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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Filariose Linfatica

Mira Luís Basílio, 708194635

Curso: Ensino de Biologia


Disciplina: Parasitologia/
Fitopatologia
Ano de Frequência:4º Ano

Docente: Carlos Pedro

Quelimane, Julho, 2022


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 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
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organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao 2.0
objecto do trabalho
 Articulação e
domínio do
discurso académico
(expressão escrita 2.0
Conteúdo cuidada,
coerência / coesão
textual)
Análise e
 Revisão
discussão
bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos
Conclusão 2.0
teóricos práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA  Rigor e coerência
Referências
6ª edição em das
Bibliográfica 4.0
citações e citações/referências
s
bibliografia bibliográficas

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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice

Introdução...................................................................................................................................1

Objectivo Geral.......................................................................................................................1

Objectivos específicos............................................................................................................1

Metodologia............................................................................................................................1

Filariose linfática........................................................................................................................3

Agente etiológico....................................................................................................................3

Morfologia..............................................................................................................................4

Habitat.....................................................................................................................................5

Transmissão............................................................................................................................6

Ciclo Biológico.......................................................................................................................6

Patogenia.................................................................................................................................7

Diagnóstico.............................................................................................................................8

Tratamento............................................................................................................................11

Profilaxia...............................................................................................................................15

Conclusão..................................................................................................................................17

Bibliografia...............................................................................................................................18

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Introdução

O presente trabalho em alusão embarca com o tema filariose linfática.

A filariose linfática, doença parasitária crónica, é causada pelo verme nematóide Wuchereria
bancrofti, sendo também conhecida como bancroftose. Sua transmissão se dá pela picada da
fêmea do mosquito Culex quinquefasciatus infectado com larvas do parasito. Os vermes
adultos causam lesões nos vasos linfáticos onde se desenvolvem e as lesões provocadas pela
presença dos parasitos serão responsáveis pelo quadro clínico que se apresentará.

A Filariose Linfática é uma das maiores causas de incapacidades físicas permanentes ou de


longo prazo, sendo cerca de 112 milhões o número de pessoas infectadas por W. bancrofti em
todo o mundo.

Nas últimas décadas houve considerável avanço nas estratégias de combate a essa endemia.
Por isso, em 1997, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs sua eliminação global
como problema de saúde pública até o ano 2020.

Contudo o trabalho tem como objectivos, que na perspectiva de Viera (2000), «Objectivos são
os resultados que precisam ser alcançados para a construção de toda demonstração que podem
ser expressões em dois grupos»:

Objectivo Geral
 Descrever a filariose Linfatica

Objectivos específicos
 Identificar o agente etiológico, habitat
 Descrever a morfologia, ciclo biológico, transmissão, patogenia, profilaxia,
Diagnostico e tratamento

Metodologia

Define-se metodologia como o tipo de processo seguido para a elaboração e um maior


aprofundamento sobre um assunto específico, procurando sempre solucionar o problema
1
mencionado no assunto de forma clara e objectiva, como também, alcançar os objectivos
estipulados.

A pesquisa bibliográfica tem como objectivo conhecer e analisar as principais contribuições


teóricas existentes a partir de um determinado tema ou problema, procurando expor a
realidade estudada, suas características e princípios vinculados. (GIL, 1991, p.63)

A metodologia empregada na elaboração do trabalho teve como base as pesquisas


bibliográficas realizadas em livros, revistas e artigos científicos, que tem conteúdo
relacionados com o tema em análise.

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Filariose linfática

Filariose linfática é infecção por qualquer uma das 3 espécies de Filarioidea. Os sintomas
agudos incluem febre, linfadenite, linfangite, epididimite e funiculite (inflamação do cordão
espermático). Sintomas crônicos incluem abscessos, hiperqueratose, poliartrite, hidrocele,
linfedema e elefantíase. Eosinofilia pulmonar tropical com broncospasmo, febre e infiltrado
pulmonar é outra manifestação da infecção. O diagnóstico é feito pela detecção de
microfilárias no sangue, visualização por ultrassom de vermes adultos nos vasos linfáticos ou
sorologia. O tratamento é realizado com dietilcarbamazina; antibióticos são usados em
complicações como celulite bacteriana.

