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GD Fibrilação Atrial

1. Mudanças epidemiológicas da fibrilação população geral foi estimada entre 0,5 e 1%.
atrial nas últimas décadas → possivelmente esses números ainda estão
- Repercute na qualidade de vida: devido a subestimados, pois muitos casos (10 a 25%)
suas consequências clínicas, fenômenos não provocam sintomas.
tromboembólicos e alterações cognitivas. - Estudos americanos com pessoas ↑65 anos
- Estados Unidos: prevalência será de 15,9 demonstram um ↑na prevalência de FA em
milhões em 2050, com metade desses 0,3% ao ano e crescimento absoluto de 4,5%,
pacientes apresentando idade superior a 80 de 1993 a 2007, possivelmente associado ao
anos aumento na idade
- A FA é a arritmia sustentada mais frequente
na prática clínica, e sua prevalência na

Relação da FA com a Idade: em pacientes com ↓de 60 anos, a prevalência é ↓que 0,1%. Já
naqueles ↑de 80 anos, sua prevalência é de 8%.

Fatores que explicam o incremento na Fatores clínicos predisponentes


prevalência de FA: - A FA ocorre quando anormalidades
- Envelhecimento populacional eletrofisiológicas alteram o tecido atrial e
- Maior habilidade de tratamento de doenças promovem formação/propagação anormal do
cardíacas crônicas, contribuindo para um impulso elétrico.
número maior de indivíduos suscetíveis a FA. Fatores de risco clássicos: hipertensão,
- Melhoria nos recursos de investigação, com diabetes, doença valvar, infarto do miocárdio e
o uso de ferramentas para monitorização insuficiência cardíaca.
prolongada na prática clínica, pois pacientes Novos fatores de risco potenciais: Apneia
portadores de FA sintomática podem ter a sua Obstrutiva do Sono (AOS), obesidade, uso de
arritmia documentada. bebidas alcoólicas, exercício físico, história
- Maior predisposição no sexo masculino: familiar e fatores genéticos
Razão homem-mulher observada na FA é de ● Na prática clínica, a influência da
aproximadamente 1,2:1. Porém, as mulheres obesidade e da AOS parece impactar
representam maior massa de pacientes com significativamente na abordagem
FA, devido à sua maior sobrevida, além de terapêutica dos pacientes portadores
possuírem maior susceptibilidade a de FA.
fenômenos tromboembólicos e a mortalidade AOS: é caracterizada pela obstrução,
- Classificação: a forma de apresentação completa ou parcial, recorrente das vias
permanente é a mais frequente, ocorrendo em aéreas superiores durante o sono, resultando
aproximadamente 40 a 50% dos pacientes, em períodos de apneia, dessaturação de
seguida pelas formas paroxísticas e oxiemoglobina, e em despertares noturnos
persistentes. frequentes.
Principais fatores relacionados a renal, câncer e doença pulmonar obstrutiva
anormalidade do sono e o dano crônica
cardiovascular:
1. Hipóxia intermitente 2.Prevenção de fenômenos
2. Despertares frequentes tromboembólicos
3. Alterações na pressão intratorácica.
Esses 3 fatores desencadeiam hiperatividade Algoritmos de avaliação do risco de
do sistema nervoso simpático, disfunção fenômenos tromboembólicos e de
endotelial e inflamação, culminando com o sangramento
aparecimento de várias comorbidades - FA é a principal fonte emboligênica de
cardiovasculares − dentre elas, a FA. origem cardíaca: representa cerca de 45%
dos casos quando comparada com outras
Classificação clínica cardiopatias, como infarto do miocárdio,
Refere‑se a forma de apresentação da FA. aneurismas ventriculares e doenças valvares.
● Se não houver doenças
Fibrilação Atrial paroxística: aquela que é concomitantes ou a fatores de risco
revertida espontaneamente ou com apropriados, raramente o trombo se
