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EXCELENTÍSSIMO SR. DR.

JUIZ TITULAR DA __ VARA DO TRABALHO DE


BENTO GONÇALVES - POSTO DA JT DE NOVA PRATA/RS

FULANO DE TAL, brasileiro, solteiro, profissão xxxxx, portador do CPF n°


xxx.xxx.xxx-xx, CTPS xxxxxxx, residente e domiciliado à Rua xxxxxx, nº xxx,
Bairro xxxx, na cidade de Nova Prata/RS, por seus procuradores que esta
subscrevem, vem perante V. Excelência, propor a presente

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

em face da EMPRESA TAL, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


CNPJ nº xx.xxx.xxx/xxxx-xx, com sede no Distrito Industrial, nº xxx, Bairro
xxxxx, na cidade de Nova Prata/RS, em virtude das razões a seguir expostas:

I - PRELIMINARMENTE

I.I - DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA

Os parágrafos 2º e 3º do artigo 790 da CLT, estabelecem que o benefício da justiça


gratuita será concedido apenas aos que perceberem salário igual ou inferior a 40%
do limite máximo dos benefícios do RGPS, ou a parte que comprovar insuficiência
de recursos para pagamento das custas do processo.

Nos casos dos trabalhadores que se enquadram na faixa de renda estabelecida no


§3º do artigo 790, há presunção legal da necessidade

I.II - DO VALOR ESTIMADO DA CAUSA – ART. 12, § 2º DA IN 41 DO TST

Uma das mais polêmicas e controvertidas inovações oriundas da Lei 13.467 de 2017
se refere à indicação do valor do pedido, conforme estabelece o artigo 840, §1º,
vejamos:

“Art. 840. (...)


§ 1º Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação
do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos
de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo,
determinado e com indicação de seu valor, a data e a
assinatura do reclamante ou de seu representante. (Grifamos).
Tal dispositivo requer interpretação constitucionalmente adequada, no sentido de
que a petição inicial deve apenas INDICAR uma estimativa de valores dos
pedidos nela formulados, não limitando a condenação, tendo em vista que a
apresentação de cálculos detalhados ocorrerá em momento próprio, quando
houver a liquidação ou execução de sentença.

Elidindo quaisquer dúvidas sobre o tema, o C. TST expediu a Instrução


Normativa 41/2018, que em seu artigo 12, § 2º determina o seguinte:

Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT , o valor da


causa será estimado, observando-se, no que couber, o
disposto nos arts. 291 a 293 do Código de Processo Civil.
(Grifamos).

Assim, a obrigação da parte se restringe a indicar o valor estimado da causa,


fixado para fins de alçada e rito processual, não existindo qualquer exigência de
liquidação prévia dos pedidos.

Ora, exigir que a parte Obreira, ressalta-se, hipossuficiente, proceda a liquidação


de valores extremamente minuciosos e complexos como condição ao
ajuizamento e admissão de sua reclamatória trabalhista significa restringir ou
mesmo extinguir seu direito constitucional de ação e tutela jurisdicional, colidindo
com o artigo 5º, inciso XXXV e artigo 7º, inciso XXIX, da CF/88.

Além disso, deve ser considerado que, em regra, os trabalhadores não tem em
sua posse todos os documentos necessários para apurar o cálculo exato dos
pedidos no momento da elaboração da petição inicial.
Nesse sentido, leciona o Doutrinador Mauro Schiavi:

"A lei não exige que o pedido esteja devidamente liquidado,


com apresentação de cálculos detalhados, mas que indique o
valor. De nossa parte, não há necessidade de apresentação de
cálculos detalhados, mas que o valor seja justificado, ainda
que por estimativa. Isso se justifica, pois o reclamante,
dificilmente, tem documentos para o cálculo de horas extras,
diferenças salariais, etc. Além disso, muitos cálculos
demandam análise de documentação a ser apresentada pela
própria reclamada." (GRIFAMOS)

Cumpre destacar brilhante decisão em Mandado de Segurança proferido pela


Ilustre Desembargadora Relatora Cláudia Regina Vianna Marques Barrozo, in
verbis:

Não obstante o ajuizamento da reclamação trabalhista tenha se


dado já sob a égide das alterações provocadas pela Lei nº
13.467/2017, a exigência de liquidação prévia dos pedidos se
revela abusiva. Além de não ser o momento próprio para tal,
haja vista que a apresentação de cálculos deve ser feita no
momento da liquidação da sentença, tal exigência prévia
representaria manifesto prejuízo à parte autora que, antes
mesmo de citada a reclamada e de trazidos aos autos os
documentos necessários para a devida elaboração dos
cálculos. Não bastasse, o § 1º do artigo 840 da CLT dispõe
acerca da "indicação de seu valor", exigindo tão somente uma
indicação, jamais uma certeza, sendo plenamente aceito que o
valor indicado seja uma mera estimativa do valor, inexistindo
na Lei qualquer obrigação de apresentação prévia de cálculos
dos valores indicados.

