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Aniceta Joaquim

Dalva Da Sandra Simão

Nick António Naimo

Tuaha Insaluma

1º Grupo

Modelo de Apuramento do Custo Industrial

Licenciatura em Contabilidade e Auditoria

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2024
Aniceta Joaquim

Dalva Da Sandra Simão

Nick António Naimo

Tuaha Insaluma

Modelo de Apuramento do Custo Industrial

Licenciatura em Contabilidade e Auditoria

Trabalho orientado pelo docente da cadeira de


Contabilidade de Custos, 3º ano, para fins de carácter
avaliativo, a ser apresentado no departamento de
ciências económicas e empresariais.

dr. Imamo Rachide Safire

Universidade Rovuma

Extensão de Cabo Delgado

2024
Sumário

1. Introdução ............................................................................................................................... 3

2. Conceito de custo .................................................................................................................... 4

2.1. Caracterização de custos de acordo com a sua natureza .......................................... 4

2.2. Classificação dos Custos .................................................................................... 5

2.2.1. Quanto a identificação ................................................................................ 5

2.2.2. Quanto ao volume de produção .................................................................... 6

3. Métodos de Apuramento do Custo Industrial dos Produtos.................................................... 6

3.1. Método Directo (ou de Custeio por Encomenda) ................................................... 7

3.1.1. Objectivos do Método Directo ..................................................................... 8

3.1.2. Caraterísticas essenciais do Método Directo ................................................... 8

3.1.3. Vantagens do Método Directo ...................................................................... 8

3.1.4. Inconvenientes do Método Directo ............................................................... 8

3.1.5. Tipos de encomendas ................................................................................. 9

3.2. Método Indirecto ou de Custeio por Processos ...................................................... 9

3.2.1. Características do Método Indirecto ou de Custeio por Processos .................... 10

3.2.2. Valorização da produção em vias de fabrico ................................................. 11

3.3. Método Misto ................................................................................................ 11

3.3.1. Método das Unidades Equivalentes ............................................................ 11

4. Apuramento do Custo Industrial dos Produtos Acabados (CIPA) e Custo Industrial dos
Produtos Vendidos (CIPV). ........................................................................................................... 12

4.1. Caso Prático ....................................................................................................... 13

5. Conclusão.............................................................................................................................. 17

6. Bibliografia ........................................................................................................................... 18
3

1. Introdução

Custo é um agente necessário a empresa, pois compreende o papel que se reveste de suma
importância, abordando o levantamento de informações sobre valores relevantes que dizem
respeito às consequências de curto e longo prazo sobre medidas de introdução ou corte de produtos,
administração de preços de vendas, opções de compra ou produção, ou seja, uma ferramenta
auxiliar na avaliação de estoques e lucros globais. É uma importante arma de controle de decisões
gerenciais (MARTINS, 2010).

1.1. Objectivos

O trabalho tem como objectivo geral, analisar o Modelo de Apuramento do custo industrial. E para
alcançar o mesmo, foram traçados os seguintes objectivos específicos: Descrever os conceitos de
Custo, apresentar os Métodos de Apuramento do Custo Industrial dos Produtos, e por final
apresentar o Apuramento do CIPA e CIPV de forma prática.

1.2. Metodologias

Empregou-se como metodologia a consulta bibliográfica, pois ela é um processo sistemático que
envolve a pesquisa, seleção e análise de fontes de informação disponíveis em livros, artigos,
revistas, teses, dissertações e outros documentos escritos. Essa abordagem é amplamente utilizada
na pesquisa acadêmica e científica, bem como em trabalhos profissionais que exigem uma base
sólida de conhecimento sobre um determinado tema, neste estudo, a bordagem teve como foco a
competitividade e a globalização.
4

2. Conceito de custo

Para Hendriksen e Breda (2001, p. 235), custo “é medido pelo valor corrente dos recursos
econômicos consumidos ou a serem consumidos na obtenção dos bens e serviços a serem
utilizados nas operações – ou seja, trata-se de valor de troca”. Portanto, não reduz nem aumenta
os lucros no momento de sua ocorrência.

