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ENAF BH 2007

NATAÇÃO:
DO BEBÊ À PRÉ-ESCOLA

Paulo A. Poli de Figueiredo


paulopoli@terra.com.br
Natação: do bebê a pré-escola
 Estrutura do programa
 Objetivos da natação para bebês e infantil
 Abordagem metodológica
 Princípios gerais do desenvolvimento
 Características das crianças
 Habilidades aquáticas
 Estruturação e planificação
Informações importantes
 Funcionamento da academia;
 Questionário do bebê;
 Sacola do bebê;
 Explicações sobre o banho na academia e em casa;
 Uniforme;
 Fatores de segurança.
Segurança
 Sinalização das áreas rasas e fundas
 Movimentação em torno da piscina
 Entrada e saída da piscina
 Utilização de bóias
 Brinquedos
 Eletricidade
 Jóias, relógios e outros
 NUNCA DEIXAR A TURMA DESACOMPANHADA
Divisão por idades:
Velasco e Acqualità
 Bebe 1: 3 meses a 1 ano

 Bebe 2: 1 a 2 anos

 Bebe 3: 2 a 3 anos

 Infantil 1: 3 a 5 anos

 Infantil 2: 5 a 7 anos
Contra Indicações
 Estados febril  Diarréias
 Casos bacterianos  Vômitos
 Processos  Micose de pele
inflamatório  Herpes
 Casos virais  Alergias
 Crise de asma ou  Outros desconfortos
bronquite
Outras considerações

 Autorização ou encaminhamento
 Olhos e ouvidos
 Amamentação
 Urina e fezes
Objetivos Gerais- Acqualità
 Desenvolvimento das habilidades aquáticas;
 Relacionamento mãe-filho;
 Socialização;
 Desenvolvimento do bebê;
 Auto-salvamento.
Abordagem metodológica

 Ambiente que estimule a autonomia

 Afeto e contato

 Brincadeiras e jogos

 Estímulos aquáticos
POSIÇÃO DE ENSINO
POSIÇÃO DE ENSINO
Professor

Pais

Bebês

segurança e aconchego
Quanto mais segurança e participação o bebê tem no
ambiente familiar, maior independência ele terá
futuramente
Exploração
 O problema não é tanto de movimenta-lá, mas
sim de deixar livres seus movimentos.
 O perigo da ginástica no recém-nascido é trocar
um ato de intercâmbio e de amor por uma ação
tônica, mecânica, correndo o risco de fazer da
criança um objeto manipulado

LeBoulch, 1982
Colaboração

Competição x
Auxílio
Desafios

Fácil → Difícil
 A superação de obstáculos e desafios
proporciona uma sensação de satisfação e
êxito, enquanto que o mal-sucedido pode
sentir-se frustrado.
Elogios
Condicionamento operante
 Ao realizarmos o elogio, a criança sente-se
valorizada e progride. O sorriso, o olhar
fraterno e a alegria da voz é acompanhada
até debaixo da água.
Observação
 O que será que a criança está me dizendo
através deste gesto, desta atitude, deste
comportamento?
 Qual será seu pedido, do qual nem ele é
consciente?
 Como será que posso atende-lo através da
minha atitude, do meu próprio gesto, do meu
comportamento?
Lapierre (1997)
O jogo e o brinquedo
 É através do jogo e da brincadeira que a
criança se apresenta. Ela exerce sua
espontaneidade, demonstra seus medos,
vontades e ambições.