Nesse sentido, aliás, vem decidindo esta Seção Especializada, conforme


demonstram a recente decisão abaixo indicada:

"MANDADO DE SEGURANÇA. AÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA


APÓS A VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. DECISÃO
DETERMINANDO A LIQUIDAÇÃODOS PEDIDOS PARA
ADEQUAR A PETIÇÃO INICIAL À NOVA REDAÇÃO DO ART.
840, § 1º, DA CLT. VIOLAÇÃO A DIREITO LÍQUIDO E CERTO DO
AUTOR. A legislação não impõe a prévia liquidação dos
pedidos apresentados na petição inicial. E isso faz sentido,
pois o momento processual adequado para realizar cálculos é
a fase de liquidação da sentença. Observe-se que a exigência
de liquidação prévia, caso fosse lícita, poderia criar obstáculos
quase intransponíveis ao acesso dos trabalhadores ao
Judiciário. Em diversos casos, a parte autora não teria como
indicar na inicial o valor exato de suas pretensões, pois os
documentos são guardados pelo empregador. O valor do
pedido, portanto, pode apenas ser estimado. Assim, viola
direito líquido e certo do autor a decisão que determina a
liquidação dos pedidos." (Proc. TRT-MS-0100792-
80.2018.5.01.0000, REL. DES. GISELLE BONDIM LOPES
RIBEIRO, JULG. 27/09/2018, publ. 08/11/2018)

Deste modo, requer sejam os valores dos pedidos da petição inicial


considerados como mera ESTIMATIVA, indicados apenas para fins de alçada e
rito processual, não limitando o valor a ser apurado futuramente em liquidação
ou execução de sentença, nem se confundindo com o valor real buscado na
presente demanda, resguardando-se a apresentação da liquidação em fase
processual oportuna.

I.III DA INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI 13.467/2017

- OFENSAS AOS ARTIGOS 1º, 2º, 3º, 60, 93, IX e 114 DA CF


- OFENSA AO ARTIGO 5º, INCISO XXXV DA CF
- OFENSA AO ARTIGO 5º, LXXIV DA CF
A lei 13.467/2017 em vigência desde 11/11/2017 e que trouxe diversas
modificações no âmbito do Direito e do Processo do Trabalho é eivada de
inconstitucionalidades, às quais não pode o Poder Judiciário cerrar os olhos.
A criação de um Direito do Trabalho e, consequentemente de uma Justiça do
Trabalho, foi justamente proteger a parte mais fraca na relação de trabalho, ou
seja, o trabalhador (princípio protetivo do trabalhador), buscando justamente
compensar a diferença socioeconômica (exploração) existente no seio das
relações capitalistas de trabalho.
A legislação trabalhista foi criada justamente para impor limites à exploração do
trabalho pelo capital, entenda-se, exploração do trabalhador pelo empregador,
preservando, portanto, a dignidade do trabalhador.
Logo, uma legislação que nega essa proteção, como é o caso da Lei
13.467/2017, não adquire a condição de norma jurídica trabalhista.
Todavia, respeitados os entendimentos contrários, a Lei 13.467/2017 veio
justamente a derrubar a proteção que, até então, era conferida à parte mais
fraca não apenas no âmbito do trabalho em si, como também na condução do
processo, eis que a Constituição Federal garante tratamento desigual aos
desiguais.
Em harmonia, também ao escrever sobre a Reforma Trabalhista, em seu introito,
a Desembargadora Vólia preconiza:

(...) O conteúdo da Lei 13.467/2017, ao contrário do afirmado


pela imprensa, desconstrói o Direito do Trabalho como
conhecemos, contraria alguns de seus princípios, suprime
regras benéficas ao trabalhador, prioriza a norma menos
favorável ao empregado, a livre autonomia da vontade, o
negociado individualmente e coletivamente sobre o legislado
(para reduzir direitos trabalhistas), valoriza a imprevisibilidade
do trabalho intermitente, a liberdade de ajuste, exclui regras de
direito civil e de processo civil protetoras ao direito e processo
do trabalho.(...)

