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UNIVERSIDADE ABERTA – ISCED

Faculdade de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Estrutura da sílaba

Detinho Pedro Sinalo - 61231132


Tete, Março de 2024
UNIVERSIDADE ABERTA –ISCED
Faculdade de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Estrutura da sílaba

Trabalho de campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura
em Ensino de Português da UnISCED.

Tutor: D Nhatuve

Detinho Pedro Sinalo - 61231132


Tete, Março de 2024
Índice
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................1
1.1. Objectivos...............................................................................................................1
1.2. Objectivo geral.......................................................................................................1
1.3. Objectivos específicos............................................................................................1
1.4. Métodos de pesquisa...............................................................................................1
2. MARCO TEÓRICO......................................................................................................2
2.1. Conceituando sílaba....................................................................................................2
2.2. O estudo da sílaba em fonologia generativa...............................................................2
2.3. Descrição da Estrutura Silábica..................................................................................3
3. CONCLUSÃO...............................................................................................................9
4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.............................................................................10
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho de campo da cadeira em apreço debruça em torno da estrutura
da silaba. Entretanto, é bem notável que na oralidade as divisões silábicas são
compostas numa palavra. Mas, nas palavras biblioteca e juventude, se estas forem
pronunciadas muito devagar, teremos as sílabas bi-bli-o-te-ca e ju-ven-tu-de.
Cumulativamente a divisão dos constituintes da sílaba é destacada da seguinte
maneira: o ataque, o ataque divide-se três vertentes: Ataque vazio, complexo e simples;
A Rima, a rima pode ser classificado em dois tipos: rima não ramificada e a rima
ramificada; O núcleo, neste contexto o núcleo está dividido em dois tipos: simples ou
não ramificado o núcleo complexo ou ramificado e por fim a coda, a coda pode ser
também classificado em dois tipos: coda ramificada e a coda não ramificada.
Não obstante, nós observamos nas conversas que temos tido no nosso dia-a-dia na
sua maioria engloba as palavras que são compostas pelas sílabas. Este trabalho está
estrutura em quatro capítulos a saber: Capítulo I que envolve a introdução, capítulo II
que retrata sobre a fundamentação teórica ou desenvolvimento, o capítulo III engloba as
conclusões ou considerações finais e por fim o capítulo IV das referências
bibliográficas.

1.1. Objectivos
1.2. Objectivo geral
 Falar sobre a estrutura da sílaba;
1.3. Objectivos específicos
 Identifique os constituintes da sílaba;
 Descrever os elementos da sílaba.
1.4. Métodos de pesquisa
De acordo com LAKATOS & MARCONI (1991:p.39) definem “O método como
sendo o caminho pelo qual se chega a determinados resultados, ainda que esse caminho
não tenha fixado de antemão do modo reflectido deliberado”.
Para a efectivação deste trabalho o autor baseou-se no uso de metodologia de
pesquisa bibliográfica onde culminou com a pesquisa em fontes físicos como manuais,
revistas, artigos que retratam assuntos ligados ao tema em desenlace e a consulta de
algumas obras dos autores da literatura nacional e internacional sobre o tema, sendo
examinados livros, artigos científicos e sites da Internet, constituindo-se um ensaio

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2. MARCO TEÓRICO
2.1. Conceituando sílaba
Segundo MATEUS et all, (2003, p.45) sílaba é uma construção perceptual, isto é,
criada no espírito do ouvinte, com propriedades específicas que não decorrem da
simples segmentação fonética das sequências de segmentos.

Universalmente todas as palavras são compostas por sílabas. Uma sílaba é um


som ou grupo de sons pronunciados na mesma emissão de voz. Por exemplo, nas
palavras caminho e capinar, se estas forem pronunciadas muito devagar, teremos as
sílabas ca-mi-nho e ca-pi-nar.

É óbvio que na diversidade das palavra como galo praticamente não encontramos
somente os fonemas que a constituem e que podem identificar por oposição as outras
palavras (galo, cama, gato, etc.). Para um falante do Português é sem sombra de dúvida
que possa dividir essa palavra em duas partes (ga-lo), as suas duas sílabas. A sílaba é
uma construção perceptual, isto é, criada no espírito do ouvinte.