A filiariase bancroftiana está presente em áreas tropicais e subtropicais da África, da Ásia, no


Pacífico e nas Américas, inclusive no Haiti. A filariose causada por Brugia é endémica no Sul
e no Sudeste Asiático.

Programas de tratamento em massa reduziram a prevalência em muitas regiões, mas em todo


o mundo estima-se que 120 milhões de pessoas têm filariose linfática.

Filariose linfática (Filariose brancoftiana, bancroftose ou elefantíase)

Filariose linfática é causada por Wuchereria bancrofti (cerca de 90% dos casos), Brugia
malayi ou B. timori. A transmissão ocorre por mosquitos. Larvas infectantes do mosquito
migram para as vias linfáticas, nas quais se desenvolvem até vermes adultos no período de 6 a
12 meses. As fêmeas medem de 80 a 100 mm e os machos, cerca de 40 mm. Fêmeas adultas
grávidas produzem microfilárias, que circulam no sangue.

Agente etiológico
Familia: Onchocercidae: (femeas duas a 4 vezes maiores que os machos e apresentado vulva

Especie: Wuchereria Bancrofti

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Morfologia

As formas evolutivas que parasitam os hospedeiros humanos são os vermes adultos e os


embriões denominados microfilárias. O estágio larvário se desenvolve no mosquito vector.

Verme Adulto Macho

Corpo delgado e branco-leitoso. Mede de 3,5 cm a 4 cm de comprimento e 0,1 mm de


diâmetro. Extremidade anterior afilada e posterior enrolada ventralmente.

Verme Adulto Fêmea

Corpo delgado e branco-leitoso. Mede de 7 a 10 cm de comprimento e 0,3 mm de diâmetro.


Possui órgãos genitais duplos, com excepção da vagina, que é única e se exterioriza em uma
vulva localizada próximo à extremidade anterior.

Microfilária

Esta forma também pode ser chamada de embrião. A fêmea grávida faz a postura de
microfilárias, que possuem uma membrana de revestimento delicada e que funciona como
uma “bainha flexível”. A microfilária mede de 250 µm a 300 µm de comprimento e se
movimenta activamente na corrente sanguínea do hospedeiro. A bainha cuticular lisa é
apoiada sobre numerosas células subcuticulares (que irão formar a hipoderme e a musculatura
do helminto adulto) e células somáticas (que irão formar o tubo digestivo e os órgãos). A
observação da bainha de revestimento é importante, pois alguns filarídeos encontrados no
sangue não possuem tal estrutura, sendo este um dos critérios morfológicos para o diagnóstico
diferencial.

Larvas

São encontradas no insecto vector. A larva de primeiro estádio (L1) mede em torno de 300
µm de comprimento e é originária da transformação da microfilária. Essa larva se diferencia
em larva de segundo estádio (L2), duas a três vezes maior, e sofre nova muda originando a larva
infectante (L3), que tem entre 1,5 mm e 2 mm de comprimento

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Habitat

Vermes adultos machos e fêmeas permanecem juntos nos vasos e gânglios linfáticos
humanos, vivendo, em média, 8 a 10 anos. As regiões do corpo humano que normalmente
abrigam as formas adultas são: pélvica (atingindo pernas e escroto), braços e mamas (mais
raramente). São frequentemente localizados nos vasos linfáticos do cordão espermático. As
microfilárias eliminadas pelas fêmeas saem dos ductos linfáticos e ganham a circulação
sanguínea do hospedeiro.

Periodicidade

Uma característica deste parasito, verificada na maioria das regiões onde é encontrado, é a
periodicidade nocturna de suas microfilárias no sangue periférico do hospedeiro humano:
durante o dia, essas formas se localizam nos capilares profundos, principalmente nos pulmões
e, durante a noite, aparecem no sangue periférico, com pico da microfilaremia em torno da
meia-noite, decrescendo novamente até o final da madrugada. A partir do final da madrugada
as microfilárias, são encontradas em número muito pequeno ou não é detectado durante o dia
no sangue periférico.

