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Histórico
Jean Riolan, em 1649, sugeriu a trepanação do esterno para pericardiotomia no tratamento
da pericardite.
William Harvey, em 1649, relatou um caso de hemopericárdio.
Richard Lower, em 1669, descreveu com acurácia os conceitos de tamponamento cardíaco.
John Mayow, em 1674, teorizou as conseqüências fisiológicas da pericardite constritiva,
200 anos antes da descrição que ficou conhecida como Síndrome de Pick.
Morgagni, em 1756, relatou 45 casos de pericardite e suas associações com pleurite,
tornando avançados os estudos das doenças do pericárdio.
Omero Baizeau, em 1819, realizou a primeira pericardiotomia com sucesso.
Franz Schuh, em 1840, aventurou-se na primeira pericardiocentese “às cegas”.
Kussmaul, em 1873, identificou o pulso paradoxal como sinal de pericardite constritiva,
assim como o aumento da pressão venosa durante a inspiração.
Rehn, em 1913, simultaneamente a Sawerbruch em 1925, publicou a ressecção do
pericárdio para pericardite constritiva.
Schmieden e Ficsher, em 1926, apresentaram 7 casos feitos na Alemanha.
Deeik, Ramzi K., em 2005, publicou a realização de janela pericárdica através da robótica.
Pericardites
As pericardites se referem às doenças inflamatórias e infecciosas que acometem o
pericárdio. Estas doenças podem ser primárias deste órgão, apresentarem-se como
manifestações secundárias de doenças sistêmicas, ou ainda, atingirem o pericárdio por
contigüidade sendo provenientes dos pulmões, do mediastino ou mesmo do miocárdio.
Podem ser de instalação aguda ou crônica. A natureza morfo-patológica da afecção pode
ser caracterizada como: seca, transudativa, exsudativa, serosa, hemorrágica, fibrinosa,
purulenta ou constritiva. Algumas vezes, esta natureza parece acompanhar especificamente
determinadas doenças.
Pericardite Urêmica
A pericardite urêmica ocorre em até 50% dos casos de doença renal não tratada e
acompanha 20% dos pacientes submetidos à hemodiálise. Habitualmente, são
encaminhados ao cirurgião aqueles com sintomas de derrame pericárdico, embora possam
também requerer tratamento cirúrgico por quadro restritivo – pericardite constritiva.
Pericardite tuberculosa
A pericardite tuberculosa ocorre em 1 a 2 % dos casos de tuberculose. Na maioria
destes casos, o pericárdio é acometido por via hematogênica, embora possa ocorrer por via
linfática retrógrada ou, ainda, por contigüidade com os pulmões, pleura ou linfonodos
mediastinais. Foram descritas quatro fases evolutivas da pericardite tuberculosa, sendo elas:
fibrinosa, exsudativa, fibrosa não constritiva e fibrosa constritiva. O tratamento requer, em
todos os casos, a aplicação intensiva do esquema de antibioticoterapia múltipla com agentes
antituberculosos. Mesmo assim, o diagnóstico e a descompressão cardíaca podem requerer
a pericardiocentese, que deve ser realizada o mais precocemente possível. Uma vez
identificada a pericardite constritiva, fica imposta a realização da pericardiectomia por
esternotomia total ou toracotomia anterior esquerda para que se tenha amplo acesso ao
pericárdio.
Pericardite purulenta.
A infecção bacteriana do pericárdio é mais frequentemente causada por estafilococo
ou germes GRAM negativos nos adultos e pelo H. influenza ou estafilococo nas crianças.
Geralmente, ocorrem por contaminação direta de outros órgãos, embora possam advir com
menor freqüência de infecção sistêmica. O tratamento inicial consiste em aspiração do
derrame pericárdico e antibioticoterapia sistêmica. Entretanto, alguns autores advogam a
realização precoce da janela e drenagem pericárdica subxifoídea. Nos casos de insucesso
terapêutico inicial, ela passa a ser mandatória e, nos casos de tamponamento ou febre
persistente, insere-se a pericardiectomia como tratamento necessário.
Casos específicos de pericardite infecciosa, como abscessos amebianos, equinococos,
dentre outros, podem acometer inteiramente o pericárdio exigindo sua ressecção o mais
completa possível como forma de tratamento mais definitivo.
Pericardite neoplásica.
O coração está envolvido em 10% das neoplasias como um todo e, nestes casos, o
derrame pericárdico aparece em 85% dos pacientes. A maioria é proveniente de carcinomas
de pulmão e mama, além dos linfomas e leucemias. A disseminação hematogênica ocorre
geralmente por melanomas, linfomas e leucemias. As neoplasias primárias do coração e do
pericárdio foram raramente descritas.
A pericardite neoplásica é talvez a melhor indicação de janela pericárdica. A biópsia torna-
se geralmente necessária para confirmação diagnóstica, sem contar a questão médico-legal.
Além disto, os pacientes costumam ter prognóstico reservado inibindo a indicação de
procedimentos cirúrgicos mais agressivos. Assim, a janela pericárdica por acesso
subxifoídeo é geralmente o procedimento de escolha para estes enfermos. A toracoscopia é
um excelente método, principalmente na concomitância de derrame pleural, desde que
realizada por cirurgiões experientes.
Síndrome pós-pericardiotomia.
Os sinais e sintomas de derrame pericárdico, bem como de pericardite constritiva,
podem ser encontrados em 10 a 40% dos doentes submetidos a cirurgia cardíaca eletiva
após 2 a 4 semanas de pós-operatório. A intervenção cirúrgica sobre o pericárdio, como
tratamento destes casos, pode se fazer necessária, mas é considerada medida de exceção,
pois respondem bem ao tratamento medicamentoso.
Pericardite constritiva.
A pericardite constritiva pode representar o estado final de quaisquer dos casos de
pericardite já descritos. Normalmente requer a pericardiectomia, por esternotomia ou
toracotomia anterior esquerda, para ressecção segura e ampla do pericárdio. A janela
pericárdica não está indicada nestes casos.
Toracoscopia
A janela pericárdica, bem como a pericardiectomia, pode ser realizada por
toracoscopia, desde que por cirurgiões experimentados com a videotoracoscopia. Doutrarte,
o procedimento pode se transformar em um consumo perigoso de tempo, ou terminar de
forma insatisfatória. Esta técnica pode ser particularmente útil, quando o derrame
pericárdico está associado a derrame pleural – o que ocorre em até 50% dos casos de
pericardite neoplásica. Nestes casos, consegue-se o tratamento concomitante das duas
afecções. Algumas vezes, o derrame pericárdico loculado não oferece acesso por
toracoscopia, obrigando a realização da técnica subxifoídea.
Técnica operatória: O paciente é colocado em decúbito lateral, sob anestesia geral; o
posicionamento do primeiro trocarte deve ser alto, levando-se em consideração que o
pericárdio deve estar distendido; os outros trocartes formam a triangulação; os passos
seguintes seguem a técnica operatória habitual, devendo-se realizar a janela o mais ampla
possível – de frênico a frênico anteriormente; a drenagem do pericárdio, além da drenagem
pleural, mostra-se desnecessária, pois o dreno é geralmente retirado em 1 ou 2 dias e com
débito baixo, sendo que o seu emprego é discutível.
Menos freqüentemente, a mesma técnica pode ser feita através da toracotomia anterior, mas
a visualização da cavidade pleural e do próprio pericárdio é pior do que através da
videotoracoscopia.
Laparoscopia
Temos conhecimento da descrição do acesso laparoscópico trans-abdominal,
entretanto trata-se de técnica ainda por ser padronizada e testada em larga escala.
Tabelas