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dos-alunos-muda-o-ensino

Publicado em NOVA ESCOLA 16 de Agosto | 2018

Sala de Aula

Como valorizar a ação do


aluno muda a aula para
melhor
Professores contam como aulas que valorizam a aprendizagem
ativa e investigação ajudam na construção do conhecimento
Beatriz Vichessi

Foto: Getty Images

Construir conhecimento é mais que transmitir informações. Investir tempo para refletir
sobre a própria prática e reaprender a lecionar é uma iniciativa para realmente fazer a
turma se interessar pelas aulas e aprender os conteúdos. “É uma inversão de eixo: o
foco passa a ser na construção do conhecimento por meio da investigação. Os alunos
são desafiados a levantar hipóteses, construir o conceito. E ao final, o professor faz a
sistematização. Assim, eles se tornam protagonistas”, diz Lilian Bacich, assessora
pedagógica do Time de Autores NOVA ESCOLA de Ciências.

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Depois de participar da Virada de Autores, Denise Chiconato, professora de Ciências da
EE Victor Maida, em Ibitinga (SP), mudou o modo de lecionar. “Aprendi a valorizar a
ação dos alunos, deixá-los pesquisar o conteúdo trabalhado”, diz. Em um curso na
Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, Denise também aprendeu a trabalhar
com a metodologia STEM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e
Matemática, que incentiva a interligação dessas áreas em prol da aprendizagem
interdisciplinar e com foco na aplicação prática do aprendizado).

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na Educação Infantil

“Logo que voltei ao Brasil já coloquei tudo em prática. Motivei os alunos a trabalhar
com protótipos. Fizemos um coletor de água da chuva com materiais descartáveis.
Antes, eles pesquisaram na internet informações a respeito”, conta.

Estranhamento

Às vezes, a mudança de postura do docente, que passa a valorizar a aprendizagem


ativa, mais mão na massa e colocando os estudantes em destaque, causa certo
estranhamento. Eles ficam intrigados: por que precisam levantar hipóteses? Por que o
professor simplesmente não explica o conteúdo, dá as respostas corretas e pronto?
Esse desconforto é saudável e, na maioria das vezes, passageiro. Fabio Henrique Boreli,
professor de Ciências EE Dom Barreto, em Campinas (SP), conta que quando começou
a trabalhar com metodologias ativas de ensino, os alunos torceram o nariz, mas ele
persistiu. “Ao final da aula, eles falaram ter adorado o novo jeito de aprender, que o
conteúdo agora fazia sentido para eles”, diz.

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Um aluno chamou atenção de Fabio. Depois de passar um semestre indiferente, o


garoto mudou de postura, começou a participar, ajudar os colegas e a se divertir nas
aulas. “A relação dele com a disciplina mudou. E a minha também depois que aprendi,
na Virada de Autores, a trabalhar com planos de aula que valorizam o pensar do
aluno”, diz.

André Geraldo Cursino, professor do primeiro ciclo do Ensino Fundamental na EM


Padre Zezinho, em Pindamonhangaba (SP), também inverteu o eixo das aulas,
deixando os alunos ficarem no centro das atenções, trabalhando de modo colaborativo
na resolução de problemas e com atividades que têm relação com o cotidiano. “É um
desafio repensar a maneira de ensinar e aprender Matemática, uma disciplina
tradicionalmente trabalhada de um jeito metódico. Eu me questionava sobre como
manter a turma interessada e ao mesmo tempo promover um esforço produtivo por
parte das crianças, de modo a transformar informação em conhecimento”.

A mudança nas aulas de André provocou tanto interesse da turma em aprender


matemática que os alunos sempre cobram que ele trabalhe com planos de aula da
Nova Escola. O professor também foi convidado a compartilhar sua experiência em
sala de aula com colegas da rede de Aparecida, apresentando um curso de formação
sobre os planos de aula alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

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Tecnologia
Dar espaço à tecnologia em prol da aprendizagem é outro ponto importante para
quem está em busca de aperfeiçoar o jeito de ensinar, colocando os alunos em posição
protagonista. “Recuperei a atenção e o interesse da classe durante as aulas depois que
aprendi a usar o Google de forma mais eficiente durante a Virada de Autores”, conta
Tarcísio Nunes Filgueiras Júnior, instrutor do SENAI/SC, em Brusque (SC).

Uma das utilidades que ele cita é o trabalho e compartilhamento de informações e


tarefa em tempo real. Segundo Tarcísio, uma atividade interessante que pode ser
proposta aos alunos é fazer uma viagem virtual. “A turma escolhe uma cidade destino
para viajar por, pelo menos, três dias. Com o Google Maps eles mapeiam o trajeto,
medem as distâncias, caminhos, pontos de paradas, com muita riqueza de detalhes”,
sugere o professor. Segundo ele, também é interessante que a viagem seja feita em
grupo, assim os alunos precisam fazer uma planilha de gastos com alimentação,
hospedagem e transporte. “Em um documento compartilhado devem descrever todo o
planejamento, colocar prints do Google Maps, mostrando hotéis e restaurantes que
vão frequentar e registrar curiosidades das cidades pelo caminho”, explica.

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Ao rever a prática e investir em novidades, como o uso do Google, alunos e


professores ganham. Lilian explica que essa mudança é um benefício para a formação
deles, que têm a oportunidade de olhar criticamente para o que aprenderam na
graduação, questionar se a teoria realmente funciona.

Ao transformar o momento do ensino, valorizando o protagonismo da classe, o


professor passa a ficar mais alinhado com a BNCC. Lilian ressalta que o documento
chama atenção para competências gerais de argumentação, empatia, pensamento
crítico e autoconhecimento. “E isso tem tudo a ver com aprendizagem ativa”, diz ela.

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