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Conceit Cognit 04
Conceit Cognit 04
Elementos da Conceitualização
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a) Empirismo colaborativo; m f
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b) Níveis de conceitualização; e i
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c) Incorporação dos pontos fortes i a
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Terapeuta identifica no relato o que é pensamento, emoção, comportamento. Isso ocorre na fase de
avaliação do cliente, logo na primeira sessão. É o primeiro “ingrediente ou elemento” a ser colocado no
cadinho.
“Colhidos os problemas” cliente e terapeuta tentam identificar como esses problemas são
DESENCADEADOS e MANTIDOS. São os segundos ingredientes colocados no cadinho.
Nem todos os casos atingem o terceiro nível. Alguns casos são resolvidos no primeiro nível de
conceitualização. Muito frequentemente o segundo nível de conceitualização, com explicações sobre
fatores desencadeantes e mantenedores, leva ao sucesso do tratamento. Clientes com dificuldades
crônicas e casos difíceis, tendem a demandar os três níveis de conceitualização.
Princípios da conceitualização
O cliente tem suas dificuldades e problemas, é isso o que o faz buscar a terapia. É
compreensível o foco nas vulnerabilidades. Porém, ele não tem apenas adversidades e o
terapeuta precisa identificar e trabalhar com as forças e pontos fortes do cliente em cada
estágio da conceitualização.
Usar os pontos fortes pode motivar o cliente a se engajar e se comprometer com mudanças
duradouras. O trabalho de aumentar a resiliência (capacidade de passar por uma situação
adversa sem se desestruturar / tolerância ao sofrimento) faz parte desse processo. Uma visão
mais positiva de si tende a reforçar a resiliência.
Terapeutas que procuram os pontos fortes, são mais holísticos. Os clientes não devem ser
vistos como sendo apenas doenças/transtornos, mas como pessoas que precisam de ajuda
em alguns pontos. Usar essas forças dá para o cliente a ideia de que o terapeuta tem interesse
pela sua vida como um todo, visto que o terapeuta tenta encontrar na história do cliente
elementos que podem ajudar.
As pessoas podem ser assertivas e seguras em uma esfera da vida, exemplo, no trabalho, mas
podem se mostrar inseguras e frágeis nos papéis familiares com dificuldades para saber como
cuidar bem dos filhos, ou serem assertivas com o cônjuge.
➢ Importa identificar em que áreas estão os pontos fortes. Se o cliente não conseguir
informar, perguntar se alguém de seu convívio reconhece qualidades na pessoa.
Explorar ao máximo os pontos fortes que o cliente têm. Pode ser por intermédio de lembranças
ou por crenças e valores que apresenta.
(ser bom para acalmar cães; cuidar bem dos filhos e da casa).
03. Forças e resiliência – (ensina a passar por uma dificuldade)
Resiliência não é qualidade absoluta, é dinâmica, maleável – estratégias que a pessoa usa
para lidar com as dificuldades.
Qual o impacto que cada dificuldade tem na sua vida? ou Como a sua dificuldade se manifesta
em outras esferas de sua vida?
Exemplos:
Z ouve vozes, tentou suicídio, tem dois filhos. Pontos fortes - Ela sempre cuidou da família, é
muito proativa e enfrenta as dificuldades tomando a posição de liderança. É um pilar de
sustentação da casa. Valor pessoal/cultural: Z: “É importante ser forte para minha família”.
T: Podemos pensar juntos sobre como usar sua coragem para enfrentar as dificuldades da casa e
que pudessem, de alguma forma, ser utilizadas para resolver problemas para desafiar essas vozes
que tanto lhe atormentam.
M tem dificuldade de lidar com os problemas no trabalho – Pontos fortes – Ele trabalhou como
voluntário em um abrigo de cães, pois sempre teve jeito para aquietar os animais que estão
nervosos.
T: Podemos pensar juntos sobre como usar os seus recursos/habilidades para lidar com os
cães, para resolver problemas no seu ambiente de trabalho.