Essa variação na concentração das microfilárias sanguíneas ao longo de 24 horas obedece a


distribuição normal (curva de Gauss) e independe do género ou da carga parasitária do
hospedeiro. Os mecanismos e estímulos responsáveis por essa periodicidade não são claros,
embora existam investigações que procuram relacionar a periodicidade nocturna com factores
físicos e químicos alterados durante o sono. O pico da microfilaremia periférico coincide, na
maioria das regiões endémicas, com o horário preferencial de hematofagismo do principal
insecto transmissor, o Culex quinquefasciatus.

No Pacífico Sul e sudeste da Ásia, onde o principal transmissor é um mosquito que exerce a
hematofagia durante o dia, as microfilárias podem ser detectadas no sangue periférico
humano a qualquer hora, com maior concentração no final da tarde (em torno das 16 horas),
sendo consideradas aperiódicas ou subperiódicas diurna (também existe a forma periódica
nocturna nestas regiões). Apesar dessa coincidência (horário da hematofagia do vector e
maior microfilaremia periférica), nenhuma das diversas hipóteses levantadas conseguiu
explicar essa periodicidade, a não ser a necessidade biológica do encontro da microfilária com
o mosquito vector.

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Transmissão
Unicamente pela picada do insecto vector infectado (fêmea de C. quinquefasciatus nas
Américas) e deposição das larvas infectantes na pele lesada do hospedeiro.

Aparentemente, o estímulo que provoca a saída das larvas da probóscida do mosquito é o


calor emanado do corpo humano. A pele, estando húmida (suor e alta humidade do ar),
permite a progressão e penetração das larvas. Como a vida média de um mosquito do género
Culex é de pouco mais de 1 mês e o ciclo biológico do parasito no insecto (de microfilária
ingerida até larva L3) ocorre entre 15 e 20 dias, é curto o período de tempo no qual o vector é
capaz de transmitir o parasito ao ser humano.

Ciclo Biológico
É do tipo heteroxénico. A fêmea do Culex quinquefasciatus, ao sugar o sangue de pessoas
parasitadas, ingere microfilárias que, no estômago do mosquito, após poucas horas, perdem a
bainha, atravessam a parede do estômago do inseto, caem na cavidade geral, alojam-se nos
músculos torácicos e transformam-se em uma larva (larva salsichoide) denominada L1 ou
larva de primeiro estádio.

Seis a 10 dias após o repasto infectante ocorre a primeira muda originando a L2 ou larva de
segundo estádio. Esta cresce muito e, 10-15 dias depois, sofre a segunda muda
transformando-se em larva infectante (L3) ou larva de terceiro estádio, medindo
aproximadamente 1,5 mm a 2 mm, que migra pelo insecto até alcançar a probóscida (aparelho
picador), concentrando-se no lábio do mosquito. O ciclo no hospedeiro invertebrado é de 15 a
20 dias em temperatura de 20-25 oC, mas, em temperaturas mais elevadas, pode ocorrer em
menor período. Quando o insecto vector faz novo repasto sanguíneo, as larvas L3 escapam do
lábio, penetram pela solução de continuidade da pele do hospedeiro (não são inoculadas pelos
mosquitos) e migram para os vasos linfáticos. Meses depois as larvas amadurecem e se
transformam em vermes adultos com sexos distintos. As fêmeas grávidas após fecundadas
produzem microfilárias que migram para o sangue do hospedeiro vertebrado. O período pré-
patente, que vai desde a infecção humana (penetração de larva infectante) até o encontro de
microfilárias no sangue do hospedeiro, é longo e varia em torno de 7 a 9 meses.

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Patogenia
A resposta imune do hospedeiro e a reacção inflamatória provocada pela presença do parasito
aparentemente são factores determinantes na patogenia da filariose linfática. Pouco se
conhece sobre os factores determinantes do curso natural da infecção por W. bancrofti, mas
sabe-se que a evolução da doença é lenta e que os sinais, quando presentes, são decorrentes
principalmente da dilatação dos vasos linfáticos.

A maior parte dos infectados apresenta doença subclínica com danos nos vasos linfáticos
(ectasia – dilatação e proliferação do endotélio), sem reacção inflamatória, ou dano no sistema
renal (hematúria microscópica).

Alguns pacientes permanecem assintomáticos por anos, mesmo após a morte dos vermes
adultos. Em outros, com a morte dos parasitos, tem início a fase inflamatória do processo.
Como consequência há o desencadeamento de episódios de linfangite aguda e linfadenite,
acompanhado de sintomas como febre, dor de cabeça, mal-estar e dor local e vermelhidão na
região atingida.