Portanto, as sílabas que mostra a sua maior frequência nas línguas do mundo são
constituídas geralmente por uma consoante e uma vogal e são também as mais
frequentes em Português. Praticamente a consoante e a vogal correspondem a sua
grande divisão interna no que concerne aos seguintes itens como: o ataque e a rima.

2.2. O estudo da sílaba em fonologia generativa


Como ponto de partida observamos que um falante de português divide intuitivamente a
palavra [ˈmalɐ] <mala> em duas sílabas ([ˈma.lɐ]) e a palavra [buˈRaʃɐ] <borracha> em
três sílabas ([bu.ˈRa.ʃɐ]). E, em cada uma das sílabas identificadas nas duas palavras
corresponde à estrutura silábica mais frequente nas línguas do mundo como os
seguintes: uma consoante seguida de uma vogal (estrutura CV). E, é através deste
motivo se diz que CV é o formato da sílaba universal.
A sílaba (representada por σ) pode ser entendida como sendo composta por constituintes
silábicos hierarquicamente organizados:
 Núcleo: o único constituinte obrigatoriamente preenchido em qualquer sílaba de
qualquer língua, este refere-se a uma vogal;
 Ataque: o Núcleo pode estar precedido por consoantes; esta posição que
precede o Núcleo é o Ataque (A);

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 Coda: O núcleo pode ainda estar seguido por consoantes; esta posição que se
segue o núcleo é a coda (Cd).
 Rima: os segmentos que seguem a vogal (os que estão na coda) têm mostrado
relações de maior afinidade com esta do que os segmentos que a precedem (os
que estão no ataque), diz-se que Núcleo e a Coda fazem parte de um mesmo
constituinte hierarquicamente superior, a Rima (R).

2.3. Descrição da Estrutura Silábica


As sílabas são constituídas por: Ataques, Rimas, Núcleos e coda.
Nesta parte apresenta – se os tipos de constituintes silábicos decorrentes no português
europeu e os segmentos associados a cada um desses constituintes.

a) Ataque
MATEUS, FALÉ E FREITAS (2005:p.248) afirmam que “o constituinte Ataque pode
não estar segmentalmente preenchido”. Existem também dois tipos de Ataques: Ataque
ramificado e Ataque não ramificado, este último que se divide em simples e vazio.
Os Ataques não ramificados vazios, à imagem do que se observa com os simples podem
ocorrer tanto no início como no interior de palavra. O exemplo a seguir, ilustra:
O Ataque- refere-se às consoantes representadas de forma isolada ou sequenciada no
inicio ou no meio da palavra. Por exemplo: pa-pa [p-p], branco [bɾ], ablução [bl].

O ataque pode ser de três tipos:


 Ataque vazio - não é segmentadamente preenchido: ['a.bɐ] <_aba>;
 Ataque simples – é preenchido por uma consoante: ['ba.lɐ] <bala>;
 Ataque complexo – é preenchido por mais do que uma consoante: ['kɾa.vu]
<cravo>.
Ataques não ramificados vazios
(a) início de palavra (b) interior de palavra
__á.guia co.to.vi._a
__é.gua co._e.lho
Tanto a palavra pé [pέ] como a palavra é [έ] apresentam Ataques não ramificados. A
distinção reside no facto de [pέ] ter um Ataque não ramificado simples, associado a uma
consoante, enquanto [έ] apresenta um Ataque não ramificado segmentalmente vazio
(Ataque vazio), que é representado a seguir:

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No português existem ainda Ataques ramificados, também conhecidos por Ataques
complexos que são formados por duas consoantes. Estes Ataques são constituídos por
uma sequência de obstruinte + líquida, e também por uma sequência de fricativa +
líquida. Os exemplos abaixo demonstram:
Ataques ramificados
a) oclusiva + vibrante /R/ [pr]e.to
b) [br]na.co [kr]i.na des.[gr]a.ça.do
c) oclusiva + lateral /l/ [kl]i.ma en.[gl]o.bar a.[tl]e.ta [pl]u.ma
d) fricativa + vibrante /R/ [fr]u.to la.[vr]a
e) fricativa + lateral a.[fl]u.ir

