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Estado de Santa Catarina

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOÃO DO OESTE


Município tricampeão nacional em alfabetização
Capital Catarinense da língua alemã

Escola
Acolhedora
Acolhimento
como forma de
cuidado.

Telma Aline Corti


Psicóloga
CRP 12/11748
O ano de 2020 foi um ano de muitas dificuldades,
incertezas, medo, perdas, mas também de muito
aprendizado. Fomos direcionados a uma vida muito
diferente daquela que estávamos acostumados: isolamento,
perdas em todos os sentidos, alterações significativas na
rotina de trabalho e principalmente na familiar,
predominância do medo. O trabalho na educação não foi
diferente.
Nossos alunos tiveram que ficar em casa, professores se
reinventaram, gestores e coordenadores buscaram novos
modos de conduzir os processos de ensino aprendizagem.
Esse foi e ainda é uma exigência real.

Em 2021, com a proposta de ensino híbrido, tendo


momentos presenciais e remotos, é preciso pensar
em estratégias que extrapolem o desenvolvimento
cognitivo dando ênfase a competências
socioemocionais, de forma a pensar o aluno de
maneira integral.

Isso se faz necessário principalmente no retorno às


aulas presenciais, quando irão surgir demandas
singulares que precisarão serem externadas e
acolhidas pela escola.
Para isso, O ACOLHIMENTO E O
ENGAJAMENTO COM OUTRO são os
principais caminhos para esse processo.
Este material foi elaborado com o objetivo de fornecer as orientações necessárias para a
realização das atividades de Acolhimento dos Alunos, que é fundamental para o processo de
ensino e aprendizagem.

Cabe destacar que este material é um apoio, subsídio para o planejamento do Dia do
Acolhimento que está baseado nos conceitos ACOLHIMENTO, ENGAJAMENTO E
AMABILIDADE mas também poderá auxiliar o planejamento de ações para outros dias, uma
vez que o Acolhimento deve se traduzir em atividades durante todo o ano, não se
caracterizando em uma ação isolada e devendo, especialmente, envolver os novos estudantes,
professores, funcionários, familiares/responsáveis e comunidade.

Acolher e engajar-se é uma responsabilidade de todos. A escola tem toda autonomia para
planejar e desenvolver esse dia atentando para a comunidade escolar, sua realidade e
necessidade.

A palavra “Acolher” possui diversos significados, como: agasalhar,


refugiar, resguardar, proteger, apoiar, amparar, entre outros. No
campo da educação, o acolhimento é uma ação pedagógica, que
favorece a integração de estudantes, de professores, gestores, pais e
funcionários, por meio de diversas estratégias e ações que podem ser
desenvolvidas no ambienta escolar.

Já a palavra ENGAJAMENTO diz respeito à abertura e motivação


para conhecer e dialogar com outras pessoas, manifestar opiniões,
ter assertividade e assumir a liderança quando necessário. Também
está associado ao interesse e energia direcionados às atividades,
pessoas e coisas.

O indivíduo AMÁVEL apresenta preocupação com a harmonia social


e valoriza a boa relação com os outros. Ter a amabilidade bem
desenvolvida envolve praticar a empatia, o respeito e a confiança, não
porque temos algo a perder ou porque vemos vantagens nisso, mas
sim porque genuinamente nos preocupamos e nos importamos com o
outro e seu bem-estar.
É ser respeitoso, altruísta, generoso, prestativo e disposto a confiar
nas pessoas. Todas essas características contribuem para a
construção de relações interpessoais mais positivas.
Entendemos que o retorno à rotina de sala de aula, ao ambiente
educacional, tem um caráter dinâmico, altamente movimentado e
carregado de sentimentos como alegria, segurança e companheirismo,
pode gerar desconforto em muitos sujeitos/atores do palco escolar,
pois ainda estamos aprendendo a conviver com essa “nova forma de
aprender e ensinar” inaugurada com a pandemia.
Aqui reside um maior cuidado, visto que comportamentos e atitudes
antes naturalizados, como o cumprimento, o toque, o acolhimento
com um abraço ou aperto de mão, devem dar lugar ao distanciamento
físico necessário e regulamentado em protocolos de saúde.
É necessário estabelecer e fortalecer as competências
socioemocionais e pensar em hábitos que devem acompanhá-las, a
exemplo da manutenção da calma, a importância de não agir
precipitadamente ou impulsivamente, respeitar o tempo e as
condições da escola, fazer bom uso da imaginação criativa, exercitar o
diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação são alguns exemplos.

