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O presente trabalho tem como foco principal fazer uma abordagem em torno da importância económica
dos rios de Moçambique Os rios são de fundamental importância para o homem, pois, além de
fornecerem água para o consumo, eles também são essenciais para a realização das
atividades econômicas, tais como a agricultura, pecuária e na produção industrial.
Faca abordagem em torno da importância económica dos rios em
Moçambique
Os Rios
Segundo Bertoni & Lombardi (1990) os rios são correntes volumosas de água que se deslocam na
superfície terrestre, por meio de canais permanentes e com rumo definido, que flui no sentido de um
oceano, um lago, um mar, ou um outro rio isso das áreas mais elevadas para as menos elevadas. Em
alguns casos, um rio simplesmente flui para o solo ou seca completamente antes de chegar a um outro
corpo de água. Pequenos rios também podem ser chamados por outros nomes, incluindo córrego, riacho,
riachuelo, canal e ribeira. Não existe uma regra geral que define o que pode ser chamado de rio.
Um rio pode se originar das mais diversas formas, porém a mais comum - aquela que caracteriza a maior
parte da hidrografia planetária - é a que faz com que o rio se forme a partir de uma sucessão de
fenómenos e de contínuas transformações ocorridas na natureza, que caracterizam o chamado ciclo da
água.
A distribuição dos cursos de água pela superfície de um lugar se faz sempre de acordo com uma
determinada hierarquia, em que os filetes de água das áreas mais elevadas vão se unindo a outros,
recebendo mais alguns e levando um volume cada vez maior de água até um outro.
Zona Norte
Pode-se identificar no país mais de 100 bacias hidrográficas que abrangem áreas superiores a 50km2.
Do ponto de vista da sua importância nacional, distingue-se de Norte à Sul, as seguintes bacias:
Bacia do Rovuma: abrange vastos terrenos nas províncias do Niassa e Cabo Delgado. O rio
Rovuma e os seus afluentes, o Lugela, Lucheringo e Messinge, são os principais cursos de água
desta bacia.
O Rovuma nasce na Tanzânia e, depois de um percurso norte – sul, naquele país, percorre Moçambique
ao longo da fronteira norte 650 km, no sentido Oeste-Este, indo desaguar em estuário em palma,
província de cabo delgado.
Em Moçambique, o seu percurso abrange uma área de 101,160km2.
O lugenda, Lucheringo e Messinge nascem todos no interior do país, na província do Niassa desaguam
no rio Rovuma. O primeiro nasce no lago Chiúta, enquanto os dois últimos nascem no planalto do
Niassa.
O regime dos cursos de água desta bacia é constante.
Bacia da Lúrio: é constituída pelo rio com o mesmo nome, que tem a particularidade de ser um
rio inteiramente moçambicano. Nasce no monte Malema e desagua na baía de Lúrio na província
de Nampula.
O rio Lúrio possui um regime periódico e serve de limite natural entre as províncias do Niassa e cabo
Delgado, com a de Nampula.
A Região Norte localiza-se entre as bacias dos rios Zambeze e Save e situada na parte sul do rio Save ao
Maputo.
Nessa região, as bacias hidrográficas apresentam predominantemente um padrão dendríto devido à sua
melhor distribuição, frequência das chuvas e à maior dispersão de rochas magmáticas e metamórficas.
Destaca-se aí o rio Lúrio, que nasce no monte Malema a mais de 1.000 m de altitude e tem cerca de
1.000 km de comprimento, e possui uma bacia hidrográfica de 60.800 km2, sendo considerada a maior
bacia totalmente inserida em território moçambicano. Devido à sua extensão, o rio Lúrio representa,
junto com os seus numerosos afluentes, a linha mestra da subdivisão do Planalto Moçambicano
(Muchangos,1999).
Também localizado na região norte, o rio Rovuma faz fronteira com a Tanzânia em quase todo o seu
percurso. Tem suas nascentes localizadas no planalto do Ungone, na Tanzânia,e atinge Moçambique na
sua confluência com o rio Messinge. A partir daí, toma a direção oeste-leste numa extensão de mais de
600 km2 até a sua foz no Oceano Índico onde desagua em forma de estuário (Muchangos,1999).