Ante todo o exposto, requer seja declarada, por meio do controle difuso, a
inconstitucionalidade dos artigos 790, § 4º, 790-B, 840 e seus parágrafos, todos
da CLT e que foram introduzidos ou alterados pela Lei nº 13.467 de 2017.

II - NO MÉRITO

II.I - DO HORÁRIO DE TRABALHO - HORAS EXTRAORDINÁRIAS

Por força da Lei Consolidada e das Normas Coletivas, teria o Reclamante o


dever de laborar 8 horas diárias e 44 horas semanais, todavia, essa nunca foi a
sua realidade, tendo em vista que laborou permanentemente, em regime
extraordinário, cuja média, de segunda a sexta, até março de 2022, pode ser
fixada como sendo das 08h00min (oito horas) às 18h30min (dezoito horas e
trinta minutos), com 01h30 (uma hora e meia) de intervalo para alimentação e
descanso, estendendo em dez dias do mês até às 19h30min (dezenove horas e
trinta minutos). Aos sábados laborava as 08h00 (oito horas) as 12h30min (doze
horas e trinta minutos).
A partir de março de 2022 passou a laborar de segunda à sábado, das 07h45min
(sete horas e quarenta e cinco minutos) às 19h30min (dezenove horas e trinta
minutos), com 30 minutos de intervalo para refeição.

Durante todo o período, em datas comemorativas, o que estima em dez dias por
ano, estendia essa jornada até as 20h30min (vinte horas e trinta minutos).

Todavia, jamais lhe foi permitido anotar a integralidade e a frequência da jornada


trabalhada e jamais houve qualquer tipo de compensação de horas extras com
folgas, requerendo desde já seja declarado nulo qualquer regime de
compensação.

Apesar da permanente prestação do labor extraordinário, o reclamado não


pagou corretamente as horas extras prestadas, nem mesmo aquelas poucas
registradas. Isso porque, nem a quantidade de horas consignadas corresponde
aquelas efetivamente prestadas, nem a base de cálculo, reflexos e divisor
utilizados como parâmetros para pagamento obedecem aos critérios ora
pretendidos.

A base de cálculo e os reflexos corretos, que deveriam ter sido utilizados no


cálculo das horas extras adimplidas, constam nos parágrafos abaixo.

Já no que pertine ao divisor, ressalta-se que o correto seria a utilização do


divisor 220, de modo que a não incidência do mesmo para fins de cálculo das
horas extras eventualmente pagas gera diferenças que deverão ser sanadas
utilizando o mesmo critério.

No tocante a base de cálculo, as horas de sobrejornada devem ser compostas


de todas as verbas salariais adimplidas com habitualidade, tais como: salário,
bonificação e comissões, bem como as parcelas buscadas na presente ação, tal
como adicional de insalubridade, com base na Súmula nº. 264 do Colendo TST,
com todas as verbas de natureza remuneratória constantes nos holerites. É o
que se requer.

Após, deverão ter reflexo nos repousos semanais remunerados e,


posteriormente a esse agregamento, pelo aumento da média remuneratória,
deverão repercutir no cálculo de férias acrescidas de um terço, nos décimos
terceiros salários, nas verbas rescisórias (férias vencidas e proporcionais
acrescidas do terço constitucional e décimo terceiro salário proporcional).

Por fim, requer ainda a adoção do adicional de 60% (sessenta por cento) para
efeito de cálculo das horas suplementares pleiteadas e as excedentes às duas
primeiras horas serão remuneradas com o adicional de 100% (cem por cento),
conforme as normas coletivas da categoria. Vejamos:

CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA - ADICIONAL DE HORAS-


EXTRAS
As horas extras serão remuneradas com um acréscimo de 60%
(sessenta por cento) sobre o valor da hora normal até o limite
de duas horas diárias. Após duas horas extras diárias o
acréscimo será de 100% (cem por cento) sobre o valor da hora
normal.

Ademais, quer a legislação, com efeito, coibir os abusos como os ocorridos no


presente caso, em que para que o empregador potencialize seus lucros e reduza
seu quadro de funcionários, obriga seus empregados a se submeterem a
extenuante quantidade de horas de trabalho diário, comprometendo sua saúde
física e mental.
Deste modo, restando demonstrado que o Reclamado deixou de alcançar à
parte reclamante a totalidade das horas extras efetivamente prestadas ou
quando as estipendiar, o fez em quantidade inferior àquela devida ou em valor
exíguo em comparação com as efetivamente realizadas, faz jus a parte autora a
auferir como extraordinárias todas as horas que cumpriu a partir da oitava diária.

