Apologética INCITH - Avançado - Aula 1

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Curso Avançado

em Teologia
INTRODUÇÃO
Defender a fé parece uma proposta subjetiva e,
para alguns, sem sentido, por conta de declarações
do tipo: “Jesus não precisa que ninguém o
defenda!”. No entanto, temos nas Escrituras um
processo contínuo de defesa de uma cosmovisão,
de uma maneira peculiar de pensamento, este
construído por séculos dentro da perspectiva que
chamamos de “Revelação”.

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Desta forma, nada mais justo que essa maneira de
enxergar o mundo, a sociedade, o desenvolvimento
humano, além de afirmações sobre Deus, a criação, o
destino após a morte, o futuro, seja explicada, tenha
oportunidades de se expressar livremente, tenha uma
articulação capaz de retirar de seus ensinamentos
sentidos amplos e que após criteriosas avaliações, sem
preconceitos, estabeleça uma ligação com o
pensamento contemporâneo.

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DEFINIÇÃO DO TERMO.
Apologética (do grego apologia,
“defesa”) é o ramo da teologia cristã que
procura apresentar uma explicação
racional para as verdades afirmadas pela
fé cristã.

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O termo Apologia é
aplicado por Platão
quando relata a defesa
de Sócrates diante de
Pg. 03 seus acusadores:
“O que vós, cidadão atenienses, haveis sentido, com o manejo
dos meus acusadores, não sei; certo é que eu, devido a eles,
quase me esquecia de mim mesmo, tão persuasivamente
falavam. Contudo, não disseram, eu o afirmo, nada de
verdadeiro. Mas, entre as muitas mentiras que divulgaram,
uma, acima de todas, eu admiro: aquela pela qual disseram
que deveis ter cuidado para não serdes enganados por mim,
como homem hábil no falar”. (Platão, Apologia de Sócrates).
Tertuliano de Cartago faz
o uso de “apologia” para
argumentar em favor do
cristianismo, então mar-
Pg. 03 ginalizado e perseguido:

“De fato, é contra a lei condenar alguém sem


defesa e sem audiência. Somente os cristãos
são proibidos de dizerem algo em sua
defesa, na salvaguarda da verdade, para
ajudar ao juiz numa decisão de direito”.
(Tertuliano, Apologia).
No século II, esta palavra genérica para “defesa”
começou a assumir um significado mais limitado, para se
referir a um grupo de autores que defendem as crenças e
práticas do Cristianismo, contra vários ataques. Estes
homens se tornaram conhecidos como apologistas por
causa dos títulos de alguns de seus tratados, mas,
aparentemente, foi só depois de 1794 que a apologética
foi usada para designar uma disciplina teológica
específica.
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A Defesa da Fé Cristã é tarefa destinada
aos santos (tois hagiois pistei), como
nos informa Judas em sua vigorosa
epístola (Jd v.3).

No texto original esta palavra


“diligência” significa fazer algo
“apressadamente” ou “fazer algo sobre
a influência de um forte desejo”
(spouden).
Além de ser também um encargo destinado,
de forma específica, a alguns homens de
Deus que receberam essa missão, como é o
caso do Apóstolo Paulo, que expressou isso
na epístola que escreveu: “sabendo que fui
posto para defesa do evangelho” {eis
apologian tou euaggeliou keimai} (Fp 1.16).
No século II, sob o comando de
imperadores mais razoáveis como Trajano,
Antonino Pio e Marco Aurélio, o
cristianismo teve uma nova preocupação:
explicar o motivo de sua existência para o
mundo de maneira convincente.

Marco
Trajano
Antonino Aurélio
AS ORIGENS DA APOLOGÉTICA ATUAL
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Justino Mártir (100-165).

Justino se tornou um dos primeiros apologistas


cristãos, ou seja, um dos que explicavam a fé como
sistema racional. Com escritores que surgiriam mais
tarde — como Orígenes e Tertuliano —, ele
interpretou o cristianismo em termos que seriam
familiares aos gregos e aos romanos instruídos de
seus dias.
Segundo estudiosos, Justino conheceu o evangelho por
meio de Trifão que o fez um questionamento a acerca
de Deus, Justino leu o Novo e o Antigo Testamento todo
e percebeu que era uma filosofia bastante proveitosa e
abrangente, pois ela é uma doutrina da fé através de
uma revelação.

