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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL – PUCRS.


ESCOLA DE DIREITO
DISCIPLINA: Teoria do Direito
PROFESSOR: Elias Grossmann

AS FONTES DO DIREITO
1.1.“A teoria das fontes, em suas origens modernas, reporta-se à tomada de consciência de que o direito não é
essencialmente um dado, mas uma construção elaborada no interpor da cultura humana. Ela desenvolve-se,
pois, desde o momento em que a ciência jurídica percebe seu objeto (o direito) como um produto cultural e
não mais como um dado da natureza ou sagrado. Com isto se cria, porém, um problema teórico, pois o
reconhecimento do direito como uma construção não exclui seu aspecto como dado, posto que afinal, se o
direito é feito, é obra humana, a matéria-prima não se confunde com a própria obra.” (FERRAZ JÚNIOR,
2015:181).

1.2. Fonte do Direito é todo modo de formação do Direito, todo documento, momento, pessoas, órgão ou fato
donde provém a norma jurídica. (CRETELLA JR.).

1.3. São os “(...) modos de expressar as regras da vida em comum que se denominam tecnicamente ‘fontes de
direito’ ou ‘formas de expressão do direito’. (MONTORO).

1.4.A teoria das fontes...


“(...) relaciona-se, primordialmente, com o problema da identificação do que seja direito no contexto da
sociedade moderna.” (FERRAZ JÚNIOR).

1.5. Por meio da teoria das fontes “(...) torna-se possível regular o aparecimento contínuo e plural de normas
de comportamento sem perder de vista a segurança e a certeza das relações. (FERRAZ JÚNIOR,)
Busca-se coerência e racionalização.

1.6.
→ Fontes materiais
→ Fontes formais

2.FONTES MATERIAIS
Não são prescrições, mas contribuem para a formação do direito.
São os elementos e fatores que determinam o conteúdo das normas jurídicas.
E.g.:
- Realidade Social
- Valores que o direito procura realizar
- Ideais de Justiça (MONTORO, 2014:373).

Obs.: a identificação das fontes materiais do direito é particularmente controvertida. (DIMOULIS)

“Por fontes materiais ou genéticas entendemos os fatores que criam o direito, dando origem aos dispositivos
válidos. São fontes materiais todas as autoridades, pessoas, grupos e situações que influenciam a criação do
direito em determinada sociedade.” (DIMOULIS, 2016: 170).
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3.FONTES FORMAIS
São as formas pelas quais as normas jurídicas se exteriorizam, tornam-se conhecidas.
São os fatos que dão a uma regra o caráter de direito positivo e obrigatório. (MONTORO, 2014:373).

E.g.:
A legislação
O costume
A jurisprudência
A doutrina
A analogia

Entendem-se como fontes formais os modos, meios, instrumentos ou formas pelos quais o Direito se
manifesta perante a sociedade, tal como a lei e o costume. São os meios de expressão do Direito. Criam o
Direito, isto é, introduzem no ordenamento novas normas jurídicas. (VENOSA, 2010:115).

Fontes diretas, primárias ou imediatas: Fontes secundárias ou mediatas:

a lei e o costume. a doutrina, a jurisprudência etc.


(as que, de per si, têm potencialidade suficiente (servem de substrato, auxílio ou adminículo para a
para gerar a regra jurídica). aplicação global do Direito).
(VENOSA, 2010:117)

4.A LEGISLAÇÃO
Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; (Art. 5°, II, CF)

5.O COSTUME
5.1.É a norma jurídica que resulta de uma prática geral constante e prolongada, observada com a convicção
de que é juridicamente obrigatória.