A retomada das atividades presenciais traz consigo ainda questões inéditas que precisam ser
cuidadas. Cada criança, jovem e profissional de educação retornará à escola após um período
que suscitou grande incerteza e instabilidade, seja pela imprevisibilidade de retorno e, em
alguns casos, a perda irreparável de pessoas queridas ou mesmo da renda familiar.
Essas vivências, acompanhadas de sentimentos de tristeza, ansiedade, insegurança e medo,
podem ter provocado impactos na saúde mental dos estudantes, afetando também a sua
aprendizagem.

Essas sensações podem continuar acompanhando


crianças e jovens no retorno às aulas, inclusive
porque provavelmente ainda estaremos lidando
com a possibilidade de contágio, ainda que em
menor escala, e são aspectos que não podem ser
ignorados.
São estes aspectos socioemocionais que podem ser
minimizados e trabalhados no primeiro retorno das
crianças à escola, facilitando assim, trabalho da
equipe escolar no decorrer do novo processo de
ensino.

O convite é para que ninguém fique de fora.


É fundamental envolver pais, famílias, alunos, funcionários, professores e
gestores neste movimento que é de todos e para todos.
SUGESTÕES PARA O DIA DO
ACOLHIMENTO
DESENHANDO O VILÃO CORONAVÍRUS
Promover espaço de acolhimento e escuta dos sentimentos e das emoções por meio do desenho; e externalizar os
sentimentos que surgem ao desenhar, pois uma das formas das crianças menores expressarem sentimentos e
emoções acontece por meio do desenho.

Preparando o Ambiente

Cada um do seu lugar mantendo o distanciamento necessário. O(a) professor(a) pode disponibilizar material
(papel, giz de cera, lápis coloridos e o que mais estiver disponível) e estimular a expressividade da criança.

Metodologia Sugestiva

Após cada criança desenhar, o(a) professor(a) pode dar a voz para que ela expresse o sentimento que veio ao
desenhar (se tristeza, medo, surpresa, raiva, entre outros). Os desenhos podem ser colados em cartolinas ou papel
metro para exposição na sala ou pátio da escola, respeitando-se o distanciamento entre os estudantes.

A HISTÓRIA DO CORONAVÍRUS
Objetivos

Ampliar oralidade e elaboração de sentimentos por meio da criação de uma história coletiva sobre a
pandemia de Covid-19 e as repercussões do isolamento e distanciamento sociais.

Preparando o Ambiente

Com as turmas da educação infantil poderá ser utilizada uma música já conhecida e colocar as mesas em
círculo. Neste momento, é importante destacar que para “eu cuidar de você” e “você cuidar de mim”
precisamos ficar mais afastados. Momento oportuno para o(a) docente explorar acerca de outros cuidados
que devemos ter.

