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1- METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DO PROJECTO DO ESTALEIRO DE OBRAS

Apresenta-se, uma metodologia para elaboração do projecto do estaleiro de obras, baseada no desenvolvimento
simultâneo do projecto do produto e da produção.

O projecto da produção compreende o projecto dos processos, o projecto do estaleiro, a organização do


empreendimento, o sistema de informações e o sistema de planeamento e controle.

O projecto do estaleiro de obras, como parte do projecto da produção, deve iniciar durante a definição do
programa de necessidades (PN) e evoluir paralelamente ao desenvolvimento do projecto do produto, durante as
etapas de elaboração do estudo preliminar (EP), anteprojecto (AP) e projecto de execução (PE).

A Figura 1.1, apresenta a proposta para o desenvolvimento simultâneo do projecto do produto e da produção, a
partir da proposta de MELHADO (1994), relacionando:

 na elaboração do programa de necessidades, a idealização do produto com a definição da


estratégia de produção;

 no estudo preliminar, a concepção inicial e o estudo de viabilidade do produto, com a definição


das tácticas de produção;

 na elaboração do anteprojecto, a formalização do produto com o estudo das operações da


produção;

 na elaboração do projecto de execução, o detalhe do produto com o detalhe operacional da


produção.
Figura 1.1 - Proposta para o desenvolvimento do projecto do produto e da produção

A Tabela 1.1 apresenta os produtos das várias etapas do projecto, relacionando o projecto do produto,
com o projecto da produção, e o resumo das acções desenvolvidas em cada etapa, enfatizando as acções
do projecto da produção relacionadas ao projecto do estaleiro.

O desenvolvimento do projecto do estaleiro de obras está dividido em quatro etapas, inseridas na


elaboração do projecto para produção. A primeira, durante a definição do programa de necessidades, é
o planeamento estratégico da produção do empreendimento. A segunda, durante o estudo preliminar, é
o planeamento táctico da produção. A terceira, durante o anteprojecto, é o planeamento operacional da
produção, com a elaboração do anteprojecto das fases do estaleiro. A quarta, durante o
desenvolvimento do projecto executivo, é o detalhe do planeamento operacional da produção, com o
detalhe do anteprojecto das fases do estaleiro, e a síntese e em um projecto global evolutivo do estaleiro
de obras.
Tabela 1.1 - PRODUTOS DAS ETAPAS DO PROJECTO

Etapas Projecto do Produto (Edificação) Projecto da Produção (Estaleiro)

Idealização do produto Planeamento Estratégico da produção

PN Conjunto de parâmetros e exigências a serem atendidas Conjunto das metas, requisitos e directrizes, e
pela edificação. condicionantes a serem atendidos pelo processo de
produção.

Concepção inicial e viabilidade Planeamento Táctico da produção

EP Concepção e representação gráfica preliminar, atendendo Definição do processo construtivo e do plano de


aos parâmetros e exigências do programa de necessidades ataque, com base nas metas, requisitos e directrizes, e
condicionantes previamente estabelecidos para a
produção.

Formalização do produto Planeamento Operacional da produção

AP Representação preliminar da solução adoptada para o Definição do cronograma e dos recursos necessários
projecto, através de representação gráfica e para produção (materiais e mão-de-obra). Definição
especificações técnicas. Pré-dimensionamento estrutural. das principais fases do estaleiro, com base no plano
Concepção dos sistemas de instalações prediais. de ataque e no cronograma dos recursos necessários.
Avaliação das alternativas de transporte para as
diversas fases do estaleiro. Elaboração do
Anteprojecto das fases do estaleiro, com a
representação preliminar da solução adoptada em
cada fase. Fornecimento da estimativa das
necessidades do estaleiro, para os projectos de
arquitectura, estruturas, e sistemas prediais.

Detalhe do produto Detalhe do Planeamento Operacional da produção

PE Representação final e completa da edificação, através de Revisão do cronograma e das necessidades de


representação gráfica, especificações técnicas e recursos. Revisão das definições das fases do
memoriais descritivos. estaleiro, e da avaliação das alternativas de transporte.
Revisão do anteprojecto das fases do estaleiro.
Avaliação e síntese das diversas fases em um único
projecto evolutivo. Detalhe dos elementos do
estaleiro.

EXE Execução do projecto do produto Execução do projecto da produção, e revisão quando


necessário, em função de alteração na velocidade ou
na sequência executiva da obra. Revisão dos fluxos
dos processos e suas interferências, das técnicas
utilizadas, da localização dos elementos no estaleiro, e
dos procedimentos para mobilização e desmobilização
de equipamentos.

A Figura 4.2 apresenta a sequência de actividades para elaboração do projecto do estaleiro de obras, ao longo do
desenvolvimento do projecto do produto.

Inicialmente, com a definição do programa de necessidades, são estabelecidas as metas, os requisitos e


directrizes, e os condicionantes, que serão referência durante todo o desenvolvimento do projecto.

Na etapa seguinte, durante o estudo preliminar, é feita a definição do processo construtivo, e do plano de ataque.
Durante o desenvolvimento do anteprojecto, com base nos dados já definidos, atendendo aos requisitos e
directrizes, e aos condicionantes estabelecidos, simultaneamente ao desenvolvimento do anteprojecto de
arquitectura, de estruturas, e de sistemas prediais, é definido o cronograma da obra e os recursos necessários
(materiais e mão-de-obra), seguido pela definição das fases do estaleiro, avaliação das alternativas de transporte
e elaboração do anteprojecto das fases do estaleiro.

Durante o desenvolvimento do projecto executivo, simultaneamente ao detalhe do produto, é feito o projecto


global do estaleiro, com a revisão e síntese do anteprojecto das fases, e o detalhe dos elementos do estaleiro.

Figura 1.2 – Diagrama de blocos com as etapas para elaboração do projecto do estaleiro de obras

1.1. Programa de necessidades

Nesta etapa é desenvolvido o programa de necessidades, para o produto e para a produção, definindo-se, o
planeamento estratégico da produção, com a participação do representante do empreendedor, juntamente com o
coordenador do projecto e o representante da equipe de projecto para produção.
Em relação à definição do planeamento estratégico, deve-se pensar no atendimento a objectivos relacionados a
prazos, custos, qualidade e produtividade, podendo-se tomar como referência, as recomendações constantes dos
trabalhos: Sistemas da qualidade uso em empresas de construção de edifícios, Sistema de indicadores de
qualidade e produtividade na construção civil, Metodologia para o desenvolvimento e implantação de sistemas
de gestão da qualidade em empresas construtoras de pequeno e médio porte, entre outros.