Em território moçambicano, a bacia do rio Rovuma é de 101.160 km2, sendo ele um rio estreito na
maior parte do seu percurso, alargando-se somente ao atingir a planície litorânea.
Zona Centro
Na Região Centro destaca-se o rio Zambeze, o maior e mais importante rio que atravessa o território
moçambicano. Nasce no Zaire e desagua por um delta na localidade de Chinde, província da Zambézia.
O Zambeze entra em Moçambique através do Zumbo, província de Tete, percorrendo uma extensão de
820 km, até a sua foz.
Com cerca de 2.600 km de comprimento, é o 26º rio 12 mais comprido do mundo, o 4º rio mais extenso
da África, tendo sua nascente na Zâmbia a cerca de 1.700 m de altitude.
Bacia do Zambeze: É a maior bacia hidrográfica do país, abrangendo uma vasta área das províncias de
Tete, Zambézia e Sofala.
A barragem de Cabora Bassa, que é a maior do país, resulta do represamento das águas do rio Zambeze
em Songo, na província de Tete. O rio Zambeze desagua num amplo delta de cerca de 7.000 km2 de
superfície. O caudal médio do rio é estimado em cerca de 16.000 m3 /s, transportando e depositando
anualmente um volume de aluviões de mais de 500.000.000 de toneladas. O principal braço do delta do
Zambeze é o rio Cuama que é retilíneo e é aproveitado para navegação fluvial (Muchangos, 1999).
Com excepção em Sofala e Zambézia, o percurso do Zambeze realiza-se em regiões de planaltos.
O seu regime é constante e os seus caudais são dos maiores do país, chegando a atingir os 600m3/s. a
bacia inclui ainda os principais afluentes do Zambeze, que são: o Chire, Luenha,Ponhame Rovùbué e
Aruângua.
Bacia da Púnguè: ocupa uma área considerável na província de Sofala, sendo formada pelo rio
Púnguè que nasce no Zimbábwe e desagua na baía de Sofala. A maior parte do seu percurso, 322 km
é na zona de planície. A bacia inclui ainda os rios Mazingaze, Muda e Vanduzi, afluentes do Púnguè.
Bacia do Buzi: é constituída pelos rios Buzi e Revue e abrange áreas consideráveis na província de
Sofala, em regiões de planícies. O rio Buzi, nascendo no Zimbábwe, tem em
Moçambique uma extensão de 320 km.
Zona Sul
Finalmente, na Região Sul, os principais cursos de água são: Govuro, Inhanombe, Limpopo, Incomáti,
Umbeluzi, Tembe e Maputo. Os rios Limpopo, Incomáti, Umbeluzi, Tembe e Maputo têm como
caracterísitica comum nascerem em países vizinhos e atravessarem os montes Libombos, que é uma
grande cordilheira, e, ao atingirem a planície perdem a sua capacidade erosiva e formam nas suas
margens extensas planícies aluviais, propícias à agricultura. Na planície, o seu caudal é condicionado
pela influência combinada das condições climáticas gerais, do fraco declive e da elevada permeabilidade
das rochas sedimentares Nas seções inferiores desses rios, formam-se frequentemente pântanos, a
navegabilidade dos rios nesta região é limitada devido ao regime sazonal do caudal e à sua elevada
capacidade de assoreamento (Muchangos, 1999).
Bacia do Save: ocupa uma grande área de planície no norte da província de Inhambane,
prolongando-se desde à fronteira com o Zimbábwe até ao oceano Índico.
O rio Save, que constitui a razão desta bacia, nasce no Zimbábwe e tem no nosso país, um percurso
de 330 km.
Bacia do Limpopo: ocupa uma vasta área na província de Gaza e inclui os rios Limpopo e
Changane, este último, afluente do primeiro. O Limpopo nasce na África do Sul e entra em
Moçambique através do Pafúri, percorrendo uma região de planície, até desaguar em Inhampura na
província de Gaza. Em Moçambique, a sua extensão é de 283 km.