Quando há ruptura dos vasos linfáticos dilatados, ocorre derramamento de linfa que se
acumula na parte afectada do organismo. A disfunção linfática pode provocar o
extravasamento de líquido com acúmulo de fluido, entre o testículo e a membrana que o
envolve, denominada túnica vaginal, causando a hidrocele quando o líquido é amarelo claro, e
quilocele quando tem aspecto leitoso pela presença de quilomícrons. Alguns pacientes
também podem apresentar comprometimento renal com derramamento de linfa no trato
urinário que induz a quilúria. Outra complicação é o linfedema, que ocorre pelo
extravasamento da linfa de vasos linfáticos que drenam a pele. A recorrência de infecções
bacterianas ou fúngicas secundárias na pele é um importante factor que contribui para a
cronificação do processo, predispondo ao linfedema crónico que pode evoluir para elefantíase
em cerca de 10 a 15 anos.

A elefantíase geralmente acomete os membros inferiores e a região escrotal, e está associada a


episódios inflamatórios recorrentes com hipertrofia do tecido conjuntivo e fibrose crónica do
órgão atingido. A depender do género do infectado, a elefantíase compromete diferentes
partes do corpo. Nas mulheres, ocorre mais frequentemente nos membros inferiores,
provocando deformações em uma ou ambas as pernas, raramente afetando as mamas e a
região genital. Nos homens, pela localização preferencial dos parasitos nos linfáticos que
drenam a região genital, a hidrocele testicular é mais prevalente, e se tornando crónica
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progride para elefantíase da região escrotal, podendo também acometer o pénis. Inicialmente,
há hipertrofia da derme, porém a epiderme é normal. Com a progressão da doença, há
esclerose da derme e hipertrofia da epiderme, dando a aparência típica da elefantíase:
aumento exagerado do volume do órgão com queratinização e rugosidade da pele.

O linfoescroto é uma forma rara e ocorre quando os vasos linfáticos superficiais da pele da
bolsa escrotal se rompem, com exsudação de linfa, deixando a região genital do paciente
constantemente húmida. É um quadro que provoca grande desconforto e constrangimento,
além de tornar o ambiente propício a infecções bacterianas de repetição.

A partir daí, pode haver progressão para um quadro de elefantíase escrotal.

Em pacientes com o quadro conhecido como eosinofilia pulmonar tropical (EPT) ocorre
aumento de IgE total e marcante elevação do número de células inflamatórias em infiltrados
pulmonares, principalmente hipereosinofilia (podem-se encontrar até 60% de eosinófilos),
com características morfológicas de células activadas. Histologicamente há uma pronunciada
infiltração pulmonar de histiócitos nos espaços alveolares e interstícios, acompanhada de
broncopneumonia e abscessos eosinofílicos com microfilárias. Posteriormente, na fase
crónica, há o aparecimento de fibrose intersticial crónica nos pulmões, que altera a função do
órgão.

Diagnóstico
Clínico

Como na filariose linfática os quadros variam de ausência de manifestações no início da


infecção, até o aparecimento de alterações que podem ser comuns a outras enfermidades, o
diagnóstico clínico é particularmente difícil e deve ser confirmado com recursos auxiliares
que complementem a suspeita clínica. A história clínica e epidemiológica, além de exames
laboratoriais e por imagem, são recursos que auxiliam o diagnóstico diferencial.

Em áreas endémicas, pacientes com história de febre recorrente associada a adenolinfangite e


posterior linfedema pode ser indicativa de infecção filarial. Alteração pulmonar, eosinofilia
sanguínea e níveis elevados de IgE total no soro levanta a suspeita de EPT. A elefantíase pode
ter outras causas que não a infecção pela W. bancrofti, como, por exemplo, a hanseníase
causada por Mycobacterium leprae, a erisipela de repetição causada por Streptococcus

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pyogenes (mais comum) ou Staphylococcus aureus e a cromoblastomicose, uma micose
subcutânea causada por fungos da família Dermatiaceae. Má formação congénita dos vasos
linfáticos ou outras causas que perturbem o fluxo linfático, inclusive choque mecânico
(acidentes), podem gerar um quadro de linfedema, que em estágios mais avançados levam à
elefantíase. Deve ficar claro que nem todo quadro de elefantíase é de etiologia filarial.