5.2.Dois elementos essenciais:


I – o uso reiterado no tempo;
II – opinio juris – a convicção da obrigatoriedade

5.3
 Não se confunde com as regras de trato social.
 “Um costume, por exemplo, não se promulga: ele cria-se, forma-se, impõe-se sem que nesse processo
possamos localizar um ato sancionador. Por tal razão, o costume, nos direitos positivados de nossos dias,
tem como fonte, uma importância menor que teve no passado.” (FERRAZ JÚNIOR)
 O costume tem de ser provado por quem o alega.1
1
Art. 337 CPC/73 (Lei5869/73): A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário,
provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz
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 O costume obriga quando há um sentimento geral de obrigatoriedade. Uma das principais barreiras ao
costume é justamente a dificuldade de se identificar a prática reiterada, dependendo do caso concreto, o
que traria incerteza e insegurança. Porém, o costume possui a grande vantagem de assimilar
perfeitamente as necessidades sociais, algo que nem sempre o legislador logra conseguir. O costume
tem sua razão de ser justamente em sua espontaneidade brotada da sociedade, o que não ocorre
comumente na lei. É fato que as sociedades atuais, convivendo sob Estados fortemente organizados e
hierarquizados, relegam pouca margem criativa para os costumes. (VENOSA,2010:123)

5.4

Art. 4o LINDB - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de
direito.
Art. 569. CC/2002 – O locatário é obrigado: (...); II - a pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste,
segundo o costume do lugar;
Art. 599. CC/2002 – Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do costume do lugar,
qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o contrato.
Art. 615. CC/2002 – Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume do lugar, o dono é obrigado a recebê-la. Poderá,
porém, rejeitá-la, se o empreiteiro se afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos
de tal natureza.
Art. 1.297. § 1o CC/2002 – Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas de arame ou de
madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário, pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo
estes obrigados, de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as despesas de sua
construção e conservação. (grifo nosso).
Ver também: 965, I CC/02

6.A JURISPRUDÊNCIA
6.1. Do latim= juris + prudentia. O vocábulo foi empregado em Roma para designar a ciência do direito ou
teoria da ordem jurídica.
O termo jurisprudência, no Direito Romano, significa a sabedoria dos prudentes, os sábios do Direito. Tinha como significado a
própria Ciência do direito, e ainda hoje a palavra pode ser empregada nesse sentido. (VENOSA, 2010:127)

6.2. No BR = Conjunto uniforme e constante de decisões judiciais sobre casos semelhantes.


Desempenha importante papel na constituição do direito.
Os julgados não possuem força vinculativa (exceção: súmulas vinculantes).

6.3.
Em Sentido amplo – Coletânea de decisões proferidas por juízes e tribunais sobre determinada matéria,
fenômenos ou instituto jurídico, podendo, dessa forma, agasalhar decisões contraditórias.
Em Sentido estrito – Conjunto de decisões uniforme, i.e., no mesmo sentido, acerca de determinada questão.

6.4. Em seu contínuo labor de julgar, os tribunais desenvolvem a análise do Direito, registrando, na prática, as
diferentes hipóteses de incidência das normas jurídicas. Sem o escopo de inovar, essa atividade oferece,
contudo, importante contribuição à experiência jurídica. Ao rever o sentido e o alcance das leis, o Poder
Judiciário beneficia a ordem jurídica, tornando-a mais definida, mais clara e, em consequência, mais
acessível ao conhecimento. Para bem se conhecer o Direito que efetivamente rege as relações sociais, não
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basta o estudo das leis, é indispensável também a consulta aos repertórios de decisões judiciais. A
jurisprudência constitui, assim, a definição do Direito elaborada pelos tribunais. (NADER, 2015:171).
6.5.O substantivo jurisprudência é um coletivo. Significa, modernamente, um conjunto de decisões dos
tribunais. Desse modo, não há que se entender que um acórdão ou uma sentença seja jurisprudência; fazem
sim parte da jurisprudência. Cuida-se do direito vivo; da resposta que os juízes e tribunais superiores dão às
quesilhas que atormentam a nação. Fenômeno absolutamente dinâmico como a sociedade, os vários institutos
jurídicos trazem respostas diversas nos vários períodos da história. (...).
A jurisprudência pode ser vista sob um sentido amplo, como a coletânea de decisões proferidas por juízes e
tribunais sobre determinada matéria, fenômenos ou instituto jurídico, podendo, dessa forma, agasalhar
decisões contraditórias. Em sentido estrito, costuma-se referir à jurisprudência como o conjunto de decisões
uniformes, isto é, no mesmo sentido, acerca de determinada questão. Na verdade, ambos os padrões de exame
da jurisprudência se tocam, pois cabe ao operador do Direito estar ciente de todas as correntes
jurisprudenciais. (VENOSA, 2010:127, grifo nosso).

