz do Miguel conversando com aquele novato.
— Vocês dois, são namorados ou ficantes de quarto? — Questiona o novato.
Miguel responde sem hesitar: — Ele é meu namorado!
A voz do Carlos retorna: — Você não está a fim de ter outro namorado ou um ficante?
Escuto Miguel soltar uma risadinha. — Nem se eu estivesse solteiro. Já tenho outro namorado,
aliás.
Carlos pergunta em um tom que não me agrada muito: — Então você está enrolado com outro
cara? Esse tipo que não se contenta com um só. Quem é o outro, seu amante?
Minha aparição interrompe qualquer resposta que Miguel pudesse dar, chamando a atenção de
ambos.
Fico encarando Carlos com seriedade, observando se ele terá coragem de continuar flertando
com o Miguel na minha presença. Ele diz: — O que você está olhando? Perdeu algo aqui? Não
vê que está atrapalhando?
— Ei, cara, é melhor você parar. — Miguel o alerta.
Carlos redireciona sua atenção para Miguel. — Tenho chance com você ou não? Não gosto de
perder meu tempo.
Cruzo os braços, soltando uma leve risada, e Carlos volta seu olhar para mim. — Ainda está aí
plantado?
Desfaço o cruzamento dos braços e me aproximo dele. — Você sabe que o Miguel namora o
Ravi, né?
— Ah, então esse é o nome dele, tem um nome bonitinho. Mas não me importo, não sou
ciumento, posso compartilhar também. — Ele diz isso olhando para Miguel, que mantém uma
expressão séria.
— E o Miguel também te falou que tem outro, não foi isso? — Destaco, mantendo meu tom
calmo.
Ele sorri para mim. — Só falta você dizer que é o outro, o amante dele.
— O Eros não é nosso amante, ele é nosso namorado. — Ravi se junta à conversa por trás de
mim.
Vejo Carlos fazer uma expressão surpresa, mas logo dá um sorriso debochado.
— Espera, um triângulo?
— Trisal, nós três namoramos. — Respondo.
Ele parece incrédulo. — Ah, para! Nunca ouvi falar de um trisal onde os três se gostam.
Geralmente, um é o centro das atenções. No caso de vocês, não seriam você, Eros, e Ravi
curtindo o Miguel?
— Mesmo se fosse, não é da sua conta. Não devemos explicações a você. — Respondo sério,
apontando o dedo para ele. E continuo. — Olha só, nós três nos curtimos, então fica na tua. Só
porque as pessoas têm outros esquemas, não significa que não pode rolar um trisal como o nosso.
Aqui é tudo recíproco, e o Miguel não está na lista de disponíveis.
— Nem precisamos chegar a isso. Eu nunca daria bola para ele. Fui eu quem começou o que nós
três temos, e não vai ser ele, nem ninguém, que vai me fazer parar de sentir o que sinto por vocês
dois. — Miguel responde, me agradando e, acredito, também ao Ravi.
Carlos continua nos encarando enquanto Miguel sai andando rumo ao dormitório. Antes de
seguir, eu acrescento: — Vou deixar passar dessa vez, mas na próxima, tenta descobrir se a tua
paquera já não está comprometida. — Finalizo e vou atrás do Miguel.
Saí andando, mas ainda consegui escutar o Ravi soltando alguma coisa para o Carlos. Tipo: "Não
testa minha paciência, viu?"
Cheguei no quarto, e o Miguel perguntou por que voltei antes do combinado. Expliquei que vim
pegar o celular, e aí o Ravi apareceu falando que estava vindo fazer o mesmo e rolou aquela
confusão toda.
O Miguel se sentou para estudar e pediu para a gente ficar na surdina, então falei que ia sair para
ligar para os meus pais. O Ravi ficou lá no quarto.
Minutos depois, estou lá, de boa, numa call com meus pais. Senti uma vontade enorme de abrir o
jogo sobre meu relacionamento, sobre minha orientação e essas coisas todas. O rolê de antes até
me deu um boost de energia.
Fui me distraindo com esses pensamentos enquanto eles falavam, e aí perceberam. — Aconteceu
alguma coisa, filho? — Perguntou minha mãe.
Achei que, mesmo sendo por telefone, era uma chance legal de me abrir com eles. — Sabe, rolou
umas coisas esses dias... na verdade, foram duas, não, espera, talvez três coisas.
Me refiro ao fato de ser gay, gostar de dois caras e está namorando ambos.
Eles trocaram olhares confusos, aí meu pai soltou: — Você já arrumou uma namorada?
Essa pergunta me deixa meio em silêncio, não é bem uma namorada, são dois namorados. Estou
tentando pensar numa forma de dizer isso sem causar um choque tão grande.
Aí tomo um fôlego e mando ver. — Digamos que seja o oposto de "namorada".
Eles trocam olhares de novo e depois focam em mim. Aí é meu pai que solta. — Namorado? Tu
curte rapazes? Desde quando? Afinal, vivias todo rodeado de meninas! Ei, ninguém te
incomodou por aí, né?
Eu dou um pause. — Olha, pai, é mais ou menos isso tudo, mas ninguém fez nada que eu não
quisesse. Aconteceu, é isso aí. Quando tivermos um tempinho juntos no feriado, quero falar disso
pessoalmente. Ou vai condenar seu único filho por ser…
Ele me corta. — Gay?!
Respiro fundo antes de confirmar. — Bingo, gay!
Meu pai olha para minha mãe. — E aí?
Ela devolve. — E aí o quê?
Eu solto a pergunta. — E aí, vão me soltar uns xingamentos? Falar que é errado, que estou indo
para o inferno, que amar alguém do mesmo gênero é proibido?
Eles ficam quietos por um instante, até que minha mãe toma a frente. — Olha, filho, tu realmente
gosta dele? Você sente que ele também gosta de você pra valer?
Nem queria ter essa conversa pelo telefone, mas já que parece que está tudo numa boa, por que
não abrir o jogo sobre o que está rolando nos últimos dias?
Então respiro fundo e chamo. — Mãe, pai? — Eles respondem com um "sim".
Aí eu solto. — Na verdade, são dois caras! — Eles explodem. — DOIS O QUÊ? — Chocados
total!
Capítulo 58
Ravi

Por um golpe de sorte, precisei voltar para buscar meu celular. Queria conferir se o processo das
alianças já tinha começado, mas adivinha o que ouvi? Pois é, o Carlos de novo, tirando sarro do
Eros, chamando ele de "amante". Mas vamos lá, ele é isso e muito mais para nós dois, é a cola
que nos mantém juntos, o amor que nos fez mergulhar nesse trisal. E se alguém pensar em
machucá-la, ou ao Miguel, melhor ter cuidado. Por sorte, eu me controlo na frente dos meus
parceiros. Vou deixar o Eros expressar o que estou pensando, acho que o Miguel também.
Voltamos para o quarto e deixo meu aviso para o Carlos, esperando que ele entenda. Essa foi a
terceira vez que mexeu com o Miguel, não haverá uma quarta, estou quase partindo para a ação.
Chegando no quarto, o Miguel quer saber por que voltamos mais cedo. Explicamos e ele pede
silêncio, já que está focado nos estudos. E o cara está certo! O nosso rebuliço não deixa ninguém
se concentrar, e respeito muito o esforço dele nos estudos. Eu sempre admirei essa dedicação e
nunca quis atrapalhar. Até o Eros saiu lá para fora falar com os pais pelo celular. Estou na dúvida
de como os pais dele vão reagir quando souberem sobre nós dois. Sei lá, será mais fácil para eles
aceitarem o Miguel do que eu. Nem todos os pais de boa aceitam um cara como eu namorando
seus filhos, mesmo que fossem filhas. Agora sou gay, será que os pais do Eros vão me aceitar
quando souber dos meus pais? Espero que sim. Se não, estou pronto para provar que sou digno
desse amor. Adoro um desafio!
Agora, enquanto o Eros está lá fora e o Miguel estuda, acho que vou aproveitar para fazer os
meus deveres também. Normalmente, faço tudo de última hora na sala de aula, já que sou rápido
no raciocínio e na escrita. Mas hoje vou seguir a pegada do Miguel e levar as coisas mais a sério.
Quero que eles saibam que também levo a sério as coisas importantes. Então, levanto da cama,
vou até a minha mesa de estudos, abro os livros e o caderno, e coloco os fones. Sou desse time,
estudo melhor com uma trilha sonora.

Miguel
O retorno deles foi inesperado, confesso que fiquei aliviado. Conseguiria lidar facilmente com o
Carlos, mas tê-los ali, deixando claro que são meus namorados, sem receio, me deixou muito
feliz e confiante. Ver a atitude corajosa do Eros foi extremamente fofo; se pudesse, daria altas
carícias nele ali mesmo. O autocontrole do Ravi, sua postura séria em relação ao nosso
relacionamento, só reforça a certeza de que fiz a escolha certa em me entregar a esse amor.
Espero que o Carlos tenha captado a mensagem, não quero perder a paciência e ter que socar a
cara dele.
Ao voltarmos para o quarto, peço um tempo para estudar. Já fazem dois dias que não pego nos
livros no meu horário habitual, depois da janta. Eros sai para falar com os pais, e Ravi se deita na
cama, algo que ele sempre fez nos dois anos que dividimos o quarto. Parece que esse ano não
será diferente, mas ele nunca me desconcentrou, sempre respeitou esse momento meu.
Decido focar nos estudos, mas para minha surpresa, ele se levanta da cama, vai até a mesa dele,
pega os livros e o caderno, coloca os fones... caramba, estou surpreso! Esse é mesmo o Ravi,
meu namorado? Ponto para ele!

Eros

— Dois namorados, Eros? — Minha mãe questiona, claramente surpresa.


Meu pai parece processar a informação. — Dois namorados? — Ele parece um pouco atordoado.
Começo a rir um pouco nervoso. — Exatamente, dois namorados tão incríveis quanto seu filho
aqui. — Falo fazendo um gesto com os dedos.
— Dois namorados? — Eles perguntam juntos, ainda incrédulos.
Explico mais uma vez. — Sim, pai, mãe, dois namorados. Um se chama Miguel e o outro é o
Ravi.
Eles se olham, depois voltam a olhar para mim, e meu pai toma a palavra. — Eros, eu sei o
quanto você é bonito, puxou seu pai aqui, sempre teve uma lábia e fazia sucesso com as meninas.
Nunca te vi sozinho, mas só teve algo sério com a Camila. Mas terminou, certo? Eu sei que onde
você for, vai chamar atenção. Mas me diz, por acaso está faltando mulher aí? — Eu não resisto e
começo a rir do comentário dele.
Decido fofocar mais. — Vocês não vão acreditar, mas acreditem ou não, tínhamos três garotas
atrás de cada um de nós. — Meu pai se engasga com a água que estava bebendo para se acalmar
depois de tantas notícias. — Opa, calma aí! — Ele pergunta um pouco alto.
— E você acredita que dispensamos elas porque acabamos gostando um do outro? — Ele
continua incrédulo. E eu sigo, tentando deixá-lo ainda mais espantado. — E acredita quem pediu
quem em namoro?
— Quem? — Ele pergunta alto.
— Eu! — Ele se engasga novamente. E eu continuo. — Sabe como sou, quando gosto, é de
verdade.
Minha mãe permanece tranquila, aguardando o que meu pai vai dizer, sempre foi assim. — E aí,
amor? — Ela pergunta para ele.
Ele me encara. — Você tem certeza disso?
Dou um sorriso. — Absoluta! E eles estão ansiosos para conhecê-los.
— Conhecer nós? — Eles questionam.
— Não querem conhecer os dois caras que fazem o filho de vocês feliz? — Faço biquinho.
— Não é isso, é só que ainda não caiu a ficha. Para mim, parece brincadeira. — Comenta meu
pai.
— Está bem, então combinado. No próximo feriado, vocês vão conhecê-los. Estejam preparados.
— Eles concordam, ainda incrédulos.
Me despeço deles, desligo o telefone e sigo para o quarto com um sorriso e um alívio no coração.
Entro no quarto, feliz, sem fazer alarde, e vejo os dois, sentados e estudando. Deito na minha
cama e afundo meu rosto no travesseiro.
— Algum problema, Eros? — Ouço Miguel perguntar. Olho para ele, ambos me olhando.
Respondo. — Sim, aconteceu. — Faço uma expressão triste, como se estivesse prestes a chorar.
Eles se aproximam de mim.
Capítulo 59
Miguel

Olho no relógio e já passou quase uma hora desde que o Eros saiu do quarto para fazer a ligação.
Será que ficou chateado porque pedi para não ser perturbado durante os estudos? Ou algo
aconteceu lá fora? Uma conversa com um amigo ou a ligação com os pais está demorando mais
do que o esperado. Devo me preocupar?
Quando exatamente uma hora se passa, ele entra no quarto e vai direto para a sua cama,
afundando a cabeça no travesseiro. Ele parece tenso, o que me faz pensar se algo está errado.
Olho para o Ravi e percebo que ele também está preocupado, pois ambos olhamos na mesma
direção. Decido perguntar se está tudo bem, torcendo para que a resposta seja positiva.
Eros ergue a cabeça do travesseiro, seus olhos encontram os nossos, e há tristeza em sua
expressão. O que terá acontecido? Será que a conversa com os pais foi complicada? Ele responde
com uma expressão triste. Imediatamente, levanto-me para me aproximar dele, e Ravi segue o
mesmo caminho.

Ravi

Nossa, o Eros está demorando. Estou aqui estudando e tudo mais, mas sinto falta da presença
dele. Espero que a conversa com os pais esteja indo bem e que ele retorne logo, ou então irei
atrás dele. Mas para a minha surpresa, ele entra e segue direto para a cama, deitando-se com o
rosto afundado no travesseiro. Antes que eu possa perguntar alguma coisa, o Miguel assume a
situação e direciona a atenção do Eros para nós.
Pouco a pouco, percebo sua expressão mudar para algo mais triste. — Sim, aconteceu. — Ele
responde, com uma expressão entristecida. Decido não perder tempo e vou até ele.

Eros

Meu Deus, meu Deus, se eu quisesse, poderia ser ator e ganhar um Oscar! Minha expressão
passou de felicidade para tristeza em questão de segundos e ao perceber meus namorados se
aproximando, devo dizer que fiz uma expressão de tristeza impressionante. Quero ver até onde
consigo sustentar essa atuação e verificar o quanto eles se importam comigo.
Quando ambos se aproximam da minha cama, afundo novamente meu rosto no travesseiro. Sinto
cada um deles se sentando ao meu lado e colocando a mão em mim. A mão do Miguel afaga
meus cabelos enquanto a do Ravi fica nas minhas costas.
— O que aconteceu, Eros? — Questiona o Ravi.
— Está relacionado aos seus pais? — Indaga o Miguel. Eu balanço a cabeça positivamente.
— Você mencionou sobre nós? — O Ravi pergunta. Faço o mesmo movimento com a cabeça.
Sinto uma calma se instalar neles. Olho de soslaio para o Ravi, ele encara o Miguel, e quando
olho para o Miguel, ele está fazendo o mesmo. Em meio a isso, nosso olhar se cruza brevemente
antes de eu desviar.
— Eles não reagiram bem à notícia, é isso? — Questiona o Miguel. Fico em silêncio.
— Eles não foram duros com você, certo? — Miguel pergunta com preocupação, seu tom
denotando apreensão. Eu permaneço em silêncio.
Eles me abraçam com mais força. — Eles não disseram para você nos deixar, não é? — Pergunta
o Ravi.
— Podemos tentar falar com eles pessoalmente. Talvez, ao ver que nos amamos de verdade, eles
mudem de ideia. — Miguel sugere.
— ISSO! Eu topo! — Ravi demonstra entusiasmo.
— Vocês fariam isso por mim? — Pergunto, sem olhar para eles.
Sinto seus lábios beijando minha cabeça. — Claro, faremos qualquer coisa por você! —
Respondem em uníssono.
Fingindo um choro, mantenho meu rosto enterrado no travesseiro, deixando apenas espaço para
respirar. Estou prestes a dar o toque final, esperando que eles entendam a brincadeira.
— Vocês deveriam ter visto a reação deles, especialmente do meu pai, que quase se engasgou
com a água. Minha mãe ficou totalmente chocada e meu pai perguntou se aqui faltava mulher
para dois caras virem para cima de mim, e questionou se vocês me forçaram a algo que eu não
queria e... — Miguel me interrompe.
— Me desculpe, Eros. Se eu não tivesse te beijado e tudo o mais, foi porque realmente quis, você
me atraiu desde o primeiro dia. Talvez eu não tenha raciocinado direito, pode ser que tenha te
beijado sem considerar sua vontade. Como você não me rejeitou, continuei sem parar para pensar
se você de fato estava gostando ou se estava sendo manipulado por mim… — As palavras
preocupadas de Miguel são interrompidas por Ravi.
— Por nós dois. Eu também sou culpado. Aquela brincadeira no banheiro, quando pedimos para
você nos lamber, foi uma malícia da minha parte. Mas, não sei explicar, mas eu gostei do que fiz,
especialmente por ter sido com você. Depois, Miguel me chamou para te beijar e, inicialmente,
eu vim na brincadeira, para curtir, experimentar algo diferente. Mas eu juro que depois daqueles
beijos que você e eu trocamos, não consegui parar de pensar em você de forma ainda mais
romântica. Já pensava em você desde o primeiro dia que o vi dormindo…
Miguel interrompe Ravi desta vez. — Eu também pensava em você desde o primeiro momento
em que nos vimos, e você ficou na minha mente. Eu não sabia o porquê. Nunca havia me
apaixonado verdadeiramente, estava muito confuso. Vi sua carência e vontade de beijar como
uma oportunidade para tirar minhas dúvidas e acabei me aproveitando disso. Mas percebi que o
que eu sentia, comprovado desde o primeiro beijo, eram sentimentos românticos por você. Desde
então, não consegui mais ficar longe de você e…
Decido interromper o Miguel, já que estamos tendo uma noite de revelações, e sinto que é a hora
de abrir meu coração também.
— Sabe, eu me senti muito excitado quando dei essa lambida em vocês. — Percebo que eles
ficam mais calmos.
Continuo a falar, buscando explicar o turbilhão de emoções que experimentei:
— Na verdade, fiquei excitado pra caramba, e não consegui parar de pensar em vocês. Naquele
dia em que convidei para ver garotas, foi porque não consegui tirar vocês da minha mente.
Queria beijar uma garota ou simplesmente vê-la, na esperança de afastar esses pensamentos de
vocês dois. Queria testar se havia algo entre nós ou não. Não esperava que a Rafaela se
oferecesse para beijar, mas naquele momento, achei que beijá-la ajudaria a afastar vocês de meus
pensamentos. Talvez tenha sentido ciúmes quando me deixaram sozinho para ir papear com ex e
ficante. Queria beijá-la para dissipar essa sensação, mas para minha surpresa, vocês não
permitiram. Em vez disso, se ofereceram para me beijar, para aliviar a minha carência, melhor,
apagar o meu fogo.
Paro de falar, levanto-me com a maior cara de sinceridade do mundo e encaro os dois, que se
sentam na cama, expressões de surpresa e curiosidade estampadas em seus rostos.
— Sério, gente, vocês não têm ideia do quanto foi importante para mim atenderem aos meus
desejos e carências. Aqueles beijos que vocês me deram foram simplesmente os melhores da
minha vida. Fiquei tão empolgado que, além do meu coração disparar, senti uma espécie de
formigamento lá embaixo. E sabe de uma coisa? Acabei ficando viciado em vocês. Quando dei
por mim, já estava falando que amava os dois, e acreditem, amo mesmo. Não tenho nenhum
arrependimento.
Paro de falar e eles continuam me olhando, sem reação. Começo a me questionar se fui sincero
demais ou se estão esperando que eu os perdoe por algo que, na verdade, eu quis que
acontecesse.
Mas é o Miguel quem quebra o silêncio primeiro. — Você não ficou chateado com tudo que
falamos?
Respondo imediatamente, explicando que não, e tento deixar claro que nossa dinâmica só
poderia acontecer se ambos tomassem essas atitudes, especialmente juntos. Eu destaco que
ambos tiveram a curiosidade de me beijar, e se apenas o Miguel tivesse feito isso sem chamar o
Ravi, isso poderia resultar em um relacionamento a dois ou até mesmo nenhum, pois naquele
momento eu estava pensando em ambos. Se apenas um deles gostasse de mim, e eu gostasse de
ambos, mas o outro não tivesse os mesmos sentimentos, isso poderia magoar profundamente o
que tinha afeto por mim. Eu argumento que esse "trisal" só funciona porque todos nós fomos
curiosos o suficiente para embarcar nessa experiência, e durante o processo, nos apaixonamos
um pelo outro. Para funcionar, os três precisavam se respeitar e se gostar mutuamente. É uma
questão de equilíbrio emocional entre nós três.
Eles continuam me encarando, porém dessa vez com sorrisos nos rostos, mais tranquilos.
Consigo sentir que minhas palavras estão tocando seus corações, mas ainda não terminei de falar.
— Algo crucial que impulsionou esse relacionamento foi o fato de você, Ravi, já ter um espaço
especial para o Miguel em seu coração desde o início. E talvez você, Miguel, mesmo que
inconscientemente, também tivesse sentimentos por ele, mas relutasse em admitir, não é? —
Questiono, olhando alternadamente para o Ravi e o Miguel.
— Certo, admito que tenho coisas para dizer. — Miguel responde. — E o encaramos para ouvir
o que ele tem para revelar.
Capítulo 60
Rafaela

É, uma hora dessas eu vou ter que voltar para o quarto, e parece que é agora.
Abro a porta e dou de cara com Melissa e Patrícia, que me agarram e me jogam na cama.
— Anda, desembucha o que nós vimos hoje! — Patrícia me confronta.
— Não esconda nada! — Melissa complementa.
Solto um sorriso forçado para elas. — Não estou entendendo toda essa agressividade de vocês. E,
outra coisa, eu não devo explicação nenhuma. Me deixem em paz. — Digo isso e me jogo na
cama.
Mas Patrícia não desiste. — Você é uma puta! — Me levanto na mesma hora. — Repete o que
você disse? — Vou para cima dela, dando um empurrão.
Melissa tenta me impedir, e eu acabo empurrando ela também. — Escutem aqui, vocês duas.
Não importa o que pensam de mim, não é nada disso.
Patrícia ainda mantém a expressão de raiva. — Então me explica por que vi você agarrada no
braço do Ravi hoje.
Agora eu estava ligando os pontos, mas não vou dizer que foi o Ravi que me pediu companhia,
especialmente porque íamos encontrar os namorados dele.
— Responde! — Patrícia insiste.
Acho que vou ter que inventar algo plausível. — Ele estava me pedindo conselhos amorosos.
Claro que não, é mais fácil eu pedir conselhos para um deles do que ao contrário.
Ambas franzem o cenho, e Patrícia se aproxima. — Então você sabe quem é a vadia com quem
ele está saindo?
— Vadia nenhuma! — Melhor você nem falar algo assim perto do Ravi, ou ele vai ficar
chateado.
— E você sabe quem é a namorada do Miguel e quem o Eros está ficando? — Melissa tenta
arrancar confissões de mim. Ela pensa que eu sou ingênua?
— Sei sim, mas, acreditem, seguir em frente é o melhor a fazer. Um amor verdadeiro, de almas
gêmeas, não se destrói. — Vejo suas expressões tristes. Infelizmente, preciso falar só o suficiente
para elas perceberem.
— Elas são mais bonitas que nós? — Ambas perguntam.
Vou em direção ao banheiro. — Mais bonitas, eu não sei. Isso depende do ponto de vista de cada
um, mas com certeza se encaixam no padrão de beleza que vocês gostam. — Vejo suas
expressões confusas, mas não vou dizer mais nada, ou vou entregar tudo.
— Escutem, se quiserem saber com quem eles estão, basta perguntar. Acredito que dessa vez vão
contar, assim como eu... — Faço uma pausa, pois só sei porque fui bisbilhoteira. — Olha, se
perguntarem, eles vão dizer. Acreditem em mim, ou fiquem esperando. Uma hora ou outra, a
escola toda vai ficar sabendo. — Termino de falar e entro no banheiro.
Ufa, escapei dessa. Não vou falar mais nada, e se alguém tiver que contar, terá que ser um deles.
Ou então, vão acabar se expondo para toda a escola a qualquer momento. Afinal, os vi se
beijando à luz do dia, quer dizer, fazendo carícias um no outro.

Tiago

Infelizmente, não consegui falar com o Guilherme durante ou depois do almoço. Ele sempre está
cercado pelos amigos, especialmente aquele tal Ravi. Desde que cheguei aqui, sempre os vejo
juntos. Será que são apenas amigos ou há algo mais entre eles?
Tentei encontrá-lo antes do almoço, mas o vi de novo com o mesmo cara. Não posso deduzir
nada ainda. Porém, depois do jantar, não vou deixar passar a oportunidade de conversar com ele.
Finalmente, o horário da janta chega ao fim e vejo-o conversando novamente com o mesmo cara,
mas agora está com outro, o Eros, acho eu. Gostaria de me aproximar, mas seria estranho se um
estranho como eu chegasse do nada. Vou aguardar por uma brecha.
Fico esperando até que os dois se vão. Essa é a minha chance, então me aproximo dele.
Guilherme está sentado sozinho. Espero que os amigos dele não voltem, quero ter bastante tempo
para conversar.
— Posso sentar aqui ao seu lado? Ou atrapalho? — Pergunto, apenas para ter certeza se há algum
compromisso com aquele cara ou outro. Não quero causar problemas.
Ele me olha com uma expressão fechada e triste. — Pode sim! — Ele responde, permitindo-me
sentar ao seu lado.
Tento me apresentar de uma forma descontraída, algo que possa capturar sua atenção e fazer com
que ele sorria, mas sua seriedade persiste, apenas um discreto sorriso de canto. Mesmo assim,
decido persistir.
— E o que você pretende fazer depois que nos formarmos? — Lanço a pergunta, esperando
aprender mais sobre ele.
Ele olha para o horizonte. — Pretendo buscar independência, crescer na vida, ter minha própria
empresa e encontrar o amor da minha vida.
Que determinação e romantismo. Entendi suas aspirações, mas desejo entender melhor essa
última parte. Será que está aberto para um relacionamento? — Encontrar o amor da sua vida? —
Pergunto, curioso.
Guilherme me olha. — Sim, o amor da minha vida, minha alma gêmea, a outra metade inteira de
mim. — Ele finalmente solta um sorriso mais longo, mas não parece ser por minha causa. Talvez
seja algo interno que só ele compreende. Isso só aumenta minha curiosidade.
— Você já encontrou sua alma gêmea?
Ele olha adiante novamente. — Sim, já encontrei, mas a perdi.
Nossa, ele está me deixando confuso com esses comentários enigmáticos. Fico me perguntando
se ele está falando sério ou apenas brincando. — Como assim, perdeu? De que forma? —
Pergunto, curioso.
— Alguém o tirou de mim, mas eu o encontrarei novamente, ou ele voltará para mim um dia.
Quando esse dia chegar, tenho certeza de que o protegerei e ninguém mais nos separará.
Que romântico, mas agora não sei se devo sorrir ou chorar, porque tudo isso está muito confuso.
— Sobre o que estamos conversando mesmo?
Guilherme mantém seu olhar adiante. — Você eu não sei, mas para eu, é sobre meu namorado,
Daniel.
Ah, entendi. Então o coração dele já tem dono, outro cara. Parece que é um amor que não vai
acabar tão cedo ou facilmente. Porém, me questiono por que ele parece tão triste mesmo tendo
um namorado. — Onde ele está? Parou de estudar aqui? Para onde ele foi? Não aconteceu nada
de grave, espero?
Ele suspira. — Por favor, não fale a última frase nem de brincadeira. Isso é tudo o que eu não
quero. Só desejo que, onde quer que ele esteja, esteja bem!
Queria perguntar mais, mas sinto que já fui intrusivo demais, e ele parece estar sofrendo
bastante. Talvez, neste momento, focar apenas na amizade com ele seja a melhor opção, pois
parece que esse coração já tem um amor eterno, seja nesta vida ou em outra, é o que eu sinto.
Ficamos ali jogando conversa fora por um tempo e depois saio. Ao entrar no quarto, vejo que o
meu colega, o Carlos, já está lá. Não trocamos um único "oi" e ele parece ser reservado, então
decido não arriscar.
Me jogo na cama e começo a refletir. Poxa, não foi dessa vez que encontrei um namorado tão
gato quanto o Guilherme, que é totalmente o meu tipo. Ok, vou ter que esperar meu coração se
interessar por outra pessoa.
— Ei, você aí! — Meu colega me chama.
Olho para ele. — Eu? — Respondo confuso. É a primeira vez que ouço a voz dele por tanto
tempo, espero não ter causado algum problema sem querer.
Ele se aproxima. — Você pode me fazer um favor?
— Sim... — respondo, ainda confuso com essa abordagem inesperada.
— Deixei meu celular cair e quebrou a tela. Você me deixa ligar para minha mãe para ver se ela
pode mandar outro celular para mim? — Pego imediatamente meu celular do bolso.
— Claro! Fique à vontade. Se precisar de algo mais, é só pedir. — Entrego o celular a ele.
Ele pega, senta na beirada da cama dele, e eu viro para o outro lado, evitando contato visual. Ele
parece ter um temperamento mais explosivo. Na realidade, costumo ser assim, mas sinto que ele
é ainda mais impulsivo que eu.
Essa situação está indo longe demais, então decido dar privacidade ao meu colega. Sinalizo que
estou saindo do quarto, mas ele não responde, então parto sem esperar mais e, sem destino
definido, me deparo com três garotas discutindo alto.
"Você vai nos ignorar mesmo, Rafaela?" Uma delas pergunta, elevando o tom. Reconheço uma
delas como amiga do Guilherme.
Fico observando e ouvindo a discussão esquentar. "Eu já disse que não devo explicação a vocês",
a garota encurralada tenta se afastar, mas a outra puxa seu cabelo. Briga de garotas? Logo agora?
Mal passaram três dias desde o início das aulas.
"Me solta, eu não fiz nada de errado", a garota no chão se defende enquanto a outra tenta
continuar o ataque. Decido intervir antes que piore.
Me aproximo para separar uma delas, são duas loiras e a que está no chão é uma oriental, amiga
do Guilherme, imagino. — Ei, vamos parar com isso?
Consigo afastar uma delas que estava puxando o cabelo da garota caída. A outra se prepara para
chutar, mas o Carlos chega a tempo. — Vocês estão malucas, Melissa? E você também, Patrícia.
Vocês são amigas, não são?
A garota no chão se levanta. — Pensei que fossemos, mas na primeira oportunidade, elas me
tratam como um animal.
Melissa e Patrícia vão embora e percebemos que a Rafaela se machucou. Ela começa a sair em
outra direção. — Espere! — Carlos e eu falamos juntos, e ela olha para trás. — Algum
problema?
— Seu braço! — Carlos avisa, e ela olha para o próprio braço.
Parece que ela nem notou que se machucou ao cair em cima de uma pedra. Vou até ela, pego-a
pela mão e me viro para o Carlos. — Lá, ao lado da minha cama, na primeira gaveta, tem um kit
de primeiros socorros. Pode pegar, por favor? — Ele vai prontamente, sem hesitar.
Capítulo 61
Carlos