Devem ser definidas as metas para produção, os requisitos e directrizes, e os condicionantes da produção do
empreendimento.

1.1.1. Metas para produção

As metas para produção devem ser definidas, simultaneamente à idealização do produto.

Estas metas devem procurar definir o início do processo e parâmetros de custo, preço e produção, contendo
indicadores globais e por subsistemas, que poderão servir de orientação para o planeamento da produção,
podendo ser consultado.

São sugeridas a definição de metas relativas ao início da obra, à duração total e às principais etapas (meses), ao
volume de produção (m ), aos parâmetros de preço e custos (€), à qualidade, estabelecendo índices de perdas
2

(%), e ao ritmo da obra (volume / duração).

Os indicadores sugeridos podem ser aplicados, a depender da existência de informações, relativas a experiências
anteriores da empresa, ou de empresas líderes, que se deseje utilizar como referência para o empreendimento.

A seguir é apresentado, na Tabela 1.2, um quadro resumo para definição das metas para produção do
empreendimento.

Tabela 1.2 - Metas para produção

Metas Duração Volume Preços/ Qualidade Ritmo


(meses) Custos (Perdas%) (Vol/duração)
(€)
Subsistemas
Terraplanagem

Estruturas
Vedação vertical

Revestimentos

Acabamentos

TOTAL

1.1.2. Requisitos e directrizes da produção

Para a definição dos requisitos e directrizes da produção devem ser estabelecidas inicialmente, uma estratégia
competitiva, e estratégias de produção associadas, de acordo com os objectivos e a cultura da empresa.

O projecto da produção deve ser elaborado, de acordo com as estratégias de produção adoptadas pela empresa, e
em requisitos, definidos simultaneamente ao programa de necessidades do produto, que irão servir de directrizes
para o desenvolvimento de todos os trabalhos.

A Tabela 1.3 a seguir, apresenta sete principais estratégias de produção, e classificadas em competição por
liderança de custos e competição por diferenciação, podendo ser adoptadas simultaneamente estratégias
complementares, desde que não existam interferências entre as acções resultantes de cada uma delas.

Tabela 1.3 - Estratégias de produção

Estratégia Estratégia de Princípios Pontos-chave


competitiva produção

Competição por Engenharia Conhecimento dos custos. Diminuição Integração dos aspectos
liderança em Simultânea dos desperdícios. Aumento da técnicos e económicos.
custos produtividade.

Sócio - técnica Diminuição dos desperdícios. Aumento Domínio dos métodos


da produtividade. Acções relacionadas à construtivos.
mão-de-obra.

Gestão pelos fluxos e Estabelecimento de novas relações com Gestão dos fluxos físicos e
parcerias subempreiteiros e fornecedores de de informações.
materiais (parcerias). Organização e gestão da
mão-de-obra. Papel
igualmente importante
conferido aos
subempreiteiros e
fornecedores.

Técnico comercial Oferta de mecanismos de financiamento. Auto-financiamento.


Racionalização para balanceamento das
equipes de produção.

Competição por Qualidade total Qualidade do produto. Sistema de gestão da


Diferenciação qualidade. Atendimento às
necessidades do cliente.
Durabilidade e fiabilidade.

Redução dos prazos Racionalização para redução dos prazos. Acção anterior ao
processo de produção
(Eng. Simultânea). Acção
posterior ao processo de
produção (Sócio-técnica /
Gestão pelos fluxos).

Oferta de serviços Atracção / fidelidade do cliente devido à Opções por uma das
oferta de serviços diferenciados. estratégias de produção.

Para a definição dos requisitos e directrizes da produção, podem servir de referência os princípios da
"nova filosofia da produção", e os princípios relacionados à redução de perdas, conforme classificação
estabelecida inicialmente pela Toyota.

A seguir, são apresentados, na Tabela 1.4, de forma não exaustiva, alguns princípios gerais para a
produção, que vão influir no projecto da produção e no projecto do estaleiro de obras, que podem servir
de referência para a definição dos requisitos e directrizes:

Tabela 1.4 - Princípios gerais para a produção

♦ Reduzir, minimizar ou eliminar as perdas


Superprodução, transporte, stocagem desnecessária, produtos com defeito, próximo
processamento, movimentações, esperas, inspecções
♦ Reduzir, minimizar ou eliminar interferências e interrupções;
Retirar actividades do estaleiro;
♦ Reduzir o tempo de ciclo;
♦ Aumentar, maximizar a eficiência das actividades que agregam valor ao produto;
♦ Aumentar, maximizar a eficiência da comunicação e das ordens de serviço;
♦ Valorizar o trabalhador
Treino, higiene, limpeza, motivação
♦ Garantir a segurança do trabalhador
♦ Garantir a segurança patrimonial
Durante a definição do programa de necessidades, são identificados os principais condicionantes que
irão influenciar na produção da edificação, de modo que o projecto do produto e o projecto da
produção, particularmente o projecto do estaleiro, sejam permanentemente verificados, durante o seu
desenvolvimento, em relação ao atendimento dos condicionantes existentes.

Apresenta-se, a título de exemplo, a Tabela 1.5, com alguns dos principais condicionantes da produção,
relacionados ao terreno, aos serviços públicos, à legislação, aos materiais, à mão-de-obra, aos
equipamentos, à cultura e organização, e às condições climáticas, conforme apresentado a seguir:

Tabela 1.5 - Condicionantes da produção


1.2. Estudo preliminar
Nesta etapa é realizado o estudo preliminar, para o produto e para a produção, com o desenvolvimento do
planeamento táctico da produção, devendo participar o representante do empreendedor, o coordenador do
projecto, e os representantes das equipes de projecto para produção, de projecto de arquitectura, de projecto de
estruturas, e de projecto de sistemas prediais.

Devem ser definidos, o processo construtivo e o plano de ataque, com base nas metas, requisitos e directrizes, e
condicionantes da produção, simultaneamente à concepção inicial do produto e análise de viabilidade do
empreendimento.

1.2.1. Definição do processo construtivo

A presente etapa consiste na definição do processo construtivo a ser adoptado, com os métodos, as técnicas e os
materiais que serão utilizadas.

A definição do processo construtivo deve ser feita com base nas metas, nos requisitos e directrizes, e nos
condicionantes da produção, simultaneamente ao estudo preliminar do produto.

A definição do processo construtivo depende das características do projecto do edifício, do tempo para execução,
das tecnologias existentes, do conhecimento das mesmas, e do balanço entre os recursos necessários e
disponíveis (financeiros, materiais, mão-de-obra, equipamentos e espaço), entre outros factores.

