Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Conceit Cognit 05
Conceit Cognit 05
Elementos da Conceitualização
1) Sintetiza
integra, organiza, de maneira a dar sentido, o que é relevante da história de
vida/experiência e dificuldades atuais do cliente, com o modelo teórico da TCC
e a pesquisa.
2) Normaliza
Aumenta autoeficácia:
“Quando minha filha começou a choramingar, senti meu peito apertar. Mesmo
que eu não pudesse evitar essa reação, fez sentido para mim, entendi que mais
uma vez estava vendo as coisas de maneira negativa, que eu não era louca, que
ao pegá-la no colo eu iria acalmá-la, que isso era uma etapa do desenvolvimento
dela e não duraria para sempre.”
TERAPEUTA: Obrigado, por ter confiado em mim/ por ser honesto comigo - isso nos ajudará a trabalhar
melhor juntos. (cliente desconfortável, olhando para baixo, se encolhendo. O terapeuta usa essa
informação não verbal e pergunta): O que você acha que vai acontecer agora que me contou que foi
abusada na infância?
CLIENTE: (evitando contato visual) Você vai me desprezar e não vai querer mais trabalhar comigo, vai
achar que eu fui culpada. Eu me sinto envergonhada. (começa a chorar.)
Quando bem administrados, momentos como esse podem ser um avanço. As crenças, emoções e
comportamentos importantes do cliente quando são descobertos e integrados em uma conceitualização,
fazem a conceitualização caminhar em direção a um maior progresso.
O terapeuta ajuda a cliente a entender os sentimentos de vergonha e medo por ter sido abusada; busca
compreender o contexto, as experiências anteriores e as crenças associadas. No relato da história da
cliente, a mãe se preocupava em fazer reuniões sociais/trabalho, negligenciando os cuidados com a filha
e sendo dura quando esta fazia algo que desagradasse a mãe. O pai era ausente exigente e severo. Por
medo, a cliente escondia tudo para não ser castigada. Essas experiências criaram um padrão de
funcionamento de não revelar certas coisa por medo de o terapeuta vir a desprezá-la e a culpá-la pelo
abuso sofrido. A construção colaborativa da conceitualização pode diminuir alguns desses medos.
A conceitualização ajuda os clientes a entender por que estão fazendo algo, enfatiza a necessidade de
mudança e fornece um enfoque terapêutico claro. Com a compreensão das questões terapeuta e o
cliente podem decidir qual dificuldade abordar primeiro, justificando a escolha. Os clientes participam na
tomada de decisões sobre o que será priorizado.
A conceitualização fornece o mapa para ajudar o terapeuta e o cliente a decidirem juntos sobre os
melhores caminhos em direção aos objetivos da terapia.
O foco nos pontos fortes amplia os resultados da terapia, alivia o sofrimento, traz
melhoria da qualidade de vida e fortalece a aliança terapêutica.
Por exemplo, alguém por ter parado de trabalhar pode ir deixando, aos poucos, de
realizar tarefas que poderiam dar prazer. Com isso, passa a não atender telefonemas,
não abrir porta, etc. o que deprime o humor. Para essa pessoa, a ativação
comportamental de fazer atividades físicas novas, voltar a praticar um esporte, pode
levar a mudanças positivas e reforçadoras.
J. Beck (2022)
Quais informações precisam ser coletadas pelo terapeuta
para a construção da conceitualização:
4. Que um P.A. revela algo que ele acredita sobre si/outros/mundo. Que
interpretamos o mundo, e construímos crenças com as quais interagimos nos
contextos.
5. E que ele deve indagar “o que isso (P.A.) significa sobre mim?” E terá que
identificar as próprias crenças, regras e suposições.
J. Beck (2022); Knapp, 2004
A conceitualização precisa atender aos seguintes critérios:
Ter utilidade,
Ser simples,
Teoricamente coerente,
Oferecer explicações sobre comportamentos passados,
Encontrar sentido nos comportamentos presentes,
Ter capacidade para predizer comportamentos futuros.
Rangé (2004)
Em Síntese...
Funções da Conceitualização
1) Sintetiza.
2) Normaliza, é validante.
3) Envolve e engaja o cliente.
4) Organiza/arruma problemas.
5) Seleciona e organiza a sequência das intervenções.
6) Pontos fortes.
7) Intervenção de melhor custo-benefício para alcançar as metas da terapia.
8) Problemas da terapia são oportunidades para conceitualizar.
9) Ajuda a entender a não resposta e permite mudanças de rumo.
10) Facilita a supervisão.
É a alma do tratamento.
Fazer a conceitualização evita problemas na terapia (J. Beck, 2022).
É a base a partir da qual o terapeuta fundamenta suas primeiras hipóteses a
partir dos dados coletados.
Precisa ser verificada constantemente com o paciente em certos pontos.
Embora haja uma intervenção-padrão e um norte na sequência das sessões,
por intermédio da conceitualização o conteúdo da TCC é construído
individualmente.
Integra os componentes cognitivos, comportamentais e emocionais que
emergem nas sessões.
A conceitualização permite/ajuda:
BECK, J. (2022). Terapia Cognitivo-comportamental: Teoria e prática (3ª edição). Porto Alegre: Artmed.
BUTLER, A. C., CHAPMAN, J. E., FORMAN, E. M., & BECK, A. T. (2006). The empirical status of cognitive-behavioral therapy: A
review of meta-analyses. Clinical Psychology Review, 26, 17-31.
KUYKEN, W., PADESKY, C. A., & DUDLEY, R. (2010). Conceitualização de Casos Colaborativa: o trabalho em equipe com pacientes em
terapia cognitivo-comportamental. Porto Alegre: Artmed.
RANGÉ, B. (2004). Conceituação cognitiva. In C. N. de Abreu & H. J. Guilhardi (Orgs.), Terapia comportamental e
cognitivo-comportamental: Práticas clínicas (pp. 286-299). São Paulo: Roca.