Parece que talvez eu tenha mirado no cara errado, mas o Miguel chamou muita minha atenção.
Houve outro cara também, mas ele parece ser um tanto fechado, anda com essa expressão
fechada e já parece estar interessado em outro cara.
Sei disso porque percebo ele olhando para esse cara o tempo todo. No almoço, janta, no
refeitório e até lá no campo de rugby. E desde que me viu, nem me deu um oi. É, meu colega de
quarto. Acho que ele não curtiu minha presença. Tudo bem, não vou morrer se não falar com ele.
Consigo sobreviver este ano até me formar sem dizer um oi sequer.
Pelo menos era o que eu pensava, até voltar daquela discussão com aquele trisal, que me deixou
completamente chocado. Caramba. Nunca vi três caras se relacionando ao mesmo tempo, e os
três são extremamente bonitos. Todos parecem ter uma presença mais dominante, mas fico me
perguntando quem é o mais passivo. Pela aparência, que não é algo que costumo julgar, eu diria
que é o Eros ou até mesmo o Miguel, mas nem sempre as coisas são assim, e os papéis podem
ser diferentes. Contudo, se fosse julgar pela atitude do Eros, os três atacam e recebem a bola.
Começo a rir sozinho com esses pensamentos, que coisa mais boba. Misericórdia.
Chego no quarto e vejo que o Tiago não está por aqui. Ufa, ele tem uma aparência meio
ameaçadora. Parece que vai me dar uma bronca, então para não mostrar que me intimida,
mantenho minha expressão séria também. Está tudo bem.
Parece que estou precisando de um celular para ligar para minha mãe, já que o meu realmente
deu problema. Nesse momento, o Tiago entra no quarto e se joga na cama dele.
Decido arriscar e chamo por ele. Tiago se levanta e me responde. Arrisco de novo e peço um
favor a ele. Para a minha surpresa, vejo pela primeira vez uma expressão amigável nele quando
ele concorda. Peço emprestado o celular, expliquei a situação, e antes que eu termine a frase, ele
já está me entregando o celular. Sento na minha cama e ele indica que vai sair, então ele sai.
Fico nervoso e acabo desligando o celular dele sem querer. Infelizmente, tem senha. Vou atrás
dele para desbloquear e acabo testemunhando três garotas brigando, uma delas é a Rafaela.
Conheço ela só de vista, mas as outras já vi antes em outras ocasiões. Vejo o Tiago correndo para
apartar a briga, e corro junto, pois Melissa e Patrícia pegaram pesado com ela. Ela se machucou
ao cair e nem parece ter percebido.
Consigo fazer as outras garotas irem embora e Tiago chama a atenção da Rafaela, pois percebeu
que ela se machucou. Ele me pede para pegar o kit de primeiros socorros. Corro o mais rápido
possível, volto ofegante para o quarto e depois volto até eles, onde estão conversando.
Sento do outro lado dela e começamos, eu e Tiago, a cuidar do ferimento dela. Estou curioso
sobre a discussão. — Por que aquelas duas estavam tão agressivas com você?
Ela me encara seriamente. — Você sabe, pelo mesmo motivo que quase levou um soco do Ravi.
— Eita! — Será que entendi corretamente?
Rafaela sorri. — Olha, vou falar porque sei que você já percebeu. Vi a discussão de vocês mais
cedo com aquele trisal lá e também vi quando você tentou se aproximar do Miguel.
Nossa, até ela viu o meu papel de trouxa. Que constrangedor.
Ela continua falando, explicando que Patrícia é a ex do Ravi, Melissa do Miguel, e ela mesma
tinha interesse no Eros. No entanto, os três formam um trisal, e somente ela sabe. As outras
acreditam que eles estão namorando garotas e acham que ela tem conhecimento disso, mas ela
não vai contar para elas sobre os três amigos dela. Cara, que confusão.
— Estou sem palavras para essa situação! — Comenta Tiago.
Rafaela se assusta. — Caramba, falei demais. Por favor, não contem isso para ninguém, ou eu...
— Ou você? — Perguntamos Tiago e eu ao mesmo tempo.
Ela parece pensar um pouco e então pega nas nossas mãos. — Por favor, mantenham isso em
segredo. Não quero perder a amizade dos meus novos amigos. Não posso mais contar com
aquelas duas. Se algo vazar, não quero perder mais amigos.
Olho nos olhos dela. — Fique tranquila, seu segredo está seguro comigo.
Tiago gentilmente levanta o queixo dela e vira seu rosto para ele. — Eu já até esqueci o que você
disse. E outra coisa...
— O quê? — Pergunta Rafaela.
— Podemos ser seus amigos também, não é, Carlos?
Respondo prontamente. — Claro! Quem não gostaria de ser amigo de uma mulher tão linda
como você?
Vejo ela corar um pouco, e ela se levanta. — Então, obrigada pela ajuda. Vejo vocês amanhã. Já
está na hora de dormir, e se me pegarem aqui, serei expulsa antes do fim do mês.
— Boa noite! — Digo.
— Boa noite, Rafa! — Complementa Tiago.
Tiago

Ah, ela é realmente muito bonita, especialmente de perto. Não costumo ficar com garotas, mas
faria uma exceção por ela. No entanto, vou me conter. Ela acabou de descobrir que o cara por
quem tem interesse está namorando outros dois caras. Se fosse eu no lugar dela, estaria chocado
até agora. Também estou na mesma situação ao saber que o cara de quem gosto não vai esquecer
o cara que ama. É melhor ir com calma, especialmente porque ela é heterossexual, e geralmente,
garotas assim não costumam confiar em bissexuais. Elas pensam que têm mais chances de serem
traídas por pessoas que gostam de ambos os gêneros. Não é bem assim como elas pensam.
Estamos apenas abertos para ter experiências com ambos os gêneros.
— Ei, Tiago? — Carlos me chama de volta à realidade.
— Oi? — Respondo, retornando à atenção.
— Vamos voltar? Está na hora do toque de recolher.
Olho para o lado e vejo que ele já arrumou suas coisas e jogou o lixo fora. — Ah, desculpe,
estava distraído. Dou um sorriso.
Carlos retribui o sorriso. — Então você é humano?
Franzo a testa. — É engraçado, eu ia te fazer a mesma pergunta. Você não me cumprimentou
desde o primeiro dia, sempre com cara fechada e tudo mais.
Carlos sorri novamente. — É engraçado, tive a mesma impressão sobre você. Você parece não
ser muito de fazer amigos.
Desvio o olhar. — Pior que você está certo. Realmente não sou muito sociável.
— Eu, por outro lado, gosto bastante de socializar. — Ele comenta, passando o braço em volta
dos meus ombros. — Vamos ser amigos, Tiago, posso te fazer esse favor.
Dou uma rápida olhada para o braço dele sobre meu ombro e então encaro-o. — Que intimidade,
hein? — Ele retira o braço e parece um pouco sem jeito.
— Desculpe, cara, é costume.
— Está tudo bem, foi só uma brincadeira. E podemos ser amigos sim. Aceito o favor, mas não
me encha o saco.
— Jamais! Aliás, fui atrás de você porque acabei bloqueando seu celular sem querer. — Ele me
entrega o celular, entramos no quarto, devolvo o celular para ele e me deito na cama.
— Ela é bonita, né? É uma pena que tenha rolado esse problema todo para ela. — Carlos
comenta.
Olho para ele. — É, uma pena... E uma dúvida que não me sai da cabeça.
Ele pergunta qual é, e eu respondo. — As mesmas garotas que estavam atacando elas não são as
mesmas que dividem o quarto com ela?
Ele me olha meio confuso. — Ih, rapaz, será que a coitada vai ter paz essa noite?

Rafaela

Essas meninas já estão exagerando, mal saí do banheiro e elas foram atrás de mim, com toda a
audácia do mundo. Minha sorte é que apareceram dois caras, um deles foi o Tiago, o cara que
está de olho no Gui, e o Carlos, que está interessado no Miguel. Caramba, estou cercada de
homens gays, mas não posso me apaixonar por nenhum deles, já que a fruta que eu gosto, eles
chupam até o caroço.
Confesso que quando o Tiago disse que quer ser meu amigo, ele e o Carlos, mexeu comigo. Mas
eu me iludo muito rápido, e além disso, o Carlos me achou bonita, o que só me ilude mais. Mas
não vou deixar a mesma história com o Eros se repetir, no final perder a paquera para outro cara.
Não que eu ache ruim, mas duas vezes, será que tenho dedo podre para homens?
Enquanto volto para o dormitório, só penso como será a minha noite, já que aquelas duas estão
lá. Abro a porta e as vejo cada uma na sua cama. Vou logo abrindo o jogo, não sou boba e já
pensei numa boa estratégia. — Amanhã vou contar tudo que fizeram comigo para o Miguel, e ele
vai contar tudo para o tio dele, o Armando. Tenho duas testemunhas para me ajudar contra vocês
duas, portanto, vocês estão em maus lençóis.
Elas parecem surpresas, e a Melissa se manifesta. — Me desculpa, eu não queria fazer isso, foi
mais a Patrícia insistindo. Mas por favor, não fala nada para o Miguel, eu faço o que for preciso.
Arqueio a sobrancelha. — O que for preciso? — Ela confirma com um sim.
— Tudo bem. Só me deixem em paz, ou meus amigos vão até o diretor e contam tudo.
Patrícia permanece quieta e deita virada para o lado, enquanto Melissa agradece pela
compreensão e diz que não tem mais interesse no Miguel, evitando qualquer problema. Isso me
deixa mais aliviada, mas o silêncio da Patrícia me preocupa. De qualquer forma, pretendo contar
para o Miguel o que aconteceu, mesmo sem pedir para ele agir por enquanto, a menos que a
Patrícia faça algo, ou ambas.
Ao menos agora sei que vou dormir tranquila, e estou do lado certo, além de ter amigos ao meu
lado.
Capítulo 62
Miguel

Já faz um tempo que eu queria ter essa conversa com eles. Inicialmente, pensei em falar somente
com o Ravi sobre como começamos a nos envolver com o Eros, mas percebo agora que estava
enganado. Neste relacionamento, todas as decisões precisam ser tomadas entre nós três,
independentemente do assunto. Fico aliviado por ter compartilhado o que estava em meu
coração, e parece que o Ravi também se abriu quase por completo. Ainda espero ouvir dele se
realmente sentia algo por mim antes de o Eros aparecer em nossas vidas, mas se não for o caso,
ficarei tranquilo. Acredito que nós três nos apaixonamos ao mesmo tempo.
Olho para ambos e, em seguida, para o Ravi. Seguro a mão dele e a do Eros, mas mantenho meu
olhar fixo no Ravi, porque o que vou dizer agora é para ele, na esperança de que compreenda
meus sentimentos confusos por ele. — Ravi. — Ele mantém o olhar em mim. Continuo. —
Como o Eros mencionou, você e eu passamos dois anos neste quarto. Desde o primeiro dia, de
alguma forma, você perturbava minha mente. Mas naquela época, dois anos atrás, eu ainda não
me compreendia completamente. Estava confuso, acreditava ser totalmente hétero. Até iniciei
um relacionamento com uma garota, pensando que gostava dela, mas nunca me senti confortável
naquele namoro. Sentia culpa por usar a menina para esconder quem eu realmente era e, de
alguma maneira, culpava você por isso, porque, querendo ou não, você mexia comigo. Eu dizia a
mim mesmo que era apenas uma fase passageira, uma curiosidade que passaria, tanto para mim
quanto para você.
No entanto, além da distância entre mim e ela, o que supostamente pôs fim ao que tínhamos foi
também uma maneira de encerrar o relacionamento, uma oportunidade para seguir em frente.
Sabia que ainda teria mais um ano ao seu lado e percebi que talvez acabasse cedendo aos seus
encantos, o que poderia levar a uma traição, algo que me faria sentir ainda mais culpado.
Faço uma pausa, respiro fundo e retomo. — Confesso que acompanhei suas vitórias nos últimos
dois anos e torcia por você, embora nunca tenha revelado isso ou deixado alguém perceber que
estava lá. Chegava por último e saía primeiro. Se me perguntasse por que eu ia, eu não saberia
responder. De repente, eu já estava lá, observando você correr pelo campo, e não conseguia
enxergar mais ninguém além de você. Então, sim, acredito que gostava de você. Mas mentia para
mim mesmo, dizendo que era hétero, que não sentia atração por homens. Tudo mudou quando o
Eros apareceu. Ele é a ponte que nos uniu, que nos tirou da negação, da prisão da negação de que
eu sempre fui bissexual. Mas, com vocês, sou completamente gay. Além disso, a brecha que o
Eros nos deu foi uma oportunidade de sermos nós mesmos, de amar sem medo, sem receios, sem
negar nossa verdadeira essência. Com vocês, tenho a liberdade de amar do jeito que sempre quis
e acredito que serei amado da mesma forma, em dobro. Portanto, digo de novo, acredito que
sempre gostei de você, Ravi... — ele me interrompe com um beijo na boca. — Ok, isso me
surpreende.

Ravi

Ouvir toda a confissão do Miguel enche meu coração de alegria, e é irresistível não retribuir: por
isso, o beijo. Depois, interrompo e o encaro, buscando seus olhos.
— Miguel, estou mais tranquilo, principalmente por saber que você compreendeu meus
caprichos para me ver jogar e acompanhar minhas vitórias. Esses dois anos foram confusos para
nós dois. As brincadeiras que fazia, especialmente com você, eram porque via você de forma
especial, com carinho. Sim, mexia comigo de um jeito diferente, e só com você eu me permitia
flertar, o que me impedia de me envolver num relacionamento mais sério, tipo um namoro. Não
me sentiria bem com isso, pois no fundo, minha atenção sempre foi para você, meu colega de
quarto. Sua aprovação era algo que buscava intensamente, mesmo que resultasse apenas em
amizade. Acredito que teria sido suficiente para me deixar feliz, talvez, ou talvez não... — sorrio.
Continuo olhando para ele, desvio o olhar para seus lábios e o beijo. Depois de algum tempo,
interrompo e encaro-o.
— Miguel, minha lua, obrigado por fazer parte de um dos momentos mais importantes da minha
vida. Espero que sejam apenas os primeiros de muitos. — Volto meu olhar para Eros.
Me aproximo, percebo que ele entende minhas intenções, e nos beijamos. Ao parar o beijo, fito
seus olhos. — Você também é importante, meu sol. Sua chegada mudou nossas vidas para
melhor, e espero ser alguém que traga uma mudança positiva para sua vida também. — Volto
meu olhar para Miguel. — Para a vida de ambos! — Concluo.

Eros
Ufa, tudo isso por causa de uma brincadeira com as emoções dele? Ok, sou culpado. Vou
precisar abrir o jogo com esses namorados super fofos que tenho.
Seguro firme em suas mãos. — Meus pais querem conhecê-los! — Ambos me olham confusos.
Então me jogo no colo de ambos, me agarro no Ravi e passo minhas pernas em volta da cintura
do Miguel.
— Desembucha, vai! — O Ravi pede.
Olho para cima e vejo Ravi sorrindo; então olho para o Miguel e os dois estão com sorrisos
enormes para mim. — Me desculpa pela brincadeira da carinha triste e pelas meias mentiras,
queria ver a reação de vocês, mas contei tudo para eles sobre nós três. No começo, ficaram
chocados, acho que ainda estão, mas reagiram numa boa, bem diferente do que eu esperava.
Soltei o verbo, falei que tenho dois namorados tão lindos quanto eu, e que vocês querem
conhecê-los, e eles também querem conhecer vocês.
Ravi segura meu rosto com um sorriso. — Solzinho, eu faria a mesma brincadeira se fosse você.
— Começamos a rir, vejo Miguel também rindo, então ele se inclina e nos beijamos. Que beijo
gostoso, me sinto a Mary Jane nesse momento, e o Ravi, meu Homem-Aranha, porque a posição
em que estamos é bem parecida.
Minutos depois, paramos de nos beijar, e volto minha atenção para Miguel. Ele se aproxima,
fitando-me, mordendo os lábios de forma sedutora. — Não foi tão ruim assim. Pelo menos
abrimos nossos corações um para o outro e dissipamos as dúvidas. Agora sei que tudo que
vivemos é e sempre foi recíproco. — E então nos beijamos, na mesma intensidade gostosa de
sempre.
Depois de alguns momentos, interrompemos o beijo. — Agora só falta eu contar para os meus
pais. — Miguel diz, sorrindo.
Me sento e olho para eles. — Se não tiverem outros planos para esta noite, que tal apagarmos as
luzes, tirarmos as roupas e nos entregarmos ao amor? — Eles lançam sorrisos maliciosos e Ravi
se levanta para apagar a luz. Eu e Miguel começamos a nos despir.
— Qual de vocês vai ceder hoje à noite? Minha vez já foi. — Miguel lança a direta.
Ravi ouve a pergunta e se dirige para a cama, começando a se despir. — Eros, essa é uma
questão entre você e eu. O que você deseja? Não tenho problemas em...
Interrompo antes que ele conclua a frase, pois sei que ele vai dizer que vai ceder para nós dois,
porém eu o empurro para a cama e subo em cima dele. Sem nenhuma peça de roupa, eu sugiro.
— Que tal fazermos algo diferente hoje?
Eles me perguntam o que eu quero, então compartilho. — Quero ser o primeiro com você, Ravi,
e quero que o Miguel seja o primeiro comigo. Pode ser assim?
— Sim, eu quero que seja assim! — Ele me puxa para um beijo ardente, e me entrego ao
momento, deitando-me entre os dois. Sinto Miguel atrás de mim, explorando suavemente minhas
costas, nuca e pescoço com beijos e carícias, enquanto me envolvo em um beijo apaixonado com
Ravi, acompanhado de gemidos e palavras de carinho.
Minutos depois, paramos de nos beijar. Viro-me para Miguel, iniciamos um beijo intenso e
apaixonado, trocando carícias e juras de amor. Em seguida, viro-me para Ravi. — Você me
deseja? — Ele me beija e responde. — Muito!
Miguel segura gentilmente meu queixo e vira meu rosto. — Você também me deseja, Eros?
— Sim, e muito! — Nos beijamos. Em seguida, interrompemos o beijo. — Miguel, pode pegar o
lubrificante? — Ele pega e me entrega.
Abro o lubrificante, espalho nos meus dedos e passo para Miguel, que provavelmente faz o
mesmo pelo som. Volto-me para Ravi e retomamos o beijo, guiando meus dedos em sua entrada
e aplicando o lubrificante suavemente. Vou introduzindo gradualmente o dedo, percebo um leve
tensionamento, mas logo ele se acalma ao me ouvir. — Eu sei que você estava ansioso por isso,
seu safado. — Solto um risinho. Então o Ravi responde. — Sim, eu estava ansioso. Continua,
que está gostoso demais.
Enquanto estou focado em Ravi e meus dedos exploram seu interior, ouço seus gemidos e nos
envolvemos em beijos intensos. De repente, percebo que é a minha vez, sinto o lubrificante nos
dedos de Miguel em minha entrada. Sua voz sexy sussurra em meu ouvido. — Estava louco para
fazer amor com você, Eros, com vocês dois, quero sentir, assim como vocês me sentiram. Sente
só o quanto estou excitado. — Ele sussurra e roça a cabeça do seu pau nas minhas costas, me
deixando ainda mais louco e excitado.
Aos poucos, sinto seu dedo lubrificado me penetrando e solto alguns gemidos. Paro de beijar o
Ravi, pois gosto de expressar meus desejos durante o sexo. — Me estimula bem no ponto G,
quero sentir essas investidas profundas e prazerosas. — Seu prazer é uma ordem! — Miguel
responde. — Nesse momento, o beijo, enquanto penetro o Ravi cada vez mais profundo e ouço
seus gemidos.
Ser tocado dessa maneira lá embaixo é uma sensação estranha, mas prazerosa. Deve ser assim
que ambos sentiram, primeiro Miguel e agora Ravi. É uma experiência deliciosa!
Capítulo 63
Eros

São quase dez horas quando ligamos o ar condicionado, e o quarto, na penumbra, cria o ambiente
ideal. Estamos na cama do Miguel desta vez. Nós três decidimos que esta noite o sexo será
diferente, uma chance de aproveitar mais, proporcionar prazer a todos os envolvidos de todas as
maneiras possíveis. Pelo menos agora, Miguel entenderia como é estar no meu lugar, e ele
também teria o mesmo prazer com o Ravi. Estou ansioso para me entregar completamente aos
dois, assim como percebo que o Ravi está realmente curtindo essa experiência de ser passivo.
Enquanto sinto as investidas do Miguel e seu estímulo preciso no meu ponto G, retribuo da
mesma forma com o Ravi, alternando os beijos entre os dois enquanto estou no meio. Cada vez
que me aproximo do Ravi, seus gemidos se intensificam, ecoando o prazer compartilhado.
Avanço com cuidado, já com dois dedos dentro dele e tentando delicadamente adicionar um
terceiro, mas a posição dificulta um pouco, limitando minha liberdade de movimentos. No
entanto, sei que haverá mais momentos como este entre nós três ou a sós.
Interrompo o beijo com o Ravi e viro meu rosto na direção do Miguel, que prontamente me
beija, e nos perdemos nesse vaivém de línguas, trocando beijos apaixonados e gemidos.
Minutos depois, paramos, e me viro para o Ravi, que não perde tempo, retomando o beijo com o
mesmo ardor, e escuto seu desejo aflorado. — Entra em mim, vai...! — Ele suplica, repleto de
desejo.
Não sei se eles percebem o que planejei para esta noite, mas quero estar no meu, como sempre,
quero sentir os dois ao mesmo tempo. Olho para o Miguel. — Espera um momento. — Ele
interrompe a penetração com os dedos.
Assumo a posição sobre o Ravi enquanto ele abre suas pernas. Inclino-me em direção aos seus
lábios e iniciamos um beijo intenso. Com cuidado e auxílio das minhas mãos, começo a penetrá-
lo gradualmente. Ele se contrai um pouco, mas nossas palavras amorosas o relaxam, e seus
gemidos aumentam conforme me acomodo dentro dele. Entre carícias e beijos, alguns minutos se
passam até que estou completamente dentro dele, sentindo o seu calor interior.
A ajuda do lubrificante torna a entrada mais suave, diminuindo o atrito para seu conforto.
Mantenho-me imóvel dentro dele enquanto Miguel o beija, permitindo-lhe tempo para se adaptar
a mim. Minutos depois, começo a me mover dentro dele e uau... é incrível! Fazer amor com
amor é mil vezes mais gratificante do que o sexo casual.
Observo o Miguel e solicito que se posicione atrás de mim, e ele prontamente atende. Paro de me
movimentar dentro do Ravi e, com mais lubrificação, Miguel começa a me penetrar. Deixo
escapar gemidos, enterrando meu rosto no peito do Ravi e segurando firmemente os lençóis. Meu
Deus, é essa a sensação de ter um falo invadindo meu interior. Ai, aah, dói, mas de uma maneira
prazerosa. A sensação do membro do Miguel deslizando dentro de mim traz uma mistura intensa
de sensações: dor, prazer, e uma deliciosa agonia.
Ouvir suas vozes, expressando desejos, amor e elogios sobre mim, faz com que eu me entregue
mais e mais. Minutos depois, sinto o Miguel completamente dentro de mim e uau, que pau
imenso! Tinha esquecido o quão grande ele é.
O Ravi me atrai para um beijo profundo, e nos envolvemos intensamente enquanto sinto a
presença cuidadosa do Miguel atrás, aguardando pacientemente que eu me acalme com ele
dentro de mim. Cada toque dele nas minhas costas parece um afago reconfortante, suas mãos
explorando delicadamente meu corpo, acariciando suavemente minha pele, alcançando minha
bunda... são uma sensação indescritível, repleta de ternura e amor.
Paro de beijar o Ravi e, ao meu sinal, começo a me movimentar, e o Miguel segue o ritmo que
estabelecemos. Juntos, nossas vozes, mantidas em sussurros para não chamar a atenção, soltam
gemidos e sussurros elogiando o prazer mútuo, destacando o quão delicioso é seu membro e o
quanto sua bunda é irresistível. Sinto o Miguel me presenteando com leves tapas na bunda,
enquanto ele descreve o quanto me torno ainda mais gostoso quando movimento meu quadril no
ritmo do seu pau, intensificando ainda mais o prazer compartilhado. É uma sinfonia de sensações
e palavras carregadas de desejo e prazer entre nós três, e estou adorando ouvir os gemidos de
ambos, e o Ravi é o que mais está se entregando a esses sons, sua voz próxima do meu ouvido
me deixa cada vez mais excitado dentro dele.
Permanecemos nessa posição por um longo tempo, eu entre os dois, Miguel sobre mim e Ravi
deitado. O sexo é incrível, e definitivamente precisamos fazer isso mais vezes. Eles também
precisam experimentar essa posição, porque estar no meio proporciona um prazer ainda maior, é
uma troca intensa de amor e carinho, algo simplesmente gostoso e incrível. Não consigo parar de
pensar o quão sortudo sou por ter dois namorados dispostos a explorar tudo comigo,
especialmente na cama. Isso só intensifica meu amor por eles, meu coração transborda por amá-
los, meu corpo vibra com a presença deles, e perco-me em sua presença, focando apenas neles à
minha frente.
— Vocês não têm ideia de quanto estou completamente apaixonado por vocês! — Sussurro entre
gemidos, entregando-me ao êxtase do amor compartilhado.
Eles também expressam seus sentimentos gemendo, o que me enlouquece ainda mais por eles e
confirma que fazer amor é incomparável ao sexo casual com estranhos.
— Estou prestes a gozar. — Ouço Ravi gemendo, permitindo-me esse momento dentro dele.
Miguel também revela estar no limite, e então, juntos, alcançamos o ápice do prazer. Ravi
também chega ao clímax, que sexo maravilhoso!
Minutos depois, mais calmos, nos separamos, deixando de estar um dentro do outro, e sentir o
Miguel sair de mim é estranho, a sensação de sua presença ali poderia continuar, mas sei que
ainda não acabou. Estou pronto para receber o Ravi dentro de mim, ansioso, ciente de que ele
preencherá esse vazio que anseio com amor.
Nos aproximamos e iniciamos nosso tão esperado beijo triplo, repleto de paixão e cumplicidade,
uma experiência carregada de amor.
Capítulo 64
Ravi

Ouvir tantas revelações nesta noite, em tão pouco tempo, vindas desses dois caras, só me faz ter
ainda mais certeza de que os amo profundamente. O que sinto por eles é exatamente o que meu
coração desejava, e valeu a pena esperar. Estou disposto a fazer qualquer coisa para demonstrar o
quanto eles têm o meu coração nas mãos, o quanto fazem ele bater num ritmo diferente.
Eros, como sempre, toma a iniciativa para fazermos amor. Prontamente, me levanto, apago as
luzes, fecho as janelas e ligo o ar condicionado. Enquanto isso, eles se desfazem de suas roupas e
faço o mesmo. Miguel pergunta quem será o passivo de hoje, e não vejo problema algum em me
oferecer para proporcionar a eles esse prazer com o meu corpo. Quero sentir-me vulnerável de
uma maneira diferente ao me entregar aos dois. Eles são capazes de despertar desejos e vontades
que eu jamais imaginei. Estou ansioso para essa nova experiência.
Volto em direção à cama do meio e digo a Eros que essa decisão será entre ele e eu, mas que
posso ceder. Antes mesmo de eu terminar a frase, ele me empurra para a cama de Miguel. Dou
um sorrisinho. Cara, eu adoro essa atitude determinada dele. Eros não hesita em agir quando tem
algo em mente, especialmente entre nós três. Isso faz com que Miguel e eu sigamos o seu
exemplo, nos permitindo soltar também. Mal posso esperar para nos entregarmos com mais
intensidade na cama.
Ele se deita sobre mim, nossos membros pressionados, iniciando movimentos de fricção. —
Adoro quando você faz isso. — Expresso. Em seguida, sugere que ambos sejamos passivos ao
mesmo tempo: ele primeiro em mim, enquanto Miguel entrará nele em seguida. Não havia
pensado nisso antes, e sua proposta mais ousada me surpreende, mas aceito imediatamente.
Nossas noites estão se tornando ainda mais intrigantes, e seria insensato recusar a conexão entre
nós três de uma vez só.
Embora estejamos apenas no começo desse nosso relacionamento, a três, e está seja a segunda
vez que iremos transar, ainda somos novatos quando se trata de relações entre três homens.
Desconhecemos nossos limites e quero evitar fazer algo que possa desagradá-los. Assim, por
enquanto, seguirei o que eles propuserem, buscando o melhor para todos. Ao mesmo tempo,
espero que nossas noites de paixão se tornem tão intensas quanto o que estamos sentindo um
pelo outro. Desejo me soltar ao máximo e explorar ao máximo esse amor em seus corpos.
Eros fica sobre mim, seus lábios encontram os meus em um beijo que retribuo calorosamente.
Sinto seu calor, seu hálito, sua respiração. Miguel beija meu pescoço, mordisca minha orelha e
confessa seu amor por mim. Em seguida, sussurra seu amor por Eros, que sussurra de volta para
ele e, então, sussurra para mim. Eu não hesito em sussurrar de volta para os dois, compartilhando
esse momento íntimo e repleto de amor entre nós.
Depois, ele se deita ao meu lado, ficando no meio, e usando o lubrificante, minutos depois, sinto
seu dedo adentrar meu interior. Recuo um pouco por ser algo novo para mim, mas ao ouvir Eros
me chamar de safado, isso desperta em mim uma atitude de "que se dane", e me permito entregue
ao momento, gemendo sem reservas.
Começo a gemer, expressando o quão prazeroso está sendo, pois realmente está. Eros sabe como
me tocar, como me estimular para o máximo prazer. Dou a ele o que sei que ele gosta, gemidos
intensos, sentindo sua respiração próxima à minha pele enquanto ele me incentiva a gemer ainda
mais. Ele lambe meu pescoço, intensificando o movimento do dedo dentro de mim, e posso até
perceber os sorrisinhos de satisfação que Eros dá ao perceber que está alcançando meu ponto de
prazer.
— Isso, solta os gemidos. Não economize a voz. Quero ouvir você, Ravi. Mostra o quanto está
gostando desse toque. Você estava ansioso, não é mesmo? — Ele fala num tom tão envolvente,
tão sexy, que não consigo resistir e libero gemidos ainda mais intensos, pois o prazer é
simplesmente maravilhoso.
Nós nos beijamos intensamente. Ele me penetra com os dedos, me lambendo, mordendo,
chupando. No entanto, nesse meio tempo, ele se vira para Miguel e faz o mesmo, mas ao
contrário do que disse para mim, expressa para Miguel o quanto está gostando de ser penetrado
daquela maneira por ele. Diz que se soubesse antes como era bom, teria pedido isso há muito
tempo, que já teria sentando em nossos paus há muito tempo para sentir ainda mais aquela
sensação gostosa.
Enquanto isso, ele geme deliciosamente, de forma tão envolvente quanto Miguel. Posso ouvir os
gemidos entre beijos dos dois, enquanto sinto os dedos de Eros me dando prazer ao mesmo
tempo, mantendo um ritmo consistente. Isso só aumenta meu tesão, minha urgência por mais, por
tê-lo dentro de mim.
Eros se volta para me beijar, retribuo e expresso o quanto minha vontade de tê-lo dentro de mim
é avassaladora. Ele atende prontamente ao meu desejo.
Ele se levanta e eu abro minhas pernas um pouco mais, permitindo que ele se encaixe entre elas.
Nossos membros se pressionam novamente, e devo ressaltar que é uma sensação muito prazerosa
quando fazemos isso. Em seguida, nos beijamos apaixonadamente. Miguel se aproxima com os
lábios, e após muitas trocas de beijos entre nós três, Eros se afasta um pouco, enquanto Miguel
permanece perto para beijar e acariciar meu abdômen, chupar meus mamilos.
Enquanto sinto a cabeça do membro de Eros roçar minha entrada, aos poucos ele vai deslizando
para dentro de mim. Sinto um leve desconforto inicial, mas eles me acalmam. Firme, seguro a
cabeceira da cama com uma mão e o lençol com a outra. Miguel invade minha boca com sua
língua, e eu me entrego ao beijo, permitindo gradualmente que Eros entre em mim enquanto
acaricia minhas pernas. Há um misto de dor e prazer, uma sensação intensa e prazerosa à medida
que ele vai penetrando. Paro de beijar Miguel e expresso a minha putaria:
— Caramba, que gostoso, é muito melhor do que imaginei, que pau gostoso do caralho.
Eles sorriem. — Ravi? — Eros me faz olhar para ele, e continua. — Vou te fuder tão gostoso,
que você vai gemer tanto, que amanhã vai estar rouco. — E ainda completa dizendo que Miguel
ainda terá a vez dele para me enlouquecer ainda mais. — Que delícia! — Respondo.
A noite só está começando e tenho dois caras gostosos para me fuder, que sorte a minha. Estou
ansioso para o que está por vir.
Quando finalmente ele está completamente dentro de mim, faz uma pausa, me beija, seguido
pelo beijo de Miguel. Aos poucos, começo a sentir os movimentos de Eros dentro de mim,
arrancando os gemidos que ele espera ouvir. Com a voz carregada de prazer, ele murmura:
— Que delícia!
Minutos depois, Eros para de me penetrar deliciosamente e é a vez de Miguel assumir o controle.
Eros se inclina em direção ao meu peito, permitindo-me vislumbrar na penumbra Miguel se
aproximando por trás dele. Consigo enxergar o rosto de Miguel, radiante por ser o primeiro a
explorar um lugar tão desejado, disputado entre nós dois. No entanto, está tudo bem, pois
também terei minhas múltiplas oportunidades. Fui o primeiro a compartilhar esse momento com
ele, então cada um de nós teve e terá sua primeira vez com o outro. Ninguém pode reclamar aqui.
Enquanto sinto Eros dentro de mim, e acaricio suavemente ao redor de suas orelhas, também
sinto sua respiração tocando meus peitos, e fico também observando os movimentos do Miguel.
Ele pisca para mim, sorrir de canto e direcionar seu olhar para a bunda de Eros. Em um rápido
relance, percebo Miguel segurando seu membro e pressionando suavemente a cabeça na entrada
de Eros. Entendo seu gesto; ele está aproveitando ao máximo, especialmente por tê-lo nessa
posição. Quem não se sentiria poderoso ao vivenciar uma visão assim, tão intensa e excitante? É
compreensível o fascínio.
Capítulo 65
Miguel

Que sorte eu tenho por ter esses namorados deliciosos, é realmente um prazer em dobro, ser gay
é maravilhoso.
Depois de estimular intensamente Eros com meus dedos, arrancando gemidos e desejos, ele pede
para eu dar uma pausa e se direciona para perto de Ravi.
Enquanto isso, eu me aproximo dele também, começando a beijá-lo e intercalando com palavras.
— Te amo, cara! Saiba disso! — Ele retribui calorosamente. — Eu também. — E continuamos
nos beijando, trocando palavras de carinho entre nós.
Minutos depois, após esperar com paciência, finalmente é a minha vez de fazer amor com Eros.
Levanto-me e vejo Eros se inclinar, elevando um pouco mais a bunda, enquanto percebo Ravi
me encarando. Consigo imaginar o que está passando pela cabeça dele; aposto que ele também
gostaria de estar aqui, compartilhando esse momento comigo, entrando juntos nesse espaço tão
desejado.
No entanto, sabemos que não seria sensato tentar uma dupla penetração em um lugar que não
está preparado para isso. Nem mesmo tenho certeza se Eros consideraria algo desse tipo, imagino
que deva ser muito desconfortável e doloroso para qualquer pessoa, sem um bom preparo.
Decido concentrar minha atenção nesse momento tão aguardado, no qual ambos me concederam
a oportunidade. Olho para Ravi, piscando em forma de agradecimento, e seguro meu membro,
esfregando-o suavemente na entrada dele, explorando a região antes de entrar de forma mais
intensa. Aos poucos, começo a introduzir meu membro, percebendo Eros agarrar os lençóis.
Sentir essa conexão íntima com alguém que amo é verdadeiramente maravilhoso, e preciso
expressar isso para que ele relaxe e me permita entrar com mais calma.
— Amor, você tem que relaxar para me deixar entrar gostoso. — Beijo as costas dele com
ternura, e com essas palavras e carícias, entre os gemidos dele, aos poucos ele relaxa e me
permite deslizar, conseguindo finalmente entrar completamente.