6.6.

Na Inglaterra a jurisprudência tornou-se obrigatória, com o objetivo de dotar o sistema jurídico de maior definição, pois a fonte
vigente, costumes gerais do Reino, era incerta e muitas vezes contraditória. Nos Estados de Direito codificado, a jurisprudência
apenas orienta, informa, possui autoridade científica. Os juízes de instância inferior não têm o dever de acompanhar a
orientação hermenêutica dos tribunais superiores. A interpretação do direito há de ser um procedimento intelectual do próprio
julgador. Ao decidir, o juiz deve aplicar a norma de acordo com a sua convicção, com base na mens legis e recorrendo às várias
fontes de estudo, nas quais se incluem a doutrina e a própria jurisprudência. Se há uma presunção de que a jurisprudência
firmada pelos tribunais superiores expressa melhor o Direito, Jean Cruet sustentou opinião oposta: ‘Explica-se assim que a ação
inovadora da jurisprudência comece sempre a fazer-se sentir nos tribunais inferiores: veem estes de mais perto os interesses e
os desejos dos que recorrem à justiça: uma jurisdição demasiado elevada não é apta a perceber rápida e nitidamente a correte
das realidades sociais. A lei vem de cima; as boas jurisprudências fazem-se de baixo.’ (NADER, 2015:178).

6.7.
Aqui, é bom lembrar duas tradições jurídicas importantes: a romanística e a anglo-saxônica. Nesta, é conhecida a força
vinculante dos precedentes judiciais. Já no século XIII, era costume citarem-se os casos e suas decisões ( Case Law). A
princípio, era apenas um uso geral, não se achando que os juízes estivessem vinculados a decidir conforme os precedentes.
Pouco a pouco, a doutrina foi aceitando o caráter vinculativo, que toma uma configuração mais definida nos séculos XVII e
XVIII. O aperfeiçoamento dos repertórios de casos ( reports) e o aparecimento de uma hierarquia judiciária mais homogênea
terminaram, já no século XIX, por consagrar uma doutrina acabada, conhecida como stare decisis.
Seus traços fundamentais são os seguintes: primeiro, os tribunais inferiores estão obrigados a respeitar as decisões superiores,
os quais se obrigam por suas próprias decisões; segundo, toda decisão relevante de qualquer tribunal é um argumento forte
para que seja levada em consideração pelos juízes; o terceiro, o que vincula no precedente é sua ratio decidenti, isto é, o
princípio geral de direito que temos de colocar como premissa para fundar a decisão, podendo o juiz que a invoca interpretá-la
conforme sua própria razão; quarto, um precedente (sua ratio decidendi) nunca perde vigência, ainda que os anos o tenham
tornado inaplicável às circunstâncias modernas: ele permanece válido, e pode ser invocado desde que se demonstre sua
utilidade ao caso. (FERRAZ JÚNIOR, 2015:200). (Grifo do autor).

6.8.

O Sistema romanístico, assim, em oposição ao anglo-saxônico, caracteriza-se em primeiro lugar, pela não vinculação dos juízes
inferiores aos tribunais superiores em termos de decisões; segundo, cada juiz não se vincula às decisões dos demais juízes de
mesma
SÚMULAhierarquia,
– Verbetepodendo
editado decidir casos semelhantes de modo diferente; terceiro, odecisões
juiz e o tribunal não se vinculam sequerque
às
pelo Supremo Tribunal Federal, apoiado em reiteradas sobre matéria constitucional,
próprias decisões, podendo mudar de orientação mesmo diante de casos semelhantes; em suma vige o princípio (regra
tem efeito de orientar os demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
estrutural da independência
estadual doe sistema) A súmula,da magistratura judicial:
da o juiz deve julgar segundonão a lei epossui
conformecaráter
sua consciência.
municipal. diferentemente súmula vinculante, cogente.
(FERRAZ JÚNIOR, 2015:200). (Grifo do autor).
(http://www.stf.jus.br/portal/glossario/).
Fundamentação Legal:
Artigos 332, I e IV; 489, § 1°, V e VI; 496, § 4°, I e IV; 926 e seguintes, do CPC/2015 e
6.9.Artigos 99, I e 102, do RISTF. (http://www.stf.jus.br/portal/glossario/).