intervenção médica em até 7 dias de seu forma em pacientes com FA.
início
Fibrilação atrial persistente: Episódios de FA Causas da formação de trombos
com duração superior a 7 dias - São multifatoriais e estão relacionadas com
● Fibrilação atrial persistente de longa a tríade de Virchow:
duração: duração superior a 1 ano. 1. Estase sanguínea atrial;
Fibrilação atrial permanente: FA em que as 2. Lesão endotelial;
tentativas de reversão ao ritmo sinusal não 3. Aumento da trombogenicidade
serão mais instituídas → é a forma mais sanguínea, própria dessa arritmia.
comum → A lentificação do fluxo na região do
Fibrilação atrial não valvar: FA na ausência de Apêndice Atrial Esquerdo (AAE) favorece a
estenose mitral reumática, válvula mecânica estase sanguínea e a formação de coágulos
ou biológica ou plastia mitral prévia → não de fibrina, que se acumulam e geram o
entendi trombo.
→ Essas estruturas se deslocam daquela
2.3 Prognóstico pequena cavidade, vão para o território atrial e
- Há clara associação entre FA e risco de se desprendem para a circulação sistêmica.
Acidente Vascular Cerebral (AVC), ● o cérebro, muito mais que membros e
isquêmico ou hemorrágico, e mortalidade. vísceras, é a região mais afetada
- Alterações cognitivas, IC e implicações (80%)
socioeconômicas também são consequências - A morfologia do apêndice atrial também
importantes da FA. pode desempenhar um papel importante no
● Em estudos clínicos envolvendo risco de tromboembolismo sistêmico
pacientes com IC, a FA foi
considerada fator de risco
independente para mortalidade.
● IC e FA coexistem em uma alta
porcentagem de pacientes (22 a
42%).
- Em indivíduos ↑de 65 anos, a mortalidade
associada à FA é de 10,8% em 30 dias após o
diagnóstico da arritmia, chegando a 42% em 3
anos de acompanhamento
Apêndice atrial esquerdo: é uma extensão do
- A FA é um preditor significativo de morte por
átrio esquerdo (AE) e apresenta uma estrutura
todas as causas na presença de insuficiência
anatômica complexa e propriedades
fisiopatológicas únicas. O AAE funciona como plasmáticos do fator de Von Wilebrand, os
uma câmara de descompressão durante a fragmentos de protrombina e do fibrinogênio
sístole ventricular esquerda e em condições plasmático, dentre outros, confirmam essa
de pressão atrial esquerda elevada. maior trombogenicidade sanguínea,
independentemente de qualquer outro fator →
- Além disso, lesões do endocárdio atrial as três condições estabelecidas por Virshow
podem apresentar microtrombos que são os estão presentes em paciente com FA.
precursores de trombos maiores:
● O atrito do sangue com o endocárdio - Porém, nem todo paciente com FA evolui
e lesões dos miócitos por agressões com tromboembolismo sistêmico, e por isso, a
teciduais secundárias a citocinas presença de outros fatores também
inflamatórias → prejudicam ainda contribuem para essa condição → a
mais os miócitos atriais e expõem identificação destes facilita a indicação e torna
tecido colágeno na superfície → isso menos empírico o tratamento com ACO nos
aumenta a aderência de plaquetas e a pacientes acometidos.
deposição de fibrina, gerando o
trombo. Fatores de risco comuns aos pacientes com
Dessa forma, a FA cria um estado FA associada ao tromboembolismo sistêmico:
pró-trombótico, hipercoagulável próprio. ● Idade (acima de 75 anos),
● História prévia de AVC,
- O aumento da agregação plaquetária (mais ● Presença de IC, diabetes e sexo
intensa no AE), a elevação dos níveis feminino

Escore CHADS2: Escore de risco para fenômeno tromboembólico em pacientes com FA


Identificava particularmente indivíduos de alto risco, ou seja, aqueles que realmente deveriam ser
tratados.