Ravi

Então, enquanto vejo Miguel tentar entrar no Eros, percebo que ele está sentindo um pouco de
desconforto, mas parece estar gostando ao mesmo tempo. Começo a acariciá-lo e, juntamente
com a minha voz combinada à de Miguel, buscamos acalmá-lo. Aos poucos, ele vai relaxando e
soltando os lençóis, e consigo sentir seu rosto se afastando um pouco dos meus peitos. Inclino-
me para frente e o beijo, sentindo-o retribuir. Após alguns minutos, percebo que ele está mais
calmo.
— Vamos começar, Miguel. — Eros diz, indicando o momento de avançar.
Sinto Eros se movendo novamente dentro de mim, e, caramba, é incrível, é uma transa
sensacional. — Oh porra de pau gostoso, quero mais rápido... — Digo entre gemidos.
— Gostoso é onde o meu pau está entrando, safado. Você está me engolindo todo. — Eros
sussurra.
— É ainda mais gostoso daqui de cima quando os vejo, e os ouço gemendo, é como se eu
estivesse fudendo os dois ao mesmo tempo. — Ouço Miguel falar, com uma voz repleta de
prazer e satisfação.
Então, estou ansioso para experimentar essa posição, mas por enquanto me concentro aqui,
gemendo cada vez mais com as estocadas precisas de Eros no meu ponto mais sensível. Quero
ter essa experiência com eles mais vezes, é incrível, supera minhas expectativas. E fica ainda
mais prazeroso com Eros no meio, gemendo com Miguel, enquanto me proporciona prazer ao
mesmo tempo. Já estou ansioso para trocar de posição, imagino que estar no meio deve ser a
melhor sensação.
Então, minutos depois, alcançamos o clímax: Eros dentro de mim e Miguel dentro de Eros. Aos
poucos, Eros se afasta, seguido por Miguel, e nós nos entregamos a nossos beijos triplos. Pouco a
pouco, me coloco sobre Eros, segurando meu membro enquanto sinto Miguel se aproximando
por trás. Posso sentir suas mãos na minha cintura enquanto direciono a cabeça do meu membro
para a entrada de Eros. Entre nossos beijos, começo a penetrá-lo, sentindo seus gemidos se
misturarem aos nossos suspiros. Nossas respirações ficam mais intensas, e em pouco tempo, já
estou completamente dentro dele.
Então, paro de beijá-lo e começo as investidas dentro dele. Ele não segura os gemidos,
expressando o quanto está gostando, me incentivando a ir mais rápido e fundo. Sigo suas
instruções, e ele solta alguns palavrões de prazer que eu gosto de ouvir nessas horas.
— Me pega com tudo idiota, eu sei que tu tá se segurando, mostra que veio pra me fuder, me
arromba, babaca gostoso. — Lanço um sorriso, pois é isso é disso que eu gosto e o Eros parece
entender o meu lado.
— Então leva pica nesse teu cuzinho, gostoso. — Ele geme mais ainda no meu pau, ah, música
para os meus ouvidos.
— Isso, vem com tudo meu mafioso! — Porra, ouvir ele me chamar assim, até endureceu mais o
meu pau e meto mais fundo nele.
Minutos após fuder ele gostoso, acabo atingindo o clímax novamente, e ele também. Saio um
pouco para me recompor, e Eros já pede para que Miguel entre nele mais uma vez, e ele não
hesita, prontamente o fazendo.
Observo Miguel penetrar Eros, começando a se mover dentro dele. — Então você gosta de ser
devasso nessas horas, é? — Miguel pergunta num tom provocativo.
— Eu adoro quando me dominam, ainda mais quando tenho um futuro CEO me fudendo
gostoso, realiza o meu fetiche vai, não tenha preguiça de meter fundo em mim com tudo, estou
cedendo pelo seu pau.
— Gostei do que ouvi. Deixa só eu herdar a empresa, que vou te comer na sala do meu
escritório! — Miguel diz segurando firme no quadril do Eros e intensificando as estocadas.
Dar para sentir o quanto Eros faz questão de demonstrar que está desfrutando da posição passiva.
Minutos depois, Miguel alcança o ápice novamente, e acredito que Eros também tenha atingido o
clímax mais uma vez.
Então, Miguel sai de dentro de Eros e me olha. — Estou doido para entrar em você também,
deita aí. — Assim o faço.
Ele se posiciona por cima, e iniciamos os beijos. Logo sinto meu membro ficar cada vez mais
rígido, e não só o meu, o dele também está na mesma condição.
Aos poucos, percebo seu membro roçar na minha entrada, e ele vai gradualmente forçando a
entrada. Eros se aproxima para me beijar, e eu retribuo, enquanto sinto o pau de Miguel penetrar
em mim e começar a se movimentar.
— Ambos são gostosos, demais, aah. — Miguel geme enquanto se movimenta.
Sinto ele segurar minha cintura com mais firmeza, e interrompo o beijo com Eros. — Se não for
pra me fuder com selvageria nem começa, vem com tudo! — Encorajo-o a não se conter.
Ele me lança um sorriso malicioso de lado e começa a me estocar com mais rapidez, atendendo
ao meu pedido e me fazendo revirar os olhos. Ah... que sensação deliciosa!
— Quero mais, fode mais!
Miguel

Porra! Fazer amor com esses dois é bom demais, é um desejo e um prazer em dobro, um fogo
que não se apaga, e cada um deles desperta um lado mais selvagem em mim, algo que nem sabia
que existia. Quero mais, quero penetrá-los com muita intensidade, levá-los ao céu.
Entro no Ravi, e caramba! Que lugar quente e gostoso, ele geme alto, do jeito que eu e Eros
gostamos. É ainda melhor quando ele pede por mais, assim como Eros. Então, é mais pau que ele
quer? É mais pau que ele vai receber, e ainda mais fundo e forte, para fazê-lo esquecer até
mesmo o próprio nome. — Safado!

Eros

Vê-los se comendo assim, me deixa excitado novamente. Quero mais! Quero que o Ravi me
coma de novo. — Fica de quatro, Ravi, quero mais uma vez.
Miguel para, sai de dentro dele, Ravi se vira, eu me deito na cama, ele se aproxima, encaixa seu
membro na minha entrada e penetra. — Que delícia! _ eu digo.
Em seguida, vejo Miguel penetrar Ravi, e aos poucos começam a se movimentar. — Porra, isso
aí, era isso que eu queria, tô adorando! Agh...
Por que não liberei isso aqui antes, já no primeiro dia?

Ravi
A sensação de estar no meio é incrível, com certeza quero vivenciar isso mais vezes. Dar e
receber é muito melhor do que eu imagino. Que sorte a minha, poder experimentar algo tão
prazeroso com esses dois.
Permanecemos assim por um bom tempo até que finalmente sinto que estou chegando ao clímax
novamente e gozo, assim como Miguel em mim e Eros. Me jogo para um lado da cama, Miguel
para o outro, e Eros no meio. — Caramba! Que sexo gostoso foi esse? — E eles concordam!
Capítulo 66
Eros

Estou pasmo com o que acabamos de fazer nós três, que experiência incrível foi essa? E as
palavras que eu disse durante o sexo, chamando o Miguel de CEO e o Ravi de meu mafioso?
Agora a vergonha está começando a bater, mas pretendo agir naturalmente. Os jeitos como eles
reagiram foi pura excitação, e meu corpo ainda queima pelo jeito intenso como eles me pegaram.
Estou deitado e vejo o Ravi de um lado e o Miguel do outro, posso ouvir suas respirações,
estamos todos ofegantes após essa transa.
— Que sexo maravilhoso foi esse que tivemos? — O Ravi sussurra ofegante.
Viro meu rosto para ele, ele olha para mim. — Foi incrível!
— Foi o melhor! — Concorda o Miguel.
Sorrio olhando para o teto. — Acredito que ficará ainda melhor com o tempo, não acham?
— Tenho certeza disso! — Concorda o Ravi, se aproximando e me abraçando.
— Com o tempo, tudo ficará automático e mais intenso, eletrizante. Não será preciso dizer nada,
nossos corpos saberão o que fazer. — Miguel enfatiza.
Olho para ele e ele me abraça também. Sinto os dois beijarem meu rosto, enchendo-o de beijos.
Que gesto tão afetuoso! É um carinho tão bom, tão gostoso. Eles me fazem ficar ainda mais
apaixonado por eles ao me acariciar assim após o sexo. Ah, estou completamente louco por eles.
Coloco minhas mãos suavemente na nuca de cada um, sentindo seus beijos por todo o meu
pescoço. Minha respiração se torna irregular, meu corpo reage intensamente, e solto gemidos que
me surpreendem. Internamente, me assusto um pouco, pois são sons diferentes, algo que nem
sabia que era capaz de fazer. Que sons são esses que estou emitindo? Será que é assim que
demonstramos total entrega quando estamos profundamente apaixonados? Meu corpo está
mostrando o quanto está se deleitando com esse carinho? — Ah, vocês estão me deixando
louco... Ahh... — murmuro baixinho.
— É você que me deixa assim, Eros... — sussurra Miguel entre beijos.
— Você é como oxigênio para mim. — Ravi também murmura enquanto me beija.
Fico sem palavras nesse momento, apenas reagindo com gemidos. Então, lembro-me do horário.
— Estou adorando isso, mas não acham que é melhor irmos para o banheiro e depois dormir?
Eles concordam, dirigimo-nos ao banheiro, agindo com uma intimidade que se assemelha à de
namorados. A cumplicidade que estamos construindo aumenta ainda mais a confiança mútua,
dando a sensação de que nos conhecemos há muito mais tempo do que o normal.
No entanto, durante esse tempo, sinto uma certa dor na coluna. Acredito que exageramos um
pouco, e até o Ravi comenta sobre como o Miguel pareceu gostar de ser conduzido a se
posicionar de forma mais intensa durante o momento em que assumiu aquela posição. No
entanto, ele não reclama, afirmando que está gostando da sensação de dor. Eu apenas concordo
com um gesto de entendimento.
Deitamos na cama do Ravi para dormir hoje, e decidimos que o Miguel ficará no meio desta vez,
com o Ravi ao lado da parede e eu na ponta. Tentamos dormir abraçando o Miguel, mas não sei
até quando conseguirei ficar nessa posição. Acabei adormecendo profundamente e acordei com
ele me abraçando, ao olhar por cima, vi também o Ravi o abraçando. Que fofo, parece até que
não faz muito tempo negavam qualquer afeto entre eles. Na noite anterior, o Ravi estava
completamente entregue, implorando para o Miguel ir mais fundo e gemendo mais alto do que
eu, enquanto o Miguel se entregava à intensidade com um dos caras mais bonito da escola, nós
três somos.
Levanto-me antes do despertador, sigo direto para o banheiro, faço o necessário e quando saio,
percebo que ainda não são seis horas. Incrível como não consigo dormir até tarde. Ainda sinto
um pouco de desconforto na coluna, mas a lembrança do ótimo sexo de ontem à noite supera a
dor. Faria tudo de novo.
Olho para eles, dormindo profundamente, e decido tirar uma foto. Que cena adorável, os dois
abraçados parecem tão serenos. A imagem é linda, eles são fotogênicos até dormindo. Poderia
até usar essa foto como tela do celular, mas prefiro uma foto de nós três juntos. Ah, sim... mais
tarde vou tirar uma e mandar para os meus pais, para mostrá-los que não estava mentindo sobre
eles. Aposto que vou deixá-los ainda mais chocados. Espero não dar um susto no meu velho.
Ao olhar para minha cama e a de Miguel, percebo a bagunça que fizemos e aproveito para
arrumar tudo sem fazer barulho. Abro as janelas, deixo o vento entrar e desligo o ar
condicionado. Aos poucos, vejo-os despertar.
Aproximo-me e me sento na beirada da cama. — Bom dia, minha lua e meu cometa! — Eles
respondem com um sorriso sutil e me desejam bom dia de volta usando nossos apelidos.

Miguel
Acordo com uma brisa suave vinda da janela, e um raio de sol filtrando pelas cortinas. Com os
olhos entreabertos, vislumbro a imagem do Eros, o deus do amor, vindo na minha direção com
um sorriso encantador. Ah, que sorriso lindo ele tem.
Quando o vi pela primeira vez, lá fora, ele dormia serenamente, com um sorriso nos lábios. Ao
acordar com o despertador, ele percebeu minha presença ao lado do Ravi, sorriu de leve e tentou
disfarçar a vergonha. Um outro sorriso se revelou, exibindo suas covinhas. Após se apresentar
como Eros, senti a necessidade de marcar sua memória, então brincar com o nome dele, fazendo
alusão ao deus do amor, foi meu jeito de iniciar uma conversa. Acredito que isso tenha feito com
que ele não me esquecesse. E olha só, com a ajuda do Ravi, ele está aqui, em nosso quarto.
Somos um trisal, tudo graças à ajuda do Ravi naquele dia 25 de dezembro, quando ele lembrou
que eu queria o Eros como amigo de quarto.
Nossa, tudo se encadeou de forma surpreendente. Se não fosse pelo Ravi, talvez não teríamos o
Eros conosco, não teríamos vivenciado essa experiência, nem descoberto nosso relacionamento
como um trisal. As ações do Ravi desempenharam um papel fundamental para eu compreender a
verdade sobre mim mesmo, reconhecer que, lá no fundo, eu não era totalmente hétero. E a
chegada do Eros apenas confirmou isso.
Incrível, não é? Será que foi o destino?
Levanto-me com o "bom dia" do Eros me chamando de lua, e o Ravi de cometa. De repente, uma
ideia brilhante surge na minha mente. Talvez o apelido que o Eros deu ao Ravi tenha sido algo
inocente para ele, mas para mim, agora, esse apelido ganha um significado especial.
Vejo o cometa como um símbolo de uma jornada extraordinária. Comparar alguém a um cometa
pode sugerir que essa pessoa trouxe uma trajetória única e emocionante para a vida de outro
alguém, assim como a trajetória fascinante de um cometa pelo espaço. As ações únicas do Ravi
foram como a jornada de um cometa, atraindo o amor do Eros para nossas vidas.
Pensei que eu fosse o único responsável por fazer esse relacionamento acontecer, mas percebo
que tudo isso já estava sendo encaminhado muito antes das minhas ações ao trazer o Eros para o
beijo naquele quarto.
Nós três estávamos destinados a nos encontrarmos!
Enquanto os dois se arrumam lá fora, pego meu celular e envio uma mensagem para meus pais,
no nosso grupo: "Estou namorando!"
Guardo o celular consciente de que meu pai provavelmente será o primeiro a ver a mensagem e
vai querer me ligar. Decido não atender imediatamente; prefiro deixá-lo surtar um pouco, criar
várias teorias com minha mãe. Vou responder mais tarde, só para aumentar o suspense.
Capítulo 67
Ravi

Conforme terminamos de nos arrumar, paramos no meio do quarto e trocamos carícias e beijos
antes de descer. Nada sai da minha mente além da noite incrível que tivemos. Caramba, que
experiência maravilhosa. Além de perder a virgindade dessa forma com o Eros, ainda tive uma
experiência intensa com o Miguel. Incrível.
Mais tarde, durante o café, pego meu celular e vejo várias mensagens dos meus pais, irmãs e.…
as alianças. Decido entrar e ver se foram finalizadas, pedindo sigilo total sobre o assunto aos
envolvidos. Espero que não tenham dito nada aos meus pais, pelo menos por enquanto.
Ao entrar no grupo, noto que eles estão apenas curiosos para saber quem é a garota e outras
coisas assim. Guardo meu celular, volto minha atenção para as pessoas ao redor. O próximo
feriado está se aproximando e até lá eles podem esperar.

Miguel

Depois do almoço, escapei para um canto rapidinho para ver o que meu pai respondeu no grupo,
considerando as ligações que ele fez umas duas vezes e minha mãe, mil vezes.
Abro as mensagens e lá está a pérola do meu pai: "Acho que perdi a aposta, o Miguel está
namorando, o mundo vai acabar!", e começo a rir sozinho.
Ligo para ele e ele atende prontamente, provavelmente está na empresa. — E aí, filho? Quem é a
sortuda? Voltou com a Melissa?
Começo a rir novamente, mas bem baixinho. — Pai? — Ele para de falar. — Diga? — Ele
responde.
Respiro fundo. — Não é nada do que você está pensando. — Ele fica em silêncio.
Escuto uma risadinha dele, acho que ele sacou. — Homem? — Sim! — Respondo.
— Hmm... Quem é?
Faço um breve silêncio, respiro fundo novamente. — Você não vai acreditar, mas não é só um,
são dois.
Ele fica em silêncio por um momento e depois ouço ele rir de novo. — Você sabia, quando eu
tinha a sua idade, também fiquei algumas vezes com dois caras ao mesmo tempo? Mas eram só
ficantes mesmo. Mas no seu caso... você está namorando dois?
Respiro aliviado comigo mesmo. — Sim, dois caras. Um você já conhece, o outro é novato aqui.
Escuto um barulho de algo caindo. — O que foi isso? — Pergunto, e ele responde que só
esbarrou em algo.
— Escuta, filho, um desses dois é o Ravi? — Ele me pega de surpresa. — Como você sabe? —
Consigo sentir a risada dele do outro lado da linha.
— Sua mãe viu a foto dele no seu celular no Natal, mandando mensagem, e veio me dizer que
ele estava querendo conhecer os sogros.
Caramba, minha mãe não sabe guardar segredo. — Mas quando ela disse isso, o Sr. levou na
brincadeira ou a sério? — Ele responde que levou na brincadeira.
— E o outro rapaz, quem é? Ambos foram capazes de conquistar teu coração gelado. Deve ser
um trisalzão, bom, o Ravi eu já sei que é bonito, mas imagino que o outro seja também. Além
disso, deve ter um jeito único para te conquistar, porque olha, filho, você é chato pra caramba e
muito difícil de agradar. Desde que era bebê, era difícil te fazer sorrir para mim e para sua mãe.
— Ele fala num tom descontraído, como num sábado pela manhã.
Decido revelar o nome do meu segundo namorado. — Ele se chama Eros, é um novato, bolsista,
e eu gosto muito dele, muito mesmo, da mesma forma que gosto do Ravi.
Meu pai fica chocado e muito feliz, perguntando quando poderá conhecê-los. — No próximo
feriado, os levarei até aí.
Estou prestes a desligar o celular, mas lembro de algo. — Ah, eu vou na casa deles também.
Quer ir junto? — Ele responde todo empolgado que sim, que adoraria visitar os amigos dele, os
pais do Ravi, e conhecer os pais do Eros. Então, encerramos a ligação, e vou todo sorridente em
direção aos meus namorados.
Eros

Já são 14:50 e finalizamos as aulas da tarde. Rumamos em direção ao dormitório, para depois ir
ao campo de rugby, mas antes, quero perguntar se eles topam tirar umas fotos juntos.
Paro de andar, estou entre eles, e eles percebem imediatamente, olhando para mim com
curiosidade. Com um olhar meio tímido e sentindo que estou até corando, lanço minha sugestão.
— Vocês gostariam de tirar uma foto comigo? Só uma, quero mostrar para os meus pais. — Eles
sorriem e vêm para o meu lado, passando os braços ao redor dos meus ombros.
Ravi responde. — Claro, eu também quero as fotos. Vai ser bom para colocar como tela de
bloqueio no celular.
Miguel sorri. — Eu também quero. Aliás, contei para os meus pais sobre nós, e meu pai, Ravi...
— Ravi e eu olhamos para ele. Miguel continua. — Quando eu disse que estava namorando dois
caras, ele adivinhou que um deles era você, porque minha mãe viu a mensagem que você me
mandou no Natal. — Miguel e eu notamos um sorriso no rosto de Ravi.
— Então meus sogros me aprovam? — Ravi pergunta brincando.
Miguel sorri novamente, apertando o ombro de Ravi por cima do meu. — Ele aprova vocês dois.
Contei sobre ambos e ele quer ir com a gente conhecer os pais de vocês.
Cara, senti até um arrepio na espinha. Agora os meus pais vão surtar, mas gostei da ideia. Assim,
eles vão ver que não é brincadeira nossa. — Só falta os pais do Ravi inventarem isso também e
irem até a minha casa, aí os meus pais vão surtar de vez. — Brinco. — Eles riem, mas Ravi
comenta. — Eles não veriam problemas. E se forem até a nossa casa para um almoço?
— Meus pais iriam adorar. — Completa Miguel.
Cara, esse foi o namoro mais rápido que já me meti. Nem com a Camila foi tão rápido assim, e
eu nem fiz questão de conhecer os pais dela. Naquela época, eu não estava muito animado para
isso, mas agora é diferente.
Voltamos para o quarto e nos sentamos na minha cama para tirar algumas selfies de nós três.
Eles estão mais empolgados que eu, e tiramos várias, várias mesmo, e nenhuma ficou ruim. A
empolgação tomou conta de nós. Após alguns minutos, escolho uma foto super fofa onde estão
me dando um beijo de cada lado no rosto, olhando para a câmera, e eu sorrindo. Mal posso
acreditar que tiramos uma foto tão bonita assim. Então mando essa foto para os meus pais. Ravi
pede a foto e envio para ele. Ele coloca como tela de bloqueio, e Miguel faz o mesmo. Então,
sigo o embalo e faço o mesmo.
Em seguida, vamos para o campo de rugby treinar.
Rafaela

Graças a Deus, meu dia está tranquilo. Patrícia não está me incomodando, e a Melissa, por razões
que desconfio, está sendo mais amigável. Passou a maior parte do dia perto de mim. Ela pensa
que sou boba, talvez querendo que eu conte algo ou tentando se aproximar do Miguel por meio
de mim. Mas, até eu entender as reais intenções dela, só vou me aproximar dos meus amigos
quando ela não estiver por perto.
Foi o que fiz hoje cedo. No café, contei para o Miguel o que aconteceu. Ele ficou bravo e o Ravi
ainda mais, especialmente com a Patrícia. Eros também se incomodou, mas mostrou mais
preocupação com meu machucado. Quando mencionei sobre o Carlos e o Thiago, eles ficaram
surpresos com a atitude dos dois comigo.
Durante o almoço, eu ia me sentar com eles, mas o Tiago segurou meu ombro e perguntou se eu
queria sentar com ele e o Carlos. Aceitei, é claro, e percebi que nós três temos muitas coisas em
comum. Carlos convidou eu e Tiago para irmos à casa dele jogar videogame, já que os pais dele
vão dar uma festa e só terá pessoas chatas. Ele costuma se isolar no quarto nessas ocasiões, mas
se a gente for, podemos passar o dia nos divertindo. Adoro videogames. Eu e meu irmão somos
viciados nisso. Tiago e eu aceitamos na hora.
Durante as aulas da tarde, fugi da Melissa e me sentei com o Carlos, ele mesmo me convidou, e
eu não recusei. A garota parece determinada a grudar em mim, mas não estou afim de soltar
alguma coisa sem querer, pois, sei que com o Carlos e o Thiago, se eu disser algo sem querer,
eles não vão sair espalhando.
Quando as aulas terminam, nós três vamos em direção à praça conversando, e quem se agarra a
mim? Sim, a Melissa. — Amiga, me espera.
Estou começando a ficar irritada. O que ela acha que vai conseguir de mim? Finjo que a Melissa
não está grudada em mim e continuo conversando com eles, mas ela se intromete em todas as
perguntas que o Tiago e o Carlos fazem sobre mim. Caramba, o que ela está tentando fazer?
— Estou ansioso para competir para ver quem é o melhor no videogame. — Comenta Thiago,
animado. Carlos concorda empolgado, e eu também. E a Melissa se mete. — Posso ir também?
Eles ficam em silêncio, e eu olho séria para ela. — Não! — Aqui é um trisal, querida, não um
quarteto. — Digo, num tom de brincadeira por dentro.
Tiago passa o braço em volta do meu ombro. — É, mona, você está sobrando aqui. — Carlos e
eu começamos a rir.
Percebo que Melissa está desconfortável, mas não me importo. Quem a convidou? Tudo bem
querer se intrometer, mas é óbvio que ela está forçando a situação. Caramba, acho que eu era
essa chata uns dias atrás. Passo a mão no rosto, sentindo vergonha da minha versão passada, e
percebo o quanto eu era idiota. Agradeço aos três por terem aberto meus olhos.
— Olha lá sua amiga, Patrícia. Ela está sozinha lá no canto. Por que não vai com ela? — Sugere
Carlos, gentilmente desvencilhando Melissa que ainda estava agarrada ao meu braço.
Agora, sinto como se estivesse com dois amigos incríveis, que estão sendo super atenciosos
comigo e me ajudando a me livrar das intenções da Melissa. Não estou a fim de descobrir se as
intenções dela são boas ou não. Se forem boas, ela terá que provar com ações. Não quero falar
sem ter certeza.
Melissa segue em direção a Patrícia, e nós vamos para o campo de rugby, já que tanto Tiago
quanto Carlos resolveram fazer parte do time. Primeiro entrou o Thiago, e ele até nos contou que
entrou por causa do Gui, mas que já deixou isso de lado por causa do Daniel. Encorajei-o a fazer
isso, expliquei tudo sobre a situação da Carol e ressaltei o quanto o Daniel será importante para o
Guilherme, pois sempre que vejo o Gui, ele não para de mencionar o nome do Dani.
Além disso, há o Carlos, a quem deixei claro para manter distância do Miguel e não estragar
aquele trisal lindo. Ele ficou envergonhado e disse que vai se afastar. Ele nem imaginava que
estava lidando com alguém que tem dois namorados.
Com base nisso, Tiago convidou-o para entrar no time de rugby como uma atividade extra
durante a semana, e ele aceitou. E agora estou aqui, indo vê-los treinar. Caramba, que loucura.
Agradeço por ser amiga do Miguel, pois o vejo sentado na arquibancada sozinho e me junto a
ele. Conversamos sobre o jogo e várias coisas aleatórias. Percebo que, pela primeira vez, não
estou falando apenas sobre garotos. Enquanto andava com Melissa e Patrícia, nosso assunto era
só sobre meninos e paqueras. Agora, tanto com o trisal, quanto com o Tiago e o Carlos,
conversamos sobre coisas que realmente gosto e posso ser eu mesma. Estou adorando.
Capítulo 68
Tiago

Após toda aquela confusão com a Rafa, fiquei preocupado se aquelas meninas iriam importunar
ela novamente, e torço para que não aconteça.
É preciso saber desistir, saber lidar com uma derrota, e foi isso que ocorreu comigo quando
percebi que o Gui já tinha alguém muito especial em seu coração. Fico feliz por ele, parece ser
um amor genuíno, mas ao mesmo tempo, me entristece ter levado um fora sem, de fato, ter
levado. É estranho, mas depois de toda a confusão lá fora com a Rafa, acabei sabendo que além
de mim, ela e o Carlos também foram rejeitados. Sinto que agora estou no mesmo barco que eles,
algo um tanto engraçado.
No dia seguinte, assim que acordamos, percebi o Carlos lançando um olhar rápido na minha
direção. — Bom dia! — Ele me cumprimentou.
Parece que finalmente nossa amizade, que deveria ter começado há alguns dias, está começando
a se desenvolver. Retribuo com um bom dia e um sorriso, na esperança de que ele sorria de volta
e pare com essa expressão fechada. Também vou tentar não ser assim. Às vezes, afasto as
pessoas por me fechar em meu mundo. Não queria ser assim, sério.
Ele me observa de cima a baixo e solta um sorrisinho. — Olha, até que você tem um sorriso tão
bonito quanto sua aparência.
Eita, já estamos nesse ponto? Ele já está soltando indiretas para mim? Ou será apenas o jeito
dele? Hmm... não me importo, eu também sei jogar. Me aproximo dele. — Nossa amizade está
indo para outro patamar ou estou interpretando errado? — Digo, olhando nos olhos dele, e o
Carlos fica em silêncio.
Ele parece ser todo destemido na hora de dar uma cantada, mas aposto que quando está do outro
lado, fica todo envergonhado. Vou confirmar isso agora.
Coloco minha mão na nuca dele, e ele cora imediatamente. — O que você está fazendo? — Ele
pergunta.
Solto um sorriso travesso. — Opa, não me acha bonito? Por que não vamos direto para um beijo?
Ele fica ainda mais corado, então continuo percebendo o quanto ele fica tímido com minhas
brincadeiras. — E que tal formarmos um trisal, você, a Rafa e eu? Acho que ambos combinam
comigo. — O Carlos continua sem palavras.
Deixo a nuca dele e me dirijo ao banheiro. Após cumprir o necessário, saio e vejo que ele já
terminou de se arrumar e se aproxima de mim. — Algum problema? — Pergunto.
Ele sorri. — Você é bom nisso. Quem diria que outro bissexual acabaria no mesmo quarto que
eu.
— Destino, talvez! — Respondo de imediato.
Carlos cruza os braços. — Mas a Rafa é hétero. Você não ouviu o que ela contou?
Eu cruzo os braços também. — Quase todo mundo nesse mundo tem um lado bissexual. Talvez
ela não seja a exceção.
Carlos coloca a mão no queixo. — Mas ela deve pensar que somos gays.
Também coloco a mão no queixo. — É.…, mas não custa nada tentar. Até porque ela não vai
deixar de ser hétero ficando com dois caras, certo? Você e eu não somos mulheres, ou você tem
outra coisa aí entre as pernas?
Ele se aproxima de mim. — Quer tocar para comprovar?
Me aproximo mais dele, mordendo os lábios. — Adorei a proposta.
Carlos se encosta em mim, mantendo uma distância que me permite pegar em seu pau enquanto
continuamos a nos encarar. — Será que é maior que o meu?
Recebo outro sorriso safado dele. — Pode colocar na boca para testar e fazer garganta profunda.
Aperto o membro dele com mais força, mas não ao ponto de machucar. — Tá todo soltinho, né?
Mas saiba que eu só transo com quem tenho sentimentos. Me afasto dele.
— Além de bi, você também é demissexual?
Olho para ele, rindo, enquanto abro a porta. — Sim!
— Mas uma chupadinha não é totalmente sexo? — Carlos faz um gesto com a boca e com a
mão, sinuando o que acabou de sugerir.
Dou uma gargalhada. — Ah, para vai, com essas ideias em cima de mim? Para mim, sexo é sexo,
e eu quero fazer com quem gosta de mim de verdade, não por fazer.