A avaliação dos processos construtivos deve ser feita com base na análise das vantagens e desvantagens de cada
alternativa, de acordo com os critérios utilizados pela empresa, podendo ser verificados, entre outros, a título de
exemplo, os seguintes aspectos:

← Metas da produção

← Requisitos e directrizes da produção

← Condicionantes da produção

← Desempenho do produto

← Integração entre subsistemas

← Interferências

← Modulação

← Exigências do cliente

← Disponibilidade da tecnologia

← Conhecimento da tecnologia
← Disponibilidade de recursos

← Restrições do ponto de vista construtivo

← Tradição da empresa

1.2.2. Plano de ataque

O plano de ataque consiste na estratégia de execução da obra, com a definição das etapas iniciais e da sequência
construtiva da obra.

O plano de ataque depende das características do projecto do edifício, do prazo para execução, das tecnologias
disponíveis e do conhecimento das mesmas, do balanço entre os recursos necessários e disponíveis (financeiros,
materiais, mão-de-obra, equipamentos e espaço), das características do terreno (acessos e topografia), e das
condições climáticas, entre outros.

O plano de ataque deve ser estabelecido através da identificação das vantagens e desvantagens de cada
alternativa em relação ao atendimento às metas, requisitos e directrizes, condicionantes e ao processo construtivo
definido para o empreendimento, devendo-se analisar, entre outros, os factores prazo, custos, acesso e
movimentação de pessoal e materiais, espaço necessário para produção, libertação de frentes de trabalho,
restrições construtivas e interferências entre os serviços.

São discutidas alternativas para execução da edificação, e estabelecidos os serviços iniciais, o local de execução,
e a sequência de execução individual e global dos serviços.

São discutidas estratégias de execução, como por exemplo, quando se quer escolher entre as opções de iniciar
pela torre ou pela periferia, ou para decidir entre a execução paralela ou sequencial de serviços, ou quando se
está decidindo entre a execução inicial da vedação externa, ou pela execução simultânea das vedações externa e
interna, entre outros.

O plano de ataque deve ser feito para as etapas iniciais da obra, e para os grandes itens de serviços, relacionados
ao estaleiro, não sendo um planeamento de toda a obra.

Como recomendação, é apresentada a Tabela 1.6, para auxílio à decisão, durante a definição do plano de ataque,
sendo apresentados alguns itens a título de exemplo.

Tabela 1.6 - Definição do plano de ataque

Alternativas para definição do plano de ataque

Obra:

Serviços / Alternativas para Vantagens Desvantagens Atendimento aos Decisão


actividades execução critérios
Fundação Torre Marketing... Acessos...

Periferia Produção... Clientes...

Estrutura Torre A Fluxo caixa... Prazo, custo...

Torre A e B Prazo... Fluxo caixa...

// Alvenaria Prazo... Congestionamento...

Alvenaria Externa Mark., Segurança. Prazo...

Externa e Interna Prazo... Fluxo caixa...

// Revestimento Prazo... Congestionamento...

Instalações // Alvenaria Prazo... Interferência...

Após Alvenaria Fluxo de caixa... Retrabalho...

Kits Padronização... Espaço estaleiro...

Cofragens // Revestimento Prazo... Fluxo de caixa...

Após Revestimento Acabamento... Prazo...

Após Pintura Fluxo de caixa... Retrabalho...

Pré-montada estaleiro Sequência const./custo Espaço estaleiro...

Elevador + Cedo Transporte mat… Garantia, avarias...

+ Tarde Fluxo de caixa... - Equip. transporte...

Argamassa Estaleiro Custo... Transporte, espaço...

Ind. - Mistura Pav. Custo,qual.,prod... Custo, interferência...

Pré-misturada Espaço, volume... Transporte...

Betão Flexibilidade
Estaleiro Transporte, espaço...
produção..

Pré-fabricado Custo, espaço, volume Volume mínimo...

Aço (recepção) Barras e fios Custo... Espaço...

Cortado e dobrado Espaço, transporte... Custo, transporte...

Armadura pronta Espaço, equipe, prod... Custo,Transporte...

1.3. Anteprojecto

Nesta etapa é desenvolvido o anteprojecto, para o produto e para a produção, com o desenvolvimento do
planeamento operacional da produção, devendo participar o representante do empreendedor, o coordenador do
projecto, e os representantes das equipes de projecto para produção, de projecto de arquitectura, de projecto de
estruturas, e de projecto de sistemas prediais.
Devem ser definidos o cronograma e a alocação dos recursos, as fases do estaleiro, a alternativa de transporte, e
o anteprojecto das fases do estaleiro, com a representação da solução preliminar adoptada, que atenda ao
planeamento elaborado.

São desenvolvidos, simultaneamente, o anteprojecto do produto e da produção, devendo ser seguidos os


princípios de coordenação de projectos, procurando realizar a compatibilização entre os anteprojectos de
arquitectura, estruturas, e sistemas prediais, e a integração com o projecto de produção.

Podem ser fornecidas novas especificações, ou serem modificadas algumas das especificações existentes,
durante a elaboração do projecto do produto, devido à identificação de necessidades da produção, que impliquem
em alterações no projecto arquitectónico, estrutural ou de sistemas prediais, com vistas à optimização dos
processos de produção.

A seguir estão listados, a título de exemplo, alguns itens que podem ser especificados para o projecto do produto,
devido a necessidades dos processos de produção:

a) Previsão de carregamentos na estrutura durante a etapa de execução, para armazenamento de materiais,


instalação de equipamentos, circulação de veículos, e outras instalações;

b) Altura dos portões e do pé direito das garagens e “play ground”, para movimentação de veículos e instalação
de equipamentos;

c) Largura dos portões, entrada das garagens, espaçamento entre pilares, para movimentação de veículos e outros
equipamentos;

d) Afastamento da construção, em relação aos limites do terreno, para circulação e manobra de veículos, e pátio
para carga, descarga e armazenamento de materiais;

e) Locais para instalação, montagem e desmontagem, e, acesso e retirada da grua e dos elevadores.

1.3.1. Cronograma e alocação de recursos

Com base no plano de ataque, definido durante o estudo preliminar da produção, e de acordo com as metas,
requisitos e directrizes, condicionantes da produção, processo construtivo, e o anteprojecto do produto, é
definida a programação de execução da obra, e elaborado o cronograma físico e a alocação dos recursos
necessários para a produção.