independentemente de outros fatores, é


- A medida que a pontuação ↑, o risco de AVC necessário identificar exatamente aquele de
também ↑ menor risco e excluí-lo da necessidade de
- Anticoagulação: pacientes com escore anticoagular, através da inclusão de outros
CHADS2 ≥ 2 (risco elevado) critérios de risco que possam caracterizá-los.
- Pacientes com escores entre zero e 1, ● Pacientes com real risco baixo
apesar de apresentarem algum risco, não ficariam fora da necessidade de
eram anticoagulados terapia com ACO no Escore CHADS2:
- Devido a maior chance de pacientes com FA - Por isso, outras variáveis que também são
de apresentarem risco de formar coágulos, importantes fatores de risco e que não
estavam presentes no escore CHADS2, idade < 75 anos, sem DM e sem
passaram a ser valorizadas, criando o escore passado de AVC ou AIT
CHA2DS2‑VASc - Foram incluídos os fatores de risco: sexo
● Pacientes de muito baixo risco, ou feminino, doença vascular periférica e idade
seja, pacientes nos quais aquelas entre 64 e 75 anos.
variáveis não eram encontradas, não - A idade acima de 75 anos passou a valer 2
necessitariam de anticoagulação pontos
(paciente não hipertenso, sem IC, com
Escore CHA2DS2‑VASc: identifica os pacientes verdadeiramente de baixo risco

Classificação de risco ACO e risco de sangramento


- CHA2DS2‑VASc igual a 1 → risco é baixo Pacientes com FA apresentam, por outro lado,
(1,3% ao ano). A anticoagulação é opcional e um risco maior de hemorragia quando
fica na dependência do risco de sangramento tratados com ACO.
e opção do paciente. Fatores de risco que aumentam a
- Na prática: todos os pacientes com FA possibilidade de sangramento em pacientes
devem ser anticoagulados, exceto aqueles de em uso de varfarina
baixo risco identificados pelo escore - História de sangramento, disfunção renal ou
CHA2DS2-VASc hepática, e HAS não controlada (níveis
pressóricos, acima de 160 mmHg), além
labilidade da taxa de Razão Normalizada tromboembolismo sistêmico, utilizando-se o
Internacional (RNI), a idade > 65 anos e uso escore CHA2DS2‑VASc mas também de
de fármacos anti‑inflamatórios ou consumo de hemorragia quando o ACO for prescrito.
álcool
- Por isso, na terapia com ACO torna-se
necessário não apenas avaliar o risco de

HAS‑BLED: escore de risco para hemorragia mais empregado na atualidade


Pontuação > 3 indica maior risco de hemorragia pelo ACO.

Esse escore não contraindica o uso de ACO, mas orienta quanto a necessidade de cuidados
especiais para tornar o tratamento mais seguro.