Sobre os pagãos, Justino


condenava veemente a prática
dessa religião, pois tinha certeza
que os seus princípios destoava
dos princípios cristãos, que ele
considerava que era a “verdade
absoluta”.
Para muitos, toda a apologética cristã
remonta à mente fértil de Agostinho
de Hipona (354-430). Pg. 04
Afirmava que a revelação divina vem a
nós de forma racional e inteligível, sem
descartar a fé nesse processo, de modo
que o raciocínio é uma condição prévia
para que possamos receber a revelação.
Desde os primeiros dias de sua sagração,
teve de se defrontar com "leões vorazes“.
SOBRE CRISTO:
“Entretanto, ele gerou, não criou, de sua própria
essência, aquele que lhe é igual, o qual é como
professamos, o Filho único de Deus. É aquele a quem
nós denominamos, procurando as expressões mais
acessíveis: “Força de Deus e Sabedoria de Deus” (1 Cor
1,24). Por meio dele, Deus fez tudo o que tirou do
nada”. (O Livre-arbítrio)
SOBRE AS ESCRITURAS:
“Há duas coisas igualmente importantes na exposição
das Escrituras: a maneira de descobrir o que é para ser
entendido e a maneira de expor com propriedade o
que foi entendido”. (A Doutrina Cristã)
Seguindo Agostinho, Aquino cria que a fé é
baseada na revelação de Deus nas
Escrituras. Mas o apoio para a fé é
encontrado nos milagres e em argumentos
plausíveis {De veritate, 10, 2).

FÉ E RAZÃO
Tomás de Aquino (1224-1274).
É considerado o filósofo mais importante do
cristianismo medieval. Sua filosofia
desfruta, ainda hoje, de respeito
generalizado.
Ele procurava, deliberadamente, desenvolver
uma apologética baseada na filosofia
aristoteliana e, ao mesmo tempo,
abandonava a teologia de Aristóteles, tão
pagã como a de Platão.
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Se distancia das assertivas
agostinianas e elabora uma
abordagem apologética na
perspectiva da que hoje chamamos
de “Teologia natural”.
Rejeitava o Argumento Ontológico e
desenvolveu vários argumentos em
favor da existência de Deus a partir
da existência e natureza do universo.
Apesar da existência de Deus ser passível de
prova pela razão, o pecado obscurece a
capacidade de saber (Suma teológica),
portanto crer (não provar) que Deus existe é
necessário para a maioria das pessoas {Suma
contra os gentios).
Revelação.
Deus revelou-se tanto na natureza
quanto nas Escrituras. Sua revelação
natural (Rm 1.19,20) está disponível
para todos e é a base da teologia
natural.
O PRESSUPOSTO REVELACIONAL
A revelação divina não é possível sem
que, pelo menos, três elementos
fundamentais estejam firmados:
(1) A existência de um Ser capaz de
passar uma revelação;
(2) A existência de um ser capaz de
receber uma revelação;
(3) A existência de um meio por
intermédio do qual esta revelação possa
ser transmitida.
“Toda pessoa, sem uma revelação supernatural, não
importa o quanto filosofe, sabe que a morte é o
ingresso no desconhecido. É o portão das trevas.
Os homens tem de ultrapassar esse portão
conscientes de que tem dentro de si uma vida
imperecível combinada com todos os elementos de
perdição. Não é evidente, pois, que pecadores
imortais necessitam de algo para responder com
autoridade à pergunta: o que devo fazer para ser
salvo?” (Charles Hodge).
Quando um crente encontra-se
desabilitado para defender sua fé, ele
fatalmente está propenso ao engano.
Disse Charles Hodge: “Que ninguém
creia que o erro doutrinário seja um
mal de pouca importância. Nenhum
caminho para a perdição jamais se
encheu de tanta gente como o da falsa
doutrina”.
O apologista Walter Martin também
alertou que é conhecendo a verdadeira
nota que conseguimos identificar a falsa.
É possível ser um teólogo e não ser
apologista, embora isso não seja
plausível. Entretanto, é impossível ser um
apologista sem ser um teólogo!
O conhecimento das doutrinas fundamentais da
Bíblia é o maior baluarte contra o erro.
Todo o engodo está na deturpação das
Escrituras, na distorção da doutrina. Uma
teologia voltada para a apologia certamente
evitaria os modismos que têm causado
escândalo entre os evangélicos em nosso país.
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Tipos de Apologética
a) Apologética Clássica: A apologética
clássica enfatiza argumentos a favor da
existência de Deus. Vale-se do
argumento teísta para estabelecer a
Verdade do teísmo à parte do apelo à
revelação especial (a Bíblia).

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Apologética Evidencial: A apologética
evidencial enfatiza a necessidade da prova
para apoiar as afirmações das verdades
cristãs. A evidência pode ser racional,
histórica, arqueológica, e até experimental.

