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27/09/2021 14:15 Manifesto pela educação real.

20 teses sobre educação | by Alexandre Moreira | Sep, 2021 | Medium

Manifesto pela educação real


Alexandre Moreira 1 hour ago · 4 min read

20 teses sobre educação

1. Pesquise sempre. Anote sempre. Aprenda onde e como procurar as respostas. Não se
preocupe em decorar. No final das contas, você se lembrará apenas das coisas que você
se interessou e depois praticou.

2. Tenha a liberdade de escolher quaisquer conteúdos, cursos ou metodologias. É uma


ilusão vendida pela escola a ideia de que tudo deve acontecer em uma ordem pré-
determinada.

3. Para todas as pessoas, os únicos conteúdos que devem ser ensinados em profundidade
são: as habilidades comunicativas: falar (oratória), ouvir (a arte de escutar o outro com
atenção), ler e escrever; e o raciocínio lógico, o que inclui a Aritmética e exercícios
específicos. Tudo o que a pessoa quiser fazer da vida vai depender dessas habilidades,
comunicativas e lógicas: trata-se afinal de absorver, processar e criar conhecimento. Os
demais conteúdos devem ser apresentados de forma introdutória e aprofundados apenas
se houver um interesse específico do aluno. Para o estudante em geral, não faz o menor
sentido, por exemplo, decorar fórmulas de Química Orgânica, o ciclo de Krebs ou
aprender geometria analítica.

4. O aprendizado real obedece a uma sequência: primeiro um problema a ser resolvido (o


“dever de casa”), depois aulas palestras online e enfim uma sessão de perguntas e
respostas com o professor. É assim que as pessoas devem resolver as questões do dia a
dia: apresentação e análise de um problema, busca de informações, sugestão de uma
solução e checagem dessa solução com alguém mais experiente.

5. A educação real é individualizada e dinâmica. Não existe uma “educação”, mas tantas
educações possíveis quanto existem pessoas. No final das contas, tudo vai depender das
condições específicas da família e da criança.

6. As provas e avaliações não medem o nível de desenvolvimento educacional de


ninguém, mas apenas a capacidade de memorização de curto prazo. Até hoje não foi
desenvolvido, e provavelmente nunca o será, um sistema de avaliação que meça o grau
de desenvolvimento humano do aluno (seja moral, mental, emocional, social, físico ou
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espiritual). Essa verificação cabe sempre aos pais, que podem contar com a ajuda de um
profissional qualificado (ouvidos os filhos, sempre que possível).

7. No mundo real, precisamos de um equilíbrio entre cooperação e individualismo:


muitas vezes precisamos trabalhar sozinhos, mas as grandes obras quase sempre são
feitas em conjunto. A educação deve refletir isso, pois as crianças precisam aprender a
resolver seus próprios problemas e também a colaborar com os outros na solução de
problemas.

8. Com o passar do tempo, crianças e adolescentes vão precisar muito mais de tutores do
que de professores. Uma das principais funções da educação é criar pessoas autônomas,
capazes de decidir racionalmente por si mesmas, com autocontrole, sem a necessidade
de coação. No final das contas, os pais devem se tornar mentores, aconselhando os filhos
e orientando-os sempre que preciso, ou seja, até o fim da vida.

9. A educação não termina com maioridade ou mesmo com a colação de grau em curso
superior. A educação pode e deve continuar por toda vida toda: sempre é possível
aprender mais, se desenvolver mais. Na verdade, a educação funciona essencialmente
por meio dos mesmos princípios a vida toda.

10. Não é preciso haver diferença entre educação e trabalho. As crianças devem sempre
assumir funções domésticas de acordo com sua capacidade, não apenas para ajudar em
casa, mas principalmente para aprenderem valores essenciais da vida adulta. Os adultos,
por sua vez, devem estar continuamente aprendendo em seu trabalho, do contrário
precisarão encarar o tédio e a ameaça de desemprego.

11. A educação não é um fim em si mesmo. Também não é finalidade da educação


alcançar níveis mais elevados na escolarização formal (“passar de ano” ou “entrar na
faculdade). A pessoa é educada para ser alguém melhor, para se desenvolver rumo à
plena realização do seu potencial.

12. Em educação, os métodos devem se adaptar às necessidades da pessoa em cada fase


da sua vida. Existem incontáveis caminhos para se chegar ao mesmo destino, o
desenvolvimento humano. Por isso, é preciso dar a maior autonomia possível às famílias
e às escolas para a escolha da forma de ensinar.

13. Os adolescentes não devem ser pressionados para ingressar no ensino superior.
Primeiro, porque nem todos precisam dessa formação para ingressar na profissão

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desejada; segundo, porque geralmente as pessoas ingressam na universidade ainda


muito imaturas.

14. Aprender não é absorver informação (isso é cada vez menos necessário da era do
Google). A real aprendizagem acontece quando a pessoa é capaz de selecionar, analisar,
sintetizar e utilizar essa informação na vida real.

15. Educação não se confunde com escolarização. Pessoas muito bem-educadas, que
desenvolveram plenamente seu potencial, muitas vezes têm pouca ou nenhuma
experiência escolar. Por outro lado, nada impede que pessoas mal-educadas se tornem
doutores apenas porque souberam se submeter às regras acadêmicas.

16. O que traz bem-estar e felicidade (as reais finalidades da educação) para as pessoas
não é o acúmulo de informações, a erudição, ou o bom desempenho escolar, nem mesmo
títulos acadêmicos. É a internalização dos valores (como honestidade e generosidade) e
das atitudes (como disciplina e resiliência) necessários para uma vida plena.

17. Toda aprendizagem real é voluntária. Se o aluno não for convencido da necessidade
de aprender algo, ele não vai aprendê-lo, mas apenas memorizar, por curto prazo, as
respostas requeridas.

18. O educando, especialmente a criança, deve ter sua dignidade respeitada, ou seja, deve
ser tratado como um ser racional (mesmo que a sua racionalidade não esteja
completamente formada). Por isso, a importância e a necessidade de todos os conteúdos
devem ser devidamente explicadas a ele. Essa fundamentação é importante também para
estimular o educando a aprender (tudo começa com o “porque”), o que torna a
aprendizagem muito mais eficiente.

19. Os pais têm o dever de ensinar às crianças uma visão de mundo coerente e completa.
Não transmitir as crenças familiares ou transmiti-las de forma incompleta é uma grave
lesão à integridade psíquica da criança, que ficará sem as definições e orientações
fundamentais para se identificar no mundo e para tomar decisões no dia a dia.

20. A liberdade educacional não apenas um direito garantido na Constituição, mas uma
condição para que a educação de fato aconteça. Sem liberdade, não há educação.

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