II.II - DA INSALUBRIDADE

Conforme relatado anteriormente o Reclamante foi contratado para exercer a


função de XXXX, acessando o setor de adesivos, mantendo contato com colas e
desmoldante e mesmo mantendo contato direito com os supracitados produtos,
nunca recebeu o pagamento do adicional de insalubridade que lhe era devido.
O adicional de insalubridade é um direito previsto na Constituição Federal o qual
assegura aos trabalhadores melhores condições de trabalho, e um ambiente
favorável para o exercício do labor diário, a fim de evitar situações gravosas à
saúde do trabalhador, sendo devido a todos os trabalhadores que laborem em
ambientes insalubres.

No exercício de suas funções habituais, o reclamante laborou exposto a agentes


insalubres, nocivos à sua saúde. A atividade exercida para reclamada é
considerada insalubre, nos termos do anexo 14 da NR-15, da Portaria nº
3.214/78 do Ministério do Trabalho, por ser extremamente nociva à saúde,
todavia, o reclamado não pagou o correspondente adicional.

Nota-se no presente caso a negligência da reclamada quanto ao deixar de


efetuar o pagamento do adicional de insalubridade, quando tinha conhecimento
que o mesmo laborava em contato direto com substâncias nocivas à saúde. A
Súmula Vinculante nº 4 do STF, veda a utilização do salário mínimo como
indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou empregado,
nem ser substituído por decisão judicial.

Após a edição da Súmula Vinculante nº 04, o Tribunal Superior do Trabalho


concedeu novo texto à Súmula nº 228, com o fim de não deixar lacuna, que
impossibilitasse o pagamento de adicional de insalubridade, aos empregados
que laboram em condições especiais.

“SUM-228 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE BASE DE


CÁLCULO (nova redação) - Res. 148/2008, DJ 04 e 07.07.2008 -
Republicada DJ 08, 09 e 10.07.2008 – A partir de 9 de maio de
2008, data da publicação da Súmula Vinculante nº 4 do
Supremo Tribunal Federal, o adicional de insalubridade será
calculado sobre o salário básico, salvo critério mais vantajoso
fixado em instrumento coletivo.”.

Impossibilitado o cálculo do benefício através do salário mínimo, a melhor


solução é vinculá-lo ao salário básico ou piso salarial fixado nas Convenções
Coletivas de Trabalho.

Neste mesmo diapasão, decisão do Colendo Tribunal Regional do Trabalho da


5ª Região:

Ementa: ADICIONAL DE INSALUBRIDADE - BASE DE


CÁLCULO -Após a edição da Súmula Vinculante nº 04, o
Tribunal Superior do Trabalho concedeu novo texto à Súmula
nº 228, com o fim de não deixar lacuna, que impossibilitasse o
pagamento de adicional de insalubridade, aos empregados
que laboram em condições especiais: "SUM-228 ADICIONAL
DE INSALUBRIDADE. BASE DE CÁLCULO (nova redação) - A
partir de 9 de maio de 2008, data da publicação da Súmula
Vinculante nº 4 do Supremo Tribunal Federal, o adicional de
insalubridade será calculado sobre o salário básico, salvo
critério mais vantajoso fixado em instrumento coletivo."
Processo 0072400- 37.2009.5.05.0194 RecOrd, ac. nº
111344/2012, Relatora Desembargadora NÉLIA NEVES, 4ª.
TURMA, DJ 29/08/2012.

Neste sentido requer seja a reclamada condenada ao pagamento do adicional de


insalubridade do período imprescrito até o desligamento do obreiro, tendo como
base de cálculo o salário básico do empregado.

Requer a realização de perícia conforme art. 195 da CLT, para que se caracterize
e classifique as condições de insalubridade no local onde a reclamante exercia
seu trabalho, protestando pela apresentação de quesitos, a serem formulados ao
Perito e pela produção de todos os meios de provas admitidos em direito.

Postula, em face do exposto, o pagamento do adicional de insalubridade


correspondente ao grau máximo, ou outro percentual que for estabelecido,
calculado pelo salário mínimo regional, com juros e correção monetária, bem
como a sua integração nos repousos semanais remunerados, e após, o reflexo
no cálculo das férias acrescidas de um terço, dos décimos terceiro salários, das
horas extras e das verbas rescisórias (férias vencidas e proporcionais acrescidas
do terço constitucional e décimo terceiro salário proporcional).