03. Forças e resiliência – (valores e crenças são fatores protetivos)
Exemplos (Kuyken, Padesky & Dudley, 2010):
K tem depressão, teve perdas recentes, diz que está destruída e só enxerga o lado negativo.
Pontos Fortes - Embora diga que não está sendo boa mãe, ela cuida dos filhos, vai buscá-los na
escola, faz a janta, cuida das roupas e da limpeza básica da casa.
T: “Cuidar das crianças não é tarefa fácil para ninguém, mesmo quando está tudo indo bem. Você
está conseguindo cuidar das crianças nas piores circunstâncias. Isso pode parecer pouco para
você, mas é algo notável”.
Terapeuta introduz uma força que a paciente não identifica que são seus valores pessoais e
crenças sobre o papel de uma mãe, que podem ser fonte de força para as pessoas. Apesar do
sofrimento, as crenças de K funcionam como fatores protetivos.
03. Forças e resiliência – (identificação do problema)
A carga de trabalho não era a causa do seu sofrimento, mas sim o preconceito de gênero. R
sentia raiva em resposta aos comentários sexistas e tinha pensamentos automáticos de raiva
(que achava que não podia expressar) e seu comportamento era calmo e silencioso.
Kuyken, Padesky e Dudley (2010) e J. Beck (2022)
mudam o foco das crenças disfuncionais e usam as forças dos clientes.
O modelo que se apoiava em crenças negativas se beneficia (se completa) com a introdução
das crenças positivas em um papel importante (ambas as crenças tem função de adaptar a
pessoa à situação e de lidar com um problema).
Categorias de crenças centrais Exemplos de crenças centrais (nucleares) negativas sobre si
(nucleares) negativas sobre si
“Não consigo fazer as coisas; Sou inadequado, ineficiente, incompetente, inútil (comparado aos
outros); Eu não consigo lidar com as coisas; Eu não sou capaz de me proteger.”
Desamparo “Sou fraco, incapaz; Eu não consigo mudar; Não tenho controle da situação, vou me dar mal; Não
tenho atitude, objetivo, sou uma vítima.”
“Sou vulnerável, fraco, sem recursos, passível de maus-tratos.”
“Sou inferior, um fracasso, um perdedor, não sou bom o suficiente para realizar coisas; não estou à
altura dos outros.”
“Sou diferente, indesejável, feio, monótono; não tenho nada a oferecer e tem algo de errado
comigo; não tenho importância, sou dispensável.”
Desamor (de não ser amado) “Não sou amado, não sou querido, sou negligenciado.”
“Sempre serei rejeitado, abandonado; ficarei sozinho.”
“Sou diferente, imperfeito, sou defeituoso, não sou bom o suficiente para ser amado.”
“Não tenho valor, sou inaceitável, sou imoral, moralmente mau, sou indigno, sou um pecador,
Desvalorização (de não ter desprezível e inaceitável.”
valor) “Sou um louco, um derrotado, um nada, um lixo.”
“Sou cruel, uma pessoa ruim, perigoso, tóxico, venenoso, maligno.”
“Não mereço viver.”
Crença Central
Qual é a crença mais central sobre si mesmo?
“Tenho valor, sou razoavelmente digno, sou aceitável, sou moralmente bom, sou generoso,
Valor sou correto.”
BIELING, P. J. & KUYKEN, W. (2003). Is Cognitive Case Formulation Science or Science Fiction?. Clinical
Psychology: Science and Practise, 10 (1), 53-69.
EASDEN, M. & KAZANTZIS, N. (2017). Case conceptualization research in cogntive behavior therapy: A state of the
science review. J. Clin. Psychol. (1-29) https://doi.org/10.1002/jclp.22516
KUYKEN, W., PADESKY, C. A., & DUDLEY, R. (2010). Conceitualização de Casos Colaborativa: o trabalho em equipe com
pacientes em terapia cognitivo-comportamental. Porto Alegre: Artmed.