Carlos
Ele disse tudo isso, mas gostou de me provocar bastante, pegou no meu pau e tudo. Se ele já não
gosta de mim, aí ele está mentindo para si mesmo. Mas se não gosta, vou fazê-lo gostar. E assim,
como ele está de olho na Rafa, eu também fiquei. Me pergunto se um relacionamento entre nós
três é possível dar certo, igual àqueles três.
Não sei se o Tiago vai gostar de mim da mesma forma que pareceu gostar do Gui e agora da
Rafa. Mas vou tentar, principalmente agora que sei que ele não tem chances com o Gui.
As horas passam, e estamos nós três aqui, indo rumo à praça. Lá vem aquela Melissa incomodar
a Rafa. Ela se atraca no braço dela e fica se intrometendo na nossa tentativa de conhecer a
Rafaela. Nós estamos tentando conhecê-la melhor, e acho que o Tiago, principalmente, já que
além de bissexual e demissexual, ele gosta de desenvolver sentimentos antes pela pessoa para
transar, diferente de mim. Bom saber disso.
Eu não sou desses. Se vier e cair na minha rede é lucro, mas não vai rolar isso com esses dois.
Seria sacanagem da minha parte forçar a barra. Ainda mais com uma heterossexual e com o
Tiago, vou ter que mudar minhas atitudes.
Vejo ele passar o braço em volta do ombro dela e puxá-la para perto dele. Ele me cutuca e vira
para mim cochichando. — Tira essa garota de perto dela.
Sem perder tempo, peço para ela ir para perto da amiguinha dela e tiro Melissa do braço da Rafa,
segurando do outro lado. Melissa vai embora e seguimos nós três, como um trisal, sugerido pela
Rafa, mesmo que tenha sido em tom de brincadeira. Mas estou gostando disso.
Nesse meio tempo, nós três percebemos que levamos um fora de três garotos diferentes da escola
e estamos todos no mesmo barco. Tiago desistiu do Gui, Rafa diz que nunca mais vai insistir em
alguém que já deu uma negativa e vai querer saber primeiro se ele é gay ou não, para não passar
mais vergonha.
Será que ela não sabe que eu e o Tiago somos bi? Será que na cabeça dela somos completamente
gays? Devo falar alguma coisa? Mas se a gente falar, será que ela vai se afastar de nós? Por
enquanto, melhor apenas observar.
Mas a sexualidade não importa agora. Estou animado para o feriado e vou ter a companhia deles
lá em casa. Não tenho irmãos e costumo jogar sempre sozinho, e mesmo que tenha "amigos", não
costumo levá-los para casa. Mas gostei desses dois e acredito que, pelos nossos gostos em
comum, vamos nos dar bem.
Eros

Ah, o feriado finalmente chegou, quase uma semana em casa, e ainda bem que estou me saindo
muito bem, obrigado, nessa nova escola.
Principalmente por ter dois namorados. Fazemos tudo juntos, e nos damos muito bem. Brigar?
Sim, isso aconteceu algumas vezes, mas foram coisas bem bobas. A gente se resolve bem rápido,
e eu tiro o chapéu para o Ravi. Ele é o que mais evita as brigas, pede desculpas com mais rapidez
e não nos deixa brigar. Caramba, que namorado incrível eu e o Miguel temos. Olhando assim, eu
digo que nós três somos um perfeito equilíbrio, e cada um tem sua peculiaridade.
Acordamos cedo e estamos arrumando nossas malas. Meus pais não vão poder me pegar; vou de
ônibus. Ambos me ofereceram carona, mas o caminho deles é diferente do meu, então recusei.
Acho melhor eles irem direto para suas casas, verem seus pais, e eu os meus, para ir preparando
o terreno. Porque no dia seguinte, bem cedo para o café, eles vão aparecer lá. O Miguel com o
pai dele e o Ravi. E no dia seguinte, meus pais vão à casa do Ravi conhecer os pais dele, se os
meus pais concordarem. No outro dia, vou à casa do Miguel, sei lá para o que, já que vou ter
conhecido nesse processo tanto o pai quanto a mãe dele, mas ele insiste que eu e o Ravi vamos.
Termino de arrumar minhas malas e vejo que eles também terminaram. Antes de sair do quarto,
não podemos deixar de nos pegar um pouco antes. Olho para eles. — Aí, estou tão carente, nem
tenho dois namorados para me dar amor e atenção...
Eles me lançam sorrisos, mordem os lábios e ambos vêm na minha direção. Caímos na cama nos
beijando, colocando as mãos por dentro da calça e da camisa um do outro. Caramba, já vou sentir
saudades disso assim que chegar em casa. Ainda bem que vamos dormir na casa do Ravi; aposto
que lá vai rolar algo do tipo, e também na casa do Miguel. Estou descontrolado.
Pegamos nossas malas e vamos em direção à saída. Antes de entrar no ônibus, ambos me param.
— Assim que chegar, avisa. — Ravi fala, e Miguel realça. — Não esqueça.
Olho para eles. — Isso vale para ambos. Também quero saber.
E algo inesperado acontece: eles me dão um beijo, quase na boca. As pessoas ao redor ficam
espantadas, e eu também. Não esperava revelar nosso relacionamento na frente de um ônibus
lotado. Vejo até celulares apontados para nós e cochichos. Digo isso porque o beijo está sendo
demorado, e parece que eles estão fazendo questão de que os outros saibam. Agora, nosso beijo
será a fofoca do feriado e talvez do resto do ano.
Capítulo 69
Eros

Seus lábios ainda estão próximos dos meus, e Miguel se afasta um pouco, enquanto Ravi
continua. Sinto seus lábios mais próximos dos meus e, em poucos segundos, suas mãos
envolvem minha cintura.
Nossos lábios se movem juntos, e ele fecha os olhos. Percebo que Ravi realmente quer que os
outros saibam que estamos juntos, sem se importar com os julgamentos. Então, me entrego a esse
beijo, fecho os olhos, e sinto sua língua invadir minha boca.
Permito-me sentir esse amor por alguns minutos até perdermos o fôlego. Nos separamos, e já
sinto Miguel me envolvendo, uma mão na minha cintura e outra no meu rosto, enquanto nosso
beijo começa lentamente. Escuto ele sussurrar entre os beijos. — Já estou morrendo de saudades.
— Continuamos nos beijando, nossas línguas ardentes disputando a boca um do outro. Minutos
depois, paramos e, para surpresa dos espectadores, Ravi puxa Miguel para um beijo, e Miguel
corresponde.
Mordo meus lábios. — Aí sim, quando começarmos a namorar, não diremos nada, mas haverá
sinais!
Enquanto nos beijávamos, só conseguia ouvir gritos de euforia, assobios, parabéns e até uma
frase de incentivo: "Isso aí, Eros, gamou logo dois", além das câmeras de celular direcionadas
para nós. Rafaela estava filmando, dizendo que vai me mandar no WhatsApp. Estou
envergonhado por dentro, mas completamente feliz por fora. O pessoal ao redor continua em
êxtase ao ver Ravi e Miguel se beijando, é uma verdadeira loucura.
E enquanto os vi se beijando, varri o olhar ao redor para ver quem nos observava. Pude notar
Melissa e Patrícia nos encarando, suas expressões estavam longe de serem as melhores. Por outro
lado, Rafaela parecia extremamente emocionada, quase pulando de alegria ao lado de seus dois
novos melhores amigos. Se não estou enganado, parece que há algo acontecendo entre os três.
Não pretendo perguntar agora; vou aguardar as fofocas chegarem pelo celular. Aposto que algo
está para acontecer na casa do Carlos, especialmente considerando o tanto que a Rafa tem
mencionado como a amizade deles a faz bem.
E ainda bem que Carlos esqueceu o Miguel, assim como Tiago parou de olhar para o Gui. De
resto, estou só aguardando por fofocas mesmo.
Nos despedimos e subo no ônibus, com todos me olhando. Alguns demonstram apoio e
felicidade por mim, enquanto outros lançam olhares julgadores, condenando minha alma ao
inferno. É triste ver essa hipocrisia entre pessoas que não compreendem o verdadeiro amor.
Acham que o amor se resume apenas entre duas pessoas do sexo oposto ou na relação familiar.
Mas por que não amar além disso? Por que não nos amarmos uns aos outros? Por que o Criador
nos fez tão diversos em raças? O amor não deveria se limitar apenas a duas pessoas, mas se
expandir onde há reciprocidade e respeito.
Sento-me no fundo, ao lado da janela, próximo a um colega de classe que guardou o lugar para
mim. Assim, sigo rumo à minha casa, refletindo sobre os quão loucos e intensos foram esses dias
com os meus DOIS NAMORADOS.

Miguel

Eu e Ravi concordamos que era hora de beijar Eros diante de toda a escola. Queríamos deixar
claro para todos que estávamos juntos. Nos últimos dias, surgiram alguns ciúmes porque
ocasionalmente alguém flertava conosco. Eu gosto de deixar bem claro quando tenho algo meu, e
esses dois caras são meus namorados.
Eros desceu na nossa frente, e coloquei a mão na frente do Ravi, olhando profundamente nos
olhos dele. — Você está realmente disposto a enfrentar o julgamento dos outros por nós dois?
Por mim e por Eros?
Ele sorri, segura minha mão e a beija. Fico um pouco desconfortável por dentro, mas mantenho
minha expressão séria por fora. — Estou tão disposto que, se dependesse de mim, a escola inteira
saberia no mesmo dia em que começamos o trisal. E eu sei que você tem ciúmes, Miguelzinho,
mas você não faz ideia de quanto eu me contenho aqui, o quanto luto para não reagir. Sabe bem
como fui criado, conhece meus pais. Só consigo ser tranquilo com vocês dois e um pouco com os
nossos amigos. Nunca duvide do que sinto por vocês, ok?
Lanço um sorriso aliviado para ele e passo a mão pelos cabelos dele, perto da orelha. Vejo que
ele fica até meio sem jeito, acho que não esperava essa atitude minha.
Me viro para ir à frente e sinto algo inesperado na minha bunda. — CARAMBA! — Ele me deu
um tapa forte.
Vejo-o passar ao meu lado com um sorriso presunçoso. — Que bunda gostosa do CARALHO!
— Ele pisca para mim e segue na frente. Apenas o sigo, e eu pensei ter o deixado sem jeito, mas
foi ele quem deu a volta por cima, esse cara, meu rosto está todo vermelho agora.

Ravi

Às vezes, me surpreendo com a forma como consigo me controlar, mas devo isso à criação dos
meus dois pais. Um é mais temperamental, enquanto o outro é mais equilibrado, e juntos, eles se
complementam. Ambos me ensinam tudo o que sabem sobre o mundo da máfia, um legado
herdado de seus pais. Não há hierarquia entre eles; são parceiros, decidem tudo em conjunto.
Eles compartilham esse conhecimento conosco, minhas irmãs e eu. Meus pais estão treinando a
mais velha para herdar parte do nosso legado. Por enquanto, eu me concentro apenas nos estudos
e nos esportes, mas sei que um dia precisarei assumir meu papel nessa família. Não pretendo
deixar toda a responsabilidade para minhas irmãs.
Sinto que herdei características de ambos os meus pais, mas quando se trata de amor, consigo
expressar meu lado mais compreensivo com Eros e Miguel. Não que eles não tenham visto meu
lado mais temperamental, mas prefiro evitar. Quero que eles vejam o melhor de mim, assim
como sei que possuem seus lados obscuros e gentis. Eles não percebem, mas eu os observo,
guardo em minha mente suas atitudes e sei bem o que os entristece e alegra.
Mas enfim, gosto de tudo neles, inclusive dos defeitos, já que eles não parecem se incomodar
com os meus. Estamos de acordo, é por isso que os amo.
Nesse momento, Miguel para na minha frente, questionando se estou realmente com eles ou não.
Que pergunta idiota. Será que ele não percebeu que faria qualquer coisa por ambos? Que não me
importo se alguém me rotular de mulherzinha por estar com os dois? Não percebeu o quanto
gosto de sentar gostoso e de gemer alto em seus paus? Pela fé.
Como gesto de carinho, pego a mão dele, dou um beijo e digo a verdade para mostrar o quanto
amo eles. Ele acaricia meus cabelos, me pego meio sem jeito, não esperava aquela atitude, mas
gostei. Entendi que talvez essa provocação fosse um teste. Decido mostrar o quanto gostei de ser
provocado e dou um tapinha bem gostoso na bunda dele, onde tenho me deliciado junto com
Eros.
Ele parece um pouco desconcertado, e sinto-me o cara por mostrar que Miguel não é o único que
pode ter atitudes assim. A convivência com Eros nos torna ainda mais ousados.
Lá fora, paramos Eros antes de ele subir no ônibus. O beijamos, e quando Miguel se afasta,
decido mostrar o quanto gostamos dele. Não me importo em amar outro cara, na verdade, dois.
Então, decido beijar primeiro Eros. Quero focar agora nessa boca deliciosa, foi aí que descobri o
quão gostoso é beijar um homem, melhor, os meus dois HOMENS. E quero que todos saibam
mesmo, espero que seja o assunto do resto do ano e das nossas vidas, sou desses, gosto de
intensidade.
Em seguida, puxo o Miguel para um beijo. Acho que ele não esperava por isso, mas ainda bem
que ele me ama. Ele retribui o beijo exatamente do jeito que gosto, como costumamos fazer. —
Hmm... seu safado! — Sussurro. Ele responde: — Você gosta!

Eros

O tempo passa rápido e tranquilo durante a viagem de volta para casa. Finalmente, estou aqui.
Meus pais chegam exatamente no mesmo momento, vindos de seus compromissos. Corro em
direção a eles para abraçá-los, aliviado quando retribuem o gesto.
Enquanto isso, seguro o celular e aviso meus namorados que cheguei. Eles já tinham mandado
mensagens quando chegaram em casa, só eu faltava.
Depois de deixar o celular de lado, subo para o quarto, tomo um banho rápido e desço para a tão
esperada conversa com meus pais.
Sentamos na sala, eles à minha frente, no outro sofá. — Comece, filho. — Diz meu pai.
Respiro fundo e expliquei tudo para eles, omitindo apenas os detalhes íntimos, nossos momentos
e experiências das últimas semanas.
Quando termino de falar sobre nós, ele me lança outra pergunta, algo que eu já esperava. — E os
pais deles? Concordam com o relacionamento de vocês?
Então, explico sobre os pais de cada um, e para minha surpresa, eles ficam mais surpresos com
os pais do Miguel por terem um relacionamento aberto do que com os pais do Ravi, que são dois
homens mafiosos. Mesmo assim, é perceptível que estão preocupados e tentam direcionar as
informações que estou passando. Talvez, se conhecerem meus namorados e os pais deles, esse
desconforto possa desaparecer e a confiança entre nossas famílias surgir.
Nossa conversa sobre minha sexualidade termina, e então lanço minhas perguntas para eles. —
Vocês viram a foto de nós juntos, né? Gostaram deles? Acharam eles tão bonitos quanto o filho
lindo aqui de vocês?
Minha mãe senta ao meu lado e comenta que os achou bonitos sim. Só meu pai, sendo mais
reservado, como esperado, não elogia dois caras além do filho dele. — É, no mínimo, eles têm
que estar à sua altura. Eu fiz um filho tão bonito quanto eu, então ele merece pessoas boas,
bonitas e inteligentes também. — Meu pai diz, com os braços cruzados e olhando para o outro
lado da sala.
Abraço minha mãe e, em seguida, me aproximo lentamente do meu pai, abraçando-o enquanto
ele se mostra um pouco relutante. Lanço outra pergunta. — Você me ama, pai? — Ele responde
afirmativamente.
Logo em seguida, disparo várias perguntas. — Então, o Miguel e o Ravi podem vir aqui amanhã
cedo para um café? O Miguel pode trazer o pai dele? Depois, vamos almoçar na casa dos pais do
Ravi? Eles são donos de uma franquia de restaurante muito famoso na cidade. Aposto que vão
preparar os seus pratos favoritos para te agradar, hein? — Lanço um sorriso largo para ele.
Percebo que conquistei o meu pai pelo estômago. Ele adora comer, e aposto que o cardápio do
restaurante amanhã será repleto de coisas que ele gosta. Combinei tudo com o Ravi; ele mesmo
disse que faz questão de preparar tudo com a irmã. Estou ansioso pelo que está por vir.
Então a resposta definitiva vem. — Sim! Vamos recebê-los aqui e depois iremos almoçar para
conhecer os pais do outro namorado.
Abraço-o forte, minha mãe se junta a nós. Não economizo elogios, expresso o quanto gosto deles
e como outros pais deveriam seguir o exemplo deles. Vejo meu pai ficar até orgulhoso; ele adora
um elogio.
Amanhã é o dia! — Penso comigo mesmo.
Capítulo 70
Lorenzo

Meu filho ligou para mim e minha esposa em uma vídeo chamada, e a conversa começou bem,
até percebermos que algo o incomodava. Ele parecia distante, como se estivesse presente
fisicamente, mas com a mente em outro lugar.
Ao ser questionado, ele desabafou imediatamente, como costuma fazer. O que ele revelou me
chocou. Confesso que não esperava ouvir que meu filho, que era hétero até alguns dias atrás,
estava namorando outro rapaz. E não é só um, são DOIS! DOIS! Rapazes. Meu Deus, o que devo
dizer? Como devo reagir? Ele é meu único filho, e mesmo que eu tenha sido rigoroso em
algumas situações, o incentivando a se dedicar aos estudos para entrar em uma das melhores
escolas do estado, algo que eu sempre desejei para mim, não posso simplesmente repreendê-lo
ou me afastar.
Reconheço que fui exigente em alguns momentos. Fui pai muito jovem, sempre me esforcei para
proporcionar a melhor educação, as melhores condições, trabalhando incansavelmente para
sustentar a casa e garantir a felicidade dele e de minha esposa. Sempre procurei entender seu
ponto de vista, estar presente, ser sério. E agora ele me revela algo que vai além da
homossexualidade: ele tem dois namorados? Como reagir a isso? Por um momento, fiquei sem
palavras. Contudo, decidi que o mundo hoje é diferente, que a diversidade sempre existiu. Se
meu filho está descobrindo algo sobre si mesmo ou é apenas uma fase, somente o tempo irá
responder. Portanto, a coisa certa é aceitar. Apesar de não entender completamente a mentalidade
dos jovens hoje em dia, amo meu filho. Claro que não serei tolo a ponto de rejeitá-lo por isso.
Já vi muita crueldade neste mundo, e por meu filho, daria minha vida. Se ele está feliz com
DOIS RAPAZES! Isso apenas me fará ficar mais atento para estar ainda mais próximo dele.
Estarei por perto caso um desses relacionamentos acabe e o machuque. Será ainda pior se ambos
terminarem com ele, e não quero estar em atrito com meu filho se isso acontecer.
Para mim é um tanto difícil aceitar ainda, pois cresci num lar cristão, mas estou me esforçando,
tentando enxergar o lado positivo desta situação e torcendo pela felicidade do meu Eros, o nome
que eu e minha amada esposa escolhemos para ele. Desde que ele abriu os olhos pela primeira
vez, tivemos a absoluta certeza de que ele seria muito amado e querido por onde passasse.
Após nossa conversa na sala, ele expressou seu amor por mim e várias outras coisas, elogiou-me
e tudo mais. Meu coração se encheu de alegria. Parte disso, sei, foi para tentar suavizar a
situação, mas mesmo com minha expressão séria, ele sempre consegue amolecer meu coração de
alguma forma. Então, retribuo o abraço.
Penso comigo mesmo, o dia de amanhã promete ser agitado. Eu pretendo encarar esse tal Miguel
e esse tal Ravi com seriedade e deixar claro que se machucarem o coração do meu filho, não vou
me importar se um é filho de mafiosos e o outro é filho de um importante CEO do país. Vou agir
como os pais de antigamente, visitar a casa deles e dar uns bons avisos. No fim das contas,
amanhã eles terão que demonstrar que realmente se importam com meu filho para que eu possa
dar meu aval e aprová-los como genros.

Dylan

Meu filho está prestes a chegar em casa. Decidi sair cedo da empresa hoje. Quero ver a expressão
dele, quero testemunhar a euforia de um jovem, a emoção de viver um grande amor, ou melhor,
dois grandes amores. Já fui jovem, já passei por situações semelhantes e sempre mantive a mente
aberta. Sempre fui um bom amigo para o meu filho.
Sou assim por ter sofrido muito nas mãos do meu pai. Ele nunca aceitou minha sexualidade, meu
lado pansexual. Condenou-me de todas as formas. No entanto, nos últimos momentos de sua
vida, quando nenhum outro filho apareceu para ajudá-lo, fui eu, a ovelha negra da família, que
cuidei dele. Visitava-o no hospital, o levava para fazer exames em outros países e, no fim,
trouxe-o para casa, para que se sentisse acolhido novamente.
Eu queria que ele soubesse que, apesar de sua rejeição, nunca deixei de amá-lo. Sempre esperei
que me aceitasse como eu era. Quando esse dia finalmente chegou, confesso que chorei como
uma criança. Foi um momento que ficará marcado para sempre no meu coração. Ele partiu para
outra vida, mas o que me conforta é que ele demonstrou arrependimento e disse que me amava, e
sinceramente acredito nisso.
Assim, prometi a mim mesmo que seria diferente com meus filhos. Independentemente do que
eles quisessem ser, eu os amaria. Não permitiria que meus filhos passassem pelo inferno que eu
vivi.
E estou incrivelmente feliz por Miguel estar namorando, apesar de ser novo, ele ainda vai
completar dezoito anos, mas na idade dele, eu também estava curtindo muito, fazendo coisas até
piores.
Sento no sofá da sala enquanto minha esposa ainda não chegou em casa, aguardando a chegada
de Miguel. E lá vem ele pela porta. Assim que me vê, lança um sorriso. Esse é o meu
GAROTÃO.
É raro vê-lo sorrir desse jeito, normalmente ele é mais fechado, isolado no quarto, não gosta
muito de socializar e evita ser tocado. Mas o mundo dá voltas, e ele volta da escola namorando
DOIS CARAS!
Abraço-o, dou um beijo em sua testa, feliz por ver meu filho passando por uma boa fase, sem
julgamentos vindos de mim e de minha esposa. Aqui, ele terá todo o apoio possível, e vou
garantir isso. Quero que ele seja feliz, aproveite a vida ao máximo e não passe pelo que eu
passei. — Quero saber de tudo! — Digo a ele.
Ele sorri, passa o braço em volta da minha cintura, e caminhamos em direção à cozinha enquanto
Miguel me conta tudo. Como é bom ser amigo do meu filho. Sempre fiz questão disso e vejo que
valeu muito a pena. Faria tudo de novo.

Kaleb

Eu e meu marido, Scott, meu eterno companheiro, o homem que suavizou o meu coração de
pedra lá na Austrália, decidimos juntos vir para o Brasil para assumir o legado da máfia. Ao nos
unirmos em matrimônio, planejamos construir uma bela família com três adoráveis filhos,
proporcionar-lhes a melhor educação e vivenciarem o melhor que a vida pode oferecer. Nosso
objetivo era ensinar-lhes tudo o que sabíamos para garantir a continuidade dos negócios
familiares, caso algo nos acontecesse e precisássemos partir desta vida para outra.
Felizmente, graças ao divino, nossos três filhos cresceram saudáveis. Utilizamos a técnica da
inseminação artificial, na qual nossos espermatozoides foram empregados para fertilizar os
óvulos. Os embriões resultantes foram então transferidos para o útero de uma amiga nossa, que
gentilmente concordou em ser a "barriga de aluguel".
Essa técnica permitiu que nossos óvulos fossem fertilizados com nosso material genético através
da inseminação artificial, e o desenvolvimento embrionário aconteceu no útero da nossa amiga,
tornando possível o nascimento dos nossos três preciosos filhos: duas meninas e um menino.
Scott

Uns dias atrás estava resolvendo cedo os assuntos dos nossos diversos negócios espalhados pelo
país quando recebo uma mensagem do meu FILHÃO no grupo. Ele diz que teremos visitas no
próximo feriado. Fiquei curioso. Será que ele finalmente assumiu um namoro? O rapaz só vivia
de ficantes, e é totalmente hétero. Não entendo de quem ele puxou isso, até as irmãs dele são
bissexuais, e caramba, nenhum namorado à vista. Fico meio chateado, mas tudo bem, amo ele,
minhas filhas e amo muito o meu Kaleb. Esse homem é tudo para mim, só de olhar para ele, me
tira o fôlego.
Sinto-me muito sortudo por tê-lo ao meu lado. Foi difícil conquistar esse cara, tive que usar todas
as técnicas possíveis até que ele finalmente entregou o coração para mim. Juntos, tivemos três
filhos lindos, os mais adoráveis do mundo. Ah, como sou sortudo por ter o maridão mais incrível
e três filhos encantadores.
Enfim, o Ravi não quis contar qual era a novidade, mas estou certo de que é sobre um namoro.
Fico me perguntando quem é a garota. Mas logo descobrirei, ele está prestes a chegar e tenho
certeza de que virá direto para o nosso escritório. Meu Kaleb também está aqui, sentado na
poltrona próxima à mesa, resolvendo algumas papeladas.
Olho para a porta e identifico a silhueta do Ravi vindo em direção ao escritório, com o celular na
mão, concentrado em algo que digita. Ele bate na porta e pergunta se pode entrar. Sempre foi
bem-educado; ensinamos a ele a importância de respeitar a hierarquia, mesmo sendo família.
Aqui dentro de casa, é fundamental nos respeitarmos e resolvermos tudo em conjunto.
Kaleb o autoriza e Ravi entra, parecendo radiante. Meu FILHÃO está todo sorridente. Será que
finalmente vai nos contar quem é a garota por quem está tão sério agora?
— Posso me sentar? — Ele pergunta.
— Vem me dar um abraço antes. — Sugiro. Ele se aproxima, se joga em meus braços, como
fazia quando era menor. Dou um abraço apertado nele e beijo sua cabeça. — Estava com
saudades de vocês. — Ele diz.
Sorrio para ele e retribuo o sentimento. Ravi sempre foi mais afetuoso do que as irmãs, mas
também o mais explosivo. Acho que herdou o lado romântico de mim e a impulsividade do
Kaleb.
Ele se afasta e Kaleb o puxa para um abraço. — Andou jogando muito rugby, filho?
— Sim, e é um dos assuntos que tenho para conversar.
Estou ainda mais curioso agora e acendo meu charuto. Kaleb prepara um drink e se reassenta,
enquanto Ravi se joga no sofá. — Vai, garoto, desembucha, estou morrendo de curiosidade. —
Digo.
Ele lança outro sorriso antes de revelar o suspense. — Pai, Pai, estou namorando.
Kaleb e eu nos entreolhamos, franzimos o cenho e voltamos nossa atenção para ele. — Certo,
mas quem é a pretendente?
Ravi sorri ainda mais e se aproxima da minha mesa, apoiando-se com as mãos. — Estou
namorando DOIS CARAS! — Deixo meu charuto cair, e Kaleb se engasga com a bebida.
Ravi cruza os braços e prossegue. — Sabia que ficariam surpresos. Aposto que não esperavam
que o filho de vocês fosse gay também, e que imaginavam que eu seria hétero para sempre. Mas
olha só como as coisas mudam. Acabei me apaixonando por dois HOMENS.
Ele retorna ao sofá. — Um deles é o Miguel, vocês já o conhecem. O outro se chama Eros, um
excelente jogador de rugby. Eu e ele formamos uma ótima dupla no campo, e pais… estou
completamente apaixonado por eles. Agora entendo o que vocês sentem um pelo outro.
Estou tão feliz com essa revelação que fico sem palavras, mas Kaleb expressa o que estou
pensando. — Parabéns, filho. Quando vamos conhecê-los?
Então Ravi começa a detalhar sobre esse relacionamento deles, falando sobre um almoço
marcado para amanhã. Concordamos prontamente, será interessante conhecer melhor o Miguel e
esse Eros, nome que até me deixa impactado por ser o do deus do amor. O mundo é mesmo
engraçado. Terei a chance de rever velhos amigos como o Dylan e conhecer os pais do Eros.
Nossa casa estará mais movimentada que um campo de rugby amanhã.
Capítulo 71
Miguel

Hoje, acordei animado, mesmo depois de ter ficado até tarde ontem, conversando por call com os
meus namorados sobre o que rolou na casa de cada um. Estou me sentindo disposto. Não sei, é
como se eu estivesse mais vivo. Há uns meses atrás, eu não era assim, mas agora, o que sinto por
eles é como uma combustão, uma energia que percorre minhas veias, alcança meu cérebro e
coração, transformando meu coração de lata em carne.
Termino de me arrumar, coloco algumas coisas e roupas na minha mochila. O Ravi faz questão
que a gente durma na casa dele, então tudo bem, essa será a minha primeira vez dormindo na
casa do meu namorado. Na verdade, acho que será a primeira vez para mim e para o Eros, para o
Ravi não conta, até ele e o Eros virem dormir na minha. Isso torna a experiência ainda mais
especial, como se estivéssemos vivenciando algo totalmente novo juntos, pela primeira vez.
Esses momentos que compartilhamos se tornam ainda mais especiais e únicos, algo difícil de
esquecer.
Espero que ela também goste deles, assim como o meu pai quando viu as fotos que tirei com os
meus namorados. Ele disse que tenho um excelente gosto, pesquei logo dois tritões. Sempre me
faz rir com suas observações, sabe exatamente como me agradar. Sou muito grato por ter um pai
tão mente aberta, é como ter um melhor amigo mais velho que me oferece ótimos conselhos,
inclusive sobre relacionamentos. Apesar disso, confesso que fico um pouco sem jeito quando
entramos nesse assunto, mas quem não ficaria?
Minha mãe sai para seu compromisso e eu sigo meu pai até o carro. — Está nervoso? — Ele
pergunta.
Franzo o cenho. — Talvez, não sei. Nunca fiz isso antes.
Ele acaricia meus cabelos loiros, iguais aos dele. Nunca fui fã de carinho, mas de uns tempos
para cá, tenho começado a apreciar.
— Você mudou, Miguel. Você nunca falava sobre relacionamentos, na verdade, sobre nada.
Fechava-se no seu mundo, só se abrindo quando eu puxava assunto. Parece que tem ótimas
pessoas ao seu lado, mesmo tão jovem. — Meu pai sorri.
Ele liga o carro, eu ajusto o GPS, e vamos rumo à casa do Eros. O Ravi pediu para buscá-lo em
um determinado local, disse que teve que passar em algum lugar cedo e pediu carona. Vamos
chegar os três juntos na casa do Eros. Estou animado.
— Por que você acha que eu mudei? — Questiono olhando para ele.
Ele sorri de canto. — Porque nem quando você namorava aquela tal Melissa, não quis nos
apresentar, quanto mais me fazer ir na casa dela, e muito menos sorria. Sua calmaria serena,
como a lua, era boa, mas me deixava preocupado. Agora, olha só você, parece que tomou um
banho de sol, está cheio de energia, como um cometa pronto para traçar seu caminho sem medo
do que vai encontrar.
Ouvir essas comparações, de lua, sol e cometa, me faz sorrir, e lembro dos carinhosos apelidos
que nós três inventamos na maior inocência.
Minutos depois, chegamos ao local combinado e avisto o Ravi vindo na nossa direção. Saio do
carro e me aproximo dele. Gosto do jeito como se veste, mantendo as tatuagens escondidas, e
confesso também que gosto quando ele as expõe, é sexy. Isso me atrai de várias formas. Sei que
o Eros tem um estilo próprio e estou ansioso para vê-lo também.
Chego até o Ravi, ele sorri, e eu seguro gentilmente seu rosto para um rápido beijo. Ele retribui
com um selinho, e o convido a entrar no carro. Ele parece meio envergonhado, algo que eu já
esperava, pois também estou. Sei que ambos ficaremos ainda mais sem jeito na frente dos pais do
Eros.