- Quando os escores de risco para 4 Novos ACO (NACO) foram disponibilizados


tromboembolismo e hemorragia são na prática clínica para prevenção de
considerados, a terapia anticoagulante fenômenos tromboembólicos em pacientes
torna-se menos empírica e mais segura. portadores de FA:
- Benefício líquido: conceito que considera os Inibidores diretos do fator Xa:rivaroxabana,
aspectos positivos da redução de risco de apixabana e edoxabana
tromboembolismo bem como de hemorragia, Inibidor do fator IIa: dabigatrana
causados pelo ACO, e é essa premissa que
deve ser buscada quando o tratamento é Inibidor do fator IIa:
implementado em pacientes com FA. → Os
escores CHA2DS2-VASc e HAS- BLED são, Dabigatrana
na atualidade, as principais ferramentas - Primeiro NACO disponibilizado no mercado e
recomendadas para esse objetivo. validado pelo estudo RE-LY
● Estudo prospectivo, randomizado,
Novos anticoagulantes disponíveis na fase III, que comparou duas doses de
prática clínica dabigatrana (110 mg e 150 mg) duas
vezes ao dia com doses ajustadas de ● idade > 80 anos,
varfarina. ● peso abaixo de 60 kg
● O desfecho primário foi AVC e ● creatinina ≥ a 1,5 mg/dL
embolia sistêmica. - Houve ↓ nos desfechos de eficácia (AVC e
- A dose de 150 mg foi superior à varfarina embolia sistêmica) em 21%, quando
sem diferenças entre os desfechos de comparado com a varfarina,
segurança. - ↓ de 31% em sangramento maior e de 11%
- A dose de 110 mg foi não inferior a varfarina, na mortalidade por todas as causas.
com 20% de redução na taxa de sangramento
Edoxabana
Inibidores diretos do fator Xa: Validada pelo estudo ENGAGE-AF
- duplo-cego e randomizado, com três braços
Rivaroxabana ● varfarina
- Validada por meio do estudo ROCKET-AF ● edoxabana alta dose:60 mg uma vez
para prevenção de fenômenos ao dia
tromboembólicos no paciente com FA não ● edoxabana baixa dose: 30 mg uma
valvar vez ao dia
● duplo-cego, que randomizou 14.264 - Quando presente clearance de creatinina
pacientes de alto risco para eventos inferior a 50 mL/minuto, peso ↓60 kg e uso
tromboembólicos para rivaroxabana concomitante a inibidores potentes da
20 mg ao dia. glicoproteína P ( Verapamil), a dose era :
● Pcts com prejuízo da função renal: 15 ● reduzida à metade da dose indicada
mg ● na randomização, seja baixa (ia para
- A rivaroxabana foi não inferior à varfarina a dose de 15)ou alta(ia para a dose de
para o desfecho primário de AVC e embolia 30)
sistêmica. - Mostrou-se não inferior à varfarina, tanto no
- Desfechos de segurança: redução regime de alta quanto no de baixa dose
significativa no AVC hemorrágico e - Regime de alta dose: ↓ocorrência de AVCi e
sangramento intracraniano, sem impacto na AVCh
taxa de mortalidade. - Regime de baixa dose: ↑significativo de AVC
isquêmico
Apixabana Assim, ele é mais eficaz e seguro no regime
O ARISTOTLE foi o principal estudo de de alta dose. No regime de baixa dose, perde
avaliação da apixabana em pacientes com FA a eficácia, mas tem maior segurança quanto
não valvar. ao risco de sangramentos maiores e AVC
- duplo-cego, randomizado hemorrágicos
- dose de 5,0 mg duas vezes ao dia
- dose ajustada de 2,5 mg duas vezes ao dia,
nos pacientes com pelo menos dois dos três
fatores a seguir:
Orientações aos pacientes em uso de II, VII, IX, X, proteína C e proteína S
anticoagulação Pacientes em uso dos novos anticoagulantes
- O sucesso é mais influenciado pela orais
