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MANEJO INTEGRADO DE

DOENÇAS DO ALGOEIRO
(GOSSYPIUM SPP.)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB


DISCIPLINA: FITOPATOLOGIA II
DOCENTE: SANDRA ELIZABETH
DISCENTES: ÉRICA MATOS
MARIANE DUARTE
CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA

 Classe: Magnolipsida
 Família: Malvaceae
 Gênero: Gossypium

 Cerca de 40 espécies.
INTRODUÇÃO
 Várias origens:
 Principais espécies: África Central, península Arábica, Paquistão e Américas (registros de
3 mil a 4.500 anos a.C.);

 A palavra algodão deriva do árabe “al-quTum” (“o cotão”). Mercadores difundiram a planta
pela Europa entre os séculos IX e XI;

 Os árabes foram o primeiro povo a fabricar tecidos e papéis utilizando essa fibra. Até a
Idade Média, porém, as classes mais baixas europeias usavam predominantemente roupas de
lã, linho e juta.
INTRODUÇÃO

 O tamanho da fibra indica a qualidade do tecido;


Fibra longa (> 32,5 mm) - tecidos finos e de luxo (lençóis e toalhas de fios

egípcios);

 Atualmente o Brasil importa fibras longas (Egito), para misturar com fibras

médias e produzir um fio de melhor qualidade;


 Cerca de 97% da produção mundial é de fibras curtas e médias;
 Os outros 3% - compostos por fibras longas e extralongas – são fabricados

no Egito (Giza), Estados Unidos e Peru (Pima).


INTRODUÇÃO

Pima Giza
INTRODUÇÃO

 Responsável por umas das principais cadeias produtivas do Brasil e do mundo;

 O algodão em pluma é destinado basicamente à indústria têxtil;

 O caroço é usada na indústria de corantes, na produção de óleo comestível,

biodiesel e em misturas para rações animais e adubos;

 O óleo pode ser utilizado no preparo de saladas, maioneses, molhos e frituras,

além de servir como lubrificante e ingrediente de margarinas, biscoitos,

cosméticos, remédios, sabões e graxas;


INTRODUÇÃO

 O algodão hidrófilo – desengordurado, branqueado e esterilizado – tem

maior capacidade de absorção e amplo uso em curativos, cirurgias,

produtos de higiene e limpeza de pele;

 Indústria bélica - preparação de pólvora e explosivos como o TNT;

 A celulose da planta serve para a fabricação de papel para a impressão de

moeda – na nota de dólar, por exemplo, compõe 75% de todo o material.


IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
 Algodão no Brasil:
 Entre os cinco maiores produtores mundiais, ao lado da China, Índia, EUA e
Paquistão;
 Primeiro lugar em produtividade em sequeiro;
 Entre os maiores exportadores mundiais.

 Algodão no mundo:
 Entre as mais importantes culturas de fibras do mundo;
 Média de 35 milhões de hectares de algodão é plantada;
 Desde a década de 1950 – crescimento anual médio de 2%;
 Movimenta anualmente cerca de US$ 12 bilhões e envolve 350 milhões de
pessoas em sua produção;
 Atualmente, é produzido por mais de 60 países, nos 5 continentes.
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
 Quando os europeus chegaram, índias já cultivavam a planta e a

transformavam em fios e tecidos rudimentares;

 A exploração comercial começou em 1750, no nordeste;

 Durante o ciclo do algodão (séculos XVIII e XIX), o Brasil chegou a ser um

dos maiores produtores e exportadores mundiais;

 Com o avanço da cultura do café, no início do século XIX, diminuiu a

importância para exportação.

 Bicudo-do-algodoeiro (1980) levou o Brasil a importar o produto.