Ravi

Acordei cedo, dei um salto da cama e fui correndo até o quarto da minha irmã mais velha, que já
estava de pé. Perguntei se ela iria me ajudar a preparar o almoço e ela disse que já estava em
contato com o restaurante desde ontem, organizando alguns chefs para nossa casa. Ela pediu para
eu deixar tudo com ela. Depois, corri para o quarto da minha outra irmã, que ainda estava
acordando, e pedi para ela ajudar na organização junto com a mais velha na minha ausência, para
não a sobrecarregar, e ela concordou.
Quando estava prestes a sair, ouvi ela dizer algo. — Sabia que a Patrícia bombardeou meu
WhatsApp sobre você e seus namorados?
Virei para encará-la. — Bom, não é da conta dela, mas o que você respondeu?
Ela contou que já tinha dito para Patrícia anteriormente que eu provavelmente estava namorando,
mas ela pensava que fosse com uma garota, especialmente por causa das encomendas das
alianças. E que, a pedido da nossa irmã mais velha, não contou nada para nossos pais, mas
acabou deixando escapar para Patrícia, que não parava de perguntar. Agora, sabendo que são
dois rapazes, ela e Patrícia ficaram surpresas. Depois da revelação chocante, ela não respondeu
mais às mensagens de Patrícia, deixando-a no vácuo. Disse que está muito feliz por mim e que
agora, oficialmente, todos na família são parte do arco-íris. Começamos a rir disso e eu saí.
Pedi para o motorista me levar até a joalheria, alguém está me esperando lá, mesmo sendo
feriado. Preciso ter as alianças em mãos caso os pais deles pensem que não estou levando esse
namoro a sério. Quero provar que minhas ações e essas alianças são provas disso. Estou
animado.
Chego à loja, pego as alianças e confiro. Que lindas! Espero que sirvam direitinho nos dedos
deles. Até andei medindo de forma discreta para ter certeza de que não ficariam apertadas nem
frouxas. Adoro ser detalhista e não quero que nada dê errado.
Assim que pego as alianças e sigo em direção ao local combinado, vejo no WhatsApp que o
Miguel já está lá. Combinamos de nos encontrar e estou animado para ver meus namorados
novamente. No entanto, estou meio sem jeito para encarar o Sr. Dylan.
Da última vez que nos vimos, ele me flagrou aos beijos com a Patrícia. Agora, como vou reagir?
Especialmente sabendo que ele agora sabe sobre o envolvimento entre mim e o filho dele, e que
sou um dos namorados do Miguel? Acho que estou ficando vermelho só de pensar nisso.
Vejo-os chegando no carro, o Miguel sai e caminha na minha direção, com um sorriso no rosto.
Sinto meu coração acelerar. Ele está ainda mais charmoso com esse estilo dele de roqueiro, uau!
Agora estou ainda mais ansioso para ver o Eros, conhecer seu estilo quando não está usando o
uniforme o tempo todo.
O Miguel segura meu rosto e me dá um selinho todo sorridente, e eu retribuo imediatamente. Em
seguida, ele segura minha mão e me leva até o carro.
Entro um tanto constrangido e cumprimento o Sr. Dylan. Ele me olha sorrindo, ergue a mão e eu
a aperto. — Estou feliz por conhecer um dos namorados do meu filho. — Afirmo que também
estou feliz em revê-lo.
Ele solta minha mão e começa a dirigir. Enquanto vamos em direção à casa do Eros, ele me olha
pelo retrovisor e faz algumas perguntas.
— E seus pais, como reagiram a tudo isso?
Respondo que muito bem, conforme o esperado, especialmente meu pai, o Scott.
— Meu filho trata você e o Eros bem? — O Sr. Dylan pergunta, e Miguel olha para ele enquanto
respondo. — Com toda certeza, Sr. Dylan. Seu filho é o último romântico da Terra. — Ambos
rimos.
Vamos conversando durante o trajeto, e aos poucos estou perdendo a timidez, o Sr. Dylan tem
uma maneira de deixar as pessoas confortáveis.
Percebo que o chamei várias vezes de Sr. Dylan durante a viagem, e ele me olha novamente pelo
retrovisor. — Para você e para o Eros, pode ser apenas Dylan. "Senhor" está no céu. — Dou uma
risadinha e o Miguel também.
Alguns minutos depois finalmente chegamos à casa do Eros e o vemos sentado na frente da casa.
Ai, que gato!

Eros

Sento-me aqui na frente de casa, com uma ansiedade a mil, será que são as borboletas no
estômago ou a sensação de quando fiz a prova?
Não demora muito e vejo um carro chique estacionando à porta da minha casa. Dele saem Ravi e
Miguel e logo depois um homem que reconheço como o Sr. Dylan, reconheço-o das fotos que o
Miguel mostrou, assim como o Ravi mostrou fotos dos pais dele. Incrível, que genética boa!
Agora entendo por que meus namorados são tão bonitos.
Decido primeiro cumprimentar o Sr. Dylan, que imediatamente pede para chamá-lo apenas de
Dylan, e Ravi reforça o pedido. Miguel solta uma risada. — Prazer em conhecê-lo, Eros. Meu
filho e o Ravi têm um bom gosto incrível. — Agradeço de volta, e não poupo elogios ao bonitão
do pai do Miguel. Todos riem.
Logo em seguida, Miguel e Ravi se aproximam, me abraçam e dão um beijo de cada lado da
bochecha. Nesse meio tempo, ouço uma voz conhecida. — Eros? — Me viro e, adivinha só, é a
Camila, minha ex, me pegando nessa cena romântica.
Capítulo 72
Patrícia

Desde aquele atrito com a Rafaela, eu e a Melissa não falamos com ela. Na verdade, ela não
parece nem ligar, e eu, que estava fervendo, tentei agir amigável para arrancar algumas
informações, mas a garota não deu a mínima. Agora, de repente, ela está grudada no Eros, no
Miguel e, especialmente, no Ravi. Vejo-os conversando bastante, e ainda por cima tem dois caras
super interessados nela, o Tiago e o Carlos. O que diabos ela fez ou sabe para estar tão próxima
deles? E eles não deixam eu e a Melissa nos aproximarmos.
Enfim, os dias se passaram, e o feriado chegou. Rafaela saiu na frente, vi o Tiago e o Carlos até
ajudando-a com as malas e colocando no carro, enquanto eu e a Melissa observávamos.
Eu estava de olho nela quando a Melissa cutuca meu braço. — Olha ali, o Ravi e o Miguel, eles
estão indo para o ônibus, não vão de carro? — Olho na direção que ela aponta e, de fato, vejo os
dois seguindo em direção ao Eros, e parece que estão chamando por ele.
O Eros dá uns passos para trás, e de repente vejo o Miguel e o Ravi abraçarem o Eros... Meu
Deus. Eles estão dando um beijo no rosto dele? Preciso ir para um lugar onde possa ver melhor, e
a Melissa me acompanha, mas então o Miguel se afasta e... Meu Deus, mas que diabos está
acontecendo? O Ravi está beijando... um beijo de língua no Eros? Fico paralisada. Não posso
acreditar nisso.
Por favor, alguém me diga que estou sonhando e que o cara que amo não está beijando outro cara
na boca? Olho para a Melissa e vejo a mesma expressão de incredulidade no rosto dela. E o pior
é que a escola toda está eufórica, todos estão surtando, aplaudindo, dizendo que é o trisal do ano,
que viva a comunidade LGBT, e todos comentando que o Eros se deu bem, pegou os caras mais
cobiçados da escola. Quando é que isso virou uma bagunça total? Por que diabos esse beijo não
acaba?
E quando penso que acabou, o Ravi, meu ex ficante, o cara por quem meu coração batia forte,
beija o Miguel... como assim? Foi por causa do Miguel esse tempo todo que o Ravi nunca me
pediu em namoro? Dois anos sendo amigo dele de quarto, e esses dois já tinham algo, e só agora,
com a chegada do Eros, eles se assumem gays? Ou bis? Caramba, quero detalhes.
E já sei quem pode nos dar isso. Desta vez, a Rafaela vai ter que nos contar a verdade. Agora não
precisa mais guardar segredo, se isso é o que ela sabia o tempo todo.

Melissa

Vi o Miguel e o Ravi meio que beijando o Eros, mas não consegui ter uma visão clara. Em
seguida, o Ravi puxa o Eros para um beijo prolongado, e vejo a Rafaela, a traidora, filmando e
vibrando junto com os amigos dela. Fico pensando no que está acontecendo entre esses três. Será
um triângulo amoroso? Será que ambos gostam do Eros? Mas por que o Eros? Sim, ele é bonito,
mas não é da nossa classe social; ele é apenas um bolsista. Será que os pais do Ravi e do Miguel
vão aceitar que os filhos deles namorem alguém de uma classe social diferente? Torço para que
sejam contra.
Finalmente, o Ravi para de beijar, alívio. Mas aí algo inesperado acontece. Não pode ser! O Ravi
está puxando o Miguel para perto dele... Não, não é possível. O Ravi está beijando o Miguel e o
Miguel está retribuindo com um beijão de língua? Não posso acreditar... Eu, a Patrícia e até a
tonta da Rafaela fomos trocadas por eles, entre eles mesmos. Como e quando isso aconteceu? No
primeiro ou no segundo dia de aula eles já estavam namorando? Ou foi antes? O Ravi foi o
motivo de o Miguel terminar comigo? E esse Eros? Onde ele se encaixa nisso? Aí que ódio
desses gays!
Só tem uma pessoa que pode me dar essa resposta, e é a Rafaela.

Ítalo
Olho para minha irmã gêmea, Melissa, e vejo a mente dela em parafuso, deve estar fervendo,
revirando todos os pensamentos, tenho certeza de que está soltando um monte de palavrões para
a comunidade LGBT em silêncio.
Depois desse beijo dos três, espero que ela finalmente entenda por que o Miguel não quer nada
com ela e siga em frente. Tem tantos caras héteros bonitos por aqui, não faz sentido ela insistir
em alguém que não sente o mesmo por ela. Chega, né? É hora de se valorizar.
Poderia tentar ajudá-la, mas não tenho mais paciência. Já esgotei todo o estoque lidando com ela
há muito tempo, especialmente quando ela não consegue o que quer e começa a culpar o mundo,
menos a si mesma. Enfim, espero que ela perceba que a vida continua e que é fundamental se
amar mais.

Guilherme

Fico muito feliz por esses três estarem vivenciando uma fase linda juntos, se descobrindo e se
deixando levar pelo amor, expondo que se amam. Por mais casais, trisais e muitos mais assim,
confiantes e genuínos.
E ao ver isso, não posso evitar de lembrar do tempo com o Daniel e dos poucos momentos em
que tivemos um relacionamento. Naquela época, queria ter tido a coragem de admitir que era
gay, ter me declarado loucamente apaixonado por ele e anunciado à escola que estávamos
namorando. Não que fosse um segredo; os outros rapazes suspeitavam, sabiam sobre minha
sexualidade, mas sempre houve respeito nesse sentido. Nunca expusemos isso, e ninguém vazou
informações sobre mim e o Daniel. Mas na real, eu queria ter feito o que aqueles três acabaram
de fazer, beijar meu Daniel diante de toda a escola e declarar meu amor. Infelizmente, o universo
não estava do meu lado naquela época.
Mas um dia, se tiver a oportunidade de tê-lo novamente nos meus braços, além de cantar uma
das músicas preferidas dele da Marisa Monte, vou pedi-lo em casamento. Assim, ele nunca mais
vai querer me deixar. Sim, sou emocionado, e acredito que o Dani é minha alma gêmea, alguém
com quem estou predestinado a me reencontrar. Torço muito por isso.

Jaques

Ver meus amigos se assumirem como gays e formarem um trisal me dá uma energia e confiança
renovadas.
Fico genuinamente feliz por eles, e isso me leva de volta ao dia em que tive coragem de expor
meu relacionamento com o Ítalo diante de toda a escola. Não me arrependo nem um pouco.
Mas há alguém que faz falta aqui, e esse alguém é o Dani. Foram os conselhos dele que me
deram a coragem necessária para seguir atrás da pessoa que amo, para não ter medo desse amor,
dessa experiência nova. Mesmo diante dos possíveis julgamentos, ele me ensinou a importância
de considerar como a pessoa que amo se sentiria. E agora, aqui estou eu, com o Ítalo, meu puto
viadinho nerd que adora se fazer de playboyzinho. Não cansamos de rir desse apelido bobo.
Carol

Não consigo acreditar que essa escola esteja tão cheia de caras gays se beijando em público!
Como o diretor Armando permite uma coisa dessas? Não posso deixar passar em branco, vou
fazer meu pai fazer uma reclamação sobre isso.
Rafaela

O Ravi passou ao meu lado e disse que ele e o Miguel iriam beijar o Eros e depois se beijariam
individualmente, pedindo para eu filmar e mandar para ele depois. Já estava surtando antes
mesmo de começar e quando o beijo entre eles começou, foi uma confusão, muitos gritos e dedos
apontados. Até meus amigos, Carlos e Tiago, parecem felizes com esse trisal, dizendo que eles
são uma inspiração. Fico contente em ouvir isso; suspeito que esses dois têm um interesse
mútuo, eles têm sido mais amáveis um com o outro, especialmente o Carlos, e o Tiago parece
estar abrindo espaço para receber mais carinho.
Não posso negar que queria ser tratada assim, não que eles não me tratem bem, mas acho que é
apenas amizade. Eles são gays, e mesmo que não fossem, seria bom se fosse algo romântico. Ah,
droga, estou me iludindo de novo. Volto à realidade e termino de filmar. O Eros vai embora e
seus namorados também.
Me viro para me despedir dos meus amigos e dizer que os vejo amanhã à noite, quando a Melissa
e a Patrícia me abordam. — É isso que você está escondendo de nós, Rafaela? — Patrícia
pergunta, cruzando os braços, enquanto Melissa ao lado mantém uma expressão fechada,
aguardando uma resposta.
Olho para meus amigos. — Você não precisa responder isso, não é da conta delas. — Tiago
intervém.
— Concordo com ele. Além disso, a cena toda não foi suficiente para entenderem? Precisamos
desenhar também? — Carlos reforça.
— Não falamos com vocês, quem vocês pensam que são para responder pela Rafaela? A gatinha
perdeu a língua? — Patrícia usa um tom de deboche.
Fico chateada com o comentário dela, então decido responder, mas sinto os braços dos meus
amigos ao meu redor. — Nós somos namorados dela. — Diz Tiago.
Fico surpresa com a afirmação dele, olho para Carlos e ele também fala. — Exatamente, é por
isso que respondemos por ela. Se ela quiser responder, ela vai. Se não, você só tem que ficar na
sua.
Uau, eles estão me defendendo assim? Nossa amizade é forte desse jeito?
Melissa cruza os braços, fazendo uma expressão de deboche. — Ah, não vão me dizer que são
mais um trisal revelação?
— E se fôssemos? — Rebate Tiago.
Olho para elas e digo que é melhor irem embora e se contentarem com o que viram ao vivo. Se
quiserem detalhes, sugiro pedir para o trisal escrever um livro e vender para elas, assim teriam
todos os detalhes. Ou, se forem corajosas o suficiente, perguntar diretamente para eles sobre o
relacionamento, mas isso seria invasivo e desnecessário. A vida do trisal diz respeito a eles e à
família. Até eu sei apenas o que os três me contam durante nossas conversas aleatórias.
Então, eu e os meninos nos afastamos delas e vamos em direção ao carro. Entro e eles ficam me
olhando. Escuto Tiago falar. — Te vejo amanhã à noite, Rafa. — Carlos diz algo semelhante.
Respondo que estou ansiosa e vou embora. Ai, ai... esses dois vão fazer eu me apaixonar por
eles, e eu já me vejo iludida de novo.
Daniel

Se algum dia eu voltar para o Brasil e reencontrar o Gui, e ele disser que quer passar o resto da
vida comigo, casados, eu vou correr até uma joalheria de renome, ou melhor ainda, na loja da
família do Ravi, e vou encomendar uma aliança de casamento incrível. Vou me ajoelhar e fazer o
pedido, e tenho certeza de que, conhecendo o lado emocional dele, ele vai querer chorar e dirá
sim sem hesitar.
Mas até lá, preciso manter-me vivo para que isso aconteça. Oh, Deus, faz um milagre acontecer,
por favor.
Tipo um milagre como o que acabei de descobrir no WhatsApp: o Ravi se declarou gay. E não
apenas isso, gay com o MIGUEL... O Miguel, cara, vocês entenderam? O Miguel? Vocês não
têm ideia de como o Miguel se isolava do mundo, e eu via com meus próprios olhos o Ravi
dando em cima dele, embora o Ravi dissesse que era só amizade, e o Miguel afirmasse odiá-lo.
Mas vejam só como o mundo não só dá voltas, mas ele também capota, e não apenas capotou,
deu um salto triplo carpado. Além do Ravi e do Miguel, descobri que meu amigo da rua, o Eros,
também é gay. Não apenas gay, mas o terceiro elemento dessa boyband de gays, um trisal, ou
seja, Ravi, Eros e Miguel, o trio REM, são um trisal. Eles se beijaram diante de toda a escola, um
sonho que eu tinha de fazer com meu Gui, e eles realizaram.
Fico genuinamente feliz por eles, muito mesmo. Como eu queria estar lá para vivenciar isso.
Como eu queria fazer isso com meu Gui. Mas, por enquanto, me contento em assistir ao vídeo
que recebi hoje à noite do Bryan. Ele fez questão de filmar, e até consegui avistar o Guilherme
no vídeo, cara, ele está muito bem. Sempre se vestiu bem, sou apaixonado por ele, é perfeito, o
homem dos meus sonhos, minha alma gêmea.
Tenho certeza de que, não importa onde eu esteja ou em que época, ele vai encontrar um jeito de
me atrair de volta para seus braços, e eu vou cair direitinho como caí na paixão por ele desde o
início.

Bryan

Estou seriamente considerando ir para a Austrália. Não consigo parar de pensar nas condições do
Dani e fico realmente preocupado com ele. Sinto-me terrível por esconder isso do Gui. Vou
contar toda a verdade na primeira oportunidade, mas apenas se o Dani também quiser, é claro.
Além disso, me pergunto se ele está realmente recebendo um bom acompanhamento médico.
Minha ideia é a seguinte: o Ravi mencionou que pretende se mudar para a Austrália quando se
formar este ano. Estou pensando em ir com ele, tentar encontrar o Daniel e ver como posso
ajudá-lo.
Caso eu não possa ir, vou pedir para o Ravi fazer isso por mim, discretamente. Tenho certeza de
que posso contar com a ajuda dele, já que parece que ele e o Dani se davam muito bem. Decidi
isso, é isso que vou fazer. Vou encontrar uma maneira de ajudar meu amigo a superar isso. Ele
vai sair dessa, com certeza.
Eros

Meus namorados estão me beijando quando escuto a voz da Camila me chamando. Os dois
também escutam e olham na mesma direção, até mesmo o meu sogro olha.
Fico um pouco confuso, me perguntando o que ela faz ali. Talvez eu tenha culpa por ignorar as
mensagens dela, mas pensei que isso fosse um sinal para ela entender que não estou mais
interessado nela desde o dia que terminamos.
— Posso falar com você, Eros? — Ela me chama.
Olho para os meus namorados e pego nas mãos deles. — É a minha ex. Tem algum problema eu
ir falar com ela?
— Tsk, não, pode ir lá. Vamos ficar aqui, esperando. — Responde o Miguel, e o Ravi concorda.
Meu pai chama o Sr. Dylan, e ele entra.
Vou até onde está a Camila e pergunto o que ela quer. Ela questiona por que estou ignorando ela,
e eu respondo que é porque não significamos mais nada um para o outro. Ela fecha a cara, e
consigo perceber que está com raiva, mas se segura. Então ela pergunta quem são os rapazes me
esperando. Olho para eles, ambos parecem um pouco desconfortáveis, depois volto meu olhar
para ela. — Você quer mesmo saber quem são eles? Isso pode te incomodar, não quero parecer
que estou me gabando ou algo do tipo.
Vejo ela olhar para eles e depois voltar o olhar para mim. — Eros, ainda não entendi o que está
acontecendo. Por que eles estavam tão próximos de você? São parentes ou algo além?
Ela reforça a pergunta, deixando claro que realmente quer saber quem são eles. A rua parece
estar nos observando, então logo todos vão descobrir de qualquer maneira. Me viro para eles e os
chamo, e eles vêm prontamente.
Eles se colocam ao meu lado, prontos para que eu faça as apresentações. — Este é o Ravi… —
ele levanta a sobrancelha de forma sugestiva. — E este aqui é o Miguel. — Miguel ajusta a
jaqueta e levanta sutilmente a sobrancelha. Então, revelo a verdade. — Eles são meus
namorados!
Vejo uma expressão de surpresa tomar conta do rosto dela; ela até leva a mão à boca. — Isso é
sério ou é uma brincadeira?
— É sério, não é brincadeira… somos namorados dele. — O Miguel diz. Percebo ciúmes nos
olhos dele, ele demonstra mais, mas sei que o Ravi também sente, apenas controla melhor.
Seguro as mãos de ambos e confirmo o que o Miguel acabou de dizer. — Somos um trisal, e é
por isso que eu ignorei suas mensagens. Não queria ter que explicar, mas já que você insistiu,
essa é a verdade. Espero que entenda.
Ela nos observa por um momento, e logo quebra o silêncio. — Ok, eu não tenho direito de
questionar você. Estava apenas passando por aqui e pretendia falar com você, mas eles chegaram
antes e despertaram minha curiosidade. Agora que sei a verdade, não vou mais incomodar, mas
espero que nossa amizade possa continuar. Estarei torcendo por vocês.
Surpreendente, não é? A Camila compreensiva assim? Não proferiu nenhum xingamento? Um
ponto para ela.
Nos despedimos e ela vai embora, finalmente posso entrar em casa com meus namorados, e
meus pais já estão esperando com a mesa pronta, junto com o Sr. Dylan.
Capítulo 73
Eros

Meu pai se levanta e minha mãe o acompanha, se aproximando de nós. Começo as


apresentações. — Mãe, pai… esses são meus namorados. Este é o Miguel. — Miguel se
apresenta e cumprimenta-os com um aperto de mão, beija o rosto da minha mãe. Vejo-a abraçá-
lo firmemente, expressando sua alegria em conhecê-lo. Em seguida, Ravi faz o mesmo, e minha
mãe o abraça também, vejo-a acolhendo-o como um filho. Ele diz que está contente em ganhar
uma mãe, e minha mãe sorri, um pouco sem jeito.
Então, os apresento ao meu pai, que inicialmente os encara sério, mas logo abre um sorriso,
cumprimentando-os e depois os abraçando. — Vou dar um aviso para vocês. — Meu pai diz,
captando a atenção de todos. E continua: — Cuidem do meu filho naquela escola. Se ousarem
magoá-lo ou fazer qualquer outra coisa, eu nunca vou perdoá-los. ENTENDERAM?
— Sim! — Ambos respondem.
Meu pai continua: — Ótimo! Agora, sejam bem-vindos à minha família. Vocês dois têm sorte.
Meu filho puxou minha beleza e é lindo. Logo, vocês são dois sortudos. Tratem de cuidar muito
bem dele. — Ele reforça. E ouço o Sr. Dylan rindo junto com minha mãe na mesa.
Me aproximo da mesa e vejo Miguel e Ravi cochichando algo entre si. Pergunto o que estão
tramando e então Ravi se adianta. — Você disse que o aniversário da sua mãe será amanhã,
certo?
Confirmo, e minha mãe olha para meu pai. — O que está acontecendo? — Pergunto.
Miguel responde. — Podemos dar um presente para ela? É possível, Sr. Lorenzo?
Meu pai sorri e concorda. Então, vejo-os se aproximarem dela, mas antes, param em minha
frente. — Queríamos falar, mas era surpresa. — Ravi diz.
— Você não vai ficar chateado, né? — Miguel pergunta.
— Claro que não. Vão lá entregar o presente dela.
Eles me lançam sorrisos e beijam minhas bochechas antes de se dirigirem até ela, entregando
uma caixinha aveludada.
— É um presente meu e do Miguel. — Ravi diz.
— Não sabíamos exatamente do seu gosto, então pedimos ajuda para minha mãe. Ela nos ajudou
a escolher. — Miguel complementa.
Minha mãe sorri, dizendo que não precisavam, mas agradece muito pelo carinho. Ela abre o
presente, e eu me aproximo para ver. Uau, que brilho! É um par de brincos e um colar de pedras
preciosas, talvez diamantes? Fico me perguntando quanto custou. Mas, sinceramente, não vou
perguntar. Eles têm dinheiro e conhecem seus gastos. Um dia, quando eu me tornar um cirurgião,
posso chegar perto desse nível, mas por enquanto, só observo.
Minha mãe está radiante, mas também um pouco sem jeito por ganhar algo de tanto valor. Meus
namorados parecem saber o que estão fazendo. Acho que planejaram isso por um bom tempo.
Miguel pega o colar. — Posso colocar em você, Sra. Santoro? — Ela não consegue recusar. Ela
levanta o cabelo e Miguel coloca o colar nela, e vejo seu sorriso ainda maior. Até meu pai elogia,
dizendo que combina com os olhos dela, e o Sr. Dylan concorda.
Em seguida, Ravi pega os brincos e pergunta se pode colocá-los. Ela concorda e ele coloca um
de cada lado. O sorriso dela se amplia. Meu pai elogia novamente.
Minha mãe agradece mais uma vez pelo presente, abraça meus namorados e eles desejam
parabéns para ela. Eles estão se dando muito bem com ela, especialmente o Ravi. Entre nós três,
ele é o mais carinhoso. Gosto disso nele. Nem parece o cara explosivo e destemido no campo de
rugby. Quanto ao Miguel, está aprendendo a socializar mais. A convivência conosco parece estar
deixando ele mais descontraído e aberto.
Sentamos para o café, e o Sr. Dylan pede permissão para fazer um pequeno discurso, algo que
está no coração dele. Meus pais concordam.

O Sr. Dylan ajeita sua postura na cadeira e começa. — Sr. e Sra. Santoro, sei que nos
conhecemos há apenas algumas horas e o que vou dizer pode ser agradável ou não aos seus
ouvidos, mas peço que me permitam falar até o fim. — Meu pai responde dizendo que não há
problema algum e que ele pode se expressar à vontade.
Então o Sr. Dylan, meu sogro, retoma a palavra. — Pai e mãe do Eros, agora falo como pai para
pai. Talvez a notícia sobre nossos filhos os tenha pegado de surpresa, sobre serem homossexuais.
Não sei qual foi a reação, positiva ou negativa, mas ao aceitarem nos receber aqui hoje, vejo que
são pessoas de mentes abertas, evoluídas, que se importam com os sentimentos do seu filho. Isso
é raro. Eu gostaria que mais pais fossem como você, Lorenzo, um pai rigoroso, sim, mas
amoroso e compreensivo. Isso me fez muita falta na minha adolescência e boa parte da vida
adulta. Um pai presente e apoiador faz toda a diferença na vida de um filho, especialmente se ele
for gay e estiver passando por algo que não deveria ser considerado bizarro, uma doença ou um
pecado. Pelo contrário, deveria ser encarado como algo comum. O amor não tem cor, raça ou
limites, é simplesmente amor, independentemente das pessoas envolvidas. Claro, desde que se
trate de relacionamentos que não violem a lei. No caso da homossexualidade, não há ilegalidade,
não há erro. Sempre existiu e não devem existir barreiras, mesmo se envolverem mais de duas
pessoas. O importante é haver reciprocidade e respeito entre os envolvidos. No pouco tempo em
que estive com nossos filhos e pela mudança que vejo no meu Miguel, percebo que esse amor
entre eles está fazendo muito bem aos nossos filhos. Olhem só como os três estão radiantes. —
Meus pais sorriem olhando para nós.
Parece que o discurso do Sr. Dylan amoleceu de vez o coração do meu pai.
Meu sogro encerra o discurso e meu pai começa a falar. — Eu confesso que fiquei chateado sim,
no início. Não esperava algo assim, especialmente porque mandei o Eros para estudar e não para
se envolver com dois caras, mas... — ele faz uma pausa e retoma a fala. — Naquela mesma noite
em que ele me falou sobre estar gostando de vocês dois, Ravi e Miguel, pensei com minha
esposa: "Se é assim que ele se sente, se diz estar apaixonado por eles, vou deixar de lado o que
sempre ouvi e abrir meu coração para o que julgava errado. Se há amor entre eles, mesmo sendo
jovens, darei meu apoio. Com o tempo, não serei mais o mesmo homem, verei a diversidade
como algo comum. Não serei mais o tolo de antes." E como o Sr. Dylan mencionou, não quero
ser um pai ausente. Não me afastarei do meu filho por ele gostar de homens. Pelo contrário,
quero estar mais presente do que nunca para protegê-lo de qualquer mágoa vinda de vocês dois
aqui. — Meu pai olha sério para os meus namorados. Ambos mantêm silêncio, sérios, olhando
de volta. Parecem querer dizer algo, mas meu pai os interrompe antes que possam falar.
— Assim, vou ficar de olho também, no meu Eros para não machucar nenhum de vocês DOIS e
além disso... — meu pai se levanta, contorna a mesa e se posiciona atrás das cadeiras do Miguel
e do Ravi, colocando suas mãos nos ombros de cada um enquanto conclui: — Ganhei mais dois
filhos, não foi? Por que eu ficaria triste com isso?
Meu coração sorri, e acredito que todos aqui também, especialmente meus namorados, que
parecem sentir-se aceitos. É visível essa sensação vinda do outro lado da mesa. Meu pai até dá
um beijo na cabeça de cada um deles antes de retornar ao seu assento.
Após o café, ajudamos minha mãe na cozinha, eles fazem questão de ajudar. Depois, os levo para
conhecer meu quarto.
Nos deitamos na minha cama, e Ravi pergunta quantas vezes dormi ali com outras. Digo que não
muitas, e então perguntamos a ele, e ele comenta que nunca levou nenhuma garota para dormir
em sua casa, apenas Patrícia que aparecia, mas nunca dormiu com ela por lá, evitava que ela
passasse a noite. Ficamos surpresos e ele explica que sempre preferiu ter encontros com meninas
em festas ou em outros ambientes. Isso significa que seremos os primeiros a tentar algo mais
ousado com ele lá? Estou empolgado.
Estávamos ali, deitados, eles se aproximaram, um de cada lado, nossos olhares se encontraram e
eu fechei os olhos. Senti seus dedos percorrerem meu rosto, meu pescoço, e o calor de suas
respirações próximas. Escutei nossos corações acelerados e senti seus lábios me tocando com
ternura. Nunca imaginei me sentir tão amado, nunca pensei que teria o amor de dois homens,
dobrado, dessa forma. É incrível. Não me arrependo nem por um segundo de ter pedido a ambos
para namorar comigo. Faria tudo de novo, e não importa o que o futuro nos reserve, as distâncias
que teremos que enfrentar. Eu quero voltar para eles, e espero que eles queiram o mesmo. Desejo
viver essa sensação, esse amor dobrado, para sempre, e poder retribuir da mesma forma para
ambos.
O tempo passa e o pai do Miguel vai embora, dizendo que buscará a esposa e nos encontrará na
casa dos Ferrari. Nós iremos com meu pai para a casa do Ravi.
Finalmente é hora de irmos e seguimos rumo à casa do Ravi. Ele está bastante animado, dizendo
que vamos adorar conhecer os pais dele, e destaca que o Kaleb é mais calado, mas também o
mais engraçado.
Após alguns minutos enfrentando o trânsito, finalmente chegamos a um bairro muito chique de
São Paulo, com casas e terrenos que dariam para várias famílias morarem. Tipo, umas vinte ou
mais, sei lá. Os portões se abrem e o carro é autorizado a entrar. Realmente, ter dinheiro é outro
nível.
Estacionamos o carro e descemos. Há vários homens vestidos de preto por lá, seguranças ou algo
do tipo, acredito.
Ravi nos convida a entrar e seguimos para a sala, onde nos deparamos com os pais dele.
Caramba, que genética!
Capítulo 74
Ravi