No modelo que se está trabalhar, um Ataque projecta duas posições de esqueleto, às


quais estão associadas as duas consoantes que o constituem. A seguir, representa – se o
Ataque da sílaba inicial da palavra crina [krinɐ]:
Ataque não ramificado na sílaba inicial da palavra <crina>
σ

A R Nu
X X X

K r í nɐ
b) Rima
De acordo com MATEUS, FALÉ E FREITAS (2005:248) “ A Rima é o único
constituinte não terminal, dominador dos constituintes terminais Núcleo e Coda. Deste
modo, a Rima pode apresentar uma estrutura não ramificada (Rima não ramificada) com
presença somente do Núcleo ou pode ramificar em Núcleo e Coda (Rima ramificada).”
A rima pode ser de dois tipos:
 Rima não ramificada – é constituída apenas pelo núcleo: ['pa.tɐ]<pata>;
 Rima ramificada – éconstituída por um núcleo seguida de uma consoante em
coda: ['paɾ.tu]<parto> e ['paʃ.tɐ]<pasta>.

Os exemplos abaixo ilustram palavras que possuem sílabas com Rimas ramificadas:
(a) Rimas não ramificadas
(b) Rimas ramificadas p[á]

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p [ár]
p[áj] p [ájʃ]
c[ɐ].f[έ] m[έɫ]

Independentemente da natureza do Núcleo ou da Coda, uma Rima pode ser apresentado


sob duas maneiras a que são: ramificada ou não dependendo em função da presença ou
da ausência da Coda, respectivamente. Por outras palavras: Rima não ramificada só
apresenta exclusivamente um Núcleo nele; uma Rima ramificada apresenta sob várias
formas a destacar: núcleo e uma Coda. Deste modo, os dois tipos de estrutura da Rima
são representados em:
Tipos de Rimas (na sílaba de <pá> e na sílaba de <pás>
Rima não ramificada Rima ramificada

A R A R

Nu Nu Cd

X X X X X

p á p á ʃ

c) Núcleo
Como já se referiu, a presença de um Núcleo é responsável pela presença de uma
sílaba. Em português o Núcleo está sempre associado a segmentos [-consonânticos],
ou seja um Núcleo pode dominar uma vogal uma sequência de vogal e semivogal. No
primeiro caso trata- se de um Núcleo não ramificado, o segundo caso corresponde a
um Núcleo ramificado.
O núcleo pode ser classificado sob duas maneiras:
1. Núcleo simples ou não ramificado – é preenchido exclusivamente por uma
vogal: ['pa.tɐ]<pata>;
2. Núcleo complexo ou ramificado – é preenchido apenas por uma vogal e uma
semi-vogal: ['paw.tɐ]<pauta>.
A seguir apresenta- se palavras onde existem Núcleos ramificado e não
ramificado. Núcleo
(a) Núcleo não ramificado

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(b) Núcleo ramificado m[á]s
m[áw].s
d[á] b[ó]j
M[á]r.te c[έw]
Como se pode verificar no exemplo acima, um Núcleo não ramificado ocorre em Rima
ramificadas (más) e em rimas não ramificadas (dá) do mesmo modo, um Núcleo
ramificado coexiste com Rimas ramificadas (maus) e com Rimas não ramificadas (boi)
são apresentadas as estruturas dos dois tipos de Núcleos possíveis em português.
Tipos de Núcleos (na sílaba de <dá> e na sílaba de <céu>
a) Núcleo não ramificado b) Núcleo ramificado
ơ σ

A R A R

Nu X N

X X X X

d á s έ w

Na tradição gramatical, as sequências de vogal e semivogal têm designações opostas


em função da ordem em que dois segmentos originam: (i) um ditongo decrescente é
constituído por uma sequência de vogal + semivogal como em céu [sέw]; (ii) um
ditongo crescente é constituído por uma sequência de semivogal + vogal como em tear
[tjár].

d) Coda
A coda domina as consoantes que ocorrem à direita do Núcleo. Há línguas, como as do
grupo Bantu, que não apresentam constituintes silábicos ramificados, logo, não
apresentam consoantes em Coda, ou seja, a Rima não ramifica.
A coda pode ser classificado sob duas formas:
1. Coda não ramificada – é preenchida exclusivamente por uma consoante:
['paɾ.tu]<parto>;
2. Coda ramificada – é preenchida praticamente por mais de duas consoantes:
[pɨɾʃ.pƐ'tivɐ]<perspetiva>.
Codas