O cronograma físico, tem grande importância no projecto da produção, sendo considerado por, como
responsável por fornecer informações para o subsídio a decisões como:
← definir a estratégia de implantação e movimentação do estaleiro;

← hierarquizar as acções de controle;

← ajustar o período de execução dos serviços para os momentos mais favoráveis;

← adequar o início e término das etapas da obra, visando o melhor aproveitamento dos recursos;

← determinar estratégias para suprimento de materiais e equipamentos que demandem maiores


cuidados para negociação e fornecimento;

← definir directrizes para elaboração da programação da produção.

Juntamente com o cronograma, são alocados os recursos necessários para a produção, devendo ser
definidos com vistas ao desenvolvimento do projecto do estaleiro, o quantitativo de pessoal, e dos
principais materiais, seleccionados em função do maior volume, peso ou cuidados especiais para
movimentação.

A duração das actividades, pode ser determinada, de várias maneiras, sendo as mais usuais:

← a utilização da experiência anterior da empresa para a definição das equipes e o cálculo da duração
com base nos índices de produtividade existentes;

← através da determinação do tempo capaz de fornecer o custo total mínimo por actividade, com base
na curva de tempo X custo, associada à uma rede de precedência, e posterior nivelamento dos recursos;

← através do diagrama tempo-espaço, ou linhas de balanceamento, que se aplicam a actividades


repetitivas, consistindo, na determinação de ritmos para cada serviço, compatíveis com o ritmo da obra, que
possibilitem a determinação das equipes, com os recursos balanceados ao longo do tempo, e a eliminação ou
redução de esperas ou interrupções na execução dos serviços.

Analisando as técnicas de modelagem para a programação de empreendimentos, identificam-se duas


alternativas: as linhas de balanço, e as técnicas de rede de precedência, cada uma com suas limitações, propondo-
se como uma das alternativas para a modelação, a combinação das duas técnicas, juntamente com as
recomendações a seguir:

← “As actividades repetitivas devem ser desenvolvidas nos pavimentos, ou trechos da edificação,
através de ciclos estáveis de produção. Para que isto ocorra as equipas alocadas nos pavimentos ou trechos serão
mantidas constantes durante todo o processo de produção”;
← “As equipes devem ser dimensionadas para trabalhar em regime contínuo, sem paralisações durante
a produção”.

A disponibilidade ou não de espaço, no estaleiro ou nas frentes de serviço, pode implicar na necessidade de
alterações no cronograma de execução, visando garantir as condições de produção previstas no planeamento,
através de uma adequada oferta de serviços pelo estaleiro de obras.

1.3.2. Fases do estaleiro

A definição das fases deverá ser feita de acordo com o anteprojecto arquitectónico, as metas, os requisitos e
directrizes, os condicionantes da produção, o processo construtivo, o plano de ataque, os cronogramas de
materiais e mão-de-obra, e em função dos principais marcos existentes, que impliquem em alterações
substantivas na alocação de espaço no estaleiro, devido ao início de novos serviços, alteração nos processos de
produção, chegada ou utilização de novos materiais e equipamentos, implantação de novas instalações, ou à
necessidade de libertação de espaços para novas frentes de trabalho, entre outros.

Para cada fase da obra, devem ser definidos os meses críticos, com base na maior dificuldade de movimentação
dos materiais, e em função dos quantitativos de mão-de-obra.

Podem ser considerados como exemplo, alguns marcos importantes, sendo que, para cada caso devem ser
seleccionados os marcos que forem mais significativos em relação às alterações na organização e no arranjo
físico do estaleiro:

← libertação da primeira laje (a obra sai da terra e passa a movimentar em cima de um piso regular);

← execução da pavimentação da periferia;

← instalação da grua;

← instalação de elevadores de carga e pessoal;

← início do serviço de alvenaria (início da movimentação de blocos e argamassa no estaleiro);

← início dos serviços de revestimento (aumenta o volume de argamassa em movimentação);

← retirada da grua após a conclusão da estrutura, ou da alvenaria;

← instalação dos elevadores permanentes e retirada dos elevadores de obra;

← término da obra molhada (encerra produção e movimentação de argamassa).


1.3.3. Alternativas de transporte

A avaliação e selecção das alternativas de transporte no estaleiro de obras, deverá ser realizada, com base na
definição das fases do estaleiro, e no cronograma de materiais, de acordo com os requisitos e directrizes, e com
os condicionantes da produção, devendo ser analisadas as alternativas para os meses críticos de cada fase.

A avaliação das alternativas deve ser feita com base em dois critérios, o primeiro em função da avaliação da
capacidade do sistema atender à produção, e o segundo em função do custo das alternativas.

A avaliação da capacidade do sistema de transporte atender à produção, pode ser feita de diversas maneiras,
sendo recomendado a análise da capacidade de betonagem das lajes, e dos pilares num dia de trabalho, e do
percentual de tempo ocioso dos equipamentos para os meses críticos de cada fase.

A capacidade dos equipamentos deve ser calculada em função do volume ou massa capaz de ser transportado em
cada ciclo e do tempo necessário para a realização do ciclo, incluindo carga, transporte, descarga e retorno.

Para a determinação dos tempos de ciclo, dos equipamentos de transporte, podem ser utilizados para os cálculos,
as especificações técnicas e as distâncias estimadas entre os pontos de carga e descarga, ou, preferencialmente,
em virtude da variabilidade de condições existentes no estaleiro, tempos médios, medidos pela empresa, para
equipamentos semelhantes, nas mesmas condições de utilização, ou ainda, na falta destes dados, considerar
(como um indicador grosseiro) um tempo médio da ordem de 5 minutos para a grua e o elevador de obras.

O custo das alternativas de transporte, deve ser medido em salário mês de servente (SM), considerando o custo
da movimentação dos principais materiais em termos de massa ou volume, e o custo do tempo ocioso dos
equipamentos, sendo apresentada a Tabela 1.7, para avaliação das alternativas de transporte, em relação à
utilização de alguns materiais.

Tabela 1.7 - Avaliação das alternativas de transporte


1.3.4. Anteprojecto das fases do estaleiro

O anteprojecto das fases do estaleiro, deve ser desenvolvido a partir do anteprojecto arquitectónico, dos
requisitos e directrizes, dos condicionantes da produção, dos cronogramas de materiais e mão-de-obra, das fases
do estaleiro e da alternativa de transporte seleccionada.

