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INDICE

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INTRODUÇÃO
O presente trabalho subordinado ao tema: a atitude do homem para com a revelação divina, visa
fazer uma descrição sobre o comportamento do homem perante a revelação divina.

Depois de constatar que o homem busca Deus, o Catecismo introduz o tema da Revelação divina. A
ordem desses temas (a busca do homem e a revelação divina) não é casual: a busca do homem alcança o
seu objetivo porque o próprio Deus vem ao encontro do homem. Sem essa iniciativa divina, o encontro
com Deus não seria possível, pois este “habita em luz inacessível”.

A Revelação é mais do que comunicação de leis, de preceitos e de informações. Deus, em sua bondade e
condescendência, se aproxima para se revelar e se doar ao homem e para lhe revelar o seu desígnio de
salvação. A revelação divina é autorrevelação e autodoação

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1. Conceito da Revelação
Entende-se por revelação o acto de tirar o véu que cobre uma realidade, o acto de tornar acessível
uma verdade até então velada ou oculta. Este conceito é usado para indicar a realidade ampla que
constitui o dado de fé que nos é oferecido no Evento Jesus Cristo (João Paulo, 1992).

1.2. Conteúdos da revelação


A Constituição Dogmática sobre a Revelação divina no seu número dois condensa o conteúdo da
Revelação na Economia da Salvação nos seguintes termos: “Aprouve a Deus, na sua bondade e
sabedoria, revelar-se a si mesmo e tornar conhecido o mistério da sua vontade, por meio do qual
os homens, através de Cristo, Verbo Incarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e n’Ele se
tornam participantes da natureza divina” (Concílio Vaticano II, Dei Verbum, 2) Está claro que é
livre iniciativa de Deus o acto de se revelar. O movente da tal liberdade é a sua bondade e
sabedoria. Era natural que Deus que é suma bondade não permanecesse fechado em si mesmo
eternamente. E a sabedoria sempre move para o bem. A intenção do acto é salvífica, porque é
para que os homens tenham acesso ao Pai pelo Espírito. Deus faz-se conhecer para o homem
entrar no mundo de Deus.

A revelação divina concretiza-se por meio de palavras e acções intimamente ligadas entre si ao
longo da história da salvação. Mas a revelação plena acontece na pessoa de Cristo que é o
mediador e o agente do projecto de revelação do Pai. Ele é o mediador porque é o enviado, é o
agente porque Ele mesmo é Deus em acção.

1.3. A revelação em Abraão, Moisés e profetas

O projecto da revelação obedeceu um plano. “A seu tempo Deus chamou Abraão, para fazer dele
um grande povo, povo esse que depois dos Patriarcas, ensinou por meio de Moisés e dos Profetas
para que O reconhecessem como único Deus, vivo e verdadeiro, Pai providente e justo juiz, e
para que esperassem o Salvador prometido” (Concílio Vaticano II, O.C, 3). Como se pode
depreender do texto conciliar, Deus se revelou primeiro a Abraão, em seguida a Moisés,
sucessivamente aos profetas e quando chegou a plenitude dos tempos, depois de ter falado muitas
vezes e de muitos modos falou por meio do seu Filho, Jesus Cristo (Heb 1,1-2), o profeta por
excelência. Neste projecto estão envolvidos a palavra, o encontro, a experiência num percurso
histórico. Os padres conciliares não deixam margens para dúvidas que “a economia cristã,

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como nova e definitiva aliança, jamais passará, e não se há-de esperar outra revelação
pública antes da gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (Concílio Vaticano II,
O.C, 4).

Abraão respondeu à chamada de Deus e obedeceu ao seu projecto partindo sem saber para onde
ia (Gen 12). Confiou-se aos desígnios de Deus. O resultado dessa sua confiante abertura é ser pai de
um grande povo. É nosso pai na fé. É patriarca, isto é, arquétipo da fé. O Deus que se revela em
Abraão é o Deus da promessa. Um Deus que promete e cumpre a sua promessa de salvação.

Deus revelou se a Moisés oferecendo a libertação ao povo escravo no Egipto. O Seu


nome “ Sou Aquele que Sou” revela uma solicitude de liberdade para o ser humano. Por isso o
Deus de Moisés é o Deus Libertador.

Os Profetas foram um momento importante na revelação de Deus. Eles testemunham o cuidado


de Deus pela justiça no seio da humanidade. Eles aparecem como os defensores dos pobres e dos
vulneráveis da sociedade. Assim se revela um Deus que toma partido dos pobres e injustiçados.

Nos últimos tempos Deus se revelou em Jesus Cristo como o centro e o ponto definitivo da
história de Salvação (Fisichella, 2002). A Lei e os profetas são orientados a ele e somente nele
encontram pleno cumprimento.

De facto toda a vida de Jesus foi marcada por eventos que revelam algo transcendente. O seu
Baptismo, a sua pregação, os milagres, a sua morte por amor e finalmente a sua gloriosa
Ressurreição só podem ser revelação de Deus.