Para Franco, Oliveira, Morais, Oliveira, & Major (2005, p. 65):

“(…) um custo corresponde ao valor monetário associado à utilização ou consumo de um


recurso, seja um bem ou um serviço, o que significa que a actividade da empresa implica
custos que importa determinar o mais objectivamente possível, de modo a obter os
elementos não só para análise dos dados históricos, mas como também para o planeamento
e a tomada de decisões”.

Já para Maher, Stinckney, & Weil (2012) um custo é um sacrifício de recursos que corresponde ao
valor pago para adquirir determinado recurso.

Outra definição de custo é a de Pedersen (1958 p.6), que refere: “Custo é o consumo valorizado
em dinheiro de bens e serviços para a produção que constitui o objectivo da empresa”.

Para Pereira & Franco (2001) todo o sacrifício para que seja considerado um custo deve acrescentar
valor ao bem ao qual se aplica.

No entanto, a definição de custo não deve apenas considerar a parte monetária, mas também custos
de tempo e de oportunidade por exemplo.

2.1. Caracterização de custos de acordo com a sua natureza

Segundo Souza & Diehl (2009) e Atkinson, Banker, Kaplan, & Young (2008), os custos transmitem
informações, que depois de tratadas, são de extrema relevância para o processo de gestão das
organizações. Assim, importa clarificar o seu conceito, ainda que não exista um único que consiga
abarcar todos os custos referidos na vasta literatura consultada.

Para tal, é muito importante considerar e diferenciar alguns conceitos fulcrais relacionados com o
conceito de custo, tal como a distinção entre os vários fluxos de âmbito económico, financeiro e
tesouraria, que se desenvolvem no ciclo de exploração das organizações, em especial as indústrias.
5

Na ótica financeira, confrontamos os conceitos de despesa e receita, correspondentes,


respectivamente, ao valor das aquisições de bens ou serviços, independentemente do seu
pagamento ou consumo, e ao valor das vendas de bens ou serviços, independentemente do seu
recebimento ou da sua formação, cabendo à gestão assegurar permanentemente o seu equilíbrio
(financeiro).

Na ótica de tesouraria os conceitos variam entre gastos e rendimentos, correspondendo,


respectivamente, de acordo com a estrutura conceptual do SNC, “a diminuições nos benefícios
económicos durante o período contabilístico na forma de exfluxos ou deperecimento de activos ou
na incorrência de passivos que resultem em diminuições do capital próprio, que não sejam as
relacionadas com as distribuições aos participantes do capital próprio”, a “benefícios económicos
durante o período contabilístico na forma de influxos ou aumento de activos ou diminuições de
passivos que resultem no aumento do capital próprio, que não sejam os relacionados com as
contribuições dos participantes no capital próprio”, cabendo à gestão assegurar permanentemente
o seu equilíbrio (económico).

2.2. Classificação dos Custos

2.2.1. Quanto a identificação

Custo directo: é aquele que pode ser atribuído ou identificado directo a um produto, linha de
produto, centro de custo ou departamento” (Zanduca, 2010).

Ex: Mão-de-obra directamente envolvida na produção, matérias-primas, embalagens;

O mesmo autor ainda destaca que os custos directos têm a propriedade de ser “perfeitamente
mensuráveis de maneira objectiva. Os custos são qualificados aos portadores finais (produtos),
individualmente considerados.”

Custo Indirecto: é aquele que não se pode apropriar diretamente a cada tipo de bem ou função de
custo no momento de sua ocorrência (Zanduca, 2010).

Ex: Mão-de-obra Indirecta (funcionários administrativos), materiais de escritório, custo com


internet.

Portanto, somente podemos afirmar que um custo é Directo ou Indirecto, quando tomamos por
base um determinado produto custeado. Por exemplo, na produção de um livro, o papel é um custo
6

direto, entretanto, o salário do editor, é Indirecto. Se for objecto de estudo o custo da editoração
de livros, o salário do editor passa a ser um custo directo. Conclui-se que, a classificação dos custos
depende da base de comparação utilizada para formar o custeio.