 Necessidades biológicas
 Reproduzem atos observados nos adultos
 Agente ativo na brincadeira (se substituem pelo
brinquedo)
Mussen et al (1988)
O jogo
 ORSO: nada é mais sério que uma criança
brincando, e é importante a valorização do
brinquedo, pois é através da brincadeira que a
criança chega ao seu desenvolvimento sócio-
afetivo.
 ARAUJO: coloca que o jogo é rico em experiência
e estimula a criatividade e sociabilidade.
Música, história e movimento

 VERNY (2003): vida intrauterina

 FONSECA (1995): estruturação rítmica e memorização

 ARAUJO (1997): teatro na água

 BAHIA (2005): brincando até debaixo da água

 FIGUEIREDO: capacidade de expresão e simbologia


Comunicação não verbal

BIRDWHISTELL (1970)
 35% da conversa correspondera às palavras
pronunciadas.
 65% do conteúdo seriam comunicação não
verbal.
ARGYLE (1976)
 A linguagem é desnecessária para transmitir
atitudes e emoções.
Comunicação não verbal
As diferentes expressões faciais transmitidas pelas
emoções:
 Surpresa

 Medo

 Nojo

 Raiva

 Tristeza

 Alegria

O olhar é uma estratégia importante.


Contato visual
Para entrar em relação com a criança, é
necessário buscar seu olhar, estar atento a
suas diferentes expressões e dar tempo à
criança a familiarizar-se com o rosto
estranho, a criança distingue o
comportamento amigável daquele agressivo.

LeBoulch, 1982
O medo- Fontanelli
O medo depois de instalado, torna real e iminente
o perigo; gera pânico e a descompensação
emocional.
 É preciso respeitar a criança que tem medo.
 Evitar: “você vai se afogar”, “não vá lá que é
fundo”, “você vai sumir debaixo da água”
É bom que o aprendizado se faça antes que se
instale a insegurança do medo ou da recusa.
ANSIEDADE X ESTRANHOS
 O medo tem menor probabilidade de ocorrer se o
estranho se aproximar lentamente, falar com
suavidade e começar a brincar com a criança; e
será mais provável se o estranho andar
rapidamente em direção à criança, ficar quieta ou
falar alto e procurar pega-lá. Quase todos os bebês
mostram uma reação de medo a um estranho em
alguma ocasião entre os 7 e 12 meses de idade.
Temor da separação
Geralmente surge entre 7 e 12 meses de idade, atinge um pico
entre 15 e 18 meses.
A criança pode pensar alguma coisa como:
 O que acontecerá?

 Será que minha mãe vai voltar?

 O que posso fazer?

Se a criança não puder responder a estas perguntas ou dar uma


resposta instrumental que poderia resolver a incerteza, ela se
tornará vulnerável à aflição e poderá chorar. Se, entretanto, a
criança puder prever o que pode acontecer, então ela poderá
rir.
Necessidade de concordância
Papel da mãe no limite da criança:
 Condições de aceitação da frustração.
 Importância da estabilidade nas proibições.
A criança alcança intuitivamente compreender que
sua atividade tem uma significação positiva ou
negativa para o adulto, e é bom que esta
significação fique clara para ela.
Relações com os
companheiros
 As 6 meses de vida, interagem muito pouco entre si.
 Aos 6 meses, exploram um ao outro mais ou menos como se fossem objetos
mutuamente interessantes.
 Com 1 ano e meio, eles podem falar, sorrir, brincar, embora separadamente com
seus brinquedos.
 A partir dos 2 anos, começam a mostrar relações recíprocas, agradando umas às
outras, dividindo brinquedos, sendo gentis quando outra criança pede alguma
coisa e mostrando preocupação quando alguém se corta ou se machuca.
Desenvolvimento humano
 Raciocinar e imaginar
 Discernir
 Sentido de responsabilidade

Educação ao longo da viva baseada em: aprender a


conhecer, a fazer, a viver e a ser.

Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI- UNESCO


Princípios gerais do desenvolvimento
 O crescimento e as mudanças no comportamento são ordenados;
 O desenvolvimento é padronizado e contínuo, mas nem sempre
uniforme e gradual;
 Interações complexas entre a hereditariedade e o ambiente;
 Todas as características e capacidades do indivíduo são produtos da
maturação e da experiência;
 Características de personalidade e respóstas sociais são em grande
proporção resultados de experiência e prática;
 Há períodos críticos no desenvolvimento;
 As experiências das crianças afetam seu desenvolvimento posterior.
Mussen (1987)
Bebês

 “Auto-didatas”´- dependem da quantidade e qualidade


de estímulos oferecidos.
 A criança que recebe pouca ou nenhuma estimulação
tátil e afetiva apresenta grande defasagem em seu
desenvolvimento físico, social e intelectual.
 A natação é uma estimulação precoce.