O anteprojecto das fases do estaleiro, consiste, basicamente, da definição dos elementos que devem estar
presentes no estaleiro e suas características, da análise das inter-relações dos elementos, do estudo dos fluxos dos
processos, da priorização dos elementos, da análise da alocação dos elementos no estaleiro, da elaboração do
arranjo físico, e da avaliação do arranjo físico, para cada uma das fases definidas.

Após a avaliação do arranjo físico do estaleiro, caso o mesmo não seja considerado satisfatório, deve-se retornar
à etapa de alocação dos elementos no estaleiro, rever a análise realizada, e então desenvolver uma nova proposta
de arranjo físico dos elementos no estaleiro, refazendo o ciclo até a obtenção de uma solução satisfatória,
utilizando o arranjo físico de cada fase como referência para o desenvolvimento do arranjo físico da fase
posterior.

O fluxograma com as etapas para elaboração do anteprojecto das fases do estaleiro é apresentado na Figura 1.3 a
seguir.

1.3.4.1. Elementos do estaleiro


A partir do anteprojecto arquitectónico, e dos requisitos e directrizes, condicionantes da produção, cronogramas
de materiais e mão-de-obra, das fases do estaleiro, e da alternativa de transporte seleccionada, devem ser
identificados os elementos do estaleiro e suas caraterísticas, para a fase em estudo, com base nos dados do mês
crítico, devendo ser especificadas, de modo geral, as seguintes informações.

← dimensões;

← localização

← início e fim de sua presença no estaleiro;

← proximidade / afastamento de outros elementos, dos aessos e dos limites;

← especificações / recomendações / cuidados necessários.

As áreas necessárias para os elementos do estaleiro, dependem de maneira geral, da natureza do recurso, do
projecto, da natureza do estaleiro, e das políticas da empresa. Podendo ser classificadas segundo quatro perfis
básicos:

I. Recursos dependentes, disponíveis no estaleiro durante a execução da actividade, e


cujo espaço reduz ao longo da execução. Ex.: tijolos, blocos, areia, brita... A área reduz
linearmente na direcção do centro, durante a execução, podendo variar em função da
produtividade, assumindo um formato rectangular.
II. Recursos dependentes, disponíveis no estaleiro durante a execução da actividade, com
área constante ou variável, entre um mínimo e um máximo, variando o volume ao
longo da execução. Ex.: tubos, telhas, chapas de madeira... A área é definida para um
determinado tempo, podendo ser reduzida para um prazo maior, implicando um maior
número de entregas de materiais, admitindo um consumo constante.
III. Recursos dependentes, de uma ou várias actividades, com área constante, disponíveis da
primeira ao término da última. Ex.: equipamentos...

IV. Recursos independentes, disponíveis no estaleiro durante uma determinada fase da construção,
e cujas exigências de espaço são constantes durante sua permanência no estaleiro. Ex.:
instalações de apoio, obstáculos existentes no estaleiro, equipamentos de longa duração (gruas,
elevadores ou outros)

A classificação dos tipos de espaço apresentada anteriormente, pode ser utilizada na definição das características
dos elementos do estaleiro.

Os elementos do estaleiro podem ser classificados em quatro grupos principais: materiais, centrais de produção,
áreas de vivência, e elementos de apoio à produção e apoio técnico administrativo, podendo ser utilizadas as
Tabelas 1.8, 1.9, 1.10 e 1.11 para sintetizar suas características.
Tabela 1.8 - Elementos do estaleiro -Materiais

Tabela 1.9 - Elementos do estaleiro -Centrais de produção


Tabela 1.10 - Elementos do estaleiro -Áreas de vivência

Tabela 4.11 - Elementos do estaleiro -Apoio


A seguir são apresentados a título de exemplos, os principais elementos que poderão necessitar ser previamente
definidos pelas empresas, como soluções preliminares a serem ajustadas a cada caso, nas Tabelas 1.12 –
Informações gerais sobre os elementos ligados à produção, 1.13 – Informações gerais sobre os elementos de
apoio à produção, apoio técnico - administrativo, e áreas de vivência, 1.14 – Informações gerais sobre os
materiais e equipamentos, e 1.15 – Informações gerais sobre outros elementos do estaleiro, e segurança no
trabalho.

Tabela 4.12 – Informações gerais sobre os elementos ligados à produção

Informações gerais sobre os elementos ligados à produção

Central de armaduras; Central de cofragem; Central de instalações; Central de pré-fabricados;


Central de argamassa / betão.

Elementos da central de produção Características dos elementos


Equipamentos de produção; Equipamentos Área, tipo; Dimensões; Localização;
de transporte; Stock de materiais (diário); Proximidade; Acessibilidade; Início e fim da
Stock de produtos em processo (diário); permanência no estaleiro; Cuidados especiais,
Stock de produtos acabados (diário); Locais recomendações; Acesso e retirada do estaleiro.
de produção; Áreas de circulação; Áreas
para deposição de resíduos; Outras
(especificar) Área Total da central

Características dos processos

Fluxos; Intensidade de fluxos; Tempo de ciclo; Mapa de riscos; Procedimentos.

Tabela 1.13 - Informações gerais sobre os elementos de apoio à produção, apoio técnico - administrativo
e áreas de vivência.

Informações gerais sobre elementos de apoio à produção e técnico / adm.

Elementos Características dos elementos


Escritórios; Número de salas; Número de Área, tipo; Dimensões; Localização;
funcionários; Móveis; Equipamentos; Proximidade; Acessibilidade; Início e fim da
Almoxarifado; Área de Controle, permanência no estaleiro; Cuidados especiais,
recebimento e expedição; Área de recomendações; Acesso e retirada do estaleiro.
armazenamento/ tipo de material; Área de
circulação; Equipamentos de transporte
Ferramentaria; Área de Controle,
recebimento e expedição; Área de
armazenamento/ tipo de material;

Informações gerais sobre áreas de vivência

Elementos Características dos elementos

Instalações sanitárias; Alojamento;


Refeitório; Vestiário; Ambulatório; Cozinha;
Lavandaria; Áreas de lazer. Número de
operários; Número de equipas; Duração
individual/equipa; Móveis; Equipamentos.
Área, tipo; Dimensões; Localização;
Proximidade; Acessibilidade; Início e fim da
permanência no estaleiro; Cuidados especiais,
recomendações. Acesso e retirada do estaleiro.

Tabela 1.14 – Informações gerais sobre os materiais e equipamentos

Informações gerais sobre os Materiais


Pátio de Carga e Descarga;
Armazenamento.
Áreas, tipo; Dimensões; Localizações;
Proximidade; Acessibilidade; Início e fim da
permanência no estaleiro; Cuidados especiais,
recomendações.