educação do paciente e/ou familiares e - Antes de prescrever um NACO ao paciente
cuidadores, do que pela escolha do ACO com FA, a função renal deve ser avaliada
- É necessário que se conheça sobre a - Pacientes portadores de IR c/ importante
aderência aos horários, detalhes da comprometimento no clearance de creatinina
alimentação (especialmente com os AVK) e não devem receber os NACO.
necessidade de controles laboratoriais, - Deve-se considerar as interações
independe se o paciente usa os tradicionais medicamentosas, que podem influenciar nos
Antagonistas da Vitamina K (AVK) ou os ACO resultados de segurança e eficácia desses
sem esse mecanismo de ação, os NACO medicamentos
- Uso de IBP pode ser considerados para
Pacientes em uso de antagonistas da vitamina reduzir o risco de sangramento gastrintestinal
K nestes pacientes
- Necessitam de controles laboratoriais
periódicos, para reajuste da dose de acordo Uso dos novos anticoagulantes em
com o valor do RNI. situações especiais
- O valor padrão é entre 2,0 e 3,0 a cada
aferição, pelo menos quinzenal ou mensal → Fibrilação atrial valvar
o tempo pode ser mais encurtado quando - Pacientes portadores de valva protética
houver grande oscilação de RNI mecânica ou estenose mitral
● A automonitorização pode ser hemodinamicamente significativa foram
considerada, se preferirida pelo excluídos dos principais estudos com os
paciente novos anticoagulantes em pacientes
portadores de FA.
A vitamina K é necessária para a biossíntese
de seis fatores da coagulação:
- O estudo RE-ALIGN, que comparou - Primeiro estudo a empregar o uso de NACO
dabigatrana à varfarina em pacientes com em pcts que foram submetidos a cardioversão
valva protética mecânica, foi suspenso pela elétrica eletiva. Randomizou-se 1.504
maior ocorrência de eventos (AVC, IAM e pacientes para receber rivaroxabana (20
trombose de prótese) no grupo em uso de mg/dia ou 15 mg/dia caso clerance de
dabigatrana. Além disso, houve maior creatinina entre 30 a 49 mL/min) ou varfarina.
sangramento após cirurgia valvar nos usuários - Além disso, o estudo avaliou o protocolo de
de dabigatrana cardioversão precoce (1 a 5 dias, com
- Alguns estudos como o ARISTOTLE e utilização de ecocardiograma transesofágico)
ENGAGE-AF, permitiram a randomização de ou tardia (3 a 8 semanas sem a utilização de
pacientes com FA e próteses biológica, mas ecocardiograma transesofágico).
até o momento não há análises publicada ● Rivaroxabana foi associada à maiores
desse subgrupo de pacientes. eventos adversos e a sangramentos
similar a varfarina, mas a
Cardioversão elétrica rivaroxabana reduziu o tempo para
Estudo RE-LY com 1.989 cardioversões cardioversão nos pacientes elegíveis
elétricas: encontrou taxa semelhante de AVC ao protocolo tardio
dentro de 30 dias - As pesquisas avaliando o papel dos NACO
● 0,6% com varfarina, na cardioversão elétrica ainda são escassas e
● 0,3% com dabigatrana 150 mg duas novos estudos são necessários antes de sua
● vezes ao dia recomendação para esses casos. O
● 0,8% com dabigatrana 110 mg duas ecotransesofágico deve ser considerado nos
vezes ao dia casos em que existe alguma dúvida na
- Os medicamentos foram usados por mais aderência do paciente ao tratamento.
que 3 semanas e o ECO transesofágico
realizado somente em 25% dos casos.
O estudo X-VeRT: Rivaroxaban vs. vitamin K
antagonists for cardioversion in atrial
fibrillation