Devemos respeitar os limites da criança, aceitar o tempo


de adaptação para cada estímulo, sabendo que este
difere de pessoa para pessoa.
Natação para bebês

 “As crianças que recebem estímulo aquático


nos primeiros três anos de vida sobressaem
física, emocional e socialmente àquelas
crianças que não tiveram natação.”

Liselott Diem
 As características físicas da água fazem da

natação um grande estímulo sensorial.


O desenvolvimento depende:

 maturação
 exercício funcional

As estruturas potenciais
se tornam funcionais
Características dos bebês

A criança de até três anos ainda possui como


alicerce motor a visão, a audição e o tato.
 Dependente
 Limitações maturacionais
 A língua é muito sensitiva
GRÁFICO DE MIGROUS
Ordenação de vezes, (%) que o movimento é repetido

Movimento voluntário

0 1 ano 2 anos 2 1/2anos

Movimentos desorganizados
• movimento no sentido de sobrevivência

0 1 ano 2 anos 2 1/2anos

Movimentos reflexos
• movimentos que a criança faz no líquido
• movimentos da natureza

Kurt Wilke 0 1 ano 2 anos 2 1/2anos


Fase de desenvolvimento cognitivo
Jean Piaget
Cronologia
Fase Características Aproximada
Sensório-motor O bebe constrói o significado do seu mundo pela Do nascimento aos
coordenação de experiências sensoriais com o 2 anos
movimento

Pensamento Demonstra crescente pensamento simbólico pela De 2 a 7 anos


Pré-operacional ligação de seu mundo com palavras e imagens

Operações Raciocina logicamente sobre eventos e consegue De 7 a 11 anos


Concretas classificas objetos de seu mundo em vários
ambientes

Operações Capaz de raciocinar logicamente e de maneira De 11 anos em


Formais mais abstrata e idealista diante
Cronologia Cognitiva de Piaget Seqüencia desenvolvimentista Fases

e estágios

Aproximada Fases e estágios Kephart Gallahue

0 a 6 meses Fase sensomotora Estágio reflexivo Fase reflexa

6 a 12 meses Fase rudimentar

1 a 2 anos Estágios de percepção motora

2 a 4 anos Fase de pensamento Fase

de movimentos

pré-operacional fundamentais

4 a 6 anos Estágio motor-perceptivo

7 a 10 anos Fase de operações Estágio cognitivo-perceptivo Fase de movimentos


Reflexos
É uma resposta automática, involuntária.
 Reflexo da glote  Reflexo de rotação
 Reflexos natatórios  Reflexo de sucção
 Planta do pé  Reflexo de moro
 Bebê no ar  Lábio superior
 Marcha automática  Superior do nariz
 Grasping reflex  Luz brilhante
Reflexos natatórios

McGraw (1939)

 McGraw (1945): reflexo da natação é percursos da


caminhada. Mesmos mecanismos neuromusculares
para engatinhar, caminhar e nadar.
Reflexos importante na natação
Reflexo Estímulo Resposta Aplicação