Metodologia Sugestiva

O(a) professor(a) pode iniciar dizendo aos alunos que as crianças serão os escritores do dia e juntos vão
contar uma história. Faz o convite: Quem vai me ajudar a escrever essa história? As representações dos
alunos poderão ser organizadas em desenhos, trabalhos manuais, por meio de outras diferentes formas de
manifestação e interação com os colegas. Pode iniciar estabelecendo as regras para cada um falar no seu
tempo, a fim de manter a ordem. O próximo a falar deve levantar a mão e, neste momento, pode contar
com o apoio de um coleguinha para controlar as falas. Iniciar a história sobre a chegada da Covid-19 e à
medida que cada um se pronunciar (o docente pode contribuir com a narrativa da história, elogiando
sempre os enfrentamentos, enfatizando as iniciativas e oferecendo possibilidades e acolhimento ao surgir
elementos de dor ou perda). Concluir estimulando os autores a trazerem soluções que eles acreditam ser a
resposta para a situação-problema apresentada, sem esquecer de valorizar cada participação, de modo a se
criar um ambiente acolhedor. Ao final, colocar nome de todos e ler a produção em voz alta, parabenizando
a participação e o envolvimento de cada um(a).
Contrato de Convivência
Elaborar Contrato de Convivência entre os alunos
Utilizar o Contrato como ferramenta para ser consultado sempre que necessário.

Descrição: Os estudantes devem fazer indicações de regras, combinados e acordos que


facilitem a convivência entre os alunos durante o ano. Por exemplo: não conversar
durante a explicação do professor, respeitar o aluno que está expondo sua opinião, entre
outros. Para o desenvolvimento da atividade, o acolhedor deverá anotar todos os
combinados da Sala e fixar na parede para que todos visualizem e relembrem diariamente o
Contrato firmado.

Observações: O acolhedor, caso necessário, deve mediar o debate para que alguns itens
sejam abordados e incluídos no Contrato de Convivência, tais como:
• Pontualidade, assiduidade, compromisso, respeito, responsabilidade, etc.

A Escalada
Objetivo: Associar aos estágios de subida da montanha as metas para a realização dos
sonhos. Trabalhar a relação de estimar o tempo em que cada etapa vai ser construída.

Descrição: Distribuir uma folha sulfite para cada estudante e explicar como a
atividade será realizada. Cada estudante deve escrever o seu sonho na parte superior
da folha, em seguida deve traçar cinco metas que serão necessárias para a realização
do sonho.

EU ACHO QUE...
Objetivos: Observar como os estudantes interagem com os sonhos dos outros e como
contribuem para o seu sonho. Trabalhar o reforço positivo entre os estudantes na sala.
Trabalhar a timidez dos estudantes em apresentações em público.

Descrição: Com a atividade da Escalada feita pelos estudantes em mãos, o orientador


deve redistribuí-las, observando para que o mesmo estudante NÃO pegue o seu
próprio papel. Em seguida os estudantes terão que dar uma sugestão na parte de trás
da folha, sobre como o colega pode ser mais eficaz para a realização do seu sonho, e
em depois apresentar as metas, o sonho e qual a sugestão que fez para toda a turma.
Quebrando o Gelo
Objetivo: Lembrar da importância de respeitar o sonho do outro e de como não
devemos desistir deles.
Descrição: O estudante deve escrever uma palavra/frase que se relacione com o
sonho. Em seguida, ele vai ler o que escreveu, sem explicar o motivo. Depois do
estudante ter efetuado essa parte, todos devem ficar de pé com o papel na mão. O
acolhedor então conta uma história motivacional (texto base), enquanto retira o papel
da mão de cada estudante. Alguns sonhos ele vai usar para a história, outros ele
rasgará. Preste atenção na reação dos estudantes.

Obs.: Haverá um texto base em que o acolhedor só colocará os sonhos ditos

Reflexão: Qual o sentimento de ter o sonho retirado de suas mãos? Você tentou
segurá-lo? Há momentos na vida que não conseguimos obter êxito nos sonhos, mas
sempre restará um pedaço dele em mãos, ou em lembranças. Não pare no primeiro
obstáculo, nem permita que alguém lhe diga que não é capaz.