Laboratorial

Pesquisa de Microfilárias (mf)

A pesquisa de microfilárias no sangue periférico pode ser feita por diferentes métodos
parasitológicos. Entre os disponíveis, o mais utilizado é a gota espessa preparada com 60 a 80
microlitros de sangue colhido por punção capilar digital, entre 22 h e 24 h devido à
periodicidade nocturna das microfilárias no sangue periférico dos hospedeiros. Quatro a cinco
gotas de sangue são colocadas diretamente sobre uma lâmina de microscopia limpa e seca e
espalhadas de maneira homogénea formando um rectângulo com bordas regulares.

Não se deve usar sangue com anticoagulante, pois esse interfere na aderência das
microfilárias nas lâminas e no processamento para a coloração elas podem se soltar. Dez a 12
horas após o preparo das lâminas com sangue faz-se a des-hemoglobinização (mergulhando a
lâmina por 10 minutos em cuba com água destilada), a fixação com metanol (1 a 2 minutos), a
coloração pelo Giemsa e o exame ao microscópio para verificar a presença de microfilárias. A
gota espessa de sangue é utilizada em inquéritos epidemiológicos por ser prática, rápida e
económica.

Sua principal limitação é a menor sensibilidade para a identificação de pacientes que


apresentam baixa microfilaremia. A gota espessa é útil para o diagnóstico da infecção em
pacientes com mais de 10 microfilárias/mL de sangue.

Para aumentar a sensibilidade desta técnica recomenda-se preparar mais de uma lâmina de um
mesmo paciente, obedecendo ao horário noturno para a colheita de sangue para evitar
resultados falso-negativos que, em sangue colhido às 15 horas, 71% dos exames são falso-
negativos).

Também se utilizam técnicas de concentração de microfilárias, como a filtração de sangue em


membrana de policarbonato com 3 ou 5 micrometros de porosidade.

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Apesar de pouco utilizada na rotina, é uma alternativa para o diagnóstico de indivíduos com
baixa microfilaremia. É uma metodologia bastante sensível e normalmente utilizada para os
diagnósticos de casos individuais ou controle póstratamento, permitindo o exame de amostras
de até 10 mL de sangue, observando o horário nocturno para a colheita.

Outra técnica de concentração, alternativa na falta de membrana de policarbonato, é o método


de Knott, que consiste na diluição de 1 mL ou um volume maior de sangue, na proporção de
1:10 com formol a 2%, submeter à centrifugação e desprezar o sobrenadante. As microfilárias
estarão no sedimento, que será analisado em microscópio, após preparo de gotas espessas com
o material, fixação com metanol e coloração com Giemsa. Esta metodologia tem menor
sensibilidade que a filtração em membrana de policarbonato, pois as microfilárias ficam
misturadas a um sedimento viscoso que dificulta a análise.

Microfilárias podem estar ausentes no sangue, mas presentes na urina (quilúria e hematúria)
ou líquidos da hidrocele. Nestes casos, o material obtido deve ser analisado usando técnicas
de concentração.

Diagnóstico da Infecção no Vector

O diagnóstico da infecção dos insectos vectores é uma ferramenta complementar importante


em áreas onde programas de eliminação da bancroftose estão sendo implementados, pois
permite, juntamente com a determinação das taxas de prevalência da infecção humana,
monitorar a eficácia das estratégias de controle adoptadas.

A pesquisa de larvas de W. bancrofti no vector pode ser feita pelo método tradicional de
dissecção individual dos insectos e pela identificação microscópica do parasito.

Esta técnica permite a identificação específica das larvas encontradas, assim como a
determinação e a quantificação de cada um dos diferentes estádios larvários. A partir destes
dados é possível calcular o índice de infecção (percentagem de mosquitos infectados por
qualquer estádio larvário) e de infectividade (percentagem de mosquitos albergando larvas
infectantes – L3). No entanto, a dissecção é um método laborioso, e por vezes é difícil a
distinção morfológica das larvas encontradas em áreas onde outras espécies de filarídeos,
inclusive de animais, são prevalentes. A dissecção pode ser substituída pela técnica de PCR,
sensível a ponto de detectar DNA proveniente de uma única larva de W. bancrofti em

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amostras de mosquitos. Tem-se a possibilidade do exame de lotes (pools) de mosquitos, em
vez do processamento individual, o que diminui o custo do exame.