Art. 926. CPC/15 - Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente.
§ 1o Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de
súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante.
§ 2o Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua
criação.
Art.103-A CF/88 –
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6.10.

http://www.tjrs.jus.br/site/
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/pesquisarJurisprudencia.asp
STF – súmulas vinculantes - http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?
servico=jurisprudenciaSumulaVinculante

7.A DOUTRINA
7.1.É o estudo de caráter científico que os juristas realizam sobre o direito, seja com finalidade puramente
especulativa, seja com finalidade prática de interpretar as normas jurídicas.
 Communis opinio doctorum (posições doutrinárias dominantes)
 Base de orientação para o direito.
 Confere certa uniformidade a conceitos vagos e ambíguos. E.g.: mulher honesta, justa causa, trabalho
noturno, ruído excessivo.

7.2. Doutrina provém de doceo, ensinar. O fruto do estudo de nossos professores de Direito, juristas,
jusfilósofos, estudiosos, operadores jurídicos em geral traduz-se em obras de doutrina: monografias, manuais,
compêndios, tratados, pareceres, artigos, ensaios etc. Todo esse trabalho intelectual que constitui a doutrina
possui um papel ímpar no universo jurídico do sistema romano-germânico. A doutrina, embora não seja fonte
direta do Direito, opina, orienta, critica, interpreta, mostra caminhos ao magistrado, sugere modificações ao
legislador, constrói e destrói mitos e dogmas. A opinião maior é no sentido de negar mesmo à doutrina a
categoria de fonte do direito. (VENOSA, 2010:133).

7.3A moderna doutrina encontra seu nascedouro, sem dúvida, na Idade Média, com o florescimento das
escolas de Direito como as de Bolonha, Pádua, Toulouse, Oxford, Coimbra. Essas escolas trouxeram para a
cátedra “o predomínio das elucubrações e pesquisas de origem doutrinária, que dali saíram como material
prestante, a iluminar a criação e a aplicação do direito” (Paupério, 1998:159). Nunca deve ser esquecida a
obra de compilação de Justiniano, do século VI, que serviu de base para todo Direito ocidental: o Digesto é
compilação extraída das obras dos principais juristas, de toda história anterior de Roma. No direito romano
era conhecida como jurisprudentia, a opinião dos prudentes, que legaram importantes obras, como Gaio,
Papiniano, Paulo, Ulpiano e Modestino. A doutrina, em Roma, era fonte formal do Direito. (VENOSA,
2010:133).
8.OS PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO
8.1. Princípios gerais de direito são enunciações normativas de valor genérico que condicionam e orientam a
compreensão do ordenamento jurídico, quer para sua aplicação e integração, quer para a elaboração de novas
normas. Cobrem, desse modo, tanto o campo da pesquisa pura do Direito quanto o de sua atualização prática.
(REALE, 2012:304).
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Princípios são, pois, verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de certeza a
8.2.
um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de conceitos relativos a dada porção da realidade. (...).
(REALE).

8.3.

Princípios: ideia de fundamento, origem, começo, razão, condição e causa;


Gerais: a ideia de distinção entre o gênero e a espécie e a oposição entre pluralidade e singularidade;
Direito: caráter de juridicidade; o que está conforme a reta; o que dá a cada um o que lhe pertence.
(Mans PUIGARNAU apud NADER, 2015:201).

8.4. Já os princípios gerais de direito constituem reminiscência do direito natural como fonte. Há autores que
os identificam com este, outros que os fazem repousar na equidade, enquanto sentimento do justo no caso
concreto. Sua formulação é indefinida. Há quem os reduza, em última análise, aos famosos preceitos
romanos: honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere2. (...). (FERRAZ JÚNIOR, 2015: 203).

