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Direito Internacional - Milena Souza
Direito Internacional - Milena Souza
Santos
2022
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 3
1. CONCEITO DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO ..................................... 4
2. AS FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO ................................... 5
2.1 Fontes Internas ................................................................................................................. 5
2.1.1 Constituição e leis ........................................................................................................... 5
2.1.2 Costume nacional ........................................................................................................... 6
2.1.3 Doutrina e jurisprudência interna ................................................................................... 7
2.2 Fontes Internacionais ...................................................................................................... 7
2.2.1 Tratados Internacionais.................................................................................................... 8
2.2.2 Costume Internacional .................................................................................................... 9
2.2.3 Jurisprudência Internacional .......................................................................................... 9
3. A LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO ............ 11
3.1 Estatuto pessoal no DIPr brasileiro .............................................................................. 11
4. ELEMENTOS DE CONEXÃO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO . 13
4.1 Das conexões pessoais ................................................................................................... 13
4.1.1 Domicílio ...................................................................................................................... 13
4.1.2 Nacionalidade ............................................................................................................... 14
4.2 Lex fori (Lei do Foro) ................................................................................................... 14
4.2.1 Lex rei sitae .................................................................................................................. 14
4.2.2 Lex loci delicti comissi ................................................................................................. 15
4.2.3 Lex loci executionis ou lex loci solutionis ................................................................... 15
4.2.4 Locus regit actum ou lex loci contractus (lugar de constituição da obrigação) ........... 15
4.2.5 Autonomia da vontade .................................................................................................. 16
CONCLUSÃO....................................................................................................................... 17
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 18
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INTRODUÇÃO
O Direito Internacional Privado tem a função de informa qual legislação deve ser
aplicada aos diversos casos e conflitos de interesse privado. Em outras palavras, tem como
função tratar das relações e leis no aspecto civil, garantindo o bom relacionamento entre
pessoas, físicas e jurídicas, de diferentes Estados. Regrando as relações comerciais ou
familiares, sempre no domínio entre particulares, e em diversas áreas do direito, sejam estas
de matéria penal, cível, trabalhista e de família, como divórcios, sucessões, adoções, etc.
O presente trabalho tem o intuito de elucidar questões relativas ao Direito
Internacional Privado, começando por seu conceito, expondo as diversas fontes aplicadas,
apresentando também os conflitos existentes.
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1. CONCEITO DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
O DIPr uma disciplina jurídica que se fundamenta num método e numa técnica de
aplicação do direito, que busca solucionar os conflitos de leis estrangeiras no espaço, ou seja,
os fatos em conexão espacial com leis estrangeiras divergentes, autônomas e independentes,
buscando aplicar a melhor norma ao caso concreto. Trata-se do conjunto de princípios e regras
de direito público destinados a regulamentar os fatos que orbitam ao redor de leis estrangeiras
contrárias, bem como, observar os efeitos jurídicos que uma norma interna pode causar além
do domínio do Estado em que foi editada, e também nas relações jurídicas subjacentes sejam
de direito privado ou público.
Apesar disso, o direito internacional privado por si só não resolve a questão jurídica
sub judice, visto que suas normas são apenas indicativas ou indiretas, ou seja, apenas indicam
qual ordem jurídica substancial (nacional ou estrangeira) deverá ser aplicada no caso concreto
no fim, resolver a questão principal
Para que o DIPr possa atuar num processo judicial deve aparecer na relação jurídica
um determinado elemento estrangeiro conectando a questão sub judice a mais de uma ordem
jurídica. Não havendo o elemento estrangeiro no caso concreto não há que se falar na aplicação
das normas do DIPr. Desta forma, não se fazendo presente a conexão espacial com leis
estrangeiras contrárias, o conflito apresentado não pertence ao DIPr, pois não ultrapassa as
fronteiras de um determinado Estado. Deve, assim, o ato ou o fato jurídico estar em contato
com dois ou mais meios sociais onde vigoram normas jurídicas autônomas e independentes,
cada qual regulando à sua maneira o mesmo tema, para que possa operar o DIPr.