Assim, pode-se processar um número razoável de exemplares em um curto espaço de tempo

Tratamento
Específico – Quimioterápico

O tratamento da filariose linfática é indicado para todos os indivíduos com infecção activa,
independente de apresentarem ou não manifestações clínicas relacionadas com a presença do
parasito. Visa prevenir a morbidade, corrigir as alterações provenientes do parasitismo
(linfangite, linfedema, hidrocele) e interromper a transmissão para novos hospedeiros.

Contra o parasito, o medicamento utilizado é o citrato de dietilcarbamazina (DEC). A dose


usual recomendada pela OMS para tratamento individual é 6 mg/kg de peso corporal/dia, via
oral, durante 12 dias. Esse tratamento poderá ser repetido várias vezes, se necessário, até o
desaparecimento da parasitemia. No tratamento em massa, realizado em áreas com elevada
endemicidade, esse medicamento é usado em dose única de 6 mg/kg de 6 em 6 meses ou
anualmente. A DEC é rapidamente absorvida pelo trato gastrointestinal, atingindo pico sérico
1 a 2 horas após a administração oral, mas seu mecanismo de acção ainda é desconhecido.

Durante o tratamento, principalmente nos primeiros 3 dias, o paciente pode apresentar


reacções adversas devidas à desintegração dos parasitos, como febre, cefaleia, dores no corpo
e nas articulações, mal-estar, hematúria transitória, e reacções locais, como linfangite,
funiculite, orquite. Todas essas manifestações tendem a desaparecer espontaneamente, não
sendo necessária a interrupção do tratamento. O fármaco induz um rápido e marcante
desaparecimento das microfilárias da circulação sanguínea, e o efeito é observado já nas
primeiras horas após o início do tratamento.

A DEC também possui considerável acção sobre os vermes adultos. Evidências directas
foram obtidas de pacientes que, após o tratamento, apresentavam reacções nodulares locais
nos linfáticos, com processo granulomatoso, encontro de eosinófilos e fibrose progressiva em
volta dos vermes adultos mortos. Evidência indireta da ação sobre o verme adulto é o
desaparecimento das microfilárias após o tratamento. No entanto, às vezes, nem todos os
vermes são mortos, mesmo depois de repetidos tratamentos.

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A DEC também é o medicamento de escolha para os casos de eosinofilia pulmonar tropical
(EPT), na qual acentuada melhora clínica ocorre poucos dias após o início do tratamento e a
função pulmonar retorna ao normal se os danos no órgão não foram extensos. No caso da
EPT, o tratamento deve ser prolongado por até 30 dias.

O uso da DEC diminui significativamente os quadros agudos e reduz o desenvolvimento de


lesões linfáticas (quando em fase inicial), mas pacientes com intensa hidrocele ou elefantíase
não apresentam melhora após o tratamento.

Têm-se tentado novos fármacos e esquemas terapêuticos alternativos para o tratamento da


parasitose, principalmente pelo uso combinado de DEC com ivermectina ou albendazol. A
ivermectina, um fármaco semissintético de largo espectro, tem sido utilizado em diferentes
regiões endémicas para a filariose linfática. Esse medicamento é muito eficaz na redução da
microfilaremia em dose única de 200 µm/kg, mas não atua sobre os vermes adultos, não
eliminando completamente a infecção. Observa-se que meses após o tratamento com
ivermectina, a microfilaremia reaparece em um grande número de pacientes.

Outro medicamento que tem sido estudado, o albendazol, não tem efeito microfilaricida em
curto prazo quando administrado em dose única. Independente do efeito sobre a W. bancrofti,
o uso do albendazol associado à DEC é recomendado pelo seu largo espectro anti-helmíntico,
uma vez que pacientes com filariose linfática frequentemente apresentam co-infecção com
parasitos intestinais, presentes nas áreas onde predominam baixo nível socioeconómico e
carência em saneamento. A OMS recomenda o tratamento do hospedeiro com duas drogas
simultaneamente (DEC + ivermectina ou albendazol).