Estou muito animado, finalmente estamos indo para minha casa. Esperei tanto por isso.
Nunca trouxe nenhum interesse amoroso sério para casa, mas agora é diferente. Realmente quero
levar isso até o fim com eles. É engraçado como sou parecido com meu pai, Scott.
Lembro dele contando como conheceu meu pai na escola e passou anos tentando conquistá-lo.
Até que um dia, meu pai confessou que também o amava, mas não sabia como lidar com aquele
sentimento. Foi aos poucos se entregando a essa experiência, e olha só no que resultou: três
filhos.
Adorei conhecer a família do Eros, especialmente a mãe dele. Quero vê-la mais vezes. O Eros é a
cara do pai, e pensei como ele vai ficar mais ou menos naquela idade. Vai continuar lindo da
mesma forma. O Miguel também, ambos vão envelhecer maravilhosamente. Será que terei a
sorte de estar com eles nessa idade? Não sei, só o tempo dirá. Se houver chance, vou me esforçar
para que isso aconteça.
Chegamos em casa e fomos direto para a sala. Meus pais já estavam lá. Assim que nos viram,
levantaram-se e apresentei logo meu sogro e minha adorável sogra. — Pai Scott, pai Kaleb, esses
são o Sr. e a Sra. Santoro.
Cumprimentaram-se e meus pais ofereceram uma bebida, que o pai do Eros aceitou. Só a esposa
dele que recusou.
Apresentei primeiro o Eros, já que o Miguel já é conhecido deles. — Pais, este é o Eros, a base
do nosso relacionamento, a ponte, a cola, o cérebro, e... — Olho para o Eros, o vejo colocando a
mão no rosto, meio sem jeito; o Miguel ri, e os pais dele também. Continuo puxando o Miguel,
segurando as mãos de ambos. — Eles são meus namorados. Espero que vocês os aceitem, eu
gosto muito deles, e eles me aceitam como sou, como vocês sabem. — Meus pais sorriem de
canto.
Geralmente, meus pais não demonstram muita hostilidade com pessoas desconhecidas, mas
agora é diferente. Eles se aproximam para cumprimentar ambos, até abraçam os dois. Que bom
que estão sendo receptivos! Estou aliviado. Pensei que seriam frios, dado o histórico da família,
mas não, estão recebendo muito bem os pais do Eros e meus dois namorados. Estou bem mais
tranquilo agora, posso respirar. Nunca fiz algo assim antes, trazendo pessoas aqui. Eles são os
primeiros e pretendo que sejam os únicos.
— Nem estou acreditando que o Ravi está oficialmente comprometido, e ainda mais com DOIS,
DOIS NAMORADOS. — Meu pai Scott fala.
— Vocês devem gostar muito mesmo do meu filho. Ele tem um lado calmo, mas também gosta
muito de xingar, explode com facilidade e é seletivo com amizades, faz, mas é muito criterioso.
— Meu pai Kaleb comenta.
— Realmente, esses dois devem amá-lo muito, assim como eu te amo e te aguento. — Meu pai
Scott diz, piscando para o meu pai Kaleb.
Fico meio sem graça. Sei que foi um elogio, mas eles me ensinaram a ser seletivo assim, e eu só
segui as instruções como um bom soldado. Mas, meu coração se amoleceu para o Miguel e o
Eros.
— O Ravi é assim, mas em nosso relacionamento, ele é mais controlado e nos ajuda a evitar
qualquer desavença antes que vire uma bola de neve. — Comenta o Eros.
— É verdade, e ele sempre usa vocês como inspiração. Tenho que dizer que são excelentes pais.
Ele segue tudo o que ensinam. — Reforça o Miguel.
Isso me deixou ainda mais sem jeito. Não esperava essa observação deles. Fico feliz, queria
abraçá-los e beijá-los agora, mas é melhor deixar isso para mais tarde.
Conversamos um pouco mais na sala, depois os levei para conhecer a casa e o ambiente ao redor.
As horas passam, o Sr. Dylan e sua esposa chegam. Apresentamos novamente, já que o Eros e os
pais dele ainda não se conheciam. Minhas irmãs também chegam; o buffet organiza tudo lá fora,
onde será o almoço. Horas depois, nos sentamos à mesa para o almoço. Garanti que as comidas
servidas fossem do gosto dos pais do Eros e do Miguel, e minhas irmãs ajudaram bastante.
Com a mesa posta e todos prontos para o banquete, meu pai Scott pergunta se alguém gostaria de
falar antes da refeição, e meu sogro, Dylan, pede a vez. Ele pega uma taça de champanhe, se
ergue e os adultos seguram suas taças atentos para ouvir suas palavras.
— Parece que o amor nos trouxe aqui hoje, meus amigos. Tenho que dizer que, embora nossos
filhos sejam jovens e tenham uma vida inteira pela frente, a decisão deles nos uniu neste
momento. Estou verdadeiramente feliz por participar desta reunião e ainda mais animado com a
possibilidade de nos tornarmos uma família. No entanto, isso só o futuro determinará. Por
enquanto, estamos vivendo o presente, oferecendo o máximo de apoio possível aos três. Quanto
a mim, quero que saibam que ninguém ousará atingi-los por causa dessa escolha. Kaleb e Scott,
vocês sabem como era difícil na época em que estudamos juntos na escola Internato Dom Pedro,
os julgamentos eram frequentes. O meu irmão, Armando, sempre esteve ao meu lado e prometeu
que um dia seria diretor daquela escola para acabar com o preconceito e o racismo. E hoje ele
está lá. Estou feliz porque sei que nossos filhos terão apoio lá, tanto dos nossos quanto do meu
irmão. Então, vamos celebrar a união desses três e torcer para que seus corações permaneçam
unidos no futuro. — Com essas palavras, meu sogro encerra o discurso, brinda com a taça de
champanhe e os demais sorriem, concordando com ele e acompanhando-o no brinde.
Cara, quase soltei uma lágrima, o Sr. Dylan pensa exatamente como eu. Quero que o nosso amor
dure para sempre.
Mas assim que me formar, estou planejando ir para a Austrália. Já está tudo combinado com
meus parentes por lá.
E tem mais, o Bryan me contou algo sobre o Daniel que foi uma bomba, uma revelação
inesperada. Não sei se fico feliz ou triste por saber a verdade. Isso só aumenta minha curiosidade
em ir para a Austrália e verificar se o que o Bryan disse é real. Se for, preciso ajudá-lo de alguma
forma. Mesmo que haja apenas 1% de esperança, quero usar a influência da minha família para
ajudá-lo com essa doença.
Estudei com ele por um ano e construí uma amizade verdadeira. Saber que ele corre risco de
morrer me deixa muito preocupado. Ele não merece isso. É o cara mais inteligente que conheço,
dedicado e, sim, bonito, tenho que admitir. Além disso, tem meu amigo Gui. Se ele descobrir o
verdadeiro motivo do sumiço do namorado, tenho medo do que possa acontecer com ele.
O Guilherme não vai aguentar mentalmente essa situação. Só de ter amizade com o Dani, já me
sinto terrivelmente mal, imagine para quem está envolvido num sentimento tão profundo como o
amor, no caso, o Gui e o Dani. Pior ainda, fico pensando como seria se fosse com um dos meus
namorados. Não sei como reagiria mentalmente, mas sei que faria de tudo para que eles lutassem
pela vida.
Mas voltando, quero curtir este ano ao máximo com eles, mostrar o quanto gosto deles. Mesmo
que cada um vá para um lado, espero que eles também estejam pensando em manter nossa união,
manter contato, mesmo que seja apenas uma amizade. Poderia até arranjar uma forma de ir com
um deles, seja para os Estados Unidos, onde o Miguel vai, ou para a Inglaterra, onde o Eros quer
ir. Mas decidimos durante esses dias juntos que não vamos deixar o amor da adolescência
interferir nos nossos futuros planos para evitar arrependimentos, especialmente durante brigas,
para que ninguém use isso como arma contra o outro. Achei isso sensato.
Então, vou seguir meu caminho para a Austrália, estudar, jogar rugby, assumir parte dos
negócios da máfia por lá, ajudar meu amigo Daniel e o Bryan, que pretendem ir para lá. Vou
manter um olho nos meus namorados mesmo de longe, acompanhando todos os seus sucessos,
mesmo que não estejamos mais juntos. Quando sentir que chegou o momento de nos
reencontrarmos, vou dar um jeito de unir nossos corações novamente. Até lá, vou me concentrar
em mim e deixar que eles também curtam a vida longe um do outro. Talvez, com essa distância,
possamos entender se o que vivemos durante um ano será esquecido ou não. Só o tempo dirá.
Meu pai, Scott, começa a se servir e esse é o sinal para começarmos a comer também. Nesse
momento, ele começa a acrescentar as falas do Sr. Dylan. — De fato, meu amigo Dylan, você
conhece a história minha e do meu marido Kaleb, sabe o quanto foi difícil para nós ficarmos
juntos. Nossos pais eram contra, enfrentamos muitos obstáculos. Além disso, conquistar o
coração do Kaleb foi uma jornada árdua, mas eu nunca desisti dele. Sentia no coração que ele
seria o homem da minha vida e o pai dos nossos filhos.
Ouvindo isso, minha admiração pelos meus pais cresce ainda mais. É uma prova de que a
história que compartilho com meus namorados pode ser tão duradoura quanto o amor deles.
Ele faz uma pausa e continua. — Você sofreu com o seu pai, Dylan, e nós dois com os nossos.
Se tem algo que não desejamos para os nossos filhos é a mesma experiência. Se alguém, naquela
escola ou em qualquer lugar, ousar machucá-los por serem um trisal, eu não vou poupar esforços,
mas...
Ele olha para o pai do Eros. — Por respeito ao meu novo amigo, Lorenzo, que já considero, e
Kaleb também, não é amor? — Meu pai Kaleb concorda.
Scott volta ao discurso enquanto come. — Por respeito ao Lorenzo, consultá-lo-ei antes de usar
meios mais obscuros. Porque sei que o Dylan não será contra, mas para você, Lorenzo, esse
mundo é novo, certo?!
O pai do Eros solta um sorriso, limpa a boca e olha para ele. — Sim, é tudo novo. Nunca
imaginei fazer amizade com pessoas de suas classes, mas já que vocês se importam com os seus
filhos, tanto quanto se importam com o meu, não serei contra os seus métodos. Posso ser
rigoroso e tudo mais, mas pelo meu filho, dou a vida e até mato, se for preciso.
Meu pai Kaleb sorri de volta para o meu sogro Lorenzo e dá um tapinha no ombro dele. — Já
sabia, desde o momento em que você passou por aquela porta, que seríamos ótimos amigos.
Estou muito feliz em ver a interação entre nossas famílias. Até a mãe do Miguel está próxima da
mãe do Eros, ambas não param de conversar, rir, e até comentaram sobre o colar que a mãe do
Miguel ajudou a escolher para a mãe do Eros.
A ideia de dar o colar foi minha. Fui até o Miguel para saber o que ele achava, e ele se animou e
foi até a mãe dele, a Sra. Rosaria, para saber o que ela achava. Ela prontamente tirou um tempo
para olhar o catálogo da nossa loja e juntos, Miguel e ela, escolheram um lindo par de brincos
com um belo colar. Acho que escolheria aquele também se fosse sozinho, mas foi bom deixar
que eles escolhessem. Agora sei que temos os mesmos gostos para as coisas e estaremos de
acordo com o presente.
Nossas famílias conversam bastante entre si, assim como meus namorados, e graças ao divino,
tudo saiu como eu queria nesse almoço.
O tempo passa, os pais do Eros e do Miguel vão embora. Já são quase 3 horas da tarde e,
inicialmente, pensei em dormir aqui com eles. No entanto, tive outra ideia, algo mais ousado.
Pedi autorização dos meus pais, e eles permitiram. Vou levá-los a um lugar diferente, a uma hora
daqui. Aposto que o Miguel vai gostar, pois sei que ele curte ambientes assim. Espero que o Eros
também curta, já que é uma experiência nova para ele. No futuro, o que vier, estarei encarregado
de sempre levá-los a lugares diferentes.
E assim que estivermos no local para onde quero levá-los, lá, sob o luar, entregarei as alianças.
Espero que eles compreendam o que está no meu coração.
Capítulo 75
Miguel

Confesso que desde o momento em que acordei até a partida dos meus pais e dos pais do Eros,
eu estava bastante nervoso. Parte disso era a esperança de que tudo corresse bem e que nossos
pais se dessem bem. Ufa, graças ao Ravi - hoje vou dar uma excelentíssima chupada no pau de
ambos, principalmente no Ravi como recompensa, por ter tido a ideia do presente para a mãe do
Eros e por organizar esse almoço, que foi uma das melhores ideias para aproximar nossas
famílias. É incrível vê-los tão dispostos e unidos por nossa causa. Isso me deixa imensamente
feliz e acalma meu coração. Ter o apoio deles nesse relacionamento é algo que me aquece.
Ah, olho para os meus namorados que agora se aproximam na sala de visitas da casa do Ravi e
meu peito dispara. Vivo em constante alegria. É o amor que está aqui... eu preciso beijá-los.
— Podemos ir para um lugar mais reservado, Ravi?
Ele me olha e lança um sorriso safado, assim como o Eros. — Na verdade, eu estava falando
exatamente disso agora com o Eros. Tenho um lugar mais interessante para irmos hoje, e até
mesmo passar a noite, se vocês quiserem. E não se preocupem, meus pais concordaram, e
teremos seguranças por perto. E o melhor...
Ravi faz uma pausa, nos puxa para perto dele e cochicha em nossos ouvidos. — Ninguém vai
atrapalhar o que formos fazer!
— Agora estou muito curioso para saber desse lugar. — O Eros mostra interesse.
Fico pensando sobre o que mais esse espertinho do Ravi aprontou. Ultimamente, ele tem sido
bastante romântico e atencioso, o que lhe rende muitos pontos extras. Isso não só me encanta,
mas deixa o Eros ainda mais apaixonado por ele. Comentamos isso entre nós, admirando essas
atitudes do Ravi.
O mais romântico deste relacionamento é o Ravi, e vejo de quem ele puxou isso, nosso sogro
Scott. Durante algumas conversas, dava para perceber o quanto ele é atencioso com o maridão.
Não que eu esteja sendo muito precipitado ou sonhador, mas se um dia nós três pudermos nos
unir em matrimônio, já sei que Eros e eu teremos um excelente marido. Isso me alegra e me dá
esperança de que, um dia, quando nos separarmos por causa de nossas diferentes carreiras e
profissões, ele encontrará uma maneira de nos manter próximos, não nos deixando ir facilmente.
Visualizar o futuro só me faz sorrir e ficar ansioso para saber o que o Ravi fará por nós.
Estou adorando ser amado por ambos. Com toda certeza, esses dois serão OS HOMENS da
minha vida hoje e daqui a alguns anos.
E o ano ainda não terminou, e embora ainda não tenhamos seguido para diferentes caminhos,
meu coração já anseia por um futuro ao lado de vocês.
— Vamos, peguem as mochilas de vocês. — Diz Ravi, e é isso que fazemos.
Nos despedimos dos pais deles e das irmãs, que demonstram estar muito felizes por nós três. Elas
pedem desculpas por terem deixado escapar para Patrícia sobre nós, e eu respondo que não tem
problemas. Uma hora ou outra, ela iria ficar sabendo, especialmente agora que nós nos beijamos
em público, diante da escola toda. E preciso comentar que foi INCRÍVEL aquele beijo.
Tanto o Eros quanto o Ravi não economizaram em salivas e línguas invadindo minha boca. Ah,
que beijo com sabor de liberdade! Eu estava tão feliz naquele momento por saber que ambos
estavam dispostos a revelar nosso amor, que me entreguei completamente ao beijo e retribuí da
forma que eles gostam. Não teria feito nada de diferente, sem arrependimentos.
Eros

O Ravi comentou comigo sobre um lugar especial, um local que o Miguel meio que gosta, não
exatamente o lugar, mas o ambiente. É próximo da casa dele, cerca de uma hora de viagem, e
precisamos ir lá para aproveitar. Estou ansioso para ver o que o Ravi anda aprontando.
Confesso que isso me deixa ainda mais encantado por ele. Não consigo evitar de morder os
lábios, sentindo um imenso tesão por esse lado romântico e atencioso dele. Acho que vou dar um
mega abraço no meu sogro Scott e agradecer por ele ser um excelente exemplo de pai romântico.
Se existir a chance de o Miguel e eu sermos os maridos dele um dia, tenho certeza de que
estaremos muito bem servidos. Digo isso de diversas formas, inclusive na cama, porque ele senta
tão gostoso no meu pau e os gemidos então, nossa, só me enlouquecem, e não só isso, ele me
come tão gostoso, principalmente quando ele me pega de ladinho.
Ah, porra, só de lembrar, nesse exato momento, me dá uma vontade enorme de dar para ele.
Aposto que o Miguel está com o mesmo desejo, dá para perceber pelo jeito como ele pediu para
irmos para um lugar mais reservado.
Entramos no carro, e o nosso sogro, Sr. Kaleb, resolve nos levar para onde o Ravi pretende nos
levar, e durante o trajeto tudo acontece da forma mais engraçada possível. Ele é um pai bastante
humorista, nem parece ser aquele tipo de cara da máfia, e o Ravi, por sua vez, parece ter puxado
esse lado engraçado do Sr. Kaleb.
À medida que os minutos passam, começo a sentir a maresia. Estamos indo para a praia? Miguel
e eu nos olhamos, estamos no banco de trás, e o Ravi vira para trás com um sorriso, como se
perguntasse se estamos gostando. Em seguida, ele volta a olhar para frente.

Ravi

Chegamos à Marina Astúrias, na Praia de São Pedro. O trajeto foi um pouco mais longo do que o
esperado, mas meu pai precisava resolver algumas questões por aqui, então fez questão de nos
trazer até a praia. Ele tomou todas as medidas para garantir nossa segurança na lancha que está
ancorada no píer e que pertence à nossa família. Essas são algumas das vantagens de ser filho de
pais influentes, às vezes as regras parecem flexíveis, e isso pode ser útil quando mais precisamos,
como agora.
Estou ansioso para essa noite especial. Quero passar o tempo com eles, sob o luar, desfrutando
da brisa do mar, nadando um pouco antes que o sol se ponha. E mais tarde, durante um jantar
especial que organizei, pretendo ser ainda mais romântico e entregar as alianças a eles. Mal
posso esperar para ver a expressão deles ao recebê-las, é algo que estou ansioso para fazer há
algum tempo. Estou realmente empolgado em surpreendê-los e em tornar este momento
inesquecível.
Chegamos à lancha da minha família, e meu pai nos deixa lá, garantindo segurança com uma
equipe ao redor e um profissional para pilotar a embarcação. A dimensão e o luxo desta lancha,
que meus pais investiram tanto para aluguel quanto para desfrutar de momentos a sós, são de
tirar o fôlego. Sempre quis trazer alguém especial aqui, e hoje trago dois, sou um cara de sorte
mesmo. Quero aproveitar o melhor da minha vida com os meus namorados.
— Gostaram? — Pergunto, enquanto a lancha se afasta do píer. Pretendo fazer um passeio pelo
mar com eles, parar em algum lugar antes que escureça mais.
Ambos se aproximam de mim e vejo o Eros ceder a vez para o Miguel, talvez tenha percebido o
amor do Miguel pelo mar. Ele é apaixonado por cruzeiros e tudo relacionado ao oceano, além de
ter vários livros com enredos marítimos, inclusive encontramos alguns romances no nosso
quarto. Ao folhear, percebemos que seus capítulos favoritos são todos ambientados na praia e no
mar. Foi então que tive a ideia de agradar ambos, pois sinto o mesmo amor por cada um.
— Eu adorei, amor! — Diz, olhando para mim, e meu coração se derrete. Sinto um calor
inexplicável ao ouvir um deles me chamar de amor. É um sentimento mágico que me arrebata.
Levo minhas mãos até os cabelos loiros do Miguel, acaricio suavemente atrás de suas orelhas.
Ele segura minha cintura com firmeza, e atraído por seu toque, também o puxo para mim.
Nossos corpos se pressionam, a excitação de nossos paus é palpável, e sinto sua respiração
próxima à minha, assim como, os nossos olhares carregados de paixão. Miguel morde os lábios,
um gesto que sempre me enlouquece.
À medida que nossos lábios se aproximam, percebo o toque suave do Eros por trás de mim,
beijando minha nuca e deslizando as mãos por baixo da minha camisa, acariciando meus
mamilos, apertando-os. Ah, caralho, é uma sensação maravilhosa, é bom pra caramba ter dois
namorados me fazendo sentir tesão dobrado.
Capítulo 76
Ravi

Miguel me beija na boca enquanto Eros continua a explorar minha nuca e ombros com beijos
alternados com mordidas, acompanhados por sussurros eróticos que ecoam no meu ouvido. Essas
palavras, entrelaçadas com o beijo ardente e a dança provocativa das línguas entre eu e Miguel,
incendeiam meus sentidos. As insinuações ousadas de Eros só intensificam minha excitação,
cada frase despertando um desejo crescente. Especialmente quando ele elogia minhas habilidades
na cama, é impossível não sentir um prazer extra. No entanto, é a entonação sensual ao sussurrar
que faz toda a diferença. — Vamos, fuder? — Eles prontamente concordam.
Antes de qualquer coisa, quero aproveitar o mar, ouvir músicas que adoramos, tomar algumas
bebidas e então nos sentarmos juntos para comer. Só depois pensarei se vou entregar as alianças
antes ou depois de transarmos.
Viro-me para Eros e nossos lábios se encontram, entregando-se a um beijo apaixonado,
explorando um ao outro enquanto trocamos palavras picantes.
Paramos o beijo e os puxo para um beijo triplo. A sensação de estar entre eles é incrível, ouvir o
som dos nossos beijos, gemidos e as palavras carregadas de desejo que trocamos é simplesmente
inebriante.
Nossos beijos cessam, afasto-me e os encaro com um sorriso largo. — Vamos nadar um pouco?
— Estou doido por isso também. — Miguel já vai logo tirando a roupa, e eu lhe ofereço outra
roupa de banho que me certifiquei de trazer.
— Faz um tempinho que não aproveito o mar, estou doido para um mergulho. — Eros nos
acompanha, tirando suas roupas, e eu também ofereço a ele roupas de banho.
Nós nos beijamos e corremos rumo ao mar, na parte traseira da lancha, e pulamos. O lugar onde
a lancha parou é bem seguro, e tem um barco de resgate próximo a nós, a pedido dos meus pais.
Eles são bem protetores, especialmente agora que estamos em três.
Encostamos perto da lancha, num assento que nos permite ficar cobertos com a água do mar até
os ombros.
Sento-me no meio, com os dois de cada lado, e voltamos a nos beijar, trocar palavras românticas,
demonstrando o quanto nos amamos, misturando carícias e olhares de ternura, além de palavras
de agradecimento por eu ser um excelente namorado e por proporcionar um dia incrível entre
nossas famílias e entre nós mesmos. Miguel diz que está adorando esse passeio no mar com seus
dois namorados, comigo e com Eros. Reforçamos que não nos arrependemos de nos amar.
Algum tempo depois, vamos para o chuveiro, nos divertimos um pouco lá, depois terminamos,
nos vestimos e já está bastante escuro lá fora.
— Vamos comer? Ou beber? — Ambos respondem que não são muito adeptos de álcool, mas
podem dar um gole em algum drink.
Então eu sugiro que posso preparar algo para ambos no bar da lancha. — Que tal um Mojito? É
refrescante e tem um toque leve de álcool. — Sugiro. — Eles respondem com sorrisos e dizem
que aceitam.
Dirijo-me ao bar e começo a preparar os Mojitos. Pego um punhado de hortelã fresca, algumas
fatias de limão, adiciono um pouco de açúcar e macero delicadamente no fundo de dois copos.
Acrescento gelo, despejo uma medida moderada de rum branco e completo com água com gás.
Misturo tudo suavemente com uma colher bailarina e decoro com um ramo de hortelã e uma
rodela de limão na borda do copo.
Com as bebidas prontas, volto para onde estão Miguel e Eros e sirvo os Mojitos cuidadosamente
preparados, oferecendo-lhes com um sorriso.
Pego alguns petiscos e sirvo junto, pois eles dizem que preferem comer alguma besteira em vez
de algo mais elaborado. Então, me sento na frente deles, olho para cima e vejo o céu estrelado,
ouço o som da água batendo no casco do barco e sinto a brisa. Os sorrisos deles me dão uma
imensa coragem para fazer o que venho planejado desde o dia em que Eros nos pediu em
namoro.
— Aconteceu alguma coisa, Ravi? — Miguel pergunta, notando meu silêncio enquanto olho para
o céu em busca de coragem.
— Fala, o que mais você aprontou? — Eros pergunta curioso, percebendo meu comportamento
incomum. Não sei se ele desconfia do que vou fazer ou se é tão observador quanto eu.
Eu sorrio para eles, dou um gole na bebida, e eles fazem o mesmo. Então me levanto, dou a volta
na mesa e me sento na frente deles, pegando suas mãos. Os vejo ficarem confusos com minha
ação. Então os encaro. — Nós nos amamos, certo?
— Cara, eu enfrentei meu pai, a escola toda está ciente, e você sabe o quanto eu amo vocês. Fora
outras coisas, então sim, né Miguel? Claro que nos amamos. — Eros diz, olhando para Miguel e
depois para mim.
E ele continua. — E não é por causa disso tudo aqui. Nem é pela grana. Eu tenho certeza
absoluta que meu amor por vocês seria o mesmo se fôssemos da mesma classe.
Miguel se aproxima dele, o beija, e depois expressa seus sentimentos sobre o que Eros acabou de
falar. — Eros, independentemente de onde você vem, o que sinto por você é inexplicável. Tem
algo em você que me enlouquece, algo que me faz pensar em você desde o momento em que te
vi dormindo. Saiba que meu amor por você é verdadeiro, e, para mim, não importa de qual classe
social você faça parte. — Miguel faz uma pausa e olha para mim.
— Não é verdade, Ravi?
Eu estava esperando por isso, a minha deixa, e nunca vi nenhuma diferença entre nós. Para mim,
nós três somos somente nós três, e os vejo apenas como meus namorados, dois caras que amo,
dois caras pelos quais faria qualquer coisa, porque estou loucamente apaixonado por eles.
— Eu concordo com tudo o que o Miguel falar ou pensar. Não pense que o vejo inferior a nós.
Mas saiba que gosto de agradar, gosto de dar presentes. Gosto de ambos da mesma forma, e tudo
que fizer por um, quero fazer pelo outro. E não, não espero nada em troca além do que já temos,
apenas espero que o que temos seja intensificado e respeitado.
Olho para Miguel. — Não é verdade, Miguel? Concorda comigo?
— Sem alterar nem um ponto ou vírgula. — Ele responde e dá um beijo no rosto do Eros e beija
minha mão depois. — Tudo que eu fizer por um, quero fazer pelo outro, e você não precisa se
incomodar em querer nos dar algo além do que você já nos dá, que é o seu coração. Isso não tem
preço e o amor é algo difícil de ser achado e cultivado. Eu faço questão de cultivar o que temos
por longos anos e ainda mais.
Encaro Eros nos olhos. — Você lembra do caso dos nossos pais que contamos para você. Cada
um teve suas dificuldades naquela época. Viveram em tempos obscuros, com pais que não os
aceitavam, muito menos ofereciam apoio. Mas olhe só para nós, veja o apoio que temos. Não que
não estejamos sujeitos a julgamentos, mas ao menos temos um ao outro. Somos três e podemos
ser ainda mais fortes, e temos nossas famílias, pessoas dispostas até a matar por nós.
Paro de falar, beijo sua mão e continuo. — Vamos nos amar e aproveitar o que temos, está bem?
Eros sorri, vejo-o um pouco corado, mas ele logo recupera a compostura. — O amor e o respeito
são tudo que preciso de vocês, e mais adiante, a paciência. Estamos seguindo rumos diferentes,
mas não quero que o que temos acabe. Quero que dure muitos e muitos anos e vou ser mais
emocionado, para sempre?! Mesmo distantes.
Ele faz uma pausa e continua. — Naquele dia, quando falamos que iríamos seguir caminhos
distintos por causa de nossas profissões, eu propus o namoro para aproveitar esse ano com vocês
ao máximo. Nunca havia pedido alguém em namoro antes; em meu relacionamento anterior, foi
minha ex quem fez o pedido. Mas com vocês dois, eu fiz questão. Senti no coração que
deveríamos ter algo mais sério. — Ele para de falar.
Sinto que Eros está direcionando a conversa para onde quero, e com isso, percebo que estamos
na mesma sintonia. Então, viro-me para Miguel, sentindo também que ele pode dar o xeque-mate
que estou ansioso para ouvir, antes mesmo das alianças.
— Isso é tudo que eu desejo com vocês dois. Não é à toa que estou ansioso para ir aos Estados
Unidos para ampliar meus horizontes, ter novas ideias e contribuir para os negócios da família.
Quero mostrar ao meu pai que sou capaz e responsável o suficiente para assumir essa
responsabilidade e, é claro, para proporcionar uma vida incrível para nós três. A ideia é me
dedicar aos estudos e ao trabalho, mas quando a saudade apertar ou a vontade de estarmos juntos
for irresistível, vou correr até onde um de vocês estiver e criar momentos especiais. Imagino um
futuro em que estejamos mais próximos de nossos objetivos, pronto para nos comprometermos
ainda mais. Se pudesse, entregaria agora mesmo anéis de compromisso, como um lembrete
tangível de que temos algo único, especial e um compromisso sólido entre nós.
Excelente, vejo que estamos na mesma sintonia, no mesmo barco, prontos para assumir
compromissos mais sérios. Então, vou falar a verdade a eles, tudo que está no meu coração.
Beijo novamente suas mãos, dou um gole no drink e eles acompanham. Dou um selinho em cada
um e começo. — Eu compartilho do mesmo desejo que vocês dois. Não quero que isso se
encerre em um ano; quero ir além, muitos anos, assim como meu pai Scott, que ao ver meu pai
Kaleb na juventude, disse: 'É com esse cara que quero passar o resto da minha vida e tocar os
negócios'. Então, olho para vocês dois e digo que são vocês os caras que escolho para caminhar
ao meu lado e compartilhar minha vida.
Faço uma pausa, tomo outro gole do drink e continuo. — Sei que estaremos distantes, mas isso
não significa que não terei recursos para ir até vocês, ou trazê-los até mim. Além disso, não estou
indo para a Austrália apenas para férias; há diversas razões, inclusive Eros. — Olho para ele.
— Estou indo por muitos motivos, e um deles, você vai descobrir assim que nosso feriado
terminar. Tenho certeza de que você vai querer me apoiar e, aposto, Miguel, que você também
vai querer estar lá.
Decidi falar sobre o Daniel para eles, mas não vou fazer isso agora para não estragar nosso clima.
Já me sinto mal o suficiente por saber a verdade, e aposto que o Eros vai se sentir ainda pior por
conhecer o Daniel por mais tempo. Então, vou contar só mais tarde.
— Por favor, não me perguntem sobre isso agora, está bem? — Ambos concordam.
Volto então ao meu pensamento inicial. — Além disso, estou indo para Austrália não apenas
para estudar e jogar rugby, mas porque a maior parte da minha família, da máfia, está lá. Vou
receber treinamentos pesados sobre os negócios da família, passar por treinamentos rigorosos, e
herdar os negócios da família não será uma tarefa fácil. Vou precisar me provar e me dedicar,
então não vou ter espaço mental para romances, além dos que já tenho, vocês dois. Assim como
o Miguel disse, quando a saudade bater e a vontade de estar juntos for grande, pego o primeiro
voo até vocês ou dou um jeito para que venham até mim. Mas, sinceramente, não estarei com
cabeça para paquerar ninguém. Vejo isso acontecendo com a minha irmã; na verdade, com as
duas. Elas começaram seus treinamentos dentro da máfia e estão muito dedicadas, adorando
fazer parte da família Ferrari. Aposto que comigo não será diferente.
Paro de falar e dou outro gole na bebida para concluir. — Mesmo distante, quero ter algo
tangível entre nós.
Olho para Miguel. — Algo que represente nossa ligação. — Encaro ambos.
— Então, tomei a liberdade de mandar fazer algo especial para nós três. Vocês imaginam o que
seja, certo? — Eles sorriem para mim.
— Você mandou fazer alianças para nós na loja da sua família, né? — Miguel questiona,
sorrindo.
Respondo com outro sorriso e, discretamente, coloco a mão dentro da minha roupa, tirando uma
caixinha aveludada. Vejo Eros sorrir, ainda que com expressão confusa, e Miguel parece ficar
mais animado, cobrindo a boca para esconder um sorriso radiante.
Apesar do nervosismo interior, estou confiante em minha decisão. Então, abro a caixinha diante
deles, revelando três belas alianças. Observo suas expressões e vejo que sorriem para mim, o que
me dá ainda mais confiança.
Então digo, com um olhar sério e determinado: — No primeiro dia em que mergulhamos nesse
caminho juntos, busquei por isso para nós, dois homens que escolhi estar ao meu lado. Espero
que aceitem ser meus COMPANHEIROS. Esses anéis não são apenas símbolos, são a
representação de um compromisso sólido e duradouro, algo que ultrapassa fronteiras, indicando
que estamos juntos, independentemente das adversidades que enfrentarmos, seja no caos das ruas
ou na quietude de nossos refúgios. São promessas gravadas em metal, unindo nossos destinos e
nossa lealdade em um mundo onde cada passo é um desafio….
Capítulo 77
Eros