Diante do exposto, o DIPr tem por finalidade, em princípio, indicar ao magistrado
nacional a norma, nacional ou estrangeira, que será aplicada ao caso concreto, contudo, sem
resolver a questão jurídica posta perante a Justiça do foro. Ressalta-se que a indicação da
norma competente e a possibilidade de aplicação do direito estrangeiro perante a ordem
jurídica do foro, vem demonstrar a dimensão do DIPr, que busca a efetiva aplicação do direito.
De acordo com o previsto no art. 16 da LINDB: “Quando, nos termos dos artigos
precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem
considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei”. Nos países que adotam, como direito
aplicável, para além do direito substantivo ou material, também as normas de DIPr estrangeira,
nasce o problema do reenvio.
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2. AS FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
São fontes internas do DIPr aquelas oriundas de detrminado Estado, sendo essas,
historicamente, as mais importantes na maioria dos países. Tanto a Constituição, como as leis
e os costumes nacionais estabelecem, cada qual ao seu modo, regras aplicáveis aos conflitos
de leis no espaço com conexão internacional, merecendo devida análise. Pelo fato de as
normas internas regularem, com maior ênfase, os conflitos de leis no espaço com conexão
internacional, é que a generalidade da doutrina atribui ao Direito Internacional Público a
característica de ramo do direito público interno do Estado.
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de cujus”.
Ainda que existam, tratados internacionais a regular os conflitos de leis no espaço,
bem como os costumes (internos e internacionais) regular a matéria, o certo é que as leis
internas de cada Estado, continuam disciplinando com maior abrangência o tema em diversos
países, pois facilmente pode-se perceber que as normas internacionais e os costumes que
regulam o DIPr são em número bastante reduzido, quando comparadas com as leis internas
que tratam do mesmo assunto. Daí a importância que têm as normas internas para o Direito
Interno Privado, especialmente a Constituição e as leis.
A fonte interna mais importante para o Direito Interno Privado brasileiro é a Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB (Decreto-Lei nº 4.657/1942, com
redação dada pela Lei nº 12.376/2010), que disciplina o assunto nos artigos 7º ao 19º. A
LINDB, entretanto, tem recebido criticas por não ter acompanhado a evolução do DIPr no
mundo contemporâneo, razão pela qual deixa de regular inúmeras questões que a atualidade
coloca. Existem, porém, inúmeras outras normas de Direito Interno Privado esparsas na
legislação brasileira. Assim, no Código de Processo Civil encontram-se normas relativas à
competência internacional, à prova do direito estrangeiro e à homologação de sentenças
estrangeiras.
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o juiz nacional aplicá-lo internamente, tal como aplica qualquer norma escrita, nacional ou
estrangeira.
Aparentemente não há no Brasil, diferentemente do que ocorre em outros países,
principalmente os europeus, nítidos costumes nacionais relativos ao DIPr.
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da ordem internacional, tais os tratados e os costumes internacionais. Atualmente, tais fontes
são de extrema importancia, pois regulam aspectos específicos do DIPr, às vezes não
disciplinados pelas fontes de internas. Outras vezes, porém, não obstante existir fontes internas
a disciplinar certo conflito de DIPr, os tratados ou os costumes internacionais complementam
a legislação interna dos Estados, auxiliando o magistrado na resolução do conflito sub judice.
Nesse contexto, portanto, também merecem destaque as fontes internacionais do DIPr,
especialmente pelo fato de, atualmente, se buscar cada vez mais um diálogo das fontes na
resolução dos conflitos de leis no espaço com conexão internacional.
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convenções internacionais assinadas, ou que venham a ser assinadas no futuro, em caráter
bilateral ou multilateral, pelos Estados Partes, complementando que apenas na falta de norma
internacional, os Estados Partes aplicarão as regras de conflito do seu direito interno.