8.5. São verdadeiros juízos de valor, não em abstrato, mas em relação ao que ocorre na prática.
E.g.:
• Ninguém pode transferir mais direitos do que possui.
• Ninguém deve ser condenado sem ser ouvido.
Alguns princípios constitucionais:
 Proteção à dignidade da pessoa humana;
 Do contraditório e da ampla defesa;
 Da justa indenização;
 Da igualdade de todos perante a lei;
 Dos ditames da justiça social;
 Da legalidade, publicidade e eficiência.

8.6.É tarefa inútil, por ser impossível, definir e catalogar esses princípios. São regras oriundas da abstração
lógica que constitui o substrato comum do Direito. Por ser um instrumento tão amplo e com tamanha
profundidade, sua utilização é árdua para o julgador, pois requer vivência e traquejo com conceitos abstratos
e concretos do Direito, além de elevado nível cultural. (VENOSA, 2010:138).

A maioria dos princípios gerais de direito, porém, não constam de textos legais, mas representam contextos
doutrinários ou, (...), são modelos doutrinários ou dogmáticos fundamentais. (REALE, 2002:305).
8.7.

Art. 4o LINDB - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 8º CLT – As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso,
pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda,
de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre
o interesse público.
Art. 8o CPC/15 – Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e
promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Art. 108. (Código Tributário Nacional/1966) – Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária
utilizará sucessivamente, na ordem indicada: I - a analogia; II - os princípios gerais de direito tributário; III - os princípios gerais de direito
público; IV - a equidade.
Art.1º. CF/88 –

9.A ANALOGIA
9.1. Não é, propriamente, fonte do direito, mas instrumento técnico de que se vale o juiz para suprir a lacuna.
(FERRAZ JÚNIOR)

2
Viver honestamente/honradamente; não lesar a outrem; dar a cada um o que é seu. (ULPIANO – Digesto).
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9.2.A analogia consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição relativa a um caso
semelhante. (MAXIMILIANO, 2000:208).

9.3.A analogia é um recurso técnico que consiste em se aplicar, a uma hipótese não-prevista pelo legislador, a
solução por ele apresentada para um outro caso fundamentalmente semelhante à não prevista. (NADER,
2015:194).

9.4. Funda-se a analogia, não como se pensou outrora, na vontade presumida do legislador, e, sim, no
princípio de verdadeira justiça, de igualdade jurídica, o qual exige que as espécies semelhantes sejam
reguladas por normas semelhantes; neste sentido aquele processo tradicional constitui genuíno elemento
sociológico da Aplicação do Direito. (MAXIMILIANO, 2000:208).

9.5.A analogia atendo ao princípio de que o Direito é um sistema de fins. Pelo processo analógico,
estendemos a um caso não previsto aquilo que o legislador previu para outro semelhante, em igualdade de
razões. Se o sistema do Direito é um todo que obedece a certas finalidades fundamentais, é de se pressupor
que, havendo identidade de razão jurídica, haja identidade de disposição nos casos análogos segundo um
antigo e sempre novo ensinamento: ubi eadem ratio, ibi eadem juris dispositivo (onde há a mesma razão deve
haver a mesma disposição de direito. (REALE, 2002:296).

9.6. Somente haverá esse processo de aplicação do Direito perante a omissão do texto legal. A analogia pode
operar de duas formas: analogia legal (analogia legis) e analogia jurídica (analogia juris).
A – Pela analogia legis, o aplicador do Direito busca uma norma que se aplique a casos semelhantes.
B – Pela analogia juris – o aplicador do Direito “(...) tentará extrair do pensamento jurídico dominante, de
um aparato de normas, uma conclusão particular para o caso em testilha.” (o juiz não compara com uma lei
específica). (VENOSA, 2010:136).
9.7
Art. 4o LINDB - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 3o CPP/41 – A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais
de direito.
Art. 108. (Código Tributário Nacional/1966) – Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação
tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: I - a analogia; (...).
§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei.
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10.A EQUIDADE
10.1.É a justiça particular, adequada ao caso concreto, que se distancia dos critérios gerais e rígidos da
legalidade.