Para o tratamento em massa, preconizado para áreas com elevada endemicidade (> 10% de
microfilaremia), utiliza-se a DEC em dose única (6 mg/kg peso) de 6 em 6 meses ou
anualmente a toda a população, sem se fazer previamente exames para indicação dos
parasitados.

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Tratamento nas diversas manifestações clínicas

Na linfangiectasia subclínica

O tratamento medicamentoso só se justifica quando há detecção do parasito, tendo como


propósito sua destruição e a prevenção da progressão das lesões linfáticas, inclusive com
orientação ao paciente quanto às medidas de prevenção de novas infecções.

O tratamento, neste caso, é feito com DEC, no mesmo esquema recomendado para os casos
de infecções activas.

Na linfangite filarial aguda e linfadenopatia

O tratamento recomendado é idêntico ao dos casos de linfangiectasia subclínica com infecção


filarial activa, apenas complementando esse tratamento com medidas de repouso relativo e
tratamento sintomático.

Na hidrocele

A presença do verme, nesses casos, é uma ocorrência variável e o tratamento, no caso de


verme detectável, deverá ser antiparasitário, como descrito para as infecções activas,
associado, quando indicado, à hidrocelectomia.

No linfedema

A probabilidade de detecção do parasito, nesse caso, é mínima e, se detectado, o tratamento


deve seguir o mesmo esquema descrito para as infecções activas. Nos casos de linfedema, as
medidas mais importantes são o repouso do membro afectado, com fisioterapia para
drenagem linfática, a orientação quanto à postura que favoreça essa drenagem e a instituição
de hábitos de higiene e cuidados com a epiderme das áreas afectadas, para evitar infecções
microbianas oportunistas. Se tais infecções já estiverem presentes, deve-se instituir terapia
com antibióticos e/ou antifúngicos, na dependência de cada caso, para evitar a recorrência das
linfangites reticulares, causa maior das elefantíases.

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Na quilúria

A ocorrência de infecção ativa é variável e, quando presente, o tratamento deve seguir os


critérios já descritos para a infecção ativa. Deve-se instituir, necessariamente, uma dieta
hipolipídica e hiperprotéica, para cessar a perda de linfa pelo sistema urinário e reposição das
proteínas perdidas, além de medidas de hidratação e repouso, poupando-se de esforços físicos.

Na quilocele

Difere da hidrocele apenas pelo fato de ser um processo decorrente de fistulização do vaso
linfático e não de disfunção linfática. O tratamento segue os mesmos critérios usados para
hidrocele.

No linfoescroto

A ocorrência de infecção ativa também é variável e o tratamento é o mesmo para a infecção


ativa. Porém, devem-se instituir medidas de higiene local e tratamento com antibióticos e/ou
antifúngicos, caso ocorra infecção oportunista, na perspectiva de evitar linfedema crônico e
formação de elefantíase escrotal. A intervenção cirúrgica parece ser, atualmente, a única
alternativa para conter a perda da linfa.

Na eosinofilia pulmonar tropical (EPT)

O tratamento deve ser capaz de debelar a infecção e impedir a produção de microfilárias, que
possam desencadear reacção pulmonar. Para isso, se utiliza o tratamento padrão com DEC
(6mg/Kg/dia, 12 dias). O tratamento deverá ser monitorado pela contagem de eosinófilos em
sangue periférico, pela resposta clínica do paciente e, quando detectado o sinal da “dança das
filárias” pela ultra-sonografia, com seu desaparecimento. Frequentemente há necessidade de
repetições deste esquema de tratamento, até normalização dos parâmetros de monitoramento.

Na hematúria

É frequente a ocorrência de infecção activa, com presença de microfilaremia, atribuindo-se a


esta última a causa da hematúria. Para estes casos, o tratamento deve objectivar a eliminação

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da infecção ou supressão da produção de microfilárias pelos vermes adultos. Para isso, é
recomendado o tratamento utilizado nas infecções activas.

Profilaxia
Não existe um medicamento profilático para quem se encontra em áreas endémicas, mesmo
que por pequeno período de tempo. Deve ser evitado o contacto humano vector. O controle
baseia-se principalmente em três pontos básicos: tratamento de todas as pessoas parasitadas,
combate ao insecto vector e melhoria sanitária.