BICUDO-DO-ALGODOEIRO

 Anthonomus grandis;
 Brasil – 1983 (SP e depois Nordeste);
 Capaz de destruir até 70% da lavoura em
uma única safra;
 Gera gasto extra de US$100 a US$150 Adulto tem de 3 a 9 mm; Ovos,
por hectare; larvas e pupas se desenvolvem no
interior dos botões florais e maçãs; 4
a 6 gerações em uma safra.
1990 – Paraná responsável por mais da
metade da produção nacional.
Hoje – A produção não supre nem a Nordeste - de 2 mi de
demanda do próprio Estado; hectares para 350 mil
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

 Mato Grosso - 67% da produção, seguida por Bahia, Mato Grosso do Sul e

Goiás;

 O plantio ocorre de outubro a fevereiro e a colheita se estende de março a

agosto;

 Cerca de 50% da produção nacional é exportada;

 Quase 80% do algodão plantado no Brasil é transgênico, segundo o Serviço

Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA);


IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

 Imea – Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária


 Crescimento de 50,2% na produção
 1,302 milhão de toneladas na safra 2016/2017;
 Abrapa – Associação Brasileira de Produtores de Algodão
 Previsão de 1,817 milhão de toneladas de algodão no Brasil em
2017/2018;
 Previsão de aumento de 20,3% de área plantada.
DOENÇAS DO
ALGODOEIRO
MOSAICO COMUM
ABUTILON MOSAIC VIRUS - ABMV

 Plantas afetadas: redução no tamanho e parcial ou


totalmente estéreis;
 Folhas: mosaico característico de coloração
amarelada “gema de ovo”. Com tempo o mosaico
pode ficar avermelhado;
 Transmitido por: mosca branca (Bemisia tabaci);
 Controle: plantas com sintomas devem ser
eliminadas; Eliminar plantas hospedeiras (feijão,
soja, quiabo, tomate e malváceas nativas); Não
utilizar variedades suscetíveis.
MOSAICO DAS NERVURAS
VMN

 Plantas: porte reduzido devido ao encurtamento dos entrenós (aparência


compacta);
 Folhas: leve amarelecimento ou palidez das nervuras (contra a luz), rugosidade e
curvatura dos bordos. A estirpe Ribeirão Bonito provoca sintomas mais
acentuados;
 África e Paraguai – Mosaico Azul ou doença azul
 Transmitido: pulgão (Aphis gossypii) e Malva parviflora L.
 Controle: controlar ou manter baixa a população do inseto vetor. Uso de
variedades resistentes ou menos suscetíveis.
MOSAICO DAS NERVURAS
VMN

Resistente Susceptível
MOSAICO DAS NERVURAS
VMN
MOSAICO TARDIO
TABACCO STREAK VIRUS - TSV

 Sintomas: folhas novas do ponteiro das plantas (mosaico formado por


áreas verdes-claros entre nervuras secundárias, contrastando com verde
normal da folha);
 Pode ocorrer morte do broto apical e mosaico nas folhas formadas
em seguida;
 Produção reduzida pela queda de botões florais;
 Infecção no início do ciclo não apresenta perdas elevadas
MOSAICO TARDIO
TABACCO STREAK VIRUS - TSV
 Controle:
 Ocorre quando a
planta é infectada
previamente pelo
vírus do
vermelhão, então
faz-se o controle
desse vírus.
VERMELHÃO
COTTON ANTHOCYANOSIS VÍRUS - CAV

 Sintomas; áreas avermelhadas ou arroxeadas entre as


nervuras das folhas;
 Sintomas parecidos aos de deficiência de magnésio;
 Transmitido: pulgão (Aphis gossypii).
 Controle: Controle do pulgão e destruição de plantas
hospedeiras nativas; Uso de variedades com resistência.
VERMELHÃO
COTTON ANTHOCYANOSIS VÍRUS - CAV
MANCHA ANGULAR,
XANTHOMONAS AXONOPODIS PV. MALVACEARUM