Os dois mandaram: "Relaxa, vai dar tudo certo, desde o café até o almoço. Deixa comigo e com
o Miguel", disse Ravi. Ufa, estou tranquilão que nossos pais se tocaram. Pô, quase tive um troço
várias vezes durante o almoço, mó preocupação do meu coroa não curtir os pais do Ravi,
principalmente por serem mafiosos. Mas foi ao contrário, mano. Assim que começaram a trocar
ideia, parecia que viraram brotherzões de primeira. Meu pai e o sogrão Kaleb ficaram de papo e
piadas. Dylan, o outro sogrão, mandou bem na conversa, e a vibe compreensiva do Scott, nosso
outro sogro, deu uma equilibrada. Dá para sacar, parece que se conhecem há um tempão. Até
marcaram um rolê para beber juntos. Quem diria que os novos camaradas do meu pai seriam um
time tão diversificado?
A mamis do Miguel, a Sra. Rosaria, e minha mãe, a Mary, colaram firme. Tinham muita parada
em comum, até fecharam de ler uns livros juntas num clubão. Mano, parece que a onda do
Miguel por livros vem da mãe dele. Tipo, ela é escritora e usa um nome fake para lançar os
livros, e minha mãe é fãzaça dela, tem uns livros da Sra. Rosaria. Caramba, que mundo pequeno,
tudo casou perfeitamente para nossas famílias se cruzarem.
Estou tendo um dia incrível. Depois do banho, onde curtimos um momento quente - o Miguel
chupou gostoso o Ravi e eu e depois os dois me foderam gostoso, estamos agora aqui,
observando o Ravi chegando com uns Mojitos, nunca experimentei, deve ser bom. E o Miguel e
eu estamos elogiando as habilidades do Ravi em preparar essas bebidas, dá para ver o quanto ele
manja disso. Enquanto ele fazia, contou que seu pai, o Sr. Kaleb, o ensinou tudo sobre drinks,
parece que foi para agradar o Sr. Scott, que atitude bacana.
O Ravi nos entrega as bebidas todo sorridente, é impossível não notar e não sentir aquela
felicidade interior ao ver o esforço dele para nos agradar.
Esse jeito atencioso dele só nos faz ficar mais apaixonados por ele. Ainda me lembro do dia em
que ele olhou nos meus olhos, antes de começarmos a namorar, e disse que se esforçaria para
conquistar a nossa simpatia, e ele não mentiu.
Mas, independentemente disso, eu já gostava dele, meus sentimentos por ele só cresceriam
gradualmente, mesmo sem todos esses mimos caros que apenas quem está no nível deles pode
ter. Esses dois têm um jeito único de me manter preso a eles, e eu vou me esforçar para ser um
excelente médico cirurgião.
Vou construir meu nome nessa profissão, trabalhar em um grande hospital e, caso ainda
estejamos juntos, farei coisas ousadas para agradá-los. Torço para que sim, assim como quero
melhorar a vida dos meus pais. Mas até lá, terei que estudar dobrado, me dedicar à medicina sem
tempo para muita diversão. Sei que serei focado, quando coloco algo na cabeça, vou até o fim.
Não vou ficar para trás desses dois, serei independente.
Miguel e eu experimentamos os drinks, e uau, que sabor incrível! Posso me acostumar com
bebidas assim preparadas pelo Ravi. Comento isso com o Miguel e ele concorda, dizendo
exatamente o que pensei. Pela expressão do Ravi, vemos que ele curtiu nos agradar e ser
elogiado, e destaca que vai aprender a fazer todo tipo de drinks para nós com o pai dele.
Enquanto saboreamos as bebidas, percebemos o silêncio dele. Miguel pergunta o que está
acontecendo, já sinto que ele está prestes a desabafar algo que tem escondido.
Ravi se levanta, senta na nossa frente e então começa a fazer perguntas sobre o nosso amor.
Claro, amamos um ao outro, amo os dois de verdade, adoro a intensidade que temos juntos, é
muito mais do que pelo que eles têm, é real. Mas não quero que pensem que sou interesseiro.
Miguel me beija e enfatiza que me ama independente da minha origem, compartilha sobre
quando seus sentimentos começaram por mim, ressaltando o quanto me ama. Ravi concorda,
dizendo que não vê diferença entre nós, e que fará o mesmo por ambos. Eles continuam falando
e, de certa forma, me acalmo. Eu gosto desses momentos, mas sou um cara, sei que não deveria
me sentir assim, mas queria fazer mais por eles. Então Ravi diz algo que me tranquiliza ainda
mais e Miguel reforça, falando sobre amor e respeito, que devemos continuar nos dando o que já
damos: amor, coração e respeito, e é isso que eu quero deles, mais do que qualquer outra coisa.
Então o Ravi nos surpreende ao tirar algo do bolso. Ele aos poucos começa a falar sobre ter
mandado fazer um trio de alianças para nós três na loja da família dele. Quando revela as
alianças, nossa, são lindas! Que atitude romântica, estamos realmente na mesma sintonia, com a
ideia de preservar o que temos, mesmo distantes, sabendo que sempre teremos uns aos outros.
Estou incrivelmente feliz e consigo ver a mesma felicidade no rosto do Miguel.
Ravi pega na mão do Miguel e pede para eu fazer o mesmo. Juntos, colocamos o anel no dedo
anelar do Miguel. — Parece até que estamos casando! — Comento, sorrindo.
Miguel olha para nós. — Então, eu aceito! — E sorri.
Ravi sorri também e comenta. — Um dia.… podemos ir trabalhando nessa ideia.
Depois, eles pegam minha aliança e a colocam no meu dedo anelar. — Eu aceito vocês dois
também, como meus companheiros. — Digo, sorrindo, e eles me beijam. Levo isso na
brincadeira, mas também com seriedade. Estou feliz por estarmos realmente levando as coisas a
sério.
Por último, e não menos importante, o nosso cometa, o cara que faz o trajeto único para nós.
Miguel e eu pegamos a aliança dele, olhamos nos olhos dele, e antes de colocarmos o anel juntos
no dedo anelar dele, acabamos, por sintonia, falando juntos: — Aceitamos ser os
COMPANHEIROS de um mafioso. — Rimos os três. E então colocamos a aliança no Ravi. —
Já disse que aceito tê-los como meus companheiros nessa jornada, estou firme nessa decisão e é
bom vocês não mudarem de ideia. — Ele comenta.
Olho para nossas alianças e não posso deixar de elogiá-las, achei lindas, e eles dizem o mesmo.
Ravi diz que é um modelo único e que não quer que mais ninguém, além de nós três, as tenha.
Miguel se joga em cima dele e começa a beijá-lo, elogiando como ele está nos surpreendendo.
Eles me olham, me puxam e nós nos entregamos a um momento de carinho, juntos, no sofá ali
mesmo na lancha.

Miguel

CARAMBA! Esse cara sempre me surpreende. Quem imaginaria que o Ravi era tão atencioso e
detalhista? Além de organizar praticamente tudo hoje, nos trazer para a praia - um lugar que
adoro - ele ainda nos surpreende com essas alianças lindas. Sabe, só fico cada vez mais
apaixonado por esses dois.
Eu tinha pensado nisso, mas o Ravi foi mais rápido e estou cheio de vontade, então me jogo em
cima dele depois da troca de alianças e começo a beijá-lo. Olhamos para o Eros e o puxamos
também. Esses dois me afetam de um jeito que meu corpo fica elétrico só de estar perto deles, e
me sinto excitado. Ah, vamos fuder de novo.
Nós nos acomodamos no sofá da lancha e já começo a tirar o short e a roupa íntima do Ravi,
enquanto ele e o Eros se entregam a beijos intensos.
Pego o lubrificante que sempre carregamos no bolso, já que qualquer oportunidade junta, à sós, é
uma chance para nos fuder.
Enquanto o Eros distrai o Ravi com beijos, eu tiro minha roupa e vejo ele fazendo o mesmo.
Coloco um pouco de lubrificante em meus dedos, e espalho na minha entrada para facilitar, e
aproveito para chupar o Ravi novamente.
Porém, com o desejo fervendo no rabo, não aguento esperar e me posiciono sobre ele, sentindo a
cabeça de seu pau na minha entrada e vou deslizando aos poucos, e é uma sensação
DELICIOSA. — Hmm...! Agh!
— Pica gostosa do CARALHO! — Sinto o Ravi firmar suas mãos no meu quadril e apertar.
Adoro ter dois namorados para sentar neles, na primeira oportunidade à sós. — Aah!
Olho para o Eros, e o vejo de pau duro também, e não deixo de pensar, no quão aquilo ali me
surpreendeu desde a primeira vez que ele me deixou pegar no cacete dele, e me deixando louco
com o tamanho avantajado.
Ele não sabe, mas eu fiquei doido para sentir aquilo dentro de mim, assim como o pau que eu
estou rebolando agora. Fico ainda mais excitado só de pensar nos paus dos meus namorados e
quão bem servindo eu estou. — Agh!

Tiago

Cheguei mais cedo do que o combinado na casa do Carlos, e ele veio me receber. Não posso
deixar de notar o bom gosto dele para roupas.
Ainda não tenho certeza do que está rolando entre nós, mas ele tem sido mais ousado e atencioso
tanto comigo quanto com a Rafa. Confesso que estou gostando dessa atitude.
Não sei se ele realmente sente algo romântico por nós ou se está apenas curioso para saber como
seria um relacionamento a três. Sinceramente, estou um pouco curioso também. Talvez
possamos tentar algo, embora ainda não tenha certeza se dará certo. No entanto, nós três nos
damos muito bem, e acho que a Rafaela ainda acredita que somos apenas dois caras gays.
Hoje, pretendo mostrar a ela que está enganada e também descobrir o que se passa com o Carlos.
Quem sabe eu me permita beijar os dois hoje, já que estou ansioso por algo novo. — Entra aí. —
Carlos diz e me leva até a sala.
Cumprimento os pais dele e nos apresentamos. Eles dizem conhecer meus pais, e o Carlos
menciona que mais uma pessoa está vindo, alguém que eles também conhecem, assim como os
pais da Rafaela.
Subimos para o quarto dele, que, caramba, é muito maneiro. — Você tem um ótimo gosto.
Carlos me olha. — Eu sei, sempre tive. — Sinto como se ele estivesse lendo minha alma. Gosto
desse tipo de coisa.
Continuo encarando ele. — Me responde uma coisa.
— O quê? — Ele cruza os braços.
— Você está interessado em mim? Em nós? Ou só está afim de curtir? Não sou de simples
curtidas, Carlos. Quando me interesso, é para algo sério. E quando me envolvo, é porque me
importo de verdade. Não estou interessado em ser usado e depois descartado. — Me calo e
aguardo a resposta dele, que vem na minha direção com seriedade.

Carlos

Porra, que gato!


— O Tiago parece ser outra pessoa fora da escola. Aí meu coração! Agora estou ansioso para ver
a Rafaela.
Levo ele para o meu quarto e, em meio às insinuações, ele questiona se minhas investidas nele e
com a Rafa são sérias ou apenas diversão. Haha... vou mostrar a eles hoje mesmo o que
realmente quero.
Capítulo 78
Carlos

Tiago questiona meus métodos, e bem, não posso culpá-lo. Há alguns dias, antes de conversar
com ele e com a Rafa, eu estava flertando com outro cara. Parte disso era porque eu pensei que o
Tiago, com aquela aparência séria e reservada, iria reagir mal e partiria para a briga. Além disso,
mesmo se nos déssemos bem e ele correspondesse ao meu flerte, ele tem uma postura que sugere
ser ativo, e eu também sou. Dois ativos na relação? Alguém teria que ceder, e, sinceramente, só
de olhar para a expressão do Tiago, sei que seria eu quem teria que assumir o outro papel.
Eu já fiquei com vários caras e garotas, nunca assumi o papel passivo. Porém, agora que eu e
esse cara estamos nos dando bem, eu poderia abrir uma exceção, ter minha primeira experiência
com um cara que eu gosto e explorar algo novo. Penso assim porque, pelo jeito carinhoso que ele
é com a Rafa, imagino que, se rolar algo entre nós, o Tiago não será tão intenso logo de cara. Se
essa for minha primeira vez como passivo, quero que seja com ele, quero tentar algo diferente.
Sei lá se vou gostar, mas talvez seja tão bom quanto ser ativo, né? Só espero.
— Tiago, não costumo ser carinhoso ou atencioso assim com qualquer pessoa. Nunca convidei
alguém para a minha casa, tipo amigos, você e a Rafa são os primeiros. Se acha que estou
mentindo, pergunte aos meus pais ou tire suas próprias conclusões olhando nos meus olhos. Mas
nos últimos dias, tenho me esforçado para conquistar vocês dois, está certo?
Eu meio que peguei uns conselhos com o Eros. Ele e eu nos aproximamos recentemente, e tive a
oportunidade de pedir conselhos sobre relacionamentos a três. Aliás, tive que me desculpar com
aquelas três pela minha safadeza, e isso gerou um certo crédito com um deles, o Eros. Na
primeira oportunidade, perguntei como eles faziam para dar certo e ele me disse coisas que todos
conhecem, como ceder, entender, reciprocidade, amor e respeito. Mas acrescentou algo valioso:
respeitar o momento certo do parceiro e ir aos poucos conhecendo os gostos da pessoa amada
para construir confiança. Isso tem sido minha tentativa com esses dois.
Entendi que o que se faz por um, se faz pelo outro, estou tentando agradar e ceder para ambos.
Eu realmente estou empenhado em fazer isso dar certo entre nós. Volto ao meu discurso, já que
Tiago ainda me encara. — Eu não sou maluco de usar vocês e depois seguir atrás de outros. Eu
sei que ainda não transmito muita confiança, mas prometo me esforçar para que veja um lado
bom em mim, ambos. Me deem apenas uma chance de conquistá-los. E ainda preciso saber se a
Rafa estaria interessada em algo conosco, caso você aceite. Você acha que ela toparia? —
Pergunto a ele.
Ele sorri antes de responder. — Você levou a sério aquela sugestão do trisal desde aquele dia?
— Por que não? Eu gostei e gosto de ambos. Você levou na brincadeira o que sugeriu, Tiago? —
Questiono de forma séria.
Ele sorri de canto e então responde. — No começo, eu disse brincando, mas os dias que
passamos juntos estão me fazendo gostar de ambos, de uma forma mais romântica. — Tiago
confessa, e sinto meu coração se encher de esperança.
Ele prossegue. — Sobre a Rafa, eu não sei. Ela pensa que somos dois caras gays paquerando um
ao outro e ela é apenas a amiga hétero segurando vela. Acho que já está na hora de revelarmos a
verdade para ela. Se você gosta dela como diz, podemos conversar com ela hoje mesmo, o que
acha? — Ele diz de maneira séria.
Lanço um sorriso aliviado. — Essa era minha intenção.
— Também é a minha! — Tiago confirma o que eu já esperava da parte dele.
Olho para ele de um jeito que busca cortejá-lo, deixar claro o meu desejo de algo sério. Levo
suavemente meu dedo aos seus lábios, acariciando-os, e sinto sua mão direita percorrer meu
peito de forma carinhosa. Seus dedos traçam a linha atrás da minha orelha, deslizando para o
lóbulo, enquanto a mesma mão viaja até minha nuca, acariciando alguns fios dos meus cabelos.
Mantenho minhas mãos em seu rosto, e juntos, nos aproximamos, nossos lábios quase se
tocando.
Nossos olhos se fecham à medida que nos aproximamos, ouvindo nossas respirações se
entrelaçarem e até mesmo sentindo o batimento acelerado dos nossos corações.
Ele se inclina para a direita, eu para a esquerda, e nossos lábios se tocam, iniciando suaves
movimentos.
Beijar alguém que desperta emoções é algo extraordinário. Meu corpo ansiava por este beijo, e
espero que Tiago sinta a mesma sensação e desejo.
Mas, agora, desejo invadir sua boca com minha língua. Contudo, decido parar o beijo, olho para
a porta, e quem eu vejo? Rafaela, nos observando.

Rafaela
Estou atrasada, mas de propósito. Quase não vim. Sinto que estou gostando muito deles, mas
também que estou sobrando. Eles são gays, já viu né? Então, penso que hoje vou só segurar vela.
Ponderei várias vezes se viria ou não, mas as mensagens deles dois no grupo que criamos
insistem para que eu venha, então aqui estou eu.
A mãe dele me deixa no corredor do quarto do Carlos, indicando a porta, já que ela está lá
embaixo com alguns convidados, dando uma festa importante. Meus pais vieram; eles se
conhecem, então tenho uma certa confiança com a mãe do Carlos.
Me aproximo da porta e escuto eles conversando, mas não consigo entender o que é. A voz está
estranha. Acho melhor entrar de uma vez. Respiro fundo, percebo que a voz deles cessou. Me
pergunto o porquê. Seria possível estarem só em silêncio ou se beijando? Meu Deus, será um
beijo? Devo ir embora? Ahh, estou tirando conclusões precipitadas e vou surtar.
Tomando coragem, abro a porta lentamente e advinha, sim, os vejo de fato, quase se beijando.
Caramba, que beijo carinhoso e lindo estou presenciando, a forma como seus lábios se tocam,
como eles se tocam, movendo seus rostos em um ritmo suave. Tudo contribui para a cena que
estou presenciando. Poxa, queria um beijo assim.
Penso que eles vão avançar ainda mais no beijo e fico ali, paralisada, olhando essa cena
romântica e sentindo muito tesão. Caramba, o que esses dois estão me fazendo sentir, é tipo a
mesma sensação quando vi aqueles três se beijando, mas ao ver esses dois, é algo semelhante,
mas sei lá, dessa vez, eu meio que queria fazer parte.
Tento sair, mas o Carlos me vê, e em seguida o Tiago se vira e também me nota. Devo estar com
cara de tacho, e se houvesse um buraco, eu me jogaria nele. Caramba, essa nem sou eu, pois sou
muito atirada, e quando gosto, corro atrás. De fato, gosto deles, mas são dois gays lindos e
GOSTOSOS que se gostam, e eu só a amiga hétero.
— É, vou esperar lá embaixo. Não quero atrapalhar. — Digo, me virando.

Tiago
Acho que esse cara vai não só ter o meu coração, mas o meu mundo também, pois as ações dele
nos últimos meses e agora essas palavras e o beijo que estamos dando neste exato momento estão
fazendo o meu coração e corpo estremecerem. Sinto-me nas nuvens. Caramba, que beijo sem
língua gostoso. Ele beija tão bem.
Ele para de me beijar e vejo que ele está olhando para a porta. Olho na mesma direção e é a Rafa.
Acho que ela deve pensar que está sobrando, mas quero que ela fique aqui também. Ela diz que
vai esperar lá fora, mas vou até ela e a coloco para dentro do quarto, e o Carlos tranca a porta.
— Você não está atrapalhando, Rafaela. — Digo, e ela me olha confusa.
— Mas... — ela tenta argumentar.
— Por que demorou? — Carlos questiona ela.
— Eu não queria ficar ali segurando vela, tipo agora. — Ela responde, sentada na cama, toda
nervosa.
Me sento ao lado direito, e Carlos do outro lado dela. Olho nos olhos dela e seguro sua mão. —
Não pense assim!
Ela franze o cenho. — Mas você concorda comigo que se fosse eu e outra garota nos paquerando
e você afim de nós, mas elas sendo lésbicas e você sabendo que não tem chances, como você se
sentiria? — Ela argumenta, fazendo comparações indiretas.
Solto um sorriso de canto, vejo Carlos sorrir do mesmo jeito e é, a Rafa nos julga ser apenas dois
gays. Então vou tirar a dúvida dela agora.
— Rafa? — Chamo sua atenção. Ela me encara.
Seguro delicadamente em seu queixo, percebo-a ficar envergonhada, mas não recuar. — Deixa
eu te beijar. — Proponho. Vou me aproximando dos lábios dela aos poucos, torcendo para que
não recuse. Por sorte, ela fecha os olhos; talvez esteja assustada, assim como eu estou. Deixo-me
guiar pelo que estou sentindo por ambos. Nunca pensei em gostar de duas pessoas ao mesmo
tempo, e a beijo.
Quero que esse beijo seja delicado, como o que Carlos me deu, sem língua. Nossos lábios se
movem no mesmo ritmo, ao som de nossos corações. Seus lábios são macios e mais delicados
que os de Carlos, mas o beijo é tão gostoso quanto o dele. Vamos nos beijando, movendo os
lábios em uma dança sensual e delicada, e aos poucos me afasto, olhando-a nos olhos.

Carlos

Observo-os se beijando e já estou ansioso pela minha vez. Vejo que é um beijo sem invasão de
língua, e acho que notei qual é a do Tiago. Ele não quer ir tão rápido para não a assustar. Quer
que ela sinta o que sentimos por ela, e acho isso uma boa abordagem.
Então, eles param o beijo, e seguro delicadamente no queixo dela, girando seu rosto. Ela está
toda corada. — Posso ter a minha vez também? — Pergunto. Ela se mantém em silêncio, mas
vou levar isso como um sim e me aproximo de seus lábios.
Sinto o som de nossos corações pelo que estamos fazendo. Eu desejo esse beijo há bastante
tempo e me contive até agora.
Ela fecha os olhos, e eu também. Nossos lábios se encontram, sinto a maciez de um lábio
feminino, mais delicado do que o de um homem. A sensação é tão prazerosa quanto, e é ainda
melhor por serem os lábios do Tiago e da Rafa.
Aos poucos, movemos nossos lábios, controlando nossas respirações. Faço um carinho no rosto
dela e caramba, beijar esses dois faz meu corpo estremecer. Não dá para negar esse sentimento,
eu realmente gosto de ambos.
Ficamos nos beijando apenas com os lábios e então, aos poucos, nos afastamos e ela nos encara.
— Vocês não eram gays? Por que estão me beijando? Estão tentando me confundir?
Tiago assume a conversa. — Rafa, nunca dissemos que éramos apenas gays.
Vejo ela fazer uma expressão confusa, mas logo em seguida, ela sorri. — O que estou perdendo?
Então eu respondo. — Ué, somos dois caras bissexuais. Gostamos de garotas também.
— E gostamos de você, também! — Complementa Tiago.
Ela pergunta se estamos falando sério, e nós explicamos tudo a ela: sobre nós, sobre nossa
sexualidade. Falamos que realmente sentimos algo por ela e esperamos que não pense que
estamos brincando com seus sentimentos. Notamos que ela está meio em silêncio e aguardamos
sua resposta.
Capítulo 79
Rafaela

Uau, fui pega de surpresa. Não esperava receber um beijo sem língua deles, tão bom, tão
gostoso. Foi melhor do que eu pude imaginar ou qualquer outro beijo que já tive. Sinto que o
beijo está carregado de sentimentos, de emoções e desejo. Se estamos no mesmo ritmo dos
sentimentos que eles acabaram de confessar para mim, isso significa que podemos ser um trisal?
Aaaah, vou pirar! Meu Deus, eu, com dois caras? Lindos? Que sonho, que sonho!
Se o destino me trouxe dois caras tão incríveis e sinto algo por eles, vou aproveitar, vou me
entregar. Sinto que tenho um pouco de Eros dentro de mim, o deus do amor, e posso ser ousada
com esses dois.
Pego na nuca deles, eles me olham. — Então, somos um trisal? Namorados? — Eles me lançam
sorrisos.
— Somos! Podemos ser, se vocês quiserem! — Diz Tiago.
— Eu quero! — Responde Carlos.
Então sorrio para eles. — Eu também.
E completo. — Beijo triplo? — Eles concordam.
Aos poucos, sinto eles abraçarem minha cintura, se aproximam, sentimos nossas respirações,
soltamos uns sorrisos travessos, mordo meus lábios, e sinto seus lábios encostarem nos meus.
Fechamos nossos olhos, e sinto suas línguas invadirem minha boca, puxando a minha língua para
fora. Caramba, estou toda molhadinha.
Já que estou na chuva, é para se molhar mesmo. Então, levo minhas mãos nos paus deles e
aperto, porque eu sou assim, sem vergonha, e sinto que eles gostam. — Isso, Rafa, me toca mais,
sua safadinha. Você também, Tiago, sem medo. — Diz Carlos, com uma voz carregada de
desejo.
Sinto a mão do Tiago disputar comigo no pau do Carlos, mas logo entramos em consenso e
começamos a massagear aquela região juntos. — Não vai gozar antes, hein... — Eu sussurro, e
ele sorrir enquanto nos beija.
Em seguida, sinto a mão do Carlos subir pela minha cintura em direção aos meus seios, e
caramba, era exatamente isso que eu queria. — Me toquem! — Solto. — Sinto as mãos de ambos
subindo pela minha cintura e tocando nos meus seios, enquanto continuamos nos beijando.
Caramba, estou realizada.

Eros

O feriado perfeito infelizmente chega ao fim e voltamos para a escola. Ravi me conta algo muito
sério, para mim e para o Miguel, para ser exato, e caramba, é sobre o Daniel. Meu Deus. Minha
respiração, meu mundo desaba. Ah não, o Daniel não. Meu amigo. Crescemos juntos. Por que,
Deus, por que permitiu isso com ele?
Vou para o banheiro, fico um tempinho sozinho e me tranco lá. Não sei por que isso me afetou
tanto, e fico ainda pior só de imaginar o Gui sabendo dessa notícia. Mas é algo que o Ravi nos
fez prometer não contar, já que o Bryan só contou para ele. E o Bryan pediu ao Ravi para não
contar a ninguém, pois é um desejo do Daniel. Imagino o porquê. Acho que faria o mesmo. Não
suportaria ver meus namorados sofrendo comigo.
Mas na primeira oportunidade, irei para Austrália com o Ravi e o Miguel. Queremos ver como o
Daniel está. Não vou dormir bem. Se houver uma chance do Daniel sobreviver, quero que ele
continue lutando. Mesmo que eu não seja médico ainda, ver isso acontecer com um amigo só
aumenta meu desejo de seguir essa profissão. Desejo cuidar não só de outros, mas especialmente
das pessoas que amo: minha família e meus namorados.
Escuto eles batendo na porta e perguntando se está tudo bem comigo. Saio do banho e abro a
porta. — Ravi, você vai antes de nós para a Austrália. Me promete que vai atrás do Dani?
— É um dos meus objetivos.
— Ótimo. — Respondo e continuo. — Outra coisa, se for verdade o que a Rafaela disse sobre a
Carol ter algum envolvimento com o sumiço do Dani, acho bom você usar suas conexões de
mafioso e descobrir. Quero que aquela piranha sofra!
Ambos me puxam para fora do banheiro, sorrindo. — Deixa comigo, vou me esforçar para ser
um ótimo mafioso e cuidar de vocês enquanto estudam fora, vou tomar conta do Dani e...
Miguel interrompe as frases do Ravi. — Acho que agora entendo o motivo de o Guilherme me
chamar para montar uma empresa de jornalismo com ele. Acredito que ele queira independência
dos negócios da família, e o Daniel quer ser âncora de jornal. Estou mais empolgado para ajudar
o Gui nesse ramo. Mas isso vai exigir muita dedicação, não se monta uma empresa do nada.
Estou disposto e vou estudar em dobro para fazer isso acontecer com o Gui. Espero que vocês
me apoiem nessa empreitada com o nosso amigo.
Ouvir isso me motiva ainda mais. Nossos caminhos continuarão juntos, mas agora com
propósitos mais claros e definidos. Não será apenas pelos nossos futuros juntos, mas também
pelo futuro de dois amigos, de duas pessoas que se amam. Isso me faz amar ainda mais esses
dois caras, e sinto que estaremos sempre unidos.
Capítulo 80
Eros

Enfim, o ano foi passando, nós, como namorados, traçamos nossos caminhos para as carreiras.
Decidi me dedicar à medicina, com o objetivo de estudar em Oxford, no Reino Unido. Desde o
primeiro ano do ensino médio, venho buscando informações sobre como ir para lá. Descobri que
há alojamento, o que me deixa mais tranquilo. Além disso, a família do Miguel possui um
apartamento em Oxfordshire, no sudeste da Inglaterra, onde nos encontraremos, os três, sempre
que tivermos tempo durante o ano.
Meu inglês britânico é excelente, o que me dá confiança para os exames de proficiência, como o
IELTS ou TOEFL. O Miguel e eu temos conversado bastante nesse idioma para que eu me sinta
mais confiante. Estamos nos saindo bem em namorar falando outro idioma, até o Ravi andou
aprendendo mais só de nos ouvir falar, já pegando o jeito do inglês britânico.
Preciso fazer os testes BMAT ou UKCAT, semelhantes ao ENEM, mas mais focados
diretamente na medicina. Há um local de teste aqui em São Paulo, então não preciso ir até a
Inglaterra para realizá-los. Será semana que vem, e meus namorados estão mais nervosos e
empolgados do que eu. Não param de pegar no meu pé para estudar. Eles querem mais do que eu
que eu passe nesse teste, querem me ver realizado. O Miguel até brinca dizendo que faria questão
de pegar um resfriado só para que eu cuidasse dele.
Durante esse processo todo, ainda terei avaliações acadêmicas e documentações. São muitas
coisas, como meu histórico escolar em biologia, que eu e o Miguel estudamos bastante. Em
química, me saio bem, e em matemática o Ravi dá um show nas explicações. Já escrevemos a
carta de motivação, explicando por que quero estudar medicina em Oxford. Realmente, me
envolvi em uma grande empreitada para ser médico e aventurar-me na Inglaterra. Desde o início,
sabia que teria muito trabalho, então não posso reclamar das papeladas e exames para ingressar
em uma universidade em outro país.
Graças a Deus, entrei nessa escola. Obrigado, pai, mais uma vez. Sem sua pressão, não teria dois
namorados incríveis, que além de serem maravilhosos, me ajudam com conexões dentro dessa
escola. Tive boas cartas de recomendação de excelentes professores para acrescentar ao meu
histórico e aumentar minhas chances. Oxford, aguarde, pois vou entrar e me formar como um
excelente doutor, um cirurgião médico.