2.2.2. Quanto ao volume de produção

Custo Variável: Guerreiro (2006, p. 16) o custo variável é aquele que guarda relação directa com
a produção. “Quando o volume de produção e vendas aumentam, o custo aumenta; quando o
volume de produção e vendas diminuem, o custo também diminui”.

Seus valores dependem diretamente do volume produzido ou volume de vendas efetivado num
determinado período (Zanduca, 2010).

Exemplo: salário dos funcionários e mão de obra extra, comissão de vendas, viagens corporativas,
logística, taxas de remessa, matéria-prima, reembolso de despesas, etc.

Custos Fixos: São os custos que não se alteram com as quantidades de serviços produzidos, ou
seja, são os custos de estrutura. São realizados para adequado funcionamento da empresa,
independentemente do valor das vendas.

Exemplos: aluguel do escritório, condomínio, água, luz, telefone, salários administrativos, retirada
dos sócios, encargos sociais sobre salários, honorários profissionais.

3. Métodos de Apuramento do Custo Industrial dos Produtos

Tendo em conta as características da fabricação podemos distinguir os seguintes métodos de


apuramento do custo dos produtos:

• Método Directo ou de Custeio por Ordens de Produção - neste método, os custos


industriais são apurados relativamente às ordens de produção.
• Método Indirecto ou de Custeio por Processos - procede-se à acumulação mensal, por
produtos, dos custos industriais, determinando-se o custo unitário de cada produto pelo
quociente daqueles custos mensais pelas quantidades produzidas nesse período.
• Métodos Mistos - em certos casos, o custeio dos produtos é feito até determinada fase por
um dos métodos referidos, continuando nas fases seguintes com o outro método.
7

Ex.: Na indústria cerâmica de produtos decorativos por encomenda, nas fases iniciais de produção
o custeio faz-se pelo Método Indirecto e nas fases seguintes pelo Método Directo.

3.1. Método Directo (ou de Custeio por Encomenda)

O Método Directo ou de Custeio por Ordens de Produção aplica-se nas empresas de produção
diversificada, descontínua, em cujo processo de fabrico, cada um dos produtos ou lote de produtos
é perfeitamente distinguível dos restantes, de modo que é possível imputar directamente a cada um
deles os respectivos custos. É o caso das empresas de construção naval, metalomecânica, reparação
de automóveis, etc.

O sistema de custos por encomenda tem por finalidade a determinação directa do custo de um
produto ou vários produtos especificados em cada uma das suas características: quantidade, tipo,
dimensão e qualidade. Este sistema deve ser adoptado sempre que a diferença entre cada um dos
produtos ou entre cada lote de produção é tal que qualquer tentativa para calcular o custo médio
de dois ou mais produtos, de dois ou mais lotes, daria resultados escassamente significativos.

No sistema de custeio por encomenda, o produto é identificado ao longo de todo o processo de


fabrico através de uma ordem de produção – impresso que define o “produto” a fabricar, data em
que se deve iniciar e que contém ainda outras informações necessárias.

Por este sistema, para apurar o custo de cada ordem, é necessário determinar desde o início até ao
fim da execução:

i. O custo das matérias directas consumidas (frequentemente designadas por materiais


nas actividades que recorrem a este método);
ii. O custo da mão-de-obra directa aplicada; e
iii. Os custos indirectos de produção.

Os custos de cada encomenda são acumulados numa Ficha de Custos por ordens de produção,
podendo o período de cálculo do custo da produção acabada não coincidir com o mês, dado que a
duração da execução da ordem pode ser diferente.

O custo das Matérias Directas é conhecido a partir das requisições de materiais feitas pelas diversas
ordens de produção, e a Mão-de-obra Directa aplicada, através do registo dos tempos de trabalho
dos operários nas várias ordens de produção. Uma vez que não se pode conhecer o montante dos
8

Gastos Gerais de Fabrico que cabe a cada uma das ordens de produção, pelas razões já conhecidas,
estes são imputados às várias ordens através de uma base de alocação.