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(a) consoante /s/ (b) consoante /l/ (c) consoante /r/
flo.re[ʃ].ta[ʃ] ma[ɫ].va e[r].bá.rio
pa[ʃ].ta.gem mu[ʒ].go co[ɫ].mo ga[r].ça
a.gri.cu[ɫ].tor po.ma[r]
a[ʒ]ma ca.na[ɫ]
a.gri.cul.to[r]

No exemplo (a) , estão ilustradas a ocorrência de alofones [ʃ,ʒ] do segmento


fonológico /s/ em Coda, no caso de (b) surgem situações de produção do alofone [ɫ] do
segmento fonológico /l/ em Coda, finalmente, no exemplo (c) demonstra a
possibilidade de produção de /r/ em Coda. Esta descrição permite a generalização
seguinte: a Coda em português não ramifica e domina um elenco de consoantes
reduzido, sendo todas coronais. A seguir representa – se a sílaba inicial da palavra
musgo.

Coda σ
A R

Nu Cd

X X X

m ú ʒ gu
Contrariamente ao que a ortografia sugere (campo; lenda; constante), o português não
apresenta consoantes nasais em Coda. Assume-se que, no nível fonológico, as vogais
nasais [ɐ, ẽ, ĩ,õ, ũ ] são representadas da forma seguinte:
Representação da sílaba da palavra <fim>
σ
A R

Nu
X X

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f i [+nasal]

Como se pode notar na representação acima, não existem consoantes nasais em posição
de Coda em língua portuguesa, a nasalidade da vogal é representada pelo
autossegmento nasal associado ao nó Núcleo e sem posição de esqueleto atribuída.

Abaixo segue a organização interna da sílaba acima apresentada sob a forma de um


diagrama em árvore.

A R

Nu Cd

m a ɾ

Com recurso às ferramentas acima apresentadas, faça-se agora a descrição dos tipos de
Ataques, de Rimas, de Núcleos e de Codas que o português apresenta. Em português, as
posições Ataque e Coda são preenchidas por consoantes e a posição núcleo é preenchida
por uma vogal ou por sequência que contenha uma vogal e uma semivogal (um
ditongo).

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3. CONCLUSÃO
Terminado a realização deste trabalho pude concluir que o ataque predomina
frequentemente com as consoantes que ocorrem à esquerda da vogal da sílaba, podendo
não estar sequencialmente preenchido. O constituinte rima é levada a cabo através dos
seguintes elementos: núcleo e coda. O Núcleo é o elemento chave que se responsabiliza
na existência da unidade sílaba, logo está presente em qualquer sílaba de qualquer
língua e domina, no mínimo uma vogal. A Coda domina as consoantes à direita do
Núcleo e pode não estar seguimentalmente preenchida. Os constituintes terminais
Ataque, Núcleo e Coda dominam posições rítmicas na fiada do esqueleto, que podem
estar seguimentalmente preenchidas ou vazias. Na representação acima, os símbolos
fonéticos [m], [ɛ] e [ɫ] substituem os nós Raiz que dominam a estrutura em Geometria
de traços correspondente a cada um dos segmentos.
Porém, importa salientar que a sílaba é uma construção é criada no espírito do
ouvinte, com propriedades específicas que não decorrem da simples segmentação
fonética das sequências de segmentos.

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4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Mateus, M. H. M. et all. (2005). Fonética e Fonologia do português, Lisboa.
Callou, D. & Leite, Y. (2009). Iniciação à fonética e à fonologia. 11. ed. Rio de Janeiro:
Zahar.
Henriques, C. C. (2009). Fonética, fonologia e ortografia: estudos fono-ortográficos do
português. 3.ed. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier.
Malmberg, B. (s/d). A Fonética. Lisboa, Edição Livros do Brasil, s.d. (Trad. do
original: La Phonetique. Paris, Presses Universitaires de France, 1954).
Silva, T. C. (2009). Fonética e fonologia do português: roteiro de estudos e guia de
exercícios. 9. ed. rev. e atual. São Paulo, Contexto.

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