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A atuação do professor frente

aos problemas da fala.


Na escola, a porcentagem de crianças que apresentam
problemas de fala é razoavelmente grande. E a preocupação do
professor aumenta no momento em que o distúrbio começa a
interferir no rendimento escolar e na adaptação do aluno.

Nesses casos, o primeiro passo é encaminhar a criança ao


especialista adequado. Mas o professor sabe que o atendimento
gratuito é sujeito a grande espera e que o nível econômico dos
estudantes, na maioria das vezes, não permite tratamento particular.
Enquanto isso, na sala de aula e no recreio, o professor pode
ajudar seu aluno com problema de fala, se fizer um trabalho
paciente e constante que envolve três itens:

 Observação.
 Contato com os pais.
 Suas próprias atitudes frente ao distúrbio detectado.
 Modo de atuação do professor:

 A observação permite o levantamento dos problemas. É preciso


que seja constante e o professor deve estar atento não somente
aos aspectos de linguagem, mas também às características
físicas, ao comportamento e à atitude da criança.

 O contato com os pais fornecerá dados sobre o modo de vida


da criança, que oportunidades ela tem, no lar, de desenvolver seu
vocabulário, se a disciplina é rígida a ponto de não permitir a livre
expressão de sua linguagem, se existem outras pessoas na
família, se há irmãos menores e a relação do aluno com eles, se
em casa usa-se um outro idioma. Muitas vezes esse contato
revela fatores da origem da deficiência e, ao mesmo, tempo
fornece ao professor a oportunidade de orientar os pais a respeito.
 As atitudes do professor podem minimizar o problema ou agravá-
lo.

Atitudes que não devem ser adotadas:

 Ressaltar as dificuldades do aluno, distinguindo-o dos demais.


 Corrigir o aluno com frequência perante a classe.
 Mostrar impaciência ante a fala vacilante da criança ou
interrompê-la várias vezes pedindo que recomece.
 Relegar ou ignorar a criança que não consegue superar sua
dificuldade.
Por outro lado, existem várias atitudes a serem adotadas pelo
professor que podem ajudar a criança. Se não solucionam, pelo
menos minimizam o problema e trazem benefícios.

Algumas atitudes positivas:

 Não se esquecer de que, embora cada criança seja diferente


da outra, todas de igual faixa etária têm as mesmas
necessidades de amor, compreensão e aceitação.

 Evitar que o aluno se sinta inferior devido à sua dificuldade.

 Considerar o problema de maneira serena e objetiva.

 Não exigir que a criança fale melhor do que pode.

 Considerar seu esforço.


 Avaliar o desempenho do aluno pela qualidade de seu trabalho,
com o mesmo critério que adotou para os outros. Ele não deve ter
nota mais baixa por causa de sua dificuldade ou mais alta por
compaixão.

 Estimulá-lo a enfrentar o problema. Longe dos outros, e com


muito tato, conversar com ele sobre sua deficiência, estimulando- o
a superá-la.

 Despertar no aluno sua autoconfiança, demostrando que não


sente desagrado por ele.

 Encorajá-lo a desenvolver a atividades nas quais se distingue,


dar-lhe apoio e valorizá-lo sempre que merecer.
Sugestão práticas:

Exercícios para os lábios:


 Tocar os lábios com material quente, frio, áspero e liso.
 Estalar os lábios, imitando diferentes animais.
 Vibrar os lábios, imitando motor de carro.
 Soltar beijinhos, fazendo “bico”.
 Sorrir com exagero, de lábios fechados.
 Falar exageradamente u, i com a boca meio aberta.
 Falar exageradamente a, o.
 Segurar um lápis com o lábio superior (fazer bigode).
 Morder de leve o lábio superior e o inferior, alternadamente.
 Movimentar os lábios para o lado direito e o esquerdo.

Exercícios para a mandíbula:

• Abrir e fechar a boca bem devagar.


• Abrir e fechar a boca rapidamente.
• Bocejar amplamente.
• Mastigar com os lábios fechados.
• Falar ma abrindo bem a boca.
Exercícios de palato:

 Fazer gargarejos.
 Tossir várias vezes.
 Falar ding-dong várias vezes.
 Falar an/a, em/e, in/i, on/o, un//u.
 Falar k, k, k.
 Falar g, g, g.

Exercícios para língua:

 Colocar a ponta da língua no lábio superior e no inferior,


alternadamente.
 Colocar a ponta da língua no canto direito e no canto esquerdo
da boca alternadamente.
 Colocar a ponta da língua em cima, em baixo, num canto e no
outro da boca, fazendo uma cruz.
 Girar a língua passando-a nos lábios, imitando roda gigante.
 Em seguida, fazer “roda gigante” no outro sentido.
 Lamber soverte, pirulito ou doce, colocando a língua fora da
boca.
 Brincando com sons e palavras.

Há várias brincadeiras com sons e palavras que levam as


crianças a trabalharem a articulação e o ritmo de forma agradável e
informal.
Na pré-escola e nos primeiros anos do Ensino Fundamental,
quando os problemas de fala podem ser passageiros, essas
atividades ajudam as crianças a superarem suas dificuldades
normais. Elas são úteis também para o professor detectar falhas
patológicas.

Parlendas: São rimas infantis com ritmo próprio. Podem ser


cantadas ou acompanhadas por gestos. Exemplo:

Rei, capitão,
soldado, ladrão,
moço bonito
do meu coração.
Trava-línguas: Fala com palavras de difícil articulação. Exemplo:
Não sei se é fato ou se é fita.
Não sei se é fita ou se é fato.
O fato é que ela me fita
Me fita mesmo de fato.

Poesias e Rima: São valiosos instrumentos para a estimulação do


pensamento e da linguagem. Exemplo:
Lá vem o pato.
Pata aqui, pata acolá.
Lá vem o pato
Para ver o que é que há.

Adivinhações: Desenvolvem o raciocínio e o vocabulário. Exemplo:


Roc, roc, roc, roc.
Barulho ele faz de fato.
Come queijo, roe a rede.
Esse bichinho é o ......

Brinquedos e rodas cantadas: Auxiliam o desenvolvimento da


expressão rítmica. Brincadeiras como: Escravo de Jó; Eu fui no Itororó;
Esquindô lê lê.
Imitação de sons: Contribui para desenvolver a discriminação
auditiva.

Exemplos de atividades:

 Como é o som que faz uma abelhinha voando? Vamos fazer


igual? ZZZZZZ
 Vamos imitar o barulho de uma bicicleta? TTTTT

Para a discriminação dos sons das vogais e consoantes e


para desenvolver a percepção auditiva. Exemplos:

 Tentar falar as palavras, observando a semelhanças entre os


sons:

 T-D-N-L (língua atrás dos incisivos superiores) Nata- lata

 S- Z (ponta da língua atrás dos incisivos inferiores) Selo- zero


caça- casa

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