3.1.1. Objectivos do Método Directo

1. Especificar as encomendas que proporcionam uma margem de lucro e as que causam


prejuízos;
2. Calcular os custos e preços de trabalhos semelhantes a executar no futuro;
3. Controlar a eficiência da empresa mediante um confronto entre os custos calculados e os
efectivamente suportados.

3.1.2. Caraterísticas essenciais do Método Directo

1. O produto é identificado ao longo de todo o processo de produção, pela respectiva ordem


de fabrico;
2. São identificados e determinados todos os custos de produção directos relactivos ao
produto ao longo de todo o processso de fabrico;
3. O custo industrial é determinante por ordens de produção (lotes, obras, etc.) e o custo
unitário nem sempre é determinável, dado a ordem de fabrico ou produção poder abranger
artigos diversificados;
4. O período a que respeita o custo industrial do produto corresponde ao tempo de produção
da ordem;
5. O custo da produção em vias de fabrico no fim do mês é dado pelo saldo da ficha de custos
(somatório dos custos acumulados até à data com a respectiva obra de produção);
6. A empresa em questão produz fundamentalmente por encomenda, em regime de produção
múltipla e descontínua. Trata-se de um tipo de fabricação por ordens ou tarefas.

3.1.3. Vantagens do Método Directo

1. Permite comparar o perco de venda com o respectivo custo, isto é, um controle dos
resultados já verificados;
2. Ajuda a formular custos previsionais, isto é, custos futuros de encomendas semelhantes.

3.1.4. Inconvenientes do Método Directo

1. A utilização dos custos passados para calcular os futuros é mais ou menos relativa;
2. O seu funcionamento implica elevadas despesas administrativas.
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3.1.5. Tipos de encomendas

Numa empresa que utiliza este método de custeio, podemos ter as encomendas (obras)
classificadas em:

1. Encomendas principais: as relativas as produções principais destinadas à venda ou ao


armazém. É o caso de uma empresa metalomecânica que fabrica guindastes para os portos
em que por cada guindaste ou lote de guindastes do mesmo tipo é aberta uma folha de obra,
esta por sua vez desdobrada em muitas outras subobras;
2. Encomendas patrimoniais: respeitam os trabalhos para imobilizado. Por exemplo, a
construção de um pavilhão feita por pessoal da empresa destinado a armazém de sucatas,
constitui um custo não referente à actividade típica da empresa;
3. Encomendas internas: as que se referem a trabalhos para reabastecer o armazém da
própria empresa (construção de embalagens, ferramentas, peças de substituição), com vista
a que possam ser fornecidos aos departamentos em vez de se adquirirem no mercado.
3.1.6. Verificações de dados elementares
1. A ordem de fabrico
2. O registo das encomendas
3. As requisições de aprovisionamento
4. As verificações referentes à MOD
5. A folha ou ficha de encomenda.

3.2. Método Indirecto ou de Custeio por Processos

Nas empresas em que a produção se desenrola de forma contínua ou ininterrupta ou por séries de
produtos homogéneos, não é economicamente viável a individualização dos produtos durante as
fases de fabrico, pelo que o custo industrial dos produtos fabricados é feito de acordo com o método
indirecto ou de custeio por processos.

O sistema de custeio por processos ou método indirecto é o processo de cálculo em que os custos
são alocados para produtos idênticos que são produzidos continuamente em série, fases ou
processos. É empregue em empresas em que a manufacturação envolve um único produto
homogéneo, que flui através do processo de produção numa base contínua. A produção
desenvolve-se de forma ininterrupta e contínua ou por séries de produtos homogéneos.
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A definição de produto para efeitos de custeio permite distinguir um bem homogéneo, sendo
possível determinar o custo industrial do mês da unidade física do produto, dividindo o custo
industrial global do mês pela quantidade produzida.

Por este método, as matérias-primas vão sendo consumidas e transformadas ao longo dos períodos
por cada ordem de fabricação, pelo que se aguarda o final do mês para se conhecerem os
respectivos custos que, divididos pelos produtos fabricados no mesmo período, se obtém o custo
unitário.