Bacia do Incomati: ocupa a maior área da província de Maputo, sendo constituída pelo rio
Incomati, que nasce na África do Sul e desagua na baía de Maputo. A extensão do Incomati em
Maputo é 283 kms, correndo em zonas de planície.
Bacia de Maputo: desenvolve-se no sentido Sul-Norte, desde à fronteira com África do Sul até à
baía de Maputo. É formada pelo rio Maputo, que nascendo na África do Sul, estabelece a fronteira
entre os dois países e vai desaguar na baía de Maputo. A extensão do rio Maputo em Moçambique é
de 150 kms.
Sustentabilidade da vida
Milhares de espécies da flora e fauna, inclusive a espécie humana, consomem água de rios, que precisam
ter uma qualidade adequada para os diversos usos.
Dos rios provem grande parte da água consumida pela humanidade para beber, cozinhar, lavar,
conservar alimentos, cultivar plantas, criar animais, navegação, dentre outros usos.
A água corresponde a 70% da composição do corpo humano, sendo o principal componente da saliva,
do suor, das lágrimas, do sangue… Ela é parte essencial dos fluidos dos sistemas digestivo, respiratório,
circulatório, nervoso, muscular, urinário, reprodutor e ósseo. Auxilia, por exemplo: o transporte de
oxigênio e alimentos, o controle da pressão sanguínea e da temperatura do corpo, a eliminação de
substâncias tóxicas, a lubrificação dos olhos, das narinas, das juntas e da pele, além de ajudar a absorver
impactos e proteger os órgãos, dentre outras funções.
“A disponibilidade e uso de água potável, assim como a conservação de recursos hídricos, são chave
para o bem estar humano.” (ARTHURTON et al, 2007, p. 116, tradução nossa) [2].
A quantidade de água efetivamente disponível para uso humano corresponde a aproximadamente
0,007%, uma parcela relativamente pequena. (LIMA, 2001, p.09).
Fenômenos como a migração da população de áreas rurais para urbanas, o crescimento demográfico e o
processo de industrialização, dentre outros, têm, por um lado, ampliado a demanda de recursos hídricos.
E, por outro lado: “Os decréscimos nos suprimentos de água potável estão comprometendo a saúde
humana e a atividade econômica.” (ARTHURTON et al, 2007, p. 6, tradução nossa).
Os rios também fornecem alimentos aos seres humanos, com especial destaque aos peixes, de variadas
espécies e valores nutricionais. No entanto, “reduções drásticas nos estoques de peixes estão criando
tanto perdas econômicas quanto uma perda de suprimento de comida” (ARTHURTON et al, 2007, p.
6, tradução nossa), sendo a poluição das águas uma das principais causas da contaminação e morte de
seres aquáticos, o que tem acarretado também a redução de estoques de peixes para o consumo humano.
Salienta-se, assim, a importância dos rios para a sustentabilidade da vida e a necessidade de um conjunto
de ações para a sua conservação, melhoria e recuperação, nos casos em que se encontram degradados.
Irrigação
Os rios são muito importantes para a irrigação de terras em atividades agrícolas e para que a
sustentabilidade da vegetação natural.
Um exemplo na história é o rio Nilo. Localizado em uma região desértica do continente africano, foi
graças a ele que se pôde irrigar as terras para a agricultura no Egito Antigo. Após as cheias do rio, as
terras das margens ficavam forradas de húmus, um lodo fértil.
O consumo médio de água no mundo pelo setor agrícola corresponde a cerca de 70%, sendo o restante
consumido pelo setor industrial (20%) e pelo abastecimento (10%).
No Brasil, a captação de água doce para irrigação do setor agrícola corresponde a 33,5 Km 3/ano, ou seja,
72,5% do volume total. (BRASIL…, 1998).
Cultura e Identidade
Os rios trazem referências culturais muito importantes sobre a sociedade humana, expressando modos de
vida e implicações no cuidado e/ou falta de cuidado com o meio ambiente do qual fazem parte, os
recursos tecnológicos e tipos de usos de suas águas, significados, dentre outras.