II.III - DOS ENCARGOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS

Quanto aos encargos previdenciários, à instituição Reclamada é a responsável


pelo inadimplemento desta obrigação social, foi esta quem não pagou, quem não
tomou as providências legais na época oportuna. A retenção salarial dos
encargos previdenciários só é possível na época própria do recolhimento.
Portanto, a falta de recolhimento oportuno alforria a empregada, devendo o
empregador deve ficar diretamente responsável pelo valor da contribuição
previdenciária que não reteve de modo oportuno e regular.

Quanto ao ônus do encargo do imposto de renda, aplica-se, claramente, o


princípio da irredutibilidade salarial, assegurado no artigo 7º, inciso VI, da
Constituição Federal. Por cautela, sendo eventualmente atribuída a
responsabilidade de retenção deste encargo fiscal, imposto de renda, requer que
este montante seja acrescido no valor final da condenação, a título de
indenização, ou que sua incidência se dê apenas em relação aos valores
mensais, ou seja, individualizados, de sorte a corresponder ao quantum que
deveria ter sido auferido mensalmente, responsabilizando a instituição pelas
diferenças que o acúmulo ocasionou.

Reclama, caso outro venha a ser o entendimento deste juízo, seja condenada a
parte Reclamada ao pagamento de uma indenização equivalente aos descontos
fiscais, a ser acrescida ao valor final da condenação, ou, sucessivamente, seja
responsabilizada pelas diferenças que o acúmulo ocasionou, para assim haver
efetivo reparo do dano sofrido, com fundamento nos artigos 186, 389 e 927 do
Código Civil.

Por oportuno - caso Vossa Excelência entenda que deva ser descontado dos
créditos da parte Reclamante o encargo fiscal da presente demanda, o que se
admite apenas a título de argumentação -, desde já se requer que a incidência
do tributo fiscal se dê de mês a mês, pelo valor nominal/histórico e que os juros
de mora sejam excluídos da base de cálculo do referido tributo, conforme
determina o inciso I, parágrafo 1º, do artigo 46 da lei nº 8.541, de 23 de
dezembro de 1992.

II.IV - DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Imperioso de imediato transcrever o quanto prescreve o art. 791-A da CLT:

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria,


serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o
mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze
por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da
sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 13.7.2017)

Dadas as expressas hipóteses aventadas de incidência de honorários no


supracitado dispositivo consolidado, quais sejam, (a) sobre o valor que resultar
da liquidação da sentença; b) sobre o proveito econômico obtido ou, c) não
sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, resta configurado
que o mesmo aplica-se unicamente aquele que obtiver resultado pecuniário na
Ação, independentemente desta ser totalmente procedente ou parcialmente
procedente.
Desta forma, este artigo da Reforma Trabalhista não permite lacunas em sua
interpretação, pois ao determinar que o fato gerador dos honorários advocatícios
se dará somente nas hipóteses acima aventadas, condicionou a sucumbência
unicamente ao direito da parte reconhecido através de decisões condenatórias
que resultarem saldo positivo na Ação Trabalhista.

Nesse trilhar, portanto, os honorários advocatícios na Justiça do Trabalho não


decorrem do princípio da causalidade ampla, mas, sim, em verdade, no princípio
da sucumbência estrita, atípica, mitigada ou creditícia.

Neste espeque, brilhante é o entendimento esposado no V. Acórdão tombado


sob o nº 1000354-65.2018.5.02.0076, de Relatoria da Exma. Des. Dra. Ivete
Ribeiro, in verbis:

(...)
Isso porque a Lei n. 13.467/17, em seu art. 791-A,CLT, não
acolheu o princípio da causalidade ampla prevista no Código
de Processo Civil. Ao contrário, adotou o princípio da
sucumbência estrita, atípica, mitigada, ou creditícia.
(...)
Com efeito, os honorários advocatícios, na Justiça do
Trabalho, não decorrem do princípio da causalidade, nem da
mera sucumbência, mas limita-se às sentenças condenatórias
que resultem a existência de crédito em favor da parte
vencedora ou, obrigação de outra natureza de que resulte um
proveito econômico mensurável ou estimado pelo valor da
causa.
(...)
Assim, a condenação em montante inferior ao postulado na
inicial não implica sucumbência recíproca.
(...)
Em suma, não são devidos os honorários advocatícios na
Justiça do Trabalho nas hipóteses de improcedência,
desistência, renúncia, extinção sem mérito e arquivamento da
ação. Inteligência literal do artigo 791-A da CLT, combinado
com a interpretação histórica e sistemática com os artigos 14 e
16 da Lei n. 5.584/70 e 11 da Lei n.1060/50.
(...)
(GRIFAMOS)

Destarte, em face do quanto supracitado, os honorários advocatícios, por


corolário lógico, não são devidos em casos de improcedência, desistência,
renúncia, extinção sem mérito e arquivamento da ação.