3.2.1. Características do Método Indirecto ou de Custeio por Processos

O Método Indirecto ou de Custeio por Processos caracteriza-se pelo seguinte:

1. O produto não é identificável por ordens de produção, apenas se conhecendo a produção


de cada mês e os respectivos custos directos;
2. O custo industrial é determinado por produtos;
3. Dado que o produto tem de ser homogéneo é possível determinar o custo unitário;
4. O período a que respeita o custo industrial é necessariamente o mês;
5. Para determinar o custo da produção em vias de fabrico no fim de cada mês terá de se
efectuar a inventariação de PVF no fim do mês e proceder-se à sua valorização;
6. A empresa em questão produz fundamentalmente para stock, em regime de produção
uniforme ou com um número pequeno de produtos. Trata-se de um tipo de fabricação por
fases.

Pelo sistema de custeio por processos, procede-se à acumulação mensal por produtos dos custos
industriais. E para apurar o custo de cada produto é necessário:

i. Identificar as fases de produção e os centros de custos que a cada uma correspondem;


ii. Determinar as quantidades de matérias directas consumidas no mês e respectivo valor,
e também os custos de transformação;
iii. Determinar as quantidades de semiprodutos consumidas no mês para além da 1ª fase;
iv. Medir as quantidades de semiproduto ou de produto acabado obtidas no mês em cada
Fase;
v. Dividir o custo mensal global de cada fase pela quantidade produzida nessa fase para
encontrar o custo médio.
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3.2.2. Valorização da produção em vias de fabrico

No método directo, o custo da produção em vias de fabrico no fim de cada mês é dado directamente
pela ficha de custos. Com efeito, regista-se naquela os custos verificados com relação à ordem de
produção e se no fim do mês esta não se encontrar terminada, o saldo da ficha é o custo da produção
em vias de fabrico.

No método indirecto acumulam-se os custos verificados no mês sem distinguir se respeitam à


produção ou à produção em vias de fabrico. No fim de cada mês, procede-se à inventariação da
produção em curso de fabrico, conhecer-se o seu grau de acabamento e valorizá-la.

O conhecimento da quantidade em curso de fabrico e o respectivo grau de acabamento constitui,


em muitas indústrias, tarefa difícil. Torna-se, assim, necessário encontrar com bom senso o
procedimento adequado. Em algumas indústrias a produção em curso no fim do mês é sempre
idêntica ou irrelevante, o que permite desprezá-la para efeitos de custeio. Noutra é possível efectuar
estimativas adequadas.

3.3. Método Misto

Quando o método de custeio dos produtos se faz pelo método indirecto até certa fase de produção
e, a partir daqui segue-se o método directo.

Para o primeiro caso, utiliza-se o método indirecto e, para o segundo, o método directo.

É o caso das empresas que produzem certos produtos que podem ser vendidos nos mercados na
qualidade de semiacabados, ou serem adaptados consoante o pedido de certos clientes.

Conhecida a quantidade em curso e o grau de acabamento, recorre-se ao Método das Unidades


equivalente para valorizar aquelas existências.

3.3.1. Método das Unidades Equivalentes

O pressuposto básico é que o custo do produto no método indirecto é obtido pela soma dos custos
obtidos ao longo dos diversos centros.

Na prática, porém, não é assim porque:


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I. Nem sempre todo o produto iniciado é terminado, ou seja, nem todo o produto terminado
foi iniciado nesse período. Resumindo, pode haver produtos em vias de fabrico no início e
no fim do período considerado;
II. Nem todo o produto que termina uma fase contínua o processo até ao fim ou passa para o
processo seguinte ou fases seguintes. Pode ser vendido ou armazenado na forma em que se
encontra.

Assim sendo, é preciso encontrar o custo unitário no final de cada fase. Há que atribuir valor aos
PVF.

Para avaliação da produção em curso recorre-se ao Método das Unidades Equivalentes.

Este método é adoptado para valorizar a produção em vias de fabrico. Consiste em reduzir as
quantidades (número de unidades) em curso de fabrico, com graus de acabamento variáveis, a
unidades de produto acabado. A unidade de produto acabado constitui a unidade equivalente.

