Poesia

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LITERATURA MOÇAMBICANA ANTES E PÓS-COLONIAL

Perante a poesia de combate abaixo, refira-se do valor da repetição, da anáfora e do


paralelismo aqui presentes.

Canto dos guerrilheiros

Nós nascemos do sangue dos que morreram,


Porque o sangue é terra onde cresce a liberdade.
Os nossos músculos São fardos de algodão
Amarrados de ódio.
O nosso passo Sincronizou-se nas fábricas
Onde as máquinas nos torturam.
Foi na profundidade das minas,
Onde o ar foge espavorido
Que os nossos olhos se abriram.
Nós, filhos de Moçambique
Pela pátria que nos levou no ventre,
Nosso grito de vingança das mulheres,
Pela viuvez gerada pelo chibalo
Nós juramos
Que a luta continua, Pelo sangue de Fevereiro,
Juramos que as nossas bazzokas
Beberão mais aço.
Pela explosão de Fevereiro
Juramos que as nossas minas
Devorarão mais corpos
Pela ferida de Fevereiro,
Juramos que as nossas metralhadoras
Abrirarão clareiras de esperança.

Sérgio Vieira, poesia de combate 2, 1979


Apresente, em UMA página A4, a análise que faz no poema abaixo indicado, tendo em conta as
seguintes linhas mestras: aspectos estético estilístico; marcas do neo – realismo e a negritude
e o enquadramento no período correspondente na perspectiva de LARANJEIRA1 bem como a
importância que Noémia de Sousa teve na divulgação dos ideais da Negritude.

“Magaíça”
A manhã azul e ouro dos folhetos de propaganda
engoliu o mamparra,
entontecido todo pela algazarra
incompreensível dos brancos da estação
e pelo resfolegar trepidante dos comboios
Tragou seus olhos redondos de pasmo
seu coração apertado na angústia do desconhecido,
sua trouxa de farrapos carregando a ânsia enorme, tecida de sonhos insatisfeitos do
mamparra.
E um dia,
O comboio voltou, arfando, arfando...
oh nhanisse, voltou.
e com ele, magaíça,
de sobretudo, cachecol e meia listrada
e um ser deslocado embrulhado em ridículo.
Ás costas - ah onde te ficou a trouxa de sonhos, magaíça?
trazes as malas cheias do falso brilho do resto da falsa civilização do compound do Rand.
E na mão,
magaíça atordoado acendeu o candeeiro,
á cata das ilusões perdidas,
da mocidade e da saúde que ficaram soterradas
lá nas minas do Jone...
A mocidade e a saúde,
as ilusões perdidas que brilharão
como astros no decote de qualquer lady
nas noites deslumbrantes de qualquer City.

In O Brado Africano, n. 787, 25.12.1935

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