A primeira medida consegue-se com a acção do medicamento dietilcarbamazina ou da


associação deste com a ivermectina. Em algumas áreas endémicas, nas quais a filariose
persiste como um problema de saúde pública, o tratamento em massa conseguiu reduzir
sensivelmente essa parasitose, com a administração de uma dose do medicamento de 6 em 6
meses ou anualmente a toda a população. Em áreas de baixa endemicidade, a busca activa de
parasitados e o tratamento selectivo é o mais indicado. Uma alternativa para o controle da
filariose linfática em áreas de alta transmissibilidade, apesar de muito pouco utilizado, é o uso
de dietilcarbamazina associada ao sal de cozinha, para uso diário no tempero dos alimentos. O
uso desta associação em comunidades endêmicas na Guiana, e em países da Ásia e da África
levou a uma redução na microfilaremia, sem que a população apresentasse reacções adversas
aparentes. Mas essa metodologia deve ser mais bem avaliada e padronizada.

O controlo do insecto é difícil, mas a associação de métodos de eliminação de criadouros e o


combate às larvas e aos insectos adultos podem contribuir para a interrupção da transmissão
da filariose linfática.

Obras de saneamento ambiental são fundamentais, mas também há necessidade de


colaboração da população, pois apesar de os insectos possuírem um raio de voo superior a 2
quilómetros, a maioria dos criadouros é de águas poluídas peridomiciliares.

Contra insectos adultos e larvas podem-se usar insecticidas e larvicidas químicos, como
organofosforados, carbamatos e piretroides. No entanto, o controle químico vem sendo
abandonado, não só pelo alto custo operacional em razão da necessidade de aplicações
frequentes, mas também pela possibilidade de indução de resistência e dos efeitos prejudiciais
ao meio ambiente e ao ser humano. Uma alternativa são os métodos biológicos como, por
exemplo, as bactérias entomopatogênicas (Bacillus sphaericus ou B. thuringiensis). Essas
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bactérias, depois de ingeridas pelas larvas, liberam uma toxina que afecta o tubo digestivo das
mesmas, causando infecção generalizada e morte. Outra vantagem é que são selectivas,
actuando apenas contra larvas de Culex e Anopheles. Para protecção individual, devem-se
usar repelentes, dormir sob mosquiteiros ou telar as janelas e portas das residências. Em
algumas regiões, utilizam-se mosquiteiros impregnados com insecticida para aumentar a
protecção.

A aplicação de camadas de pérolas de poliestireno (bolinhas de isopor) em pequenos


criadouros muito poluídos e sem drenagem (fossas) é útil para o controle, asfixiando as
formas imaturas dos mosquitos (larvas) e dificultando a oviposição dos alados.

A educação em saúde e o saneamento ambiental constituem elementos importantes e


permanentes para a redução de criadouros e do número de mosquitos, como também redução
de várias parasitoses nas áreas urbanas. Drenagem de canais, recuperação de áreas
degradadas, vedação de fossas concorrem para diminuir os possíveis criadouros do mosquito
vector, reduzindo o risco de aquisição da doença.

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Conclusão

Filariose linfática é infecção por qualquer uma das 3 espécies de Filarioidea. Os sintomas
agudos incluem febre, linfadenite, linfangite, epididimite e funiculite (inflamação do cordão
espermático). Sintomas crónicos incluem abscessos, hiperqueratose, poliartrite, hidrocele,
linfedema e elefantíase. Eosinofilia pulmonar tropical com broncospasmo, febre e infiltrado
pulmonar é outra manifestação da infecção. O diagnóstico é feito pela detecção de
microfilárias no sangue, visualização por ultrassom de vermes adultos nos vasos linfáticos ou
sorologia. O tratamento é realizado com dietilcarbamazina; antibióticos são usados em
complicações como celulite bacteriana.

A filiariase bancroftiana está presente em áreas tropicais e subtropicais da África, da Ásia, no


Pacífico e nas Américas, inclusive no Haiti. A filariose causada por Brugia é endémica no Sul
e no Sudeste Asiático.

Programas de tratamento em massa reduziram a prevalência em muitas regiões, mas em todo


o mundo estima-se que 120 milhões de pessoas têm filariose linfática.

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