Unidades em curso X Grau de acabamento

4. Apuramento do Custo Industrial dos Produtos Acabados (CIPA) e Custo Industrial dos
Produtos Vendidos (CIPV).

O custo industrial é um custo de saída da fabricação que incluem três grandes factores:

▪ Matéria-prima (MP);
▪ Mão de obra directa (MOD); e
▪ Gastos gerais de fabrico (GGF).

Matéria-prima – são todas as matérias ou materiais consumidos na fabricação que, após


transformação, dão origem ao produto terminal.

Mão de obra directa – é constituída pelas remunerações e encargos do pessoal fabril que trabalha
directamente na produção.

Mão de obra indirecta – é a remuneração do pessoal fabril que apoia a estrutura industrial. Faz
parte dos gastos gerais de fabrico (GGF).

Gastos gerais de fabrico – são todos os custos da fábrica que não são matérias.
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O Custo Industrial da Produção Acabada (CIPA) corresponde aos custos industriais que
ocorreram durante o período (CIP), acrescentando o valor de produção não acabada (PVF)
existente no início do período e retirando o valor de produção não acabada do fim do período.

O CIPA corresponde aos custos de natureza fabril que ocorreram durante o período (CIP),
acrescentando o valor da produção não acabada (PCF) existente no início do período e retirando o
valor de produção não acabada no fim do período.

O custo industrial da produção acabada (CIPA), é calculado através das seguintes fórmulas:

𝐂𝐈𝐏𝐀 𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥 = 𝐌𝐏𝐜 + 𝐌𝐎𝐃 + 𝐆𝐆𝐅 + 𝐏𝐕𝐅𝐢 – 𝐏𝐕𝐅𝐟

𝐂𝐈𝐏𝐀 𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥
𝐂𝐈𝐏𝐀 𝐮𝐧𝐢𝐭 =
𝐐𝐏

O Custo industrial da Produção Vendida (CIPV) resulta de aos custos industriais incorporados
nos produtos (CIPA), acrescentarmos o valor de produção acabada (PA) existente no início do
período e retirando o valor de produção acabada do fim do período.

É o custo industrial relactivo às unidades vendidas. Corresponde ao montante de custos industriais


incorporados nos produtos vendidos durante o período, independentemente do momento em que
foram produzidos.

O CIPV resulta de, aos custos industriais incorporados nos produtos (CIPA), acrescentarmos o
valor da PA existente no início do período e retirando o valor de produção acabada do fim do
período.

O custo industrial da produção vendidos (CIPA), é calculado através da seguinte fórmula:

𝐂𝐈𝐏𝐕 = 𝐐𝐯 × 𝐂𝐈𝐏𝐀 𝐮𝐧𝐢𝐭

4.1. Caso Prático


Uma associação de duas mulheres do bairro de Cariacó, dedica-se ao fabrico e venda de Mandazi
de farinha de trigo, cuja MP M1 e M2 produziu nas duas oficinas, o produto P1 e P2 durante o mês
de Abril de 2024. As actividades originaram os seguintes gastos:

1. Compras
✓ M1 -------------------- 550kg no valor de 5.000,00
✓ M2 -------------------- 550kg no valor de 25.000,00
14

2. Materiais de consumo
✓ 200kg P/P1
✓ 150kg P/P2
3. Produção
✓ 200u de Mandazi para P1
✓ 150u de Mandazi para P2
4. Mão de obra directa (MOD)
✓ Oficina 1 --------------- 5h @ 30,00 P/P1
✓ Oficina 2 --------------- 4h @ 25,00 P/P2
5. Gastos gerais de fabrico (GGF)
✓ 15.000,00 a importar 2/3 P/P1 e 1/3 P/P2
6. As vendas
✓ 150u de Mandaze de P1 @ 280,00
✓ 100u de Mandaze de P2 @ 240,00
7. As despesas de vendas
✓ 10% de impostos sobre o valor de venda
8. As despesas de compras
✓ 10% de impostos sobre o valor das compras.

