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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE XXXXXXX-XX

AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO C/C PEDIDO LIMINAR


FULANDO DE TAL, brasileiro, (estado civil), (profissã o), portador da cédula de identidade
nº 0000000 XXX-XX, inscrito no CPF nº xxx.xxx.xxx-xx, nã o possui endereço eletrô nico,
residente e domiciliado na Rua xxx xx, nº xx, bairro xxxx, (cidade), vem por intermédio do
seu Advogado (fl. xx), perante Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 319 e 320 do Có digo
de Processo Civil ( NCPC), propor a presente:
AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO C/C PEDIDO LIMINAR
em face do Departamento Municipal de Trânsito (cidade-XX), pessoa jurídica de direito
pú blico, inscrita no CPNJ nº xxxxx, com sede na Rua XXXX, nº XX, bairro XX, (cidade), estado
do XX, e o faz mediante os fatos e fundamentos jurídicos a seguir aduzidos:
1 - DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
Requer inicialmente o benefício da gratuidade da justiça, nos termos do art. 98 do Có digo
de Processo Civil, concorrente com o art. 5º, LXXIV da Constituiçã o Federal.
Ampara-se, também, no artigo 4º e seguintes da Lei 1.060/50, enfatizando que nã o dispõ e
de condiçõ es para suportar as custas processuais e honorá rios advocatícios sem prejuízo
do pró prio sustento e de sua família, conforme atesta em declaraçã o inclusa.
2 - DOS FATOS
O requerente é proprietá rio do veículo XXXXX (marca e modelo), ano XXXX, placa
XXXXX/XX, cor XXX, chassi XXXXXX, Có digo RENAVAM nº XXXXXXX, conforme de observa
em documento anexo.
Ao que se percebe, nas datas de XX/XX/XXXX, à s XXhXXmin, na Av. XXX x Rua XXXXX, no
município de XXXX - XX e XX/XX/XXXX, à s XXhXXmin no mesmo local, o Requerente foi
autuado, segundo as Notificaçõ es de Autuaçã o em anexo, por “Transitar com o veículo em
Ciclovias, Ciclofaixas”, o que configuraria, assim, a infraçã o prevista no art. 193, do Có digo
de Trâ nsito Brasileiro.
Entretanto, os fatos constantes nas Notificaçõ es de Autuaçã o sã o improcedentes, haja vista
que o Requerente reside na cidade de XXXX – XX, ao tempo das infraçõ es possuía emprego
na cidade e jamais esteve com seu veículo na Cidade de XXXX - XX, local das infraçõ es.
Vale salientar, que, apesar da placa do veículo autuado coincidir com a placa do veículo do
Requerente, o veículo sempre esteve na cidade em que o Autor reside e onde o mesmo se
encontrava trabalhando nas datas das autuaçõ es, qual seja, XXXXX - XX. Isto posto, as
circunstâ ncias levam a crer que se trata do crime de Adulteraçã o de sinal identificador de
veículo automotor previsto no art. 311 do Có digo Penal brasilero.
Além do injusto prejuízo financeiro imputado ao autor, este ainda pode vir a ter sua
Carteira de Habilitaçã o cassada, já que, quando da infraçã o de trâ nsito erroneamente
atribuída (gravíssima, com perda de sete pontos), estava ainda na modalidade de
permissã o.
Sendo flagrante à afronta a legislaçã o vigente e ao ordenamento jurídico pá trio, nã o
restaram opçõ es ao autor senã o ajuizar a presente açã o.
3 - DO PEDIDO LIMINAR
Presentes os requisitos do art. 300 do Có digo de Processo Civil, adiante demonstrados, o
requerente almeja a anulação do auto de infração pela via da tutela de urgência em
caráter antecedente,inaudita altera pars:
3.1 - Do “periculum in mora”
O autor teve sua primeira habilitaçã o, na modalidade permissã o, datada em XX/XX/XX. Seu
veículo foi roubado no dia XX/XX/XXXX, com posse restabelecida em XX/XX/XXXX.
A infraçã o imputada ocorreu em XX/XX/XXXX. Todos os referidos eventos fartamente
documentados, em apenso a esta inicial.
A natureza da suposta infraçã o é gravíssima, que enseja a perda de 7 (sete) pontos na
Carteira de Habilitaçã o, o suficiente para cassar o legítimo direito do requerente de dirigir.
A perpetuaçã o do processo no tempo pode fazer o demandante suportar um verdadeiro
arbítrio do Estado, afastando-o do seu meio de locomoçã o, imprescindível, inclusive, para a
realizaçã o do seu laboro.
Nã o é razoá vel que o autor, por um cristalino equívoco estatal, possa ter sua habilitaçã o
excluída. Presente, portanto, o periculum in mora.