Glote Água nas vias aéreas Bloqueio Mergulho

Palmar Pressão na palma da mão Agarre Manipulações

Borda

Propulsão

Marcha Pressão na planta do pé Mov de MI Propulsão

Natatório Imersão sem apoio Mov de MI e MS Nado


Mov. Tônico Água nas costas Mov de MI e MS nado
PSICOMOTRICIDADE

 Ajuriaguerra: é a realização do pensamento


através de um ato motor preciso, econômico e
harmonioso.
 Negrine: sua finalidade principal é promover,
através de uma ação pedagógica, o
desenvolvimento de todas as potencialidades da
criança, objetivando o equilíbrio psico-social.
 Piaget: essa ciência trata da relação entre o
homem, seu corpo, o meio físico e sociocultural no
qual convive.
É através da psicomotricidade e pela visão que a criança
descobre o mundo dos objetos, das pessoas e o seu próprio
mundo.
O psiquismo permite o QUERER
A aprendizagem permite o SABER
O corpo permite o PODER
Estes levam ao FAZER

DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DO SER

Cacilda Velasco
Modelo psiconeurológico de Luria
FONSECA (1995)
Unidade
Fatores psicomotores Aplicação
Funcional
Aquisição neuromuscular, conforto tátil e integração
Tonicidade
de padrões motores antigravídicos
1a unidade
Aquisição da postura bípede, desenvolvimento dos
Equilibração
padrões locomotores

Integração sensorial, investimento sensorial,


Lateralização desenvolvimento das percepções difusas e dos
sistemas aferentes e eferentes
Noção do Eu, conscientização e percepção corporal,
2a unidade Noção do corpo
condutas imitativas

Desenvolvimento da atenção seletiva, do


Estruturação espácio-
processamento da informação, coordenação espaço-
temporal
corpo, proficiência da linguagem
Coordenação oculomanual e oculopedal, planificação
Praxia global
motora, integração rítmica
3a unidade
Concentração, organização, especialização
Praxia fina
hemisférica
Tonicidade

 é o seu alicerce fundamental na organização da


psicomotricidade. Fonseca, 1995

 repouso
 atividade Thomas & Ajuriaguerra, 1949
A tonicidade assegura a preparação da musculatura para
as múltiplas e variadas formas de atividade postural e
práxica. Paillard, 1995
A evolução do tono muscular

 Durante o 3º mês, o tono dos músculos da


nuca e do pescoço vai organizar-se.
 Entre o 6º e o 8º mês, a criança vai conquistar
a verticalidade e equilibra-se em posição
sentada.
 Entre o 9º e o 12º mês, a criança reforça a
cintura pélvica.
Desenvolvimento perceptivo

PERCEBER
RECONHECER
RELACIONAR
LEMBRAR
Habilidades Motoras Fundamentais
Gallahue & Ozmun
 Estabilidade:
 Equilíbrio dinâmico
 Equilíbrio estático
 Movimentos axiais
 Locomotoras:
 Caminhada
 Corrida
 Salto
 Manipulativas:
 Alcançar, segurar e soltar
 Lançar
 Pegar
 Chutar
 Bater
Habilidades motoras fundamentais
GALLAHUE & OZMUN (2001) APLICAÇÃO NA NATAÇÃO (FIGUEIREDO)
Habilidade de estabilidade Equilíbrio
Equilíbrio dinâmico Caminhar contra fluxo,
Suspensão
Equilíbrio estático Colocar-se em pé sem apoios das mão,
Flutuação
Movimentos axiais Giros
Rotações
Habilidade locomotivas Propulsão
Caminhada Caminhada
Jogging
Corrida Jogging com e sem apoio
Batimentos de pernas
Salto Saltar p/ a piscina
Habilidade manipulativas Sensibilidade das extremidades
Alcançar, segurar e soltar Manipulação de brinquedos e busca de apoios
Lançar Empurrar água e fase recuperativa
Pegar Borda e barras
Chutar Batimentos de pernas
Observação psicomotora

FONSECA (1992) APLICAÇÃO NA NATAÇÃO (FIGUEIREDO)

Tonicidade Sustentação da cabeça, amplitude de movimento

Equilibração Flutuação e manutenção de postura

Lateralização Respiração preferencial

Noção de corpo Sentido sinestésico

Estruturação espácio temporal Distância do deslocamento

Praxia global Coordenação dos membros

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