N.B: Não havia stock iniciais de matéria-prima.

𝐂𝐮𝐬𝐭𝐨 𝐝𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐩𝐫𝐚/𝐚𝐩𝐫𝐨𝐯𝐢𝐬𝐢𝐨𝐧𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐮𝐧𝐢𝐭𝐚𝐫𝐢𝐨 = 𝐏𝐅 + 𝐃𝐂 + 𝐃𝐀𝐫

Descrição M1 M2
5.000,00 -------
M −−−−−−−−−−−−−−
PF { 1
M2 − − − − − − − − − − − − − − ------- 25.000,00
500,00 -------
M = 10% × 5.000,00 = 500,00
DC { 1
M2 = 10% × 25.000,00 = 2.500,00 ------- 2.500,00
0,00 -------
M1 − − − − − − − − − − − − − −
DAr {
M2 − − − − − − − − − − − − − − ------- 0,00
Total de custo de compra/aprovisionamento 5.500,00 27.500,00
QC 550kg 550kg
Custo de Compra Unitário 10,00 50,00
Tabela 1: Custo de compra/aprovisionamento unitário
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𝐂𝐭 5.500,00
𝐌𝟏 𝐂. 𝐔𝐧𝐢𝐭 = = = 10,00
𝐐𝐂 550kg

𝐂𝐭 27.500,00
𝐌𝟐 𝐂. 𝐔𝐧𝐢𝐭 = = = 50,00
𝐐𝐂 550kg

𝐂𝐈𝐏𝐀 𝐮𝐧𝐢𝐭𝐚𝐫𝐢𝐨 = 𝐌𝐏𝐜 + 𝐌𝐎𝐃 + 𝐆𝐆𝐅

Descrição P1 P2

P1 = 200kg × 10,00 2.000,00 -------


MPc {
P2 = 150kg × 50,00 ------- 7.500,00

Oficina 1 = 5h @ 30,00 × 200 30.000,00 -------


MOD {
Oficina 2 = 4h @ 25,00 × 150 ------- 15.000,00
P1 = 15.000,00 × 2⁄3 10.000,00 -------
GGF {
P2 = 15.000,00 × 1⁄3 ------- 5.000,00
Custo Total da Produção 42.000,00 27.500,00
QP 200u 150u
CIPA unitário 210,00 183,33
Tabela 2: CIPA unitário

𝐂𝐈𝐏𝐀 𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥 42.000,00


𝐂𝐈𝐏𝐀 𝐮𝐧𝐢𝐭 𝐏𝟏 = = = 210,00
𝐐𝐏 200𝑢
𝐂𝐈𝐏𝐀 𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥 27.500,00
𝐂𝐈𝐏𝐀 𝐮𝐧𝐢𝐭 𝐏𝟐 = = = 183,33
𝐐𝐏 150𝑢

𝐂𝐮𝐬𝐭𝐨 𝐂𝐨𝐦𝐞𝐫𝐜𝐢𝐚𝐥 𝐔𝐧𝐢𝐭𝐚𝐫𝐢𝐨 = 𝐂𝐈𝐏𝐕 + 𝐆𝐂/𝐕

Descrição P1 P2

P1 = 150Unid × 210,00 31.500,00 -------


CIPV {
P2 = 100Unid × 183,33 ------- 18.333,00
4.200,00 -------
P = 150Unid × 280,00 × 10%
GC/V { 1 ------- 2.400,00
P2 = 100Unid × 240,00 × 10%
Total do Custo Comercial Unitário 35.700,00 20.730,00
QV 150u 100u
Custo Comercial Unitário 238,00 207,33
Tabela 3: Custo Comercial Unitário
16