TEXTO BASE

Era uma vez alguém que tinha o sonho de ir para a(o) ________.Certo dia ela
encontrou um(a) ________ no caminho, era um antigo colega de classe que se
tornou um excelente profissional.
Após alguns anos de muita imaginação, esse alguém de tornou um(a)
________. Nada do que queria, mas tudo que a família desejava. Dinheiro ele
ganhava, mas mesmo que viajasse para os países _____________________
a alegria parecia não existir. Então ele resolveu pensar em todas as profissões
que existem________________________________________________
Mas, no final, depois de tantas idas e vindas, lembrou que __________(isso
não importa), porque só o que era importante era seu próprio sonho, o de
ser ________.
Será que assim ele encontrará a alegria ou ela está neste momento picada
no chão que estamos pisando?
CARTA/ DESENHO À ALGUEM ESPECIAL
Descrição: Os estudantes devem fazer uma carta para si mesmo. Na carta
vão relatar o que aspiram para a sua vida (pessoal e escolar) ao concluírem
este ano letivo.

Observação: A carta deve ser fechada em um envelope e guardada no


portfólio de cada estudante, junto com os demais materiais. Só deve ser
entregue no último trimestre de aula.

Nomear e refletir sobre o que cada um passou.

Como cada um lidou com o período de distanciamento? Qual foi a pior e a melhor
parte? Quais reflexões surgiram? O que se aprendeu? Descobriu-se alguma
habilidade, algum talento? Perspectivas futuras: Como acham que será daqui em
diante? (Ter empatia e uma escuta ativa).
Em situações como esta, em que os estudantes são convidados a relatar suas
vivências, suas opiniões acerca de determinado tema ou assunto, suas impressões,
partilhando coletivamente os seus significados e se apropriando dos significados do
outro.
Por meio da linguagem e da interação, os estudantes podem ter acesso a outras
realidades. Cabe ao mediador da ação de acolhimento estimular os estudantes a esse
intercâmbio, considerando que a “conversa” deve ser vista como um conteúdo a ser
trabalhado, considerando-se assim, uma estratégia
metodológica.
Com crianças pequenas, podem ser usadas estratégias mais lúdicas, como pinturas e
desenhos para expressões dos seus sentimentos e emoções.
Diário de Bordo
Descrição: existem duas opções criar diário com as crianças, ou próprio
professor/gestor , quem realizar as atividades do diário de bordo que podem ser
diárias ou semanais, utilizará técnicas de escrita e desenho adequando para a faixa
etária de cada criança.

Objetivo: Cuidar da relação consigo mesmo e com o outro, perceber a sua


capacidades e dificuldades, engajamento com os outros, reconhecer a rotina de cada
criança, do educador, emoções, etc..

Oficina Combinados e Reponsabilidades: O que muda


na escola e na sala de aula? Qual o meu papel?

Os combinados representam o conjunto de condutas específicas que


regulam o funcionamento do trabalho do grupo e as relações estudante com
estudante, estudante com professor e estudante com a escola. A ele,
corresponde um conjunto de regras pensadas e discutidas pelo próprio
grupo, que regulam, entre outras coisas, as relações dentro da sala de aula
e o compromisso com o estudo e com a escola, o respeito entre todos, além
da organização dos espaços, dos tempos, entre outros. Para essa atividade,
como exemplo, pode ser construído os combinados de forma coletiva e
escritos com ajuda da professora em uma cartolina, a qual ficará exposta na
sala de aula e nos demais espaços da escola onde todos possam ver.
REFERÊNCIAS
https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dm/institutoayrtonsenna/hubsocioemoci
onal/institutoayrton-senna-fichas-de-acolhimento.pdf

http://www.escoladeformacao.sp.gov.br/portais/Portals/84/docs/Orientacoes_para_o
_Acolhimento.pdf

https://www.institutounibanco.org.br/wpcontent/uploads/2020/10/PA_Protocolo_Aco
lhimentoPF_09out2020.pdf

http://www.educacao.df.gov.br/wpconteudo/uploads/2018/01/recomendacao_guia_a
colhimento_comunidade_escolar.pdf

https://inova.educacao.sp.gov.br/wp-
content/uploads/sites/2/2019/12/Apostila_Acolhimento_Alunos.pdf

https://sae.digital/retorno-as-aulas-presenciais/

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