De outra banda, ad argumentandum, caso Vossa Excelência não adote o


Princípio da sucumbência estrita, atípica, mitigada ou creditícia, não pode a parte
obreira ser condenada em honorários de forma desarrazoada, seja pela
condição de hipossuficiência, seja frente aos princípios da razoabilidade e
proporcionalidade.
Importante esclarecer que a Reforma não tratou a Ação Trabalhista de forma
bipartida em pedidos e sim como uma unicidade que é. Até porque não é a parte
Reclamante que dá causa ao processo trabalhista, mas a parte Reclamada, que
deixa de alcançar em época própria o que lhe é obrigatório por via de lei.

Dito isto, por certo, não pode a parte Reclamante ser penalizada na condenação
em honorários advocatícios vultosos ou desproporcionais, considerando que
trata-se da parte mais fraca na relação empregatícia ora examinada, e, não lhe
cabe arcar com o ônus tocante ao seu empregador. Non proportionalem esse
vi lex per iniustitiam.

Por fim, por tudo quanto dito, pugna-se a este MM. Juízo que os honorários
advocatícios sejam devidos em prol do advogado da parte Reclamante no
percentual de 15% e, não obstante, também com fulcro na legislação
consolidada, para que não haja incidência em casos de improcedência,
desistência, renúncia, extinção sem mérito e arquivamento da ação.

Todavia, caso o entendimento deste MM. Juízo seja pela condenação em


honorários advocatícios sucumbenciais em face da parte Reclamante, pugna-se
seja calcado com base no Princípio da Proporcionalidade e Razoabilidade, frente
ao demonstrado, seja pela condição de hipossuficiência da parte autora, sem
prejuízo à subsistência própria e de sua família, seja pelo arbitramento em
patamar razoável, sob pena de desconsideração ao art. 2º, art. 3º, incisos I e III,
art. 5º, inciso LXXIV , art. 100, §1º, todos da CF/88, artigo 1.707 do Código Civil,
Artigo 8º, §1º, da CLT.

II.V - DO FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO

Reclama o pagamento do FGTS sobre todas as parcelas reclamadas na


presente ação.

II.VI - DO ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA, OU,


SUCESSIVAMENTE, DA INDENIZAÇÃO SUPLEMENTAR.

Diante de tantas discussões e decisões, diga-se, data máxima vênia,


conflitantes, uma decisão uníssona é a de que a TR (Taxa Referencial) não deve
ser o índice de atualização monetária do crédito trabalhista, decisão essa
sedimentada pelo E. STF, quando do julgamento das ADC’s 58 e 59, em 18 de
dezembro de 2020.

Ainda, em consonância com o entendimento da Suprema Corte, o C. TST


declarou a inconstitucionalidade da expressão “equivalentes à TRD” contida no
caput do artigo 39, da Lei nº 8.177/91, definindo o ÍNDICE DE PREÇOS AO
CONSUMIDOR AMPLO ESPECIAL (IPCA-e) como fator de correção monetária,
decisão essa aplicada pelo E. STF quando do julgamento das ADC’s 58 e 59,
apenas na fase pré-judicial.

No entanto, entende a parte autora que os créditos decorrentes de condenação


judicial devem ser corrigidos aplicando-se um índice que garanta o poder
aquisitivo do credor, de modo que seja suficiente para recompor completamente
os valores depreciados pela inflação.

Com efeito, o valor executado no processo deve contemplar exatamente o valor


real que deixou de ser pago pelo empregador na época do vencimento da
obrigação, sob pena de incentivar os empregadores a sonegar propositalmente
as verbas trabalhistas ao longo da relação contratual.

O critério de atualização monetária que deve prevalecer na Justiça do Trabalho


para a aferição das perdas com a desvalorização da moeda no decurso do
tempo, é o IPCA-e, que efetivamente considera a variação de preços ao
consumidor em uma ampla cesta ideal de produtos e serviços e preserva o
direito à atualização monetária dos créditos trabalhistas.