Carga e descarga; Movimentação Plataformas; Distância e percurso; Forma;


Equipamentos; Localização; Dimensões dos
acessos e circulações; Tipo de pavimentação e
inclinação; Início e fim da permanência no
estaleiro; Cuidados especiais, recomendações.

Características do transporte e recebimento

Programação de compras (lote económico); Programação de recebimentos; Forma de transporte


e entrega.

Informações gerais sobre os Equipamentos de transporte

Acesso e saída do estaleiro; Montagem e Áreas, tipo; Dimensões; Localizações;


desmontagem; Operação; Manutenção; Proximidade; Acessibilidade; Início e fim da
Fonte de alimentação. Mapa de risco; Local permanência no estaleiro; Cuidados especiais,
para guarda; recomendações.

Tabela 1.15 – Informações gerais sobre outros elementos do estaleiro e segurança no trabalho.

Informações gerais sobre outros elementos do estaleiro


Elementos Características dos elementos

Acessos; Pessoal (funcionários e visitantes);


Materiais; Equipamentos; Segurança
patrimonial; Tapumes; Cercas; Guarita;
Área, tipo; Dimensões; Localização;
Proximidade; Acessibilidade; Início e fim da
permanência no estaleiro; Cuidados especiais,
recomendações; Acesso e retirada do estaleiro.

Localização; Proximidade; Acessibilidade;


Iluminação, sinalização e limpeza; Áreas
Início e fim da permanência no estaleiro;
ligadas à produção; Áreas de apoio à
Cuidados especiais, recomendações;
produção; Áreas de vivência; Circulação,
acessos, outros.

Ligações; Energia; Água; Esgoto; Telefone.

Informações gerais sobre segurança no trabalho

Protecção individual; Protecção colectiva.


Dimensões; Localização; Início e fim da
permanência no estaleiro; Cuidados especiais,
recomendações.
Mapa de riscos; Equipamentos.

1.3.4.2. Inter-relações dos elementos do estaleiro

A partir dos requisitos e directrizes, dos condicionantes da produção, e dos elementos do estaleiro para a fase em
estudo, devem ser verificadas as inter-relações entre os elementos, com o objectivo de identificar as necessidades
de proximidade entre eles.
Como instrumento para auxílio, à identificação das necessidades de proximidade, entre os elementos do
estaleiro, pode ser utilizado o diagrama de inter-relações preferenciais, conforme a Figura 1.4.

Necessidade da proximidade Motivo da proximidade

A - Absolutamente necessário; 1 - Fluxo de material;

E - Muito importante; 2 - Necessidade de contrato pessoal;

I - Importante; 3 - Utilização dos mesmos equipamentos;

O -Pouco importante; 4 - Utilização dos mesmos materiais;

U - Desprezível; 5 - Utilização do mesmo pessoal;

X - Indesejável 6 - Frequência de contratos;

7 - Tempo de deslocamento;

8 - Desejos da administração;

9 - _____________________

Figura 1.4 - Diagrama de inter-relações das actividades

Pode ser calculado, a partir do diagrama de inter-relações, o valor total das relações de cada elemento, através da
conversão, das letras representativas das necessidades de proximidade, em números, sendo A=5, E=4, I=3, O=2,
U=1, e X=-1, possibilitando a identificação dos elementos que têm uma maior necessidade de proximidade com
os outros.

1.3.4.3. Fluxos dos processos

A partir dos requisitos e directrizes, dos condicionantes da produção, e dos elementos do estaleiro para a fase em
estudo, relacionados à movimentação de materiais, devem ser elaborados os fluxos para os principais processos,
identificando as etapas, e as intensidades do fluxo em cada etapa.

Os processos devem ser estudados de acordo com as estratégias de produção estabelecidas, seguindo os
princípios da racionalização construtiva, e da nova filosofia de produção (KOSKELA, 1992), tendo como
objectivo a simplificação, e a redução ou eliminação de perdas e interferências.

Os processos devem ser previamente estudados, sendo projectados os seus fluxos, desde o recebimento dos
materiais ao término da execução das actividades, e determinadas as intensidades do fluxo em cada ponto.

Na Figura 1.5, são apresentados os símbolos para elaboração dos fluxos dos processos de produção, e para
identificação de actividades e áreas na representação gráfica dos arranjos físicos do projecto do estaleiro de
obras.

Símbolos da carta de processo Símbolos para identificação de actividades e áreas

Operação Áreas de operação

Áreas de vivência

Áreas de escritório

Transporte Áreas de transporte

Armazenagem Áreas de armazenagem

Espera Áreas de espera

Inspecção Áreas de inspecção

Figura 4.5 – Símbolos para elaboração dos fluxos de processos e identificação das actividades e áreas (adaptado de
MUTHER, 1978).

Com base nos fluxos dos processos, são calculadas as intensidades em cada etapa do fluxo, com vistas a
determinar a necessidade de proximidade entre elementos do estaleiro, de modo a reduzir o esforço necessário
para a movimentação do material, podendo ser calculado com base no número de viagens, no volume ou no peso
dos materiais.

1.3.4.4. Priorização dos elementos do estaleiro

A partir dos requisitos e directrizes, dos condicionantes da produção, das características dos elementos do
estaleiro, das suas inter-relações, e dos fluxos dos processos, para a fase em estudo, e de acordo com critérios
gerais preestabelecidos, devem ser definidas as prioridades para alocação dos elementos no estaleiro, e,
avaliados os espaços necessários e disponíveis, e as restrições à sua utilização.

A priorização dos elementos do estaleiro de obras deve ser feita com o objectivo de garantir que os elementos
mais importantes para o processo de produção da edificação tenham condições de ser alocados em melhores
condições, e os outros elementos ajustados às condições disponíveis, inclusive alteração das especificações de
espaço, ou alocados em área fora do estaleiro, se for o caso.

A definição das prioridades de alocação dos elementos no estaleiro, pode ainda seguir alguns princípios, como:

← duração que o elemento vai estar presente no estaleiro;

← área necessária para o elemento;

← intensidade de fluxo em que participa (quantidade de material ou pessoal que movimenta);

← valor total das inter-relações de cada elemento;

← dificuldade de modificação de posição;

← custo de modificação de posição;

← ordem geral de prioridade definida pela empresa.

O procedimento para análise das relações entre os elementos do estaleiro, varia em função das características do
trabalho realizado, sendo representada esta variação pela Figura 1.6, a seguir.
Faixa A -Produtos ou materiais pesados de difícil movimentação Faixa B – Oficinas que não tenham grande movimentação de materiais Faixa C - Áreas de serviços,
com significativo fluxo de papeis e materiais. Faixa D – Áreas de escritório.