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Apologética Pressuposicional: afirma
que é preciso defender o cristianismo
a partir do alicerce de certas
pressuposições.
Geralmente o apologista desta escola
de apologética pressupõe a verdade
básica do cristianismo e depois
continua demonstrando que só o
cristianismo é verdadeiro.
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O EMPREGO DA APOLOGÉTICA

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O apóstolo Pedro expõe a lógica apologética: "Santificai
a Cristo, como Senhor, em vossos corações, estando
sempre preparados para responder a todo aquele que
vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o,
todavia, com mansidão e temor..." (1 Pedro 3:15).
“Sempre devemos estar preparados para enfrentar a
zombaria dos críticos e a investigação honesta daqueles
que buscam a verdade. Pedro pode ter se lembrado
daquela noite amarga em que negou a Cristo. A
resposta a qualquer que [...] pedir a razão da esperança
envolve um relato racional das verdades básicas do
cristianismo e uma refutação convincente de acusações
falsas. Esse tipo de resposta requer mansidão e temor e
uma boa consciência” (Comentário Beacon).
Atos 25:16: "A eles respondi que não é costume dos
romanos condenar quem quer que seja, sem que o
acusado tenha presentes os seus acusados e possa
defender-se da acusação."
Se Deus existe, por
que existe o mal?
Deus não é amor?
Fortalecimento dos cristãos
Não somente é fato
que a apologética é
Pg. 15 vital para a formação
da nossa cultura, mas
ela também tem um
papel vital na vida de
pessoas individuais.
Um desses papéis é o
fortalecimento dos
cristãos.
Treinamento dos cristãos
Precisamos de pastores
que tenham sido
treinados em apologética
e estejam engajados
intelectualmente com a
nossa cultura para que
saibam pastorear os seus
Pg. 15 rebanhos em meio aos
lobos. Por exemplo, os
pastores precisam saber
alguma coisa sobre a
ciência contemporânea.
Evangelização de incrédulos.
Poucas pessoas
discordam no aspecto
de que a apologética
fortalece a fé dos
crentes em Cristo.
Mas muitos dizem que
a apologética não é
muito útil para a
Pg. 17 evangelização.
A Apologética Apostólica
Na leitura de Atos dos
Apóstolos, fica
evidente que era
procedimento padrão
dos apóstolos
argumentar a favor da
verdade da cosmovisão
cristã, tanto com os
judeus quanto com os
pagãos (e.g., At 17.2,3;
Pg. 17 19.8; 28.23,24).
Conheça seu público!
“Temos de aprender a
linguagem do nosso público.
Desde o início, é preciso que
fique claro que de nada vale
formular a priori o que o
“homem comum” entende ou
não entende. É preciso
descobrir isso pela experiência
[...]. Devemos traduzir toda
porção mínima que seja de
teologia em linguagem
corriqueira. Isso não é fácil [...],
mas é indispensável”.
Remover barreiras intelectuais dos descrentes

Informações e
Pg. 18 convicções equivocadas
podem estar impedindo
pessoas de se chegarem
a Deus através do
Senhor Jesus.
O Senhor Jesus confiou
aos crentes a missão de
proclamar verdade para
o mundo.
A FILOSOFIA CRISTÃ DA VIDA

A apologética cristã,
Pg. 19 por conseguinte,
deve ser na prática
uma vindicação do
ponto de vista
cristão do mundo e
da vida, como um
todo.
A FILOSOFIA CRISTÃ DA VIDA
“Devo ser franco com vocês: o Anti-
Charles Malik intelectualismo é o maior perigo que o
cristianismo evangélico americano
enfrenta. A mente, compreendida em suas
maiores e mais profundas faculdades, não
tem recebido suficiente atenção. No
entanto, a formação intelectual não ocorre
sem uma completa imersão, durante anos,
na história do pensamento e do espírito. Os
que estão com pressa de sair da
universidade e começar a ganhar dinheiro,
trabalhar na igreja ou pregar o evangelho
não têm ideia do valor infinito de gastar
anos dedicados à conversação com as
maiores mentes e almas do passado,
desenvolvendo, afiando e aumentando o
seu poder de pensamento”.
REFLEXÃO FILOSÓFICA
“Onde estou ou o que sou? De que
causas eu derivo minha existência, e
para qual condição voltarei? De quem o
favor vou solicitar, e de quem o ódio
devo temer? Que seres me cercam? E
sobre quem eu tenho alguma influência,
ou quem a tem sobre mim?
Eu me confundo com todas essas
perguntas, e começo a supor-me na
condição mais deplorável que se possa
imaginar, cercado pela escuridão mais
profunda, e totalmente privado do uso
de qualquer membro e faculdade”.
(DAVID HUME, TRATADO DA
NATUREZA HUMANA).
INTERESSE CRISTÃO
Para dizer o mínimo, é
possível que os inimigos
da religião cristã
possam encontrar nos
campos da ciência e da
filosofia seu trampolim
do qual se lançam
Pg. 20 quando se preparam
para o ataque.
INTERESSE CRISTÃO
Admite-se que não é tarefa do
teólogo ser filósofo ou cientista,
mas ainda é verdade que a
teologia cristã, e
particularmente a apologética
Pg. 20 cristã, têm um interesse nos
campos da filosofia e da
ciência. Para preservar a sua
própria integridade, uma
teologia verdadeiramente cristã
deve publicar, pelo menos em
linhas gerais, algo da natureza
desses interesses.
A Necessidade da Revelação Natural
Falando primeiro da necessidade
da revelação natural, devemos
lembrar que o homem foi feito um
ser pactual. A Escritura tornou-se
PG. 24 necessária por causa da
desobediência pactual de Adão no
paraíso. Essa desobediência
pactual aconteceu em relação a
uma revelação sobrenatural
positiva que Deus tinha dado, com
respeito à árvore do conhecimento
do bem e do mal.
A Necessidade da Revelação Natural
“Paulo falou sobre o Deus vivo
que fez o céu, a terra, o mar e
tudo o que neles há. Ele lembrou
aos filósofos gregos que o Deus
que fez o mundo e tudo o que
nele há é o Senhor dos céus e da
terra, e não é servido por mãos
de homens, como se
necessitasse de algo, por que
ele mesmo dá a todos a vida, o
fôlego e as demais coisas” (At
17.24,25).
(GEISLER, Norman, Enciclopédia
de Apologética, pág. 782)
A Perspicuidade da Revelação Natural