Eles fazem parte da biografia de muitas pessoas, compondo memórias e perspectivas do presente e
futuro, que se alinhavam na tessitura de sua cultura e identidade.
Energia
“Energia e água estão intrinsicamente conectadas.” Há diversos tipos de fontes de energia que
necessitam da água em processos produtivos. “Por outro lado, a energia é requerida para tornar
disponíveis recursos d’água para uso e consumo humanos, por meio de bombeamento, transporte,
tratamento, dessalinização e irrigação.” (UNESCO, 2012, p. 4, tradução nossa).
Os rios são importante fonte de energia elétrica. A bacia do rio Paraná, por exemplo, possui um grande
potencial de geração de energia elétrica. Nela encontra-se a maior usina do Brasil, a de Itaipú, além da
usina Porto Primavera. E no rio Tocantins, um outro exemplo, localiza-se a usina de Tucuruí.
Cabe salientar a importância da abordagem sistêmica na instalação de usinas hidrelétricas, na medida em
que estas trazem uma série de implicações ao meio ambiente, em termos de ecossistema e dimensões
socioculturais e econômicas.
História
Os rios têm sido marcantes na história da humanidade. Exemplo disto é o rio Nilo, segundo rio do
mundo em extensão, que foi determinante para o desenvolvimento do Egito antigo. Localizado em uma
região desértica do continente africano, foi graças ao rio Nilo (denominado de Iteru, “o grande rio”, na
época do Egito Antigo) que a sociedade egípcia teve acesso à água para beber, irrigar as terras para a
agricultura (após as cheias do rio, as terras das margens ficavam forradas de húmus, um lodo fértil),
pescar, cultivar peixes (Sarotherodon niloticus, popularmente conhecida como “tilápia-do-nilo”) e
transportar mercadorias e pessoas (navegação fluvial).
Ao longo da história, registram-se alterações nas características e na qualidade das águas dos rios, do
ecossistema e, em certos casos, de sua configuração e percurso, alguns sendo, inclusive, parcialmente
retificados e escondidos pela sua canalização.
Os rios compõem espaços de cidades, que, por sua vez, formam-se “por processos urbanos que tanto se
sucedem na história quanto se inter-relacionam em uma mesma época e, com princípios diversos,
forjam a cidade múltipla. A cidade é policrônica: seu tempo não é linear, [...]“ (DUARTE, 2006, p.
120)
Lazer
Os rios têm se prestado também ao lazer de muitas pessoas, possibilitando atividades como: nadar,
pescar, velejar, dentre outras. Estas atividades também dependem da qualidade das águas dos rios.
Psicultura
A psicultura, ou seja, o cultivo de peixes, é uma das atividades econômicas propiciadas pelos rios.
No rio Parnaíba, por exemplo, que se localiza na região Nordeste do Brasil, entre os estados do Ceará,
Maranhão e Piauí, a principal atividade econômica desenvolvida é a psicultura.
Um dos fatores fundamentais para a psicultura é a qualidade das águas, que necessita estar em uma
condição adequada para a manutenção da vida saudável dos peixes e em equilíbrio dinâmico com o
ecossistema.
Transporte hidroviário
Os rios foram e têm sido bastante utilizados para a o transporte hidroviário, tanto de mercadoria quanto
de pessoas.
Em termos de custo e de capacidade de carga, o transporte hidroviário é cerca de oito vezes mais barato
que o rodoviário e três vezes menor que o ferroviário. (GODOY; VIEIRA, 1999).
Há rios que se prestam à navegação, enquanto que outros não. São exemplos de bacias com rios
navegáveis: a bacia Amazõnica (composta pelo rio Amazonas e afluentes como o Branco, Japurá, Juruá,
Negro, Solimões, Xingu, dentre outros, apresenta cerca de 23 mil km de rios navegáveis); a bacia do rio
São Francisco; a bacia do rio Paraná (composta por afluentes como o Grande, Paranapanema, Tietê, e
cuja hidrovia Tietê-Paraná é uma importante rota de navegação); dentre outras.
Conclusão
Revisão Bibliográfica
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