Figura 1.6 - Procedimento x tipo de trabalho (MUTHER, 1978)

Em função do tipo de trabalho existente na construção de uma edificação, podemos considerar a sua
classificação, com predominância, na faixa A, pois, existem diversos materiais necessários para a construção,
que têm grande peso ou volume, e são de difícil movimentação no estaleiro, e nas frentes de serviços,
necessitando para um bom funcionamento do estaleiro, principalmente, a optimização dos fluxos de processos.

Consideramos, entretanto, que existem quatro critérios básicos, que podem servir de orientação para a
priorização da alocação dos elementos, devendo ser analisados pela empresa a cada caso:

a) Dimensões dos elementos;

b) Intensidade do fluxo;

c) Inter-relações dos elementos;

d) Prioridade geral para os elementos;

A Tabela 1.16, apresenta os principais critérios para definição da prioridade de alocação dos elementos no
estaleiro.

A partir das necessidades de espaço dos elementos, são verificadas as disponibilidades e as restrições à utilização
dos espaços, de modo a alocar inicialmente os elementos prioritários e atender ao conjunto dos elementos.
Tabela 1.16 – Determinação da prioridade de alocação dos elementos no estaleiro.

Elementos Dimensões(m) Área Intensidade Unid Inter- Prioridade Observações


classificação comp. larg. (m2) do fluxo relações geral

Espaço necessário Espaço disponível

1.3.4.5. Alocação dos elementos no estaleiro

A alocação dos elementos no estaleiro de obras, deve ser feita com base no anteprojecto arquitectónico, nos
requisitos e directrizes, nos condicionantes da produção, nas características dos elementos do estaleiro, nas suas
inter-relações, nos fluxos dos processos e na priorização para a fase em estudo.

O posicionamento dos elementos no estaleiro pode seguir alguns princípios práticos, como:

← vestiário próximo à entrada da obra e antes do ponto, para que os trabalhadores possam trocar de
roupa antes de bater o ponto, e circular na obra com os equipamentos de segurança necessários;

← sanitário interligado ao vestiário, para que os trabalhadores possam tomar banho e se vestir ao
término do expediente, sem circular pela obra;

← escritório da obra em local de ampla visibilidade do empreendimento, para possibilitar ao


engenheiro uma visão geral sempre que chegar ou sair do escritório;

← armazenar os materiais que necessitam de protecção, em locais apropriados;

← respeitar as sobrecargas previstas na estrutura;


← guardar os equipamentos em local apropriado, visando sua protecção e conservação.

Outras regras gerais, que também podem servir de orientação, são apresentadas a seguir:

os depósitos de materiais devem ser em lugares previamente definidos, de fácil acesso, e próximos aos
locais de utilização;

← as instalações principais devem ser centralizadas, visando reduzir a vigilância e facilitar o controle e
a distribuição de pessoal e material;

as instalações secundárias, devem ser localizadas em posições de periferia, para não interferir nas instalações das
demais instalações.

A determinação da localização, é um dos problemas clássicos da engenharia de produção, existindo diversos


métodos para a avaliação de alternativas, sendo recomendado, neste trabalho, para o projecto do estaleiro, a
utilização dos dois métodos apresentados a seguir:

← ponderação qualitativa;

← modelo do centro de gravidade.

Os dois métodos podem ser utilizados independentemente, ou de forma combinada, sendo porém recomendado o
método do centro de gravidade quando existirem grandes espaços livres, em que seja possível o cálculo da
posição exacta do elemento, sem grandes interferências das construções permanentes, e, o método da ponderação
qualitativa, quando for necessário a definição da localização dos elementos, em locais restritos, com base na
selecção de um número limitado de alternativas.

I. Ponderação qualitativa

São definidos os factores importantes para a escolha da localização de cada elemento no estaleiro, e definidos
pesos para cada um, podendo ser utilizadas para estas definições, as técnicas de grupo, sendo sugeridos a
utilização de cinco factores principais, relacionados a seguir, com pesos a serem estabelecidos pelas empresas
em função da importância atribuída a cada um.

← produção;
← fluxos de materiais;

← higiene, segurança e motivação;

← supervisão e controle;

← relações com os clientes, a comunidade e o ambiente.

Para cada alternativa de localização, são estabelecidas notas de 1 a 10, para cada factor, segundo os critérios
definidos.

É calculada a nota para cada localização, e escolhida aquela que teve melhor resultado, segundo a equação
abaixo:

Ni =∑ FijPj

j=1

Ni = Nota de cada localização (i)

Fij = Nota de cada factor (j), para cada localização (i)

Pj = Peso de cada factor (j)

A Tabela 1.17 a seguir, pode ser utilizada para o estudo da alocação dos elementos no estaleiro através do
método da ponderação qualitativa, com pesos atribuídos aos diversos factores, em função da experiência do
autor e de outros profissionais consultados.

Tabela 1.17 – Alocação dos elementos no estaleiro


II. Modelo do centro de gravidade

A localização é calculada com base na distância, no custo, e no volume transportado, determinando o centro de
gravidade do produto destes factores.

Gx , Gy = Centro de gravidade nas direcções x e y

di = Distância horizontal ou vertical, da movimentação, da localização (i)

Pi= Volume ou Quantidade transportada, da localidade (i) Ci = Custo de transporte na direcção


especificada, da localização (i)

A localização de cada elemento no estaleiro, deverá ser definida individualmente, com o objectivo de atender as
necessidades de proximidade do diagrama de inter-relações, de acordo com as exigências de produção, de fluxo,
de higiene e segurança, de supervisão e controle, de relações com os clientes e a comunidade em geral, e com
outros factores que sejam considerados importantes.

1.3.4.6. Arranjo físico do estaleiro

O arranjo físico do estaleiro, deve ser elaborado, a partir do anteprojecto arquitectónico, dos requisitos e
directrizes, dos condicionantes da produção, das características dos elementos do estaleiro, das suas inter-
relações, dos fluxos dos processos, da priorização, e do estudo da alocação dos elementos, tendo como objectivo
atender às necessidades da fase actual, utilizando porém, o arranjo físico da fase anterior como referência, para
possibilitar o mínimo de alterações entre as fases.

O estudo do arranjo físico do estaleiro tem como objectivo optimizar o seu funcionamento global, em relação à
capacidade e segurança das instalações e à produtividade das operações, através principalmente, da minimização
do custo da movimentação dos materiais e da optimização das relações de proximidade, sendo procurado a
melhor solução global para cada fase, ou pelo menos alternativas que atendam às condições estabelecidas,
mesmo que individualmente a localização de algum elemento não seja tão boa quanto no momento em que foi
estudada individualmente.