Temos ressaltado que


a revelação de Deus
na natureza foi, desde
o começo da história,
intencionada para ser
vista em conjunto com
a Sua comunicação
PG. 28 sobrenatural.
A Necessidade da Escritura
PG. 30 Quanto ao estabelecimento
da questão, tenha em
mente que o termo
“Escritura” é usado em
dois sentidos:
materialmente, com
respeito à doutrina
enunciada, ou formalmente,
com respeito à escrita e ao
modo da enunciação.
Equipe 1 - Problema:
O filósofo ateu americano Alex
Rosenberg, não vê uma explicação
razoável para Deus permitir a
existência do mal. Não vê lógica e
coerência sobre como um deus
benevolente e onipotente pode ter
permitido horrores como o
Holocausto, Guerra Mundial e peste
bubônica.
2.ª Guerra Mundial
(1939-1945)
Peste Bubônica
Equipe 2 – Problema:
Jesus nunca existiu: “E qual o fundamento sobre o
qual foi criada a religião cristã? Nada tem de
positivo, palpável ou verdadeiro. É apenas uma
lenda o nascimento de Jesus, como toda a vida e
os atos a ele imputados. Aqueles que criaram o
cristianismo sequer primaram pela originalidade,
porquanto, a lenda que envolve a personalidade
de Jesus Cristo é apenas cópia de tantas outras
que relatam o nascimento e tudo quanto se
referiu aos deuses criados pelos antigos, tais
como Ísis, Osíris, Hórus, Átis, Apolo, Mitra, etc”.
Equipe 3 – Problema:
O mito da ressurreição de Cristo: “Tudo o que a
crítica histórica pode estabelecer é que os
primeiros discípulos vieram a crer na
ressurreição“, ou seja, não houve a tão
proclamada volta dos mortos, mas sim um tipo de
boato que os discípulos de Jesus tomaram como
verdadeiro e que milhões continuam tomando até
hoje. Esse boato teria tornado possível o
nascimento de uma nova religião com a presença
de um dos elementos mais básicos que as
religiões, em geral, apresentam: o sobrenatural, o
fantástico, o extraordinário.”.
1 – Jesus Cristo na verdade foi amarrado em
um poste, método de tortura usado pelos
romanos, de acordo com alguns
historiadores.
2 – A crucificação faz parte da narrativa cristã
para dar credibilidade a um mito.
Equipe 4 – Problema:
A transmissão da Bíblia: “Se Deus nos
ama tanto e quer que estejamos com
ele, por que ele poria nossas almas em
risco ao deixar a difusão de sua palavra a
cargo de seres humanos falíveis,
mentirosos e pecadores? Será que um
professor deixaria um dos alunos
assumir seu lugar se isto pusesse em
risco o futuro da classe?”.
“Sabe aquela famosa cena em que Jesus
salva uma adúltera prestes a ser
apedrejada? De acordo com
especialistas, esse trecho foi inserido no
Evangelho de João por algum escriba,
por volta do século 3. Isso porque, na
época, o cristianismo estava cortando
seu cordão umbilical com o judaísmo”.
(Revista SuperInteressante).

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