 Sintomas:
 Folhas: lesões angulosas, cor verde e aspecto oleoso à cor parda
e necrosada. Com o tempo ocorre rasgadura do limbo foliar;
 Maçãs: mancha arredondada ou irregular de cor parda e
deprimida na parte central;
 Colletotrichum gossypii – podridão das maçãs.
MANCHA ANGULAR
XANTHOMONAS AXONOPODIS PV. MALVACEARUM

 Transmissão pela semente (56 meses);


 Sobrevivência em restos de cultura;
 Penetração por aberturas naturais;
 Disseminação pelo vento, água, insetos, animais, homens e
sementes.
 Chuva é limitante de controle.
MANCHA ANGULAR
XANTHOMONAS AXONOPODIS PV. MALVACEARUM
 Controle:
 Fungicidas cúpricos e/ou antibióticos (aumenta custo);
 Tratamento de sementes com ácido sulfúrico;
 Rotação de culturas;
 Manejo da densidade de plantio;
 Uso de cultivares resistentes;
MANCHA ANGULAR
XANTHOMONAS AXONOPODIS PV. MALVACEARUM
Bula Fungitol Verde

 Oxicloreto de Cobre

 Du Pont

 Oxicloreto de cobre 840

g/kg

 Bactericida, Fungicida

Contato
MANCHA ANGULAR
XANTHOMONAS AXONOPODIS PV. MALVACEARUM
MURCHA DE FUSARIUM
FUSARIUM OXYSPORIUM F. SP. VASINFECTUM
 Principal doença do algodoeiro (São Paulo e Paraná);
 Sobrevive por longos períodos no solo;
 Disseminação: sementes e partículas de terra contaminadas e
arrastadas por vento e água.
 Condições favoráveis: presença de nematóides, solo com alto teor de
areia, baixo pH, fertilidade desequilibrada, baixo teor de potássio,
temperaturas de 25 a 32 ºC e alta umidade.
MURCHA DE FUSARIUM
FUSARIUM OXYSPORIUM F. SP. VASINFECTUM

 Controle:
 Uso de cultivares resistentes;
 Rotação de culturas (mucuna preta, amendoim, Crotalaria
spp.);
 Evitar: trânsito de máquinas, implementos ou qualquer
dispersor de partículas de solo, de áreas infestadas para áreas
isentas.
MURCHA DE FUSARIUM
FUSARIUM OXYSPORIUM F. SP. VASINFECTUM
MURCHA DE VERTICILLIUM
VERTICILLIUM DAHLIAE

 Importância secundária – plantas isoladas;


 Sintomas: semelhantes aos da murcha de Fusarium –
diagnose com técnicas laboratoriais.
 Disseminação: sementes contaminadas, vento, água
superficial e solo contaminado.
 Controle: variedades resistentes.
MURCHA DE VERTICILLIUM
VERTICILLIUM DAHLIAE
 A non-germinated (A)
and germinated (B)
microsclerotia of
Verticillium dahliae
DAMPING-OFF
 Rhizoctonia solani e Colletotrichum gossypii mais comuns, Fusarium
spp. com certa frequência;
 Sintomas: pré e pós-emergência. Plântula: lesões deprimidas, pardo-
avermelhadas a pardo-escuras, na raiz e no colo;
DAMPING-OFF
Bula Vitavax Thiram 200 SC
Ingrediente Ativo: Grupo Químico:
 Carboxina 200 g/L  Carboxanilida
 Tiram 200 g/L  Dimetilditiocarbamato
DAMPING-OFF

 Controle: sementes sadias e tratadas, variedades menos suscetíveis e


emprego de práticas culturais adequadas. Bom preparo de solo,
espaçamento adequado, semeadura rasa e solo com boa umidade,
rotação de culturas e atraso de semeadura para a 2ª quinzena de outubro
 Tratamento de sementes:
 deslintamento com ácido sulfúrico;
 Carboxin+thiram, benomyl+thiram, iprodione e captan.
RAMULOSE
COLETOTRICHUM GOSSIPII VAR. CEPHALOSPORIOIDES