A proposta deste trabalho, para o arranjo físico do estaleiro de obras, prevê o posicionamento dos elementos no
estaleiro, de acordo com a classificação estabelecida, na melhor alternativa de localização disponível, do estudo
de alocação, com base nos seguintes princípios:

I. Manutenção dos elementos na mesma localização da fase anterior, desde que a avaliação da alternativa
esteja entre as melhores possibilidades.

II. Posicionamento dos elementos na melhor alternativa de localização disponível, ou o mais próximo possível
deste local, de acordo com o estudo de alocação dos elementos

O posicionamento dos elementos deve ser feito, para cada fase do estaleiro, sobre as plantas do anteprojecto
arquitectónico, representando cada etapa da obra, para os níveis de garagem, térreo, pavimento tipo, e qualquer
nível intermediário, que seja importante para a representação do projecto do estaleiro,

É sugerido a utilização de um programa para desenvolvimento de projectos com auxílio do computador, de


forma que os desenhos possam ser realizados em níveis que possam ser sobrepostos para visualização do
desenvolvimento e das modificações do projecto, podendo ser feita a representação gráfica dos diversos níveis
da obra, em cada fase, em 2D (duas dimensões), no mesmo plano, conforme esquema apresentado na Figura 4.7
a seguir:
Figura 1.7 - Esquema de representação do arranjo físico do estaleiro para as fases da obra

1.3.4.7. Avaliação

A partir do arranjo físico do estaleiro para a fase em estudo, deve-se avaliar quantitativamente a solução obtida,
em relação aos custos de transportes, quando o projecto for desenvolvido para grandes áreas livres, através da
comparação da localização especificada, com o centro de gravidade calculado de acordo com o item 1.3.4.5.

Para a avaliação de arranjos físicos em terrenos restritos, com áreas limitadas, deve-se avaliar a localização dos
elementos através de notas de 1 a 10, para os mesmos factores utilizados no estudo da alocação dos elementos,
podendo ser utilizada a Tabela 1.18, calculando uma média geral do arranjo físico, e sempre que o resultado for
inferior a dez, reavaliando a alocação e o arranjo, para verificar a possibilidade de melhorar a solução obtida.

Para complementação da avaliação dos arranjos físicos, devem ser analisados os fluxos, através da sua
representação em planta, com o objectivo de visualização de interferências entre os fluxos dos diferentes
processos.

A utilização de listas de verificação possibilita a avaliação do atendimento às outras exigências do estaleiro,


relativas à segurança do trabalho, higiene, limpeza, arrumação, e organização, entre outras, de acordo com as
recomendações estabelecidas para o desenvolvimento do projecto.

Tabela 1.18 - Avaliação do arranjo físico do estaleiro


1.3.4.8. Anteprojecto das fases do estaleiro

Após a elaboração e avaliação dos arranjos físicos de todas as fases do estaleiro, será apresentado o anteprojecto
das fases do estaleiro, com o conjunto de arranjos desenvolvidos.

A representação gráfica do anteprojecto deve ser preferencialmente em escala 1:100 ou 1:200, em


formato tamanho A3 ou A4, em função do tamanho do terreno, utilizando linhas cheias para os
desenhos arquitectónicos e elementos do estaleiro, e linhas tracejadas para representação dos fluxos dos
processos.

O anteprojecto deve conter desenhos, especificações para os elementos do estaleiro, recomendações para a
movimentação de materiais, e a definição dos equipamentos de transporte, alem dos fluxogramas dos processos
para cada uma das fases do estaleiro, fornecendo especificações para o anteprojecto arquitectónico, estrutural e
de sistemas prediais, de forma a atender as necessidades de operação do estaleiro.
1.4. Projecto de execução

Nesta etapa, simultaneamente ao detalhe do produto, deve ser realizado, o detalhe do planeamento
operacional da produção, com a elaboração do projecto global do estaleiro, devendo participar o
representante do empreendedor, o coordenador do projecto, os representantes das equipes de projecto
para produção, de projecto de arquitectura, de projecto de estruturas, e de projecto de sistemas prediais,
além da participação do engenheiro de produção, se o mesmo já estiver definido para a obra.

1.4.1 Projecto global do estaleiro

O detalhe do planeamento operacional da produção, deve ser realizado através do projecto global do estaleiro,
abrangendo a revisão do cronograma, das fases do estaleiro, das alternativas de transporte, e do anteprojecto das
fases do estaleiro, buscando, através de uma síntese, compatibilizar o que foi optimizado no desenvolvimento
das fases, e realizar o detalhe dos elementos do estaleiro.

A compatibilização entre as fases do estaleiro pode ser feita com a realização de ajustes de posicionamento dos
elementos, ou alterações dos cronogramas, com vistas a redução das alterações no arranjo físico.

O estaleiro deve atender às exigências de cada fase e ao mesmo tempo minimizar o número de modificações
entre elas, de modo que, a síntese deve ser feita, procurando-se relacionar o custo da modificação, quando
necessária, com a economia operacional devido à uma optimização dos processos.

Após a definição do arranjo físico das diversas fases do estaleiro, deve-se realizar o detalhe dos elementos, com
a divisão funcional dos ambientes e a localização de móveis, máquinas e equipamentos, seguindo os mesmos
princípios do arranjo físico do estaleiro, como:

optimizar os fluxos dos processos;

reduzir perdas;

evitar interferências;

localizar mais próximas as actividades que têm maior grau de inter-relações.

O projecto global do estaleiro deve incluir o projecto evolutivo das fases do estaleiro, os fluxos dos processos,
especificações para recebimento, movimentação e armazenamento de materiais, recomendações para
mobilização, desmobilização, operação e manutenção dos equipamentos, especificações dos diversos elementos
do estaleiro, e recomendações para comunicação, iluminação, sinalização e limpeza.
O projecto global do estaleiro, pode ser desenvolvido, de forma a integrar um conjunto de documentos,
contendo, além dos documentos já especificados, os projectos de execução das protecções colectivas de todas as
fases do estaleiro, o estudo dos riscos de acidentes e de doenças do trabalho e suas medidas preventivas, a
especificação técnica das protecções colectivas e individuais, e um programa de treino sobre os processos de
produção e a segurança no trabalho, criando assim as condições para a execução das obras, com eficiência,
qualidade, produtividade e segurança.

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