10.2.A solução de litígios por equidade é a que se obtém pela consideração harmônica das circunstâncias
concretas, do que pode resultar um ajuste da norma à especificidade da situação a fim de que a solução seja
justa. Pois, como diziam os romanos, summum jus summa injuria3. Não se trata de um princípio que se
oponha à justiça, mas que a completa, a torna plena. (FERRAZ JÚNIOR, 2015: 204).

10.3. Também configura a equidade o fato de o juiz, devidamente autorizado por lei, julgar determinado caso
com plena liberdade. Nesta circunstância não ocorre uma adaptação da norma ao caso concreto, mas a
elaboração da norma e sua aplicação. Tal prática se enquadra no conceito de que equidade é a justiça do caso
concreto. (NADER, 2015:114).

10.4. Em síntese, a equidade se traduz na busca constante e permanente do julgador da melhor interpretação
legal e da melhor decisão para o caso concreto. Trata-se, como se vê, de um raciocínio que procura a
adequação da norma ao caso concreto. Em momento algum, porém, salvo quando expressamente autorizado
por lei, o julgador pode decidir exclusivamente pelo critério do justo e do equânime, abandonando o texto
legal, sob o risco de converter-se em legislador. Essa posição deve ser frontalmente combatida, mormente
com relação àqueles que veem nessa prática o famigerado “direito alternativo”, ponto de ilegalidade e de
absoluta insegurança das relações sociais. A equidade pode, destarte, ser entendida mais como um método de
interpretação e integração do que como método criativo do direito. (VENOSA, 2010:142).

10.5.A equidade não é indício de uma sintomatologia patológica, mas, ao contrário, manifestação fisiológica
de saúde jurídica, precisamente, um complemento exigido pela universalidade da lei e um meio necessário
para ajustar a ordenação jurídica, na medida do possível, às circunstâncias mutáveis da vida social. A melhor
doutrina procura conjugar equilibradamente as exigências da norma (justo legal) e o do caso (justo concreto)
e encontrar, enfim a justa via média entre o normativismo abstrato e o decisionismo casuístico. (CHORÃO
apud VENOSA, 2010:142).
10.6.
Art. 140 CPC/15 – O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
Art. 723. CPC/2015 – O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. O juiz não é obrigado a observar critério de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que considerar mais
conveniente ou oportuna.
Art. 8º CLT – As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso,
pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda,
de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça
sobre o interesse público.
Art. 944. CC/02 – A indenização mede-se pela extensão do dano.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
Art. 953. CC/02 – A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido.
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na
conformidade das circunstâncias do caso.
Art. 108. Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional) – Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação
tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada: (...); IV - a equidade. (...).
Art. 6º Lei nº 9.099/95 (Juizados Especiais) – O Juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins
sociais da lei e às exigências do bem comum.
Art. 25. Lei nº 9.099/95 (Juizados Especiais) – O árbitro conduzirá o processo com os mesmos critérios do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º desta
Lei, podendo decidir por equidade.
Art. 108. Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional) – Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação
tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:
IV - a equidade; (...)

OBS.: “Não é, propriamente, fonte do direito, mas instrumento técnico de que se vale o juiz para suprir a lacuna.”
(FERRAZ JÚNIOR).

3
O máximo do direito, o máximo da injustiça.
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REFERÊNCIAS:
BETIOLI, Antonio Bento. Introdução ao direito. São Paulo: Saraiva, 2018.
CHORÃO, Mario Bigotte. Introdução ao direito. Coimbra: Almedina, 2000.
DIMOULIS, Dimitri. Manual de introdução ao estudo do direito. São Paulo: RT, 2016.
FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação. São
Paulo: Atlas, 2015.
MASCARO, Alysson Leandro. Introdução ao estudo do direito. SP: Atlas.
MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do direito. São Paulo: RT, 2014.
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense, 2015.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. São Paulo: Saraiva, 2002.
SECCO, Orlando de Almeida. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009.
VENOSA, Silvio de Salvo. Introdução ao estudo do direito: primeiras linhas. São Paulo: Atlas, 2010.
________. Direito civil: parte geral. São Paulo: Atlas, 2003.

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