Drogas antiarrítmicas mais utilizadas no Avaliação inicial: deve definir a presença de


manejo clínico da fibrilação atrial cardiopatia estrutural e avaliar se a causa é
reversível.
Após a avaliação de um caso de FA, o ● Por exemplo, episódios por ingesta
paciente pode ser alocado: excessiva de álcool ou crise
1. na estratégia de controle do ritmo tireotóxica que reverteram ao ritmo
2. ou controle da frequência sinusal espontaneamente ou após
A escolha é feita de acordo com suas cardioversão não necessitam de
características clínicas, ecocardiográficas e tratamento com AA por longo prazo.
evolução de tratamentos anteriores. - Medidas não farmacológicas, como atividade
- O uso de drogas Antiarrítmicas (AA) física regular, dieta balanceada, controle de
apresenta papel relevante em ambas as peso, otimização da qualidade do sono,
estratégias. devem ser instituídas.
Medicamentos não AA importantes na
prevenção de FA: estatinas, iECA, BRA,
especialmente nos pacientes que também 1. Prevenção de sintomas →
apresentam HAS ou IC. palpitações, cansaço e redução da
Medicamentos utilizados para manutenção capacidade de exercício etc.
do ritmo sinusal 2. Redução da morbidade associada à
- As drogas disponíveis no Brasil são: doença, principalmente, o
propafenona, sotalol e amiodarona. Não desenvolvimento de
temos disponíveis dofetilide e dronedarona taquicardiomiopatia, o que impacta na
qualidade de vida do paciente.
Propafenona OBS: A taquicardiomiopatia é uma rara
- Fármaco útil tanto na reversão aguda como doença caracterizada por disfunção ventricular
na manutenção do ritmo sinusal. sistólica e insuficiência cardíaca congestiva
- Segura em pacientes com coração causadas por taquiarritmias persistentes ou
estruturalmente normal, mas deve ser evitado repetitivas com frequência cardíaca elevada,
nos pcts com cardiopatia estrutural, pelo risco cujas manifestações clínicas são reversíveis
de induzirem a arritmias ventriculares com a normalização do ritmo cardíaco em
pacientes sem uma doença estrutural
Sotalol cardíaca estabelecida.
- Fármaco sem resultados significativos na - Os parâmetros de FC ótima na FA
reversão aguda da arritmia, mas útil na permanecem controversos
prevenção de recorrências, com descrição de ● No estudo RACE II não houve
manutenção de ritmo sinusal em até 72% dos diferença entre um controle de FC
pacientes em 6 meses em determinados mais restrito (< 80 bpm no repouso e
grupos. 110 bpm durante exercício moderado)
- Devido ao seu efeito betabloqueador, reduz e um menos estrito (< a 110 bpm no
a resposta ventricular dos episódios, repouso) nos desfechos primários de
diminuindo sintomas. mortalidade e morbidade nos
- Efeitos colaterais: os comuns são aqueles secundários, que incluíram sintomas e
ligados ao efeito betabloqueador, como classe funcional
cansaço e fadiga - Controle menos restrito pode ser
● O mais importante é o prolongamento considerado na prática clínica em pacientes
do intervalo QT e desenvolvimento de assintomáticos portadores de FA permanente,
torsade de pointes. sem doença estrutural cardíaca.
- O sotalol não pode ser utilizado em - Um estudo post-hoc do estudo RACE II que
pacientes com ICC → porque? incluiu pacientes com disfunção sistólica não
mostrou diferença no desfecho primário
Amiodarona composto por morbidade cardiovascular e
- Bastante efetiva na reversão e manutenção mortalidade, ao deixar um FC mais restrita ou
do ritmo sinusal. menos restrita
- Possui risco pró-arrítmico (o que isso ● Porém, mesmo com esse estudo
significa?) e pode apresentar efeitos colaterais ainda não há dados suficientes contra
importantes em vários órgãos, como tireoide, a realização de avaliações periódicas
pulmão, fígado, olhos e pele. da função ventricular, para prevenção
- O índice de descontinuidade do tratamento da taquicardiomiopatia, pois o tempo
com essa droga é por volta de 30% em 5 de seguimento curto poderia não ser
anos. suficiente para gerar perda de função.
- Atualmente, é a medicação disponível para
pacientes com ICC - Os determinantes principais da frequência
ventricular durante a FA são: as
Medicamentos utilizados para controle da características de condução e refratariedade
frequência do nó atrioventricular (AV) e dos tônus
- Controlar a FC na FA é uma estratégia simpático e parassimpático.
importante para:
- Vários fármacos foram testados e provaram - Controlam a FC na FA aguda ou
ser eficazes no controle da frequência: permanente, tanto administrados EV quando
betabloqueadores, os BCCs não VO .
diidropiridínicos e alguns AA, como a - Verapamil e o diltiazem não devem ser
amiodarona e o sotalol. utilizados em pacientes com disfunção