Pelo acima exposto, requer a parte autora que os créditos oriundos desta
reclamatória sejam atualizados com base na variação do Índice de Preços ao
Consumidor Amplo Especial (IPCA-e) do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), imperando, assim, o princípio protetivo ao trabalhador e os
princípios da condição mais benéfica e da norma mais favorável ao empregado.
Deve ser deferido ainda, a aplicação de juros de 1% (um por cento) ao mês,
desde a data do ajuizamento da ação, de forma capitalizada, nos termos da Lei
de nº 8.177/91, bem como, da Súmula 200, do C. TST e artigo 883 da CLT.

DAS PROVAS

Protesta e requer a produção da prova testemunhal, documental e


especialmente pericial e quantas mais o direito autorizem e que se fizerem
necessárias no curso da lide, ainda, sob pena de confissão, o depoimento
pessoal do representante da reclamada e a juntada, na forma do art. 464 da CLT
e dos arts. 355/359 do CPC subsidiário, pela mesma, também sob pena de
confissão dos seguintes documentos:

1. Contracheques ou recibos de pagamento, cartões de ponto, folha de


frequência ou registros de horários de entrada e saída do reclamante na
prestação dos serviços para empresa, de toda a relação empregatícia.
2. Comprovantes de depósitos de FGTS, e recolhimento do PIS/PASEP, e
demais contribuições tributárias, previdenciárias e sindicais.

PEDIDOS

Face ao exposto, REQUERa notificação citatória da Reclamada para querendo,


comparecer à audiência de conciliação e julgamento, e contestar a presente, sob
pena de revelia e confissão, e julgada, ao final, procedente esta reclamatória,
seja declarada a responsabilidade da Reclamada condenando no seguinte:

No efeito declaratório/condenatório:
REQUER horas extraordinárias, contadas a partir da oitava diária e
quadragésima quarta semanal, segundo a média declinada no corpo da presente
ação, considerando para o seu cálculo todas as parcelas salariais, tais como
salário, comissões e bonificações, bem como as buscadas na presente ação tal
como adicional de insalubridade, com base na Súmula n.º 264 do Colendo TST,
com adoção do adicional legal de 60% (sessenta por cento) em relação à hora
normal, se trabalhadas em qualquer dia compreendido entre segunda e sábado,
e de 100%, se trabalhadas em domingos e feriados, ou normativo, devendo
prevalecer o mais benéfico ao empregado, tendo em vista a previsão constante
ao artigo 7º, inciso XVI, da Constituição Federal, e a aplicação do divisor 220;
Valor estimado R$ 55.664,76

REQUERo reflexo das horas extras, pela sua habitualidade, após a integração
das parcelas acima arroladas nos repousos semanais remunerados e,
posteriormente a esse agregamento, pelo aumento da média remuneratória;
Valor estimado R$ 13.253,78

a) férias acrescidas de um terço; Valor estimado R$ 1.652,71

b) décimos terceiros salários; Valor estimado R$ 7.437,25

c) verbas rescisórias (férias vencidas e proporcionais acrescidas do terço


constitucional e décimo terceiro salário proporcional); Valor estimado R$ 413,16.

Caso Vossa Excelência entenda por dar validade aos registros ponto, o que
sinceramente não se espera, requer as diferenças de horas extras marcadas e
não pagas corretamente, no que se refere à quantidade de horas adimplidas, a
base de cálculo utilizada, os reflexos e o divisor, conforme pleiteado nos dois
pedidos acima, nos termos da fundamentação; Valor estimado R$ 1.000,00.

REQUERo pagamento do adicional de insalubridade correspondente ao grau


máximo ou percentual que for estabelecido, calculado pelo salário mínimo
regional, com juros e correção monetária, bem como a sua integração nos
repousos semanais remunerados, e após, o reflexo no cálculo das férias
acrescidas de um terço, dos décimo terceiro salários, das horas extras e das
verbas rescisórias (férias vencidas e proporcionais acrescidas do terço
constitucional e décimo terceiro salário proporcional), nos termos da
fundamentação; Valor estimado R$ 20.452,15.