Existem, atualmente, inúmeras outras convenções que abordam temas estritos ou
conexos de Direito Interno Privado, merecendo destaque as convenções internacionais de
Direito Uniforme, Essa convenções, a exemplo das normas internas de DIPr, estabelecem
regras de conexão aplicáveis aos conflitos de leis no espaço com conexão internacional que
regulamentam. Na Europa, têm destaque as convenções da Haia sobre diversos tipos de
conflitos normativos, quer no âmbito do direito civil como no do direito comercial.
Muito embora, sua aplicação seja rara, se comparado aos tratados, o costume
internacional também constitui-se em fonte formal do DIPr.
Segundo o conhecido art. 38, § 1º, b, do Estatuto da CIJ, entende-se por costume
internacional a prova de uma prática geral aceita como sendo o direito. Sendo assim, se
percebe dois elementos para a formação do costume internacional: a prática generalizada de
atos por parte dos Estados, elemento material ou objetivo, e sua aceitação como norma jurídica
(elemento psicológico ou subjetivo). Assim, à medida que uma prática relativa a certo conflito
de leis passa a ser aceita pela sociedade internacional a título de norma jurídica, tem-se, então,
formado um costume internacional sobre esse conflito normativo, caso em que os Estados
deverão normalmente observá-lo no plano do seu Direito interno, especialmente na ausência
de outras fontes escritas.
Muitos dos costumes internacionais aplicados no Direito Interno Privado foram
reduzidos a termo, para maior visibilidade e clareza, sobretudo pela Câmara de Comércio
Internacional. É exemplo dessa regulação a publicação denominada Incoterms (International
Commercial Terms/Termos Internacionais de Comércio). Esses termos comerciais
internacionais poem em prática o costume internacional relativo ao comércio internacional e
são observados pelos atores que lidam nesse ramo de atividade.
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internacionais, sejam raros, não se descarta o papel da jurisprudência internacional no auxílio
e determinação do direito aplicável em casos de conflitos de leis. É evidente, porém, ser
incomparável o papel da jurisprudência interna relativamente à jurisprudência internacional.
Além de mais nítida para o juiz do foro, a jurisprudência interna resolve problemas sempre
mais constantes no plano interno que a jurisprudência internacional. O escasso número de
casos de DIPr julgados por tribunais internacionais deve-se ao fato de serem geralmente afetos
a particulares, que não podem ingressar, senão por meio de proteção diplomática por parte de
um Estado, diretamente em uma corte internacional para reinvindicar direitos seus, sendo
certo que os Estados, também muito raramente, lançam mão da proteção diplomática para
reinvindicar, em nome próprio, perante um tribunal internacional, direitos de particulares
lesados por outros Estados.
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3. A LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
Denomina-se estatuto pessoal a garantia dada aos estrangeiros de que as leis do seu
país de origem serão aplicadas perante a ordem jurídica de outro, relativamente ao estado da
pessoa e sua capacidade, e de que as leis do seu país o acompanham para regê-lo em tal âmbito
no território de outro. Ele contempla, todos os acontecimentos juridicamente relevantes que
marcam a vida de uma pessoa, começando pelo nascimento, com a aquisição da personalidade,
e das questões referentes à filiação, ao nome, ao relacionamento com os pais, ao pátrio poder,
ao casamento, aos deveres conjugais, à separação, ao divórcio e à morte.
O estatuto pessoal, na legislação dos diversos países, tem se baseado ou na lei de
nacionalidade da pessoa (critério político) ou na de seu domicílio (critério políticogeográfico).
Essa escolha, evidentemente, varia conforme as opções políticolegislativas tomadas por cada
Estado. Assim, enquanto os principais países europeus como a Alemanha, Áustria, Bélgica,
França e Itália, têm optado pelo critério da nacionalidade como determinador do estatuto
pessoal, os países da common law: Austrália, Canadá, Estados Unidos e Inglaterra) e os latinos
Argentina e Brasil têm adotado para tal o critério do domicílio.