 Sintomas:
 Folhas novas – manchas necróticas, mais ou menos circulares
(entre nervuras) e alongadas (sentido longitudinal);
 Aspecto de superbrotamento;
 Disseminação: sementes.
 Condições favoráveis: alta pluviosidade, boa fertilidade do solo,
temperatura para crescimento in vitro 25 e 30ºC.
RAMULOSE COLETOTRICHUM GOSSIPII
VAR. CEPHALOSPORIOIDES
 Controle:
 Uso de variedades resistentes e sementes sadias;
 Rotação de culturas;
 Inspeção frequente e erradicação de plantas-foco, poda e
eliminação das extremidades das plantas doentes nas adjacências
do foco, pulverização preventiva, com tiocarbamatos ou
cúpricos, das plantas sadias adjacentes às partes erradicadas.
RAMULOSE COLETOTRICHUM GOSSIPII
VAR. CEPHALOSPORIOIDES
 Nome Técnico: Carbendazim
 Empresa Registrante: Agro Import
 Ingrediente Ativo: Carbendazim 500 g/L
 Grupo Químico: Benzimidazóis
 Modo de Ação: Sistêmico
RAMULOSE
COLETOTRICHUM GOSSIPII VAR. CEPHALOSPORIOIDES
NEMATOSE
MELOIDOGYNE INCOGNITA

 Principal agente causal de nematose;


 Isolados e em associação com Murcha de Fusarium;
 Sintomas:
 Plantas menos desenvolvidas (lesões no sistema radicular);
 Folhas com mosqueado de coloração amarelada ou
avermelhada (“carijó”).
NEMATOSE
MELOIDOGYNE INCOGNITA

 Controle:
 Variedades resistentes;
 Nematicidas;
 Rotação de culturas: Crotalaria spectabilis, Panicum maximum,
Brachiaria humidicola, B. decumbens e B. brizantha;
 Evitar: sorgo e aveia preta;
NEMATOSE
MELOIDOGYNE INCOGNITA
BRONZEAMENTO OU MURCHAMENTO
AVERMELHADO
 Sintomas:
 Folhas mostram epinastia (dobradas para baixo, proximidades e
paralelamente às 2 nervuras maiores laterais), coloração amarelada ou
bronzeada ao vermelho;
 Murchamento de algumas ou todas as folhas, queda ou seca dos órgãos
reprodutivos;
 Casos mais graves: seca ou morte completa das plantas (poucos dias);
 Necrose das raízes
BRONZEAMENTO OU MURCHAMENTO
AVERMELHADO

 Plantas afetadas: podem rebrotar e readquirir aparência


normal (grau de infestação for menos grave).
 Controle
 Ainda não foram estudadas, mas há algumas variedades
com resistência.
BRONZEAMENTO OU MURCHAMENTO AVERMELHADO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 Venda de agroquímicos sem
receituário;
 Mau uso;
 Importância da interação com
outros agroquímicos;
 Problemas causados pela baixa
tecnologia de pequenos
agricultores;
REFERÊNCIAS
 KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A. & CAMARGO, L.E.A. ed. Manual
de Fitopatologia. Volume 2. Doenças das Plantas Cultivadas. 4ª Edição. Editora Agronômica Ceres Ltda. São
Paulo. 2005. 666p.

 http://www.agricultura.gov.br/assuntos/camaras-setoriais-tematicas/camaras-setoriais-1/algodao, acesso em 10
de abril de 2018.

 Canal Rural: http://www.canalrural.com.br/noticias/algodao/curiosidades-que-voce-precisa-saber-sobre-


algodao-68417, acesso em 10 de abril de 2018.

 Agro Link: https://www.agrolink.com.br/agrolinkfito/produto/vitavax-thiram-200-sc_7028.html, acesso em 14


de abril de 2018.

 Agro Link: https://www.agrolink.com.br/agrolinkfito/produto/fungitol-verde_3293.html, acesso em 14 de abril


de 2018.

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