Quanto a retenção e recolhimento dos encargos previdenciários e fiscais por


conta da parte Reclamada, com o encargo fiscal descontado dos créditos da
parte Reclamante, observado o valor nominal/histórico referente as parcelas de
natureza salarial e a apuração mês a mês, excluídos os juros de mora, conforme
disposto na IN 1500/2014 alterada pela IN 1558/2015, ambas da SRFB e em seu
art. 12-A da Lei nº 7713/88 e o inciso I, parágrafo 1º, do artigo 46 da Lei nº 8.541,
de 23 de dezembro de 1992, bem como, de acordo com a OJ nº 400 da SDI-1 do
C. TST c/c Súmula 17 do E. TRT 1ª Região, nos termos da fundamentação;
Valor estimado INSS. R$ 7.954,14, Valor estimado IRRF R$ 3.887,23.
REQUERa este MM. Juízo que os honorários advocatícios sejam devidos em
prol do advogado da parte Reclamante no percentual de 15% e, não obstante,
também com fulcro na legislação consolidada, para que não haja incidência em
casos de improcedência, desistência, renúncia, extinção sem mérito e
arquivamento da ação. Valor estimado R$ 19.898,98.

Todavia, caso o entendimento deste MM. Juízo seja pela condenação em


honorários advocatícios sucumbenciais em face da parte Reclamante, roga-se
seja calcado com base o no Princípio da Proporcionalidade e Razoabilidade,
frente ao demonstrado, seja pela condição de hipossuficiência da parte autora,
sem prejuízo à subsistência própria e de sua família, seja pelo arbitramento em
patamar razoável, sob pena de desconsideração ao art. 2º, art. 3º, incisos I e III,
art. 5º, inciso LXXIV , art. 100, §1º, todos da CF/88, artigo 1.707 do Código Civil,
Artigo 8º, §1º, da CLT, consoante fundamentação;

REQUERseja aplicado o IPCA-e (Índice de Preços ao Consumidor Amplo


Especial), como índice de atualização monetária deferindo-se, ainda, os juros de
mora de 1% (um por cento) ao mês, nos termos da fundamentação; Valor
estimado R$ 1.993,07

REQUER, sucessivamente, caso Vossa Excelência não entenda da forma acima


apontada, requer que seja fixada indenização suplementar entre a diferença do
crédito apurado com atualização pelo IPCA-e + juros de 1% ao mês e aquele
apurado pela taxa SELIC, sem os juros de mora ou outro critério mais benéfico,
com base na média de juros cobrados mensalmente pela instituição financeira,
que se beneficiou dos valores não adimplidos em época oportuna, nos termos da
fundamentação; (Valor estimado a apurar)

REQUERo pagamento do FGTS sobre todas as parcelas reclamadas na


presente ação; Valor estimado R$ 7.869,72

Finalmente, REQUER a procedência da ação, condenando-se as partes


Reclamadas ao pagamento das parcelas reclamadas, custas processuais e
honorários periciais;

DOS REQUERIMENTOS FINAIS

REQUER a notificação citatória do reclamado, para que conteste a presente


ação, querendo, sob pena de declaração de revelia e aplicação da pena de
confissão ficta em relação aos fatos alegados;

REQUER a produção de provas, depoimento pessoal do representante legal do


reclamado, sob pena de confesso, testemunhas (resguardando-se, desde já,
oitiva de testemunhas por carta precatória inquiritória), pericial (acaso este Juízo
entenda mister), por fim outras provas eventualmente necessárias;

REQUER, ainda, seja resguardada à parte autora, o direito ser ouvida por meio
de videoconferência, caso na oportunidade não esteja residindo na presente
jurisdição (art. 385, §3º do CPC), inclusive se aplicando o mesmo na oitiva de
suas testemunhas.

REQUER seja o reclamado intimado a juntar aos autos, com a contestação,


todos os documentos que entenda necessário à sua defesa, sob pena de
preclusão.

REQUER, desde já, caso haja provimento total ou parcial da ação, a instauração
da fase de execução, para que se calcule o processo de forma a liquidar o valor
efetivo e não apenas indicativo dos pedidos, aplicando o juízo, quando entender,
o artigo 765 da CLT.

PUBLICAÇÕES, NOTIFICAÇÕES E DEMAIS ATOS PROCESSUAIS

Requer que todas as publicações, notificações e demais atos processuais sejam


feitos em nome do Dr. Gabriel Merlo, inscrito na OAB/RS nº 00.000, com
endereço eletrônico gmrocha@ucs.br, sob pena de nulidade dos atos
processuais, com fulcro no art. 77, V, do Novo Código de Processo Civil.

DO VALOR DA CAUSA

Dá à causa, para fins legais, o valor estimativo de R$ 133.512,74.

Nova Prata/RS, 04 de agosto de 2023

GABRIEL MERLO DA ROCHA


OAB/RS XXX

ABISAGUE GONÇALVES
OAB/RS XXX

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