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INFANTIL: ROTINAS
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O tempo
O despertador é um objeto abjeto
Nele mora o Tempo.
O Tempo não pode viver sem nós, para não parar
E todas as manhãs nos chama freneticamente como um velho paralítico a tocar a
campainha atroz.
Nós é que vamos empurrando, dia a dia, sua cadeira de rodas.
Nós os seus escravos.
Só os poetas
os amantes
os bêbados
podem fugir por instantes ao Velho... Mas que raiva impotente dá no Velho
quando encontra crianças a brincar de roda e não há outro jeito senão desviar
delas as suas cadeiras de roda! Porque elas, simplesmente, o ignoram...
(Mario Quintana, 1995).
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A persistência da memória Salvador Dalí (1931)
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Estamos subordinados biológica e culturalmente a ideia de
tempo.
O tempo na sociedade capitalista é diferente do tempo pensado
nas sociedades artesanais e é diferente do tempo subjetivo/
interno.
A escola organiza o tempo dentro da lógica da sociedade
capitalista/industrial = do relógio/ da produção/ do resultado/
do quantificável.
A gestão do tempo que as crianças passam na escola
condiciona certas atitudes que elas têm e terão em relação à
escola e à vida, mesmo quando forem grandes.
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Um exemplo de organização do tempo /ROTINA na Educação
Infantil que comumente ocorre nas escolas:
7h30 – 8h – Entrada
8h – 8h15 – Bom dia/ contagem de crianças/ Definição do tempo
8h15 – 8h 40 – Rodinha de conversa
8h40 – 8h50 – Escolha do ajudante
8h50 – 9h15 – Cabeçalho/calendário/ definição da rotina do dia
9h15 - 9h30 – Atividade de desenho / canto 1
9h30 – 9h45 – Lanche
9h45 - 10h – Parque/ recreio
10h -10h15 – Relaxamento com música e tomar água
10h15 -10h30 – Atividade de pintura/ canto 2
10h30 – 10h45 – Atividade de música / canto 3
10h45 – 11h – Brincadeira livre
11h – 11h30 – Espera dos pais da criança para ir embora
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Essa rotina diária, fragmentada é resultante da lógica capitalista de
uma organização fabril, ou seja, as mudanças constantes de
atividades e também de espaços/ por períodos muito curtos que não
permitem que as crianças levem à cabo uma atividade planejada e
significativa para elas.
A ‘fala’ que segue de uma professora, revela a não responsabilidade
do/a professor/a para se pensar a organização do tempo.
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A‘fala’ de outra professora que corrobora com a afirmação anterior:
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Nesse sentido, qual a relação do “tempo” com a proposta
pedagógica de uma instituição educacional?
A organização do tempo - a rotina constitui-se em importante
componente curricular na estrutura organizacional da educação, e
não só da educação infantil, pois, define e delimita o
desenvolvimento do projeto pedagógico da escola.
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Uma forma de viver o tempo na escola é a atividade centralizada na
professora – que planeja e orienta a execução da atividade. Nessa
forma de gerir o tempo, a professora decide o que fazer e como fazer e
as crianças que aderem à atividade (pois as crianças não devem ser
obrigadas a aderir, mas a professora é que busca organizar e apresentar
a atividade de modo a atrair a atenção e a participação de todas as
crianças) devem executar o planejado pela professora. Determinadas
capacidades se formarão na criança apenas no contexto dessas
atividades dirigidas, pois a tarefa do professor de educação infantil é
organizar a atividade da criança, estabelecendo com ela fins e
resultados a serem atingidos.
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Segunda forma de gerir o tempo na escola é por meio da atividade
de planejamento compartilhado, quando a professora planeja uma
parte da atividade e as crianças devem planejar a outra parte.
Isso acontece quando a professora propõe um conjunto de
materiais/atividades que são oferecidos para que crianças decidam o
que fazer com eles, com quem fazer e como fazer. O planejamento
da atividade, então, acontece parcialmente feito pela professora que
decide os materiais que serão oferecidos e parcialmente feito pelo
grupo de crianças que escolheu cada material.
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Uma terceira forma de gestão do tempo concentra as decisões
todas nas mãos da criança. É o tempo livre em que cada criança
pode decidir como usar na sala: o que fazer, com que material e com
quem fazer. Facilita-se a organização desse tempo livre quando as
crianças participam de um inventário do material existente na sala e
do planejamento coletivo do que é possível fazer na sala com o
material existente. Esse levantamento pode ser registrado num
painel que ajuda mês a mês o registro das atividades realizadas por
cada criança.
Essa atividade livre ensina a criança a planejar e a avaliar, além de
ensinar o uso do tempo, a relação com os outros e possibilitar um
sentimento de pertença à escola como um lugar que a respeita.
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Defendemos a ideia de que as três formas são possíveis e necessárias,
pois cada uma promove uma forma específica de aprendizagem, e que
cabe ao professor contemplá-las na organização da rotina das crianças.
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Com a atividade de planejamento compartilhado e a atividade livre,
vamos superando as situações em que todas as crianças devem fazer
a mesma coisa ao mesmo tempo, o que tem servido à formação de
crianças obedientes e não à formação de inteligências curiosas e
ativas e de personalidades cidadãs.
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A organização do tempo é, por isso, algo a ser levado em
consideração no planejamento das práticas educativas na Educação
Infantil.
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A rotina bem planejada é considerada um instrumento de
dinamização da aprendizagem e facilitador das
percepções infantis sobre o tempo e o espaço;
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Para Formosinho, criar uma rotina é (…)
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A atuação do educador no processo de organização da
rotina deve recorrer (…) “a princípios de ação que
não variam de um dia para o outro, em virtude de um
estado de espírito, mas que se apóiam em princípios
científicos. Estabelece-se, assim, um fluxo do tempo
diário que, embora seja flexível conforme as
necessídades, é estável, o que permite que a criança
se aproprie dele (…) [criando] (…) condições
estruturais para que a criança seja independente,
ativa, autônoma, facilitando, assim, a utilização
cooperativa do poder pelo educador(a).
(FORMOSINHO, 1998)”
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