Miguel

Estou extremamente focado este ano, sem tempo para brigas, nós três evitamos bastante, e
aprendemos a conviver com nossas diferenças, apenas para focar nos meus estudos e aproveitar
as noites com meus namorados, um sexo bem gostoso. A presença deles no quarto, me faz
relaxar à noite enquanto nós nos entregamos ao amor; sem eles, teria enlouquecido.
Estou animado com o meu futuro, planejo estudar em Harvard, focando em empreendedorismo,
administração, e outros cursos que pretendo realizar por lá e na Inglaterra, onde minha família
está espalhada. Além disso, estou me preparando para assumir a empresa do meu pai, a
Globetrotter Hospitality Group, especializada em negócios na área de Hospitalidade e Turismo.
A Globetrotter Hospitality Group é uma cadeia de hotéis de luxo com presença internacional.
Com uma rede de propriedades exclusivas em destinos exóticos e cosmopolitas ao redor do
mundo, a empresa se dedica a criar experiências únicas e memoráveis para os hóspedes.
A empresa possui hotéis em grandes cidades, resorts em praias paradisíacas, chalés em
montanhas, entre outros destinos icônicos em diferentes continentes. Com a responsabilidade que
virá com isso, fico me perguntando quando encontrarei tempo para namorar.
No entanto, estou determinado a estudar, me formar na universidade e assumir a empresa,
enquanto também vou encontrar tempo para visitar meus namorados em um apartamento que
tenho em Oxfordshire, um lugar deixado de herança pelo avô do meu pai. Este será o nosso local
de encontro, o ponto central de encontro entre nós três.
Minha entrada em Harvard e minha mudança para os Estados Unidos estão organizadas, assim
como as do Eros, que está no processo para ir para a Inglaterra. Eu e o Ravi estamos fazendo de
tudo para ajudá-lo a se estabelecer tranquilamente. A vida do Ravi está mais definida, já que ele
pretende jogar rugby e se formar em engenharia na University of Melbourne, na Austrália, uma
tradição familiar.
Então, eu e o Ravi estamos comprometidos em passar um tempo com o Eros sempre que
possível, indo até ele para namorar e depois retornando aos nossos pontos de partida. Mal posso
esperar para nos formarmos o mais rápido possível e escolher um lugar para vivermos juntos.
Mesmo com os meus dezoito anos chegando, já estou vislumbrando um futuro onde nós três
estamos juntos e casados. Vejo o Guilherme suspirar pelo Daniel nos corredores da escola,
mesmo depois de ele ter partido da vida dele há uns dez ou onze meses. A fidelidade do Gui é
uma inspiração para mim, torço para que o Dani se recupere e volte para os braços dele. Da
mesma forma, anseio voltar para os meus namorados o mais rápido possível.
O ano está quase no fim e vamos passar o dia 25 de dezembro juntos, pois é a data mais
importante das nossas vidas, o dia que o Ravi e eu decidimos trazer o Eros para nossas vidas,
nosso quarto, antes de nos despedirmos no aeroporto.
Eu e o Ravi faremos o possível para garantir que o Eros receba uma boa acolhida na Inglaterra,
ajudaremos de forma financeira se ele não for muito teimoso, e que ele se adapte bem naquele
lugar, mesmo estando sozinho em outro país. Apesar da despedida, estaremos unidos, contando
os dias, os meses e os anos, mantendo o foco nos nossos futuros e na nossa união.

Ravi

Estou ansioso para ir para a Austrália, mas também um pouco triste, pois não poderei mais estar
com meus namorados todos os dias, tipo, fazer um sexo gostoso as noites, aqueles bem selvagem
que começamos a fazer de uns tempos para cá. No entanto, assim que tiver uma oportunidade,
irei vê-los para apagar o nosso fogo.
Este ano está se encerrando muito bem para mim, para nós. Nunca estudei tanto, nunca fui tão
focado e responsável como estou sendo ao lado dos meus parceiros nesta jornada.
Com eles ao meu lado, celebramos mais uma vitória no rugby. Ergui o Eros com a taça, e depois
nos beijamos, também puxei o Miguel para o beijo no campo. Ficamos envergonhados?
Absolutamente não, eu adorei o beijo triplo na frente de todos, especialmente depois de uma
vitória, foi um beijo triplamente incrível e faria tudo de novo.
Além disso, Carol tentou arruinar as coisas, fazendo o pai dela reclamar sobre a presença dos
gays na escola e os nossos beijos dados na frente dos outros alunos. Meus pais e o pai do Miguel
deram um aviso ao pai dela e, no dia seguinte, a Carol já tinha saído da escola. Parece que não se
mexe com as famílias Ferrari e Falconer; a Carol está sob alerta para não ousar mexer conosco,
especialmente com o Eros. Deixei claro para ela que se ousar fazer qualquer coisa com ele, como
suspeito que fez com o Dani, ela vai se arrepender. Vou investigar a fundo os segredos da família
dela e derrubá-la, farei isso pelo Gui. Se eu tiver evidências, não hesitarei em mostrar à família
dela que um Ferrari não permite impunidades. Sou Ravi Ferrari.
Fora isso, o ano foi bastante tranquilo. Além de nós três, outro trisal se formou: Tiago, Rafaela e
Carlos. Eles também são motivo de felicidade e comentários positivos e negativos na escola, mas
não se importam com as coisas negativas, assim como nós três. Estão bastante felizes, e somos
bons amigos.
Ítalo e Jaques continuam firmes e fortes; parece que Jaques está ou vai entrar para um time de
futebol, enquanto Ítalo e meu namorado Miguel vão estudar nos Estados Unidos. O Gui também
vai e eles têm planos de fundar uma empresa juntos, sendo o Gui o dono, e os outros dois
fornecerão o suporte necessário ao nosso amigo. Fico muito feliz que os três estejam unidos para
criar algo só deles.
Melissa e Patrícia mudaram para melhor, acho que estão se envolvendo romanticamente,
suspeito que se descobriram lésbicas. Enfim, não é da minha conta, apenas comentei isso com
meus namorados.
Na próxima semana, o Eros fará o exame para ingressar em Oxford, e eu e o Miguel vamos com
ele, esperaremos por ele por lá para depois irmos curtir algum lugar juntos.
Quando o ano terminar, passaremos o Natal juntos, uma data importante, pois estamos unidos
pela decisão que eu e o Miguel tomamos em trazer o Eros para nossas vidas, para o nosso quarto.
Depois disso, partirei para Melbourne, na Austrália, para estudar engenharia, jogar rugby, treinar
questões da máfia e assumir o legado da família. No entanto, sempre que tiver tempo, irei para
Oxfordshire, para encontrar o Eros e desfrutar de momentos íntimos bem especiais. Espero que o
Miguel também vá; quero os dois sempre comigo na cama. Esses são meus planos. A partir de
agora, serei o cara que vai nos reunir o mais rápido possível.
Estou emocionado, pois já sei onde será a nossa futura casa, um lugar lindo, uma herança de
família por gerações. Vai agradar tanto o Miguel quanto o Eros, em uma ótima região onde o
Eros poderá atuar no hospital que desejar. São planos para o futuro, pois se tudo correr como
imagino, o Eros herdará algo que quero tirar da família Dias, da Carol. Ah, se vou!
Capítulo 81
Tiago

O ano terminou, mas não sei como será daqui em diante com meus namorados. Estamos
seguindo rumos diferentes, a Rafa, voltará para o Japão para fazer faculdade lá. Não sei se será
um "até logo" ou um "adeus", e o Carlos vai para o Canadá. Também é incerto o que acontecerá.
Nosso trisal está bem. Tivemos nossos momentos íntimos, mas apenas com a Rafa. Não tive
coragem de ser passivo, e nem tentei forçar isso com o Carlos. Senti que ele estava disposto, mas
sério, não vou fazer isso se não for algo que ele deseje. Conversamos sobre isso, e ele disse que
estava tudo bem, que nosso relacionamento estava indo bem do jeito que estávamos seguindo, e
que não me forçaria a nada. Senti-me mal por ser covarde e não ceder. Como posso ser tão
idiota? Mas enfim, se um dia voltarmos e formarmos nosso trisal novamente, estarei preparado e
me entregarei a ele de corpo e alma. Rafaela, garota linda que conquistou meu coração, desejo a
você o mundo, e espero que nesse mundo, eu e o Carlos estejamos juntos daqui a alguns anos.
Enfim, amo os dois.
Carlos

Nós nos formamos e, como já imaginava, estamos seguindo rumos diferentes. Gostaria de ter
mais tempo com os dois, mas obrigações familiares nos levam a continentes distintos. Se me
perguntassem se me arrependo do que tivemos, a resposta é não. Mesmo sabendo que o Tiago
não cederia, ele nunca quis me forçar a nada. Trocávamos amor e carícias de formas tão
prazerosas na cama, sem a necessidade da penetração, e também tínhamos a Rafaela, a quem
amamos muito. Posso dizer que ninguém ficou insatisfeito na cama, todos demos o nosso melhor
sem pressionar ninguém. Não me arrependo dos momentos que compartilhamos. Se um dia
voltarmos, espero que nós três possamos nos entregar de corpo e alma. Desejo muito que o Tiago
se permita mais. Rafaela, obrigado por ser a melhor namorada que dois caras poderiam ter. Você
é incrível. Espero que volte do Japão realizada, poderosa e ainda mais bela. Sei que estará ainda
mais incrível. Enfim, amo vocês dois.

Rafaela

Ah, droga, agora que tenho dois namorados incríveis, preciso voltar para o Japão. Mas é o que é,
tenho que cumprir meus deveres como herdeira e estudar para gerenciar os negócios da família.
Queria ter mais tempo com meus namorados, aproveitávamos tanto às escondidas. Sempre que
possível, escapulia para o quarto deles e vivíamos momentos de pura paixão. Que experiência
mágica, sou realmente sortuda. Mas se me perguntassem se me arrependo, a resposta é CLARO
QUE NÃO, faria tudo de novo.
Um dia, quando voltarmos ao Brasil ou a qualquer outro lugar do mundo, se ainda estivermos
disponíveis um para o outro, quero viver essa intensidade em dobro. Quero ver o Tiago e o
Carlos se entregarem um ao outro na minha frente, pois percebo que eles desejam isso, só não
queriam forçar um ao outro. O Tiago disse que queria ser justo com o Carlos e que, no momento
certo, se permitiria esse momento mais íntimo. Torço para que isso aconteça, e que eu esteja com
eles na cama. Até um dia, meus amores. Obrigada por me amarem.
Capítulo 82
Guilherme

O ano terminou, e como eu queria ter o meu Daniel comigo, compartilhar esse momento tão
especial na vida dele, fazer planos juntos, os mesmos que traçamos antes dele desaparecer da
minha vida no natal.
Vejo meus amigos namorando, celebrando com fotos animados. Uma pontada de inveja me
atinge, mas ao mesmo tempo, fico feliz. Torço para que o universo esteja ao lado deles,
desejando que esse amor seja duradouro. Sinto que meu amor pelo Daniel será eterno, até o
último suspiro.
Me formei, e onde quer que o Daniel esteja, espero que ele também esteja bem e tenha concluído
seus estudos.
Olho pela última vez para o quarto onde nosso amor floresceu, onde tomei coragem e o beijei
antes de sairmos para as férias. Ele retribuiu o beijo de forma apaixonada, intensa. Naquele
momento, desejei que o mundo parasse ali, que aquele instante fosse eterno.
O melhor de tudo foi saber que ele também gostava de mim. Quando voltamos das férias, o pedi
em namoro com alianças especiais. Fizemos amor pela primeira vez, e foi mágico. Ele
correspondeu a tudo que desejava e mais. O tempo que passamos juntos naquele quarto será
eterno em meu coração. Lembrarei sempre que a saudade apertar.
Com lágrimas nos olhos, fecho a porta do quarto, pego minhas malas e parto para o meu carro. A
partir de hoje, não vou mais pisar na casa do meu pai. Vou direto para os Estados Unidos, fui
aceito em duas universidades lá. Contatos ajudam, é verdade. Não nego que usei meios para
ingressar. Se posso usar o poder da minha família a meu favor, farei.
Digo isso porque, onde quer que o Daniel esteja, montarei a maior empresa de jornalismo deste
país. Um dia, ele voltará. Sei que não desistirá do sonho de ser um famoso âncora de jornal.
Terei minha empresa e o contratarei como meu funcionário.
Realizarei meu sonho de independência da minha família e construirei um império com meus
amigos. Serei poderoso. Quando tiver o Daniel nos meus braços novamente, serei forte o
suficiente para protegê-lo e dar a ele a vida que sempre sonhamos. Até lá, desejo sorte a ele onde
estiver, espero que sinta o mesmo por mim e também torça pelo meu sucesso. Até daqui a alguns
anos, meu amor, Daniel.

Daniel

Concluí meus estudos em uma escola comum aqui em Melbourne. Fiz alguns amigos, mas nada
se compara à saudade dos meus velhos amigos, especialmente do meu ex-namorado, Guilherme.
Ah, Deus, como eu queria tê-lo aqui comigo. Não consigo conter as lágrimas, elas simplesmente
escorrem pelos meus olhos. Aah! Caio no chão chorando. Por que, Deus? Por que me odeia?
Qual foi o meu erro? Ser gay? O que fiz para merecer essa doença? Por que não sou saudável?
Por quê?
Me levanto do chão, aliviado por não haver ninguém por perto para testemunhar minha aflição.
Vou para casa, mais um ano se passou, e me pergunto como serão os próximos.
Além disso, Bryan me envia fotos e vídeos do Guilherme na formatura. Ele está cada vez mais
lindo. É um anjo em minha vida, ele e meus irmãos me dão forças para continuar, porque se
dependesse de mim, com todos esses exames que são obrigatórios e sem acesso aos resultados,
eu ficaria louco.
Nem sei qual é o meu estado de saúde. Fico dopado com medicamentos, levado ao hospital da
família da Carol, aqui na Austrália e outras coisas, e não suporto mais essa rotina.
A única força para superar isso é saber que Guilherme está bem, que se formou e está indo para
os Estados Unidos. A vida dele está prestes a mudar drasticamente. Novo lugar, novas
possibilidades, novos amores. Torço para que ele encontre alguém que o faça feliz, alguém que o
ame mais do que eu o amei. E eu espero que ele ame intensamente, e que aos poucos eu saia ou
já tenha saído da mente dele.
A partir de agora, não buscarei mais informações sobre a vida dele, pois me sentiria ainda pior
sabendo que ele está com outra pessoa. Portanto, meu amor, adeus Guilherme. Até um dia, se
Deus me permitir voltar saudável e mentalmente bem para o Brasil. Eu te amo, e sempre vou te
amar.
Capítulo 83
Eros

Finalmente, chegou o dia da nossa formatura do ensino médio. Foi incrível estar com meus
namorados, cada um de nós usando uma beca elegante. Estávamos deslumbrantes, aproveitamos
para tirar muitas fotos. Os pais do Miguel até contrataram fotógrafos para registrar o momento,
foi uma sessão cheia de beijos e poses para todos os lados.
De repente, vejo o Ravi pegar o celular de fininho por baixo da beca e nos chamar para tirar uma
foto especial. — Quero algo inesquecível.
Então, sem cerimônia, seguro delicadamente o queixo do Ravi do lado direito, enquanto o
Miguel faz o mesmo do lado esquerdo. Nós dois encostamos nossos lábios próximos aos dele,
com sorrisos leves, e ouvimos o clique do celular.
Quando olhamos a foto, uau, ficou incrível, uma verdadeira obra de arte.
— Essa foto, tirada aqui, no local onde tudo começou, será guardada com carinho, assim como
as outras que tiramos por toda a escola, cada canto onde nós estávamos. — Diz o Ravi, sorrindo.
Ele está certo. Este lugar foi palco de tantos momentos, a três ou a dois, não importa onde
estávamos, sempre aproveitamos intensamente cada momento juntos, sem tempo para brigas,
apenas para estar juntos e estudar.
No quesito desempenho escolar, o Miguel se destacou em primeiro lugar todos os bimestres, eu
segui em segundo, o Ravi em terceiro, o Ítalo em quarto e o Jaques em quinto. Além disso,
colaboramos para auxiliar o Gui nas matérias, já que ele enfrenta algumas dificuldades devido à
dislexia. Ele é muito esperto e aprende rapidamente quando ensinado com paciência. Formamos
um bom grupo de estudos, fortalecendo a amizade entre nós três e o Gui, tornando-a ainda mais
sólida com o objetivo de ajudar nosso amigo.
O Miguel seguirá para os Estados Unidos com o Gui e o Ítalo para planejar uma futura empresa
jornalística. Torço muito para que dê certo. Além disso, o Miguel terá muitos compromissos,
pois, além da empresa que planeja abrir, ele também cuidará dos negócios que herdará do pai,
das atividades na universidade e dos inúmeros cursos que pretende fazer. Ele está carregando
muitas responsabilidades para alguém que acabou de completar dezoito anos.
Enquanto isso, o Ravi ainda está lidando com suas questões envolvendo a máfia, e ele se dirige
para Melbourne. Parece que o Dani está na mesma cidade, e o Ravi prometeu que assim que
estiver mais tranquilo por lá, irá atrás do nosso amigo. Miguel e eu vamos assim que estivermos
estabelecidos e com tempo.
Além disso, o Ravi se comprometeu a mexer com a vida da família da Carol e de qualquer um
envolvido na partida repentina do Dani para a Austrália. A família dele é da mesma classe social
que a minha, não quero julgar, mas é improvável que tivessem condições financeiras para uma
mudança repentina para outro continente sem ajuda financeira externa. Essa teoria foi levantada
pelo Ravi e, depois, eu e o Miguel ampliamos essa reflexão, chamando o Bryan para uma
conversa séria.
O Bryan disse que o Dani só compartilhou sobre a necessidade de manter silêncio para não
prejudicar os benefícios do tratamento da mãe e dele mesmo. Além disso, ele mostrou exames
comprovando que está enfrentando Leucemia Linfoblástica, uma doença séria.
Assim que houver oportunidade, planejamos refazer esses exames do Dani para confirmar se ele
realmente está com essa condição de saúde.
Mas falando disso, o foco é que a família Dias seja afastada. O Ravi ficará de olho na Carol e na
família, garantindo que fiquem longe do Dani e longe de mim. Se descobrir mais alguma coisa
comprometedora, não vou me responsabilizar pelos meus atos.
Com o fim da formatura, decidimos curtir um pouco só nós três em outro lugar. Agora que
somos maiores de idade, o Miguel vai nos levar de carro.
Nós nos despedimos dos amigos, dando uma última olhada na escola que foi palco de momentos
incríveis e cruciais para nós, um lugar que nos uniu. Tiramos várias fotos nos pontos onde nos
encontramos pela primeira vez. Quem poderia imaginar que a simples decisão de sentar ali para
tirar um cochilo me colocaria cara a cara com esses dois? Obrigado destino, ou sono, ou qualquer
que tenha sido o motivo por me fazer sentar no lugar favorito do Miguel e por fazer o Ravi ir
atrás dele para incomodar, resultando no nosso primeiro olhar.
— Anda, Eros, VAMOS! — Ravi me chama, e eu corro para o carro.
Sento no banco da frente, Ravi no banco de trás, e o Miguel assume a direção.
— Para onde estamos indo? — Pergunto.
— Vamos curtir um pouco em um dos hotéis da minha família. — Miguel responde sorrindo.
— Sensacional! — Ravi exclama animado.
Estou animado também. Não é todo dia que se pode entrar num hotel cinco estrelas, e menos
ainda ter um namorado que é futuro CEO e dono de tudo isso.
Lembro das férias no meio do ano quando os dois me levaram para o Porto das Dunas. Foi
INCRÍVEL! Nunca estive no Nordeste e fiquei maravilhado com aquele lugar. O Ravi bancou
minhas passagens de ida e volta, além de outras coisas, e o Miguel cuidou da hospedagem no
resort da família dele. Fiquei sem jeito por terem me mimado tanto, especialmente no meu
aniversário, nunca ganhei tantos presentes caros de lojas de roupas e joias da família do Ravi,
além de outras coisas que o Miguel escolheu para me ajudar na minha ida para a Inglaterra. Sou
mimado demais por esses dois, não posso reclamar.
Enfim... adeus escola Internato Dom Pedro. Espero que um dia nossos filhos estudem aqui, e que
este lugar continue unindo muitos outros casais e trisais.

Miguel

Após a formatura, os dias se passaram e finalmente estamos aqui, no dia 25, em um dos hotéis da
minha família.
Ontem, passamos o dia 24 com nossas famílias, mas assim que passou da meia-noite, Ravi
passou na casa do Eros de moto, e eu vim de carro.
Não sei quando vamos voltar para o Brasil, cada um individualmente sim, mas juntos para um
compromisso definitivo entre nós três. Algo para nos unir de forma permanente. Não sei como
será, mas vou fazer a minha parte e torcer para que eles façam a deles.
Eles entram no quarto e eu os encaro. Eros vem rápido na minha direção e se joga em mim. Eu o
ergo como fizemos no quarto da escola. Ele prende as pernas na minha cintura e seguro firme
pelas pernas, enquanto seus braços também cruzam meu pescoço. Começamos a nos beijar. Ah,
como amo esses momentos e a forma única como beijo o Eros. Vou sentir falta disso, mas na
primeira oportunidade, vou até ele para reacender essa chama.
Solto-o e Ravi me puxa para um beijo. Nós nos entregamos ao beijo quando... — Vamos tirar
logo essas roupas. — Diz Eros, olhando para nós.
E o cara já está quase sem nada, e rapidamente fazemos a mesma coisa, jogamos na cama sem
nenhum pudor, cheios de desejo um pelo outro. Nossa, quem diria que um dia eu teria dois
namorados e iria para a cama com os dois, e que perderíamos toda a vergonha de nos vermos
sem roupa alguma.
Sabe, adoro esses momentos, gosto de vê-los sem nada diante de mim, admirar seus corpos, os
músculos definidos, as tatuagens do Ravi e a tattoo que o Eros fez no peito, um sol.
Assim que der, eu farei uma lua, e o Ravi falou que vai tentar criar uma tatuagem maneira de um
cometa com um amigo dele lá na Austrália. Cara, eles são tão sexys, não consigo parar de salivar
de tanto desejo ao olhar para eles, tenho dois gatos na minha cama.
Isso me faz imaginar como estaremos daqui a uns anos, como nossos corpos vão mudar, o quanto
ainda iremos crescer e ficar mais másculos. O tempo afastado um do outro só vai aumentar meu
tesão por eles e me deixar curioso só de imaginar eles mais velhos. Mal posso esperar pelos dias,
meses e anos que virão rapidamente.
Enfim, vamos aproveitar essa noite, beber bastante e nos divertir muito. Daqui em diante, nosso
futuro juntos depende de nós três.

Ravi

Mordo os lábios só de ver esses dois na minha frente, e estarem sem nada só me deixam ainda
mais louco. Adoro quando eles se deitam ao meu lado, deslizando suas mãos pelo meu corpo,
circulando as minhas tatuagens com as pontas dos dedos, exatamente como estão fazendo agora,
e falando palavras eróticas. Ah, enlouqueço com esses dois.
Sinto a mão do Eros descer até o meu pau e me estimular, enquanto a mão do Miguel massageia
minhas bolas, os lábios dele beijam meu pescoço e as mordidinhas leves do Eros na minha
orelha. — Aah… — suspiro de desejo. Esses dois ficaram ainda mais ousados na cama, adoram
me provocar. Gosto quando fazem questão de me colocar no meio, proporcionando essa
sensação maravilhosa de ter cada um de um lado me levando às alturas.
Isso me faz imaginar como estaremos daqui a alguns anos, mais velhos, adultos. Fico ainda mais
animado por esse futuro, mal posso esperar para tê-los ainda mais tesudos na minha cama.
Enfim...
Capítulo 84
Ravi

Os dias passaram, o Eros foi aceito em Oxford, o Miguel para Harvard e estou a caminho de
Melbourne. Agora estamos todos juntos aqui, no aeroporto de São Paulo, prestes a seguir
caminhos diferentes.
Nossas famílias também estão presentes. Nos abraçamos, nos despedimos deles e, antes do
check-in, seguro as mãos dos meus namorados, onde estão nossas alianças. Faço um carinho na
região e olho para eles. — Por favor, não tirem isso. Pretendo substituí-las no futuro.
Eles me puxam pela nuca e nos beijamos, entregando-nos ao beijo triplo, algo que agora será
limitado quando eles forem para a Austrália ou quando eu e o Miguel formos a Oxfordshire.
Paramos o beijo e o Eros sussurra. — Eu amo vocês, caras! Agradeço pelo apoio até agora e pelo
apoio que terei daqui em diante. Tenham paciência, preciso de alguns anos para me estabelecer
na medicina, mas voltarei. Não pensem que vão se livrar de mim.
— E quem disse que queremos isso? — Miguel pergunta.
— Vocês que não ousem me deixar. — Reforço. — Agora são companheiros de um mafioso,
meus. E na máfia, ninguém sai assim tão fácil.
Eros passa os braços ao redor do meu pescoço, morde os lábios de forma sensual e me encara. —
E quem disse que vou deixar um cara poderoso como você escapar dos meus dedos? Você é
nosso e não ouse nos substituir.
Cara, o Eros sabe como me excitar com suas palavras, ele domina o tom da voz de um jeito que
me deixa incrivelmente animado, o jogo sedutor dele é único.
O jeito do Miguel também, olho para ele, e Miguel se aproxima, envolvendo-me num abraço por
trás. — Ele não é louco de nos trocar, não vai achar outros como nós por aí. Vamos ficar ainda
melhores e mais atraentes com o tempo. Ninguém quer se desfazer de nenhum de nós, certo? —
Sinto-o beijar atrás da minha orelha e depois no meu rosto.
Dou um sorriso. — Então estamos juntos nisso, não vão se livrar de mim! — Beijo-os e nos
despedimos.
Horas se passaram e cada um chegou ao seu destino com segurança. Estou em Melbourne e já
sinto a pressão da minha família. Não vou ter muito tempo para respirar, mas estou animado para
essa nova fase. Quero alcançar muito poder, fazer meu nome e provar que ninguém mexe
comigo. Ainda mais agora que tenho dois CARAS para impressionar. Vou deixá-los
completamente loucos por namorarem um mafioso.
É incrível como vou ficar todo orgulhoso em dizer que tenho um CEO e um médico cirurgião
SUPERGOSTOSOS como companheiros. Só de ouvir o Eros chamar o Miguel de "meu CEO" e
"meu Mafioso" para nós, meu pau fica duro. Esse jeito direto dele, gosto disso.
...
Um mês se passa e, por meio da nossa vasta conexão na máfia, encontro o Dani. Estou aqui, na
frente da suposta casa dele.
É um lugar meio deserto, com poucas casas, e me pergunto se ele está bem. Dou a volta ao redor
da casa e o vejo sentado no jardim, com a cabeça baixa. Ele parece abatido, emagreceu, nem
parece aquele cara, atlético, que adorava futebol. Meu Deus, como a vida pode ser cruel com
algumas pessoas?
Me aproximo dele sem que ele me perceba. — Dani? — Ele me olha.
Posso ver o quão triste ele está, mas fica surpreso ao me ver. — Ravi? O que você faz aqui?
Como você...?
Interrompo-o. — O Bryan me enviou. Na verdade, não só ele, o seu amigo Eros me fez prometer
encontrar você, e o Miguel está tão preocupado quanto nós.
Dani se levanta, e percebo até mesmo suas roupas desleixadas. Ele parece fraco. Se fosse um dos
meus namorados, eu estaria em prantos agora, mas me contenho.
— Você veio sozinho? — Ele pergunta.
— Sim, e você está sozinho aí? — Questiono.
Ele confirma, e nos sentamos para conversar. Dani explica toda a situação, e eu lhe digo que até
o final do ano, meus namorados e Bryan virão vê-lo. Então, ele me revela algo e finalmente
entendo por que ele se manteve em silêncio. Carol está realmente envolvida; os pais do
Guilherme e eles fizeram com que ele assinasse um contrato de sigilo para não divulgar
informações sobre seu estado de saúde ou o tratamento da mãe, pois isso afetaria o dinheiro
deles.
Ah, então é isso? Penso, lançando um sorriso. Eros me fez prometer fazer a Carol pagar, e ela
vai. Ela perderá seu estilo de vida luxuoso, mas não será tudo de uma vez. Será aos poucos, e
isso a deixará desesperada, buscando alguém para se casar. Mas não conseguirá, porque vou
arruinar a reputação dela. Vou dificultar tanto a vida dela que nem saberá quem ou por quê. Serei
o carrasco que gradualmente acabará com a vida dela e, no momento certo, deixarei Gui dar o
xeque-mate.

Daniel

Sou pego de surpresa ao ver meu amigo Ravi aqui em Melbourne, na minha casa. Não esperava
por isso. Conheço as origens da família dele, mas encontrá-lo assim é coisa de mafioso. Estou
feliz por ver um rosto amigo, vou até ele e o abraço. É tão bom rever um amigo, especialmente
alguém com quem criei laços fortes no Internato Dom Pedro. Com ele na minha frente, já sei que
seremos eternos amigos.
Ele me faz algumas perguntas e eu decido revelar a verdade, mesmo que ele insista em ajudar e
proteger contra qualquer coisa da Carol. Vejo sua expressão mudar ao acender um cigarro e me
olhar.
— Escuta, Dani, fica mais um pouco aqui. Vou mandar alguém se infiltrar no hospital onde você
e sua mãe fazem tratamento. Vai levar uns meses, mas logo saberei como está sua saúde. Quero
que saia dessa casa, venha morar comigo, estudar na mesma universidade. Sua vaga está
garantida e terá ótimas conexões para subir na carreira. Você será um excelente âncora de jornal.
Faça seu nome e use o meu apoio, amigo. Terá todo suporte dos Ferrari, não importa onde esteja.
Faço isso pela nossa amizade, pelo meu namorado Eros e pelo Bryan, que logo virá para te
ajudar também, certo?
Ravi fala tudo isso como se estivesse convencido de que vou me recuperar. Não consigo deixar
de sentir esperança nisso. Se essa for minha esperança, vou me agarrar a ela e construir minha
vida aqui. Longe do caos que vivi no Brasil. Um dia, quando tudo isso acabar, eu volto.
— Obrigado, Ravi. Realmente preciso de alguém como você, de um amigo.
Ele sorri para mim, apaga o cigarro e me olha sério.
— Não conte nada a ninguém além dos que já sabem. Deixe o Gui fora disso, ele precisa se
concentrar nos estudos. Eu sei que se amam, mas é melhor que você melhore fisicamente e
mentalmente primeiro. Posso sentir daqui que não está bem, amigo.
Ele não erra em nada. Mesmo que doa, decido seguir a vida na Austrália, ser independente e
construir minha carreira como jornalista. Quero ser um excelente âncora de jornal aqui, e talvez
um dia no Brasil.
...
Os meses passam, recebo a visita do Eros, do Miguel e, com eles, o Bryan. Junto a eles, a notícia
de que não tenho nada, era tudo uma mentira. Minha doença, minha vida, meus pais mentiram
para extorquir dinheiro da Carol. E ela nunca esteve doente. A notícia mais chocante foi
descobrir que ela nunca foi minha mãe, que meu pai é infiel e que sou filho de sei lá quem. Meu
pai teve que me trazer para casa e cuidar de mim como se fosse seu filho de ambos. Agora
entendo por que eles nunca gostaram de mim. Apenas meus dois irmãos mais velhos me amam, e
isso já basta.
Com essas notícias, decido ir embora de casa. Ravi e meus amigos providenciaram tudo que
precisarei aqui na Austrália, e é aqui que decido viver.
Até um dia, Gui, Brasil. Tenho certeza de que, em algum momento, meu coração me fará voltar,
mas por enquanto, minha mente precisa se recuperar do trauma de quase dois anos com uma
falsa doença, com mentiras de todos os lados e a crença de que poderia morrer a qualquer
momento.
Deus é pai, ouviu minhas preces, e agora vou aproveitar ao máximo minha vida, como se não
houvesse amanhã.
Continua no e-book 2... (Adultos)

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