4 – DO DIREITO
É pacífico na doutrina que o ato administrativo eivado de vício de ilegalidade deve ser
declarado invá lido e, por conseguinte, anulado. A anulaçã o opera efeitos ex tunc e, portanto,
retroage à data que foi praticado, eliminando da esfera jurídica qualquer consequência de
sua existência.
Nesse diapasã o, impende destacar a definiçã o do ilustre mestre Hely Lopes Meirelles
(Direito Administrativo Brasileiro. 41ª ed. Sã o Paulo: Malheiros, 2014, p. 33) quanto à
anulaçã o de ato administrativo que aduz, in verbis:
“Anulaçã o é a declaraçã o de invalidade de um ato administrativo ilegítimo ou ilegal, feita
pela pró pria Administraçã o ou pelo Poder Judiciá rio. Baseia-se, portanto, em razõ es de
legitimidade ou legalidade, di- versamente da que se funda em motivos de conveniência ou
oportunidade, e por isso mesmo é privativa da Administraçã o.”
A lei 9.784/99, que trata do processo administrativo na esfera federal, assim dispõ e:
Art. 53. A Administraçã o deve (grifo nosso) anular seus pró prios atos, quando eivados de
vício de legalidade, e pode revogá -los por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos.
Há , desse modo, um poder-dever. Nã o se trata de uma mera faculdade a anulaçã o do ato
administrativo, mas uma verdadeira obrigaçã o, eis que a Administraçã o Pú blica, nos
termos do princípio da legalidade, esculpido expressamente no texto do art. 37, caput, da
Constituiçã o Federal.
O ato da administraçã o ao qual o autor foi submetido – a infraçã o de trâ nsito e respectiva
multa – está revestido de ilegalidade, pois está fartamente demonstrado através da
documentaçã o que acompanha esta exordial que o autor teve a placa da sua motocicleta
clonada e que o mesmo nã o se encontrava na cidade das respectivas infraçõ es ao tempo
dos fatos.
Assim dispõ es a sú mula 473 do Supremo Tribunal Federal:
Sú mula 473 – A administraçã o pú blica pode anular seus pró prios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles nã o se originam direitos; ou revogá -los, por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciaçã o judicial.
Se o ato ilegal nã o pode originar direitos, nã o há o que se falar, de nenhuma forma, de
sançõ es. E é isto que está sendo imputado ao requerente, que além da perda pecuniá ria de
pagar a multa, ainda pode – pela natureza gravíssima da infraçã o erroneamente dirigida a
este – ter seu direito de guiar seu veículo cassado.
Por tudo isso, é inquestioná vel o poder-dever do Judiciá rio de apreciar os atos
administrativos e constatado vício formal ou material, como no caso em apreço, declarar
sua nulidade total, como se pleiteia, operando o regular efeito retroativo.
5 – DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer que V.Exa. se digne a:
a) Conceder ao requerente os benefícios da justiça gratuita, haja vista que nã o dispõ e de
condiçõ es econô micas e/ou financeiras de arcar com as custas processuais e demais
despesas aplicá veis à espécie, honorá rios advocatícios, sem prejuízo pró prio ou de sua
família, nos termos da inclusa declaraçã o de hipossuficiência, na forma do artigo 98 do
Novo Có digo de Processo Civil;
b) LIMINARMENTE, a conceder a medida liminar, com expediçã o de ofício a Ré, para que
anule IMEDIATAMENTE o auto de infraçã o, sob as pena da lei;
c) Realizar a citaçã o do requerido, por todos os meios disponíveis, para que compareça à
audiência de conciliaçã o ou mediaçã o, e posteriormente, querendo, contestar a presente
açã o, sob pena de revelia, confissã o e demais cominaçõ es legais ( CPC, art. 334 e art. 344);
d) Declare, definitivamente, a nulidade do ato administrativo;
e) Declare os efeitos extunc relativos à anulaçã o do auto de infraçã o de trâ nsito em questã o;
g) A condenaçã o do requerido no ô nus da sucumbência, compreendendo custas
processuais e honorá rios advocatícios, a serem arbitrados por Vossa Excelência.
h) A produçã o de todos os meios de prova em direito admitidos, bem como os moralmente
legítimos, mas há beis a provar a verdade dos fatos em que se funda a açã o.
Dá -se a causa o valor de R$ XX,XX para fins de alçada.
Nesses termos,
Pede deferimento.
Cidade/Estado, Data
ADVOGADO
OAB

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