𝐂𝐭 35.700,00
𝐂𝐮𝐬𝐭𝐨 𝐂𝐨𝐦𝐞𝐫𝐜𝐢𝐚𝐥𝐏𝟏 = = = 238,00
𝐐𝐕/𝐂 150,00

𝐂𝐭 20.730,00
𝐂𝐮𝐬𝐭𝐨 𝐂𝐨𝐦𝐞𝐫𝐜𝐢𝐚𝐥𝐏𝟐 = = = 207,33
𝐐𝐕/𝐂 100,00

𝐋𝐮𝐜𝐫𝐨 𝐛𝐫𝐮𝐭𝐨 𝐮𝐧𝐢𝐭𝐚𝐫𝐢𝐨 = 𝐕 − 𝐂𝐈𝐏𝐕

Descrição P1 P2
P1 = 150Unid × 280,00 42.000,00 -------
V{
P2 = 100Unid × 240,00 ------- 24.000,00
31.500,00 -------
P1 − − − − − − − − − − − −
CIPV { ------- 18.330,00
P2 − − − − − − − − − − − −
Total do Lucro Bruto 10.500,00 5.670,00
QV 150u 100u
Lucro Bruto Unitário 70,00 56,70
Tabela 4: Lucro bruto unitário

𝐓𝐨𝐭𝐚𝐥 𝐋𝐁 10.500,00
𝐋𝐁 𝐮𝐧𝐢𝐭 𝐏𝟏 = = = 70,00
𝐐𝐕 150u
𝐓𝐨𝐭𝐚𝐥 𝐋𝐁 5.670,00
𝐋𝐁 𝐮𝐧𝐢𝐭 𝐏𝟐 = = = 56,70
𝐐𝐕 100u

𝐋𝐮𝐜𝐫𝐨 𝐥𝐢𝐪𝐮𝐢𝐝𝐨 = 𝐋𝐁 − 𝐆𝐂/𝐕

Descrição P1 P2
P −−−−−−−−− 10.500,00 -------
LB { 1
P2 − − − − − − − − − ------- 5.670,00
4.200,00 -------
P −−−−−−−−−
GC/V { 1 ------- 2.400,00
P2 − − − − − − − − −
Total do Lucro Líquido 6.300,00 3.270,00
QV 150u 100u
Lucro Líquido Unitário 42,00 32,70
Tabela 5: Lucro líquido

𝑻𝒐𝒕𝒂𝒍 𝑳𝑳 6.300,00
𝑳𝑳 𝒖𝒏𝒊𝒕𝑷𝟏 = = = 42,00
𝑸𝑽 150𝑢

𝑻𝒐𝒕𝒂𝒍 𝑳𝑳 3.270,00
𝑳𝑳 𝒖𝒏𝒊𝒕𝑷𝟐 = = = 32,70
𝑸𝑽 100𝑢
17

5. Conclusão

A evolução dos mercados e o aumento das exigências por parte dos clientes e organizações, faz
com que as empresas procurem melhorar a eficiência dos métodos de laboração, otimizem os
métodos de controlo de custos e desenvolvam os seus geradores de valor. Neste sentido, é
imprescindível que seja definida, aplicada e monitorizada uma estratégia sólida que dê suporte à
sustentabilidade da empresa. Um dos aspetos a ter em consideração é a gestão e controlo de custos,
uma vez que através da aplicação rigorosa do método de custeio mais adequado, a informação
recolhida será mais facilmente trabalhada em prol das decisões de gestão.
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6. Bibliografia

Franco, V. S., Oliveira, Á., Morais, A. I., Oliveira, B. d., & Major, M. J. (2005). Contabilidade de
Gestão- Volume I: O apuramento dos custos e a informação de apoio à decisão. Lisboa: Publisher
Team.

HENDRIKSEN, Eldon S.; BREDA, Michael F. Van. Teoria da Contabilidade. Tradução de


Antonio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Atlas, 1999. 550p. Tradução de Accounting Theory.

Maher, M. W., Stinckney, C. P., & Weil, R. L. (2012). Managerial Accounting. South-Western:
Cengage Learning.

MARTINS, E. Contabilidade de custos. São Paulo: Editora Atlas, 2010.

Pedersen, H. (1958). Los Costes y la política de precios. Madrid: Aguilar.

Pereira, C. C., & Franco, V. S. (2001). Contabilidade Analítica. Rei dos Livros.

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