- Para a escolha, é importante considerar o ventricular esquerda ou IC descompensada
grau de sintomas do paciente, o estado devido ao seu efeito inotrópico negativo (↓ a
hemodinâmico, a função ventricular, os fatores força de contração → ↓ DC)
precipitantes da FA e o risco de eventos - A associação com outro fármaco (digital, por
adversos. exemplo) pode permitir doses menores→
melhor tolerância.
Betabloqueadores
- Medicamentos mais utilizados para o Digoxina
controle da frequência na FA - Mesmo não sendo 1ª linha, é muito utilizada
Mecanismo de ação: Bloqueio do tônus para o controle da frequência na FA.
adrenérgico por meio da inibição competitiva - Atua diretamente na membrana das células
da ligação catecolaminas‑receptores beta atriais, ventriculares e do sistema de
● Reduzem o declive da despolarização condução
espontânea (fase 4 do potencial de ● Seu efeito principal é o ↑ do tônus
ação), particularmente nas células no vagal (ativação do sistema nervoso
nó sinusal e do nó AV (reduzem a parassimpático), com ↓ da
condução pelo nó AV). automaticidade do nó sinusal e
● Aumentam a refratariedade do lentificação da condução pelo nó AV.
sistema His‑Purkinje. - Não é a melhor opção quando há a
Seletivos beta-1: atenolol, bisoprolol, esmolol necessidade de rápida redução da resposta
e metoprolol ventricular, pois seu pico de ação é
Não seletivos: propranolol e nadolol prolongado, (aproximadamente 6 horas)
Não seletivos com efeito no bloqueio - É pouco eficaz no controle da resposta
alfa‑adrenérgico: carvedilol e labetalol. ventricular durante o exercício
● O uso intravenoso de esmolol, - É muito utilizada nos casos de IC, por não
propranolol e metoprolol foi efetivo em apresentar efeito inotrópico negativo.
casos de FA aguda - Dose de digoxina deve ser ajustada
- São especialmente úteis quando ocorre conforme nível sérico, devido aos efeitos
aumento do tônus adrenérgico e na isquemia adversos
miocárdica sintomática, simultaneamente à ● esse ajuste é mais importante em
FA. idosos, portadores de insuficiência
- São importantes no manejo da frequência ↑ renal e usuários de outras medicações
nos pacientes portadores de IC com disfunção que reduzem sua excreção
ventricular, desde que hemodinamicamente (amiodarona, propafenona ou BCC
estáveis. não diidropiridínico
- Combinação de BB + outras classes: efetiva
no controle da frequência. AA da classe III
● O uso de carvedilol associado à - Prolongam a duração do potencial de ação
digoxina (digitálico - glicosídeo da célula pelo ↑do período refratário.
cardiotônico) auxiliou no controle da - Como possuem efeito importante na
frequência e na melhoria da função reversão do ritmo, são considerados agentes
ventricular de pacientes com IC de 2ª linha para controle de frequência.
- Devem ser evitados em pacientes portadores
BCCs não diidropiridinicos de FA permanente a menos que não haja
- Verapamil e o diltiazem bloqueiam os canais outra opção
de cálcio do tipo L do sistema de condução - A amiodarona é o mais potente AA por sua
cardíaco principalmente no nó AV. atuação mais abrangente
● Ação nos canais de sódio, potássio, - Devido aos seus efeitos adversos de
cálcio e na modulação da adrenalina alteração da função tireoidiana, fibrose
- É menos efetiva no controle da frequência pulmonar, depósitos na córnea etc, seu uso
quando comparada aos BCCS não crônico é indesejável. Além disso, também
diidropiridínicos em pacientes críticos, além de apresenta como efeito adverso o
requerer maior tempo para o controle prolongamento do intervalo QT.
adequado
- Seu início de ação pode ser acelerado com Sotalol
doses de ataque mais elevadas, porém há o - Por seu efeito betabloqueador também pode
risco de piora hemodinâmica em pacientes ser utilizado no controle da frequência, porém
hipotensos ou portadores de IC agudamente seu uso isolado não é indicado, a menos que
descompensada. o controle do ritmo seja também objetivo
- Demonstrou eficácia semelhante à digoxina
no controle da frequência na FA permanente

Estratégia para controle do ritmo em pacientes com fibrilação atrial


Doses de cada DOAC, full e reduzida, e os
critérios de cada um para usar dose reduzida.

A dosagem do DOAC é baseada em estudos de fase 2 – que determinam a segurança de diferentes


faixas de doses, e confirmada em grandes ensaios clínicos randomizados. Na sua maioria, os ajustes
de doses são baseados na função renal, idade, peso, e potenciais interações com outros
medicamentos. O principal risco de se utilizar subdose seria perda de eficácia e maior incidência de
eventos embólicos, ao passo que doses mais altas podem expor o paciente a maiores chances de
sangramento.

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