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No Direito Internacional Privado brasileiro, vale o critério do domicílio, que determina
a lei que deve reger o estatuto pessoal, tendo sido abandonado o critério da nacionalidade
antes utilizado, notadamente por ser este último tido como prejudicial ao próprio interessado,
pois que, ante o desconhecimento de sua lei pelas autoridades judiciais do país onde vive,
acabará sendo atendido pelos tribunais de forma mais lenta, em um processo mais custoso,
sendo-lhe estendida menos justiça do que se a causa fosse julgada pela lei do local onde vive.
A norma brasileira atual sobre a lei aplicável ao estatuto pessoal vem expressa no art.
7º, caput, da LINDB, nos seguintes termos: A lei do país em que domiciliada a pessoa
determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os
direitos de família.
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4. ELEMENTOS DE CONEXÃO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
Existem diversos critérios para aplicação da norma ao caso concreto sob o plano do
direito internacional, entretanto, os elementos de conexão de maior relevância e incidência
nas relações privadas, são: domicílio, nacionalidade, lexfori, lex rei sitae, lex loci delicti
comissi, lex loci executions, locusregitactum e autonomia da vontade.
4.1.1 Domicílio
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4.1.2 Nacionalidade
Por esse elemento de conexão, conforme definição especifica de cada lexfori, será
aplicado aos conflitos de leis, a norma do Estado em que a pessoa possui nacionalidade. A
nacionalidade é definida pela lex fori, que se pode basear no direito constitucional do
estrangeiro, no do foro, no do lugar no nascimento da parte interessada ou de seu pai, ou,
ainda, o critério que parecer lógico, contanto que se proceda à qualificação.
Com a entrada em vigor da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro no
ordenamento jurídico pátrio, a nacionalidade deixou de ser adotada como principal critério de
elemento de conexão, passando a ser aplicável a do domicílio. No entanto, o critério da
nacionalidade ainda possui grande incidência nos países europeus e de outros continentes e,
inclusive, ainda é empregado na ordem jurídica brasileira.
Por sua vez, a lex rei sitae, determina a aplicação da lei em que esteja situada
determinada coisa e seu objeto, portanto, é o regime jurídico geral dos bens, que se destina à
aquisição, posse, direitos reais entre outros. Tal elemento está expresso no art. 8° da LINDB,
cuja qualificação dos bens é territorial, assim será aplicada a lei do local onde se encontra
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situado o bem. Desta forma a lex rei sitae é técnica, uma vez que a sede das relações jurídicas
está no local da situação da coisa como limite imposto pela ordem pública.
Ressalta-se que tudo que for relativo ao regime da posse, da propriedade e dos direitos
reais sobre coisa alheia, nenhuma lei poderá ter competência maior do que a do território onde
se encontrarem os bens, que constituem seu objeto. Desta forma, a lei do local em que se situa
o objeto se sobrepõe às demais.
4.2.4 Locus regit actum ou lex loci contractus (lugar de constituição da obrigação)
Pode-se dizer que o lugar da conclusão do contrato é um dos critérios de conexão mais
populares, sendo conceituado como declaração de validade de ato que satisfaça as condições
formais previstas legalmente e, conseqüentemente, todo ato constituído quanto á forma
extrínseca nos termos da lei local será válido em qualquer país.
Trata-se da forma como é exteriorizada a vontade, sendo previsto na Lei de Introdução
às Normas do Direito Brasileiro - LINDB, no art. 9º, caput: “para qualificar e reger as
obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem”.
A lex loci actus ou ius loci contractus regula a obrigação, mesmo se for condicional
quanto sua forma externa. Neste caso se sujeitará às normas do país em que se constituir,
pouco importando aonde irá se verificar a condição. Portanto, um ato celebrado no exterior
poderá ter eficácia em outro país se foi observada a forma do lugar de sua celebração. Aplica-
se, portanto, a lei do local de constituição do ato negocial.
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4.2.5 Autonomia da vontade
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CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
REZEK, J.F. Direito Internacional Público - Curso Elementar, Ed. Saraiva, 8a edição, 2000.
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