Os Sinópticos descrevem a actividade reveladora de Jesus com os verbos pregar e ensinar. Jesus
pregou o reino de Deus e testemunhou com a sua própria vida: “Convertei-vos porque o reino de
Deus está próximo” (Mt 4, 17). No Evangelho de São João Jesus é o Logos como sinónimo de
Palavra de Deus. Deus não fez ouvir a sua voz mas a sua palavra que se pode reconhecer somente em
Cristo (Jo 5, 37-38). A invisibilidade do Pai torna-se visível na glória do Filho, pois este é o
unigénito, isto é, o único que possui a vida mesma do Pai, o único que pode revelar o Pai dada a
sua preexistência junto de Deus (Jo 1,1-2).

Com S. Paulo pode se afirmar que quando chegou a plenitude dos tempos Deus enviou o seu
Filho nascido duma mulher […] para resgatar aqueles que estavam sob o domínio da Lei, para

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que recebessem a adopção de filhos (Gal 4,4-5). Paulo identifica o tempo último esperado com o
tempo e a história de Cristo. Na carta aos Hebreus Deus que tinha já falado nos tempos antigos
muitas vezes e de muitos modos aos pais por meio dos profetas, ultimamente, nestes dias, falou a
nós por meio do Filho que constitui herdeiro de todas as coisas e por meio do qual fez também o
mundo (Heb 1, 1-2).

Cristo mandou os Apóstolos que pregassem a todos os homens o Evangelho, prometido pelos
profetas e por ele cumprido e promulgado pela sua própria boca, como fonte de toda a verdade
salvadora e de toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes assim os dons divinos (Concílio
Vaticano II, Dei Verbum, 7). Os Apóstolos foram fiéis ao mandato e anunciaram o Evangelho com
palavras e a própria vida.

Para que o Evangelho permanecesse para sempre integro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram
os Bispos como seus sucessores, “entregando-lhe o seu próprio magistério” (Irineu, III,3).
Portanto, a sagrada Tradição e a Sagrada Escritura de ambos os Testamentos são como que um
espelho, no qual a Igreja, peregrinando na terra contempla a Deus, de quem tudo recebe, até
chegar a vê-lo face a face, tal qual Ele é (1Jo 3,2).Assim a sucessão Apostólica ininterrupta ou a
sagrada Tradição é a garantia da integridade do depositum fidei.

No ensinamento dos padres conciliares, a sagrada Tradição e a sagrada Escritura, estão


intimamente unidas e aglutinadas entre si; porque brotando ambas da mesma fonte divina,
reúnem-se num mesmo caudal e tendem para o mesmo fim. A Sagrada Escritura é a Palavra
enquanto redigida sob a inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição, por sua vez, transmite
integralmente aos sucessores dos Apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e o
Espírito Santo aos Apóstolos para que eles com a luz do Espírito de verdade, a guardem,
exponham e difundam fielmente na sua pregação (Concílio Vaticano II; O.c.,9).

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2. A ATITUDE DO HOMEM PARA COM A REVELAÇÃO DIVINA
O homem na qualidade de destinatário da revelação tem uma atitude a tomar. Este
pode-se abrir ou permanecer indiferente. Mas como a finalidade da revelação é a salvação do
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homem, no sentido que é para que o homem tenha acesso a Deus, Deus espera do homem a
obediência da fé (Rom 16, 26), isto é adesão ao projecto divino.

O encontro entre Deus e a pessoa humana acontece no coração e uma vez aberto o coração
professa-se coma boca o que se crê. Paulo atesta: “Acredita-se com o coração e, com a boca, faz
se a profissão de fé” (Rom10,10). A abertura do coração é manifestada pelo testemunho
público. Pois a fé não é um acto privado. Porque o encontro com Deus é renovador. Deus
comunica-se para nos introduzir no seu mundo. Esse toque do coração é um acto de graça. Os
Actos dos Apóstolos descrevem muito bem esse movimento na cena de Lídia onde
encontramos explicitamente afirmado que “O Senhor abriu-lhe o coração para aderir ao
que Paulo dizia” (Act 16,14).

O que Deus espera do homem perante a sua revelação, ou por outra qual deve ser a atitude do
homem perante a iniciativa salvífica de Deus? Resposta positiva, abertura a Deus, abandonar-se a
ele. É esta resposta positiva que se chama fé.

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CONCLUSÃO

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

João Paulo II (1992). Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Editora Loyola.

Concílio Vaticano II (2002). Constituições, Decretos e Declarações. Coimbra: Gráfica de


Coimbra.

Conferência Episcopal de Moçambique (1991). Carta pastoral Momento Novo. Maputo.

Conferência Episcopal de Moçambique (1984). Cartas pastorais. Porto: Humbertipo - Artes

Gráficas.

Conferência Episcopal de Moçambique. Comunicados e Notas.

Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (CCDDS) (1994). A Liturgia
romana e a Inculturação. 4ª Instrução para uma correcta aplicação da Constituição conciliar
sobre a sagrada Liturgia. Milão: Ed. Paulinas.

Gaudium et Spes (2002). Concílio Vaticano II. Constituições, Decretos e Declarações.

Coimbra: Gráfica de Coimbra.

Pontifício Conselho ‘Justiça e Paz’ (2002). Compêndio da Doutrina Social da Igreja. Vaticano:
Libreria Editrice Vaticana

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