Professora de pós-graduação da Escola de Comunicações e Artes da
Universidade de São Paulo – ECA, Ana Mae Barbosa é uma das principais referências brasileiras em arte-educação. Desenvolveu o que chamou de abordagem triangular para o ensino de artes, concepção sustentada sobre a contextualização da obra, sua apreciação e o fazer artístico. A pesquisadora foi, também, a primeira a sistematizar o ensino de arte em museus, quando dirigiu o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC. Ana Mae Barbosa estava a frente de um importante programa na instituição que visava combinar trabalho prático com história da arte e leitura de obras de arte, considerando que, nessa última, a metodologia utilizada é variada, podendo ser, por exemplo, estética, semiológica ou iconológica. A Proposta triangular surge a partir dos anos 90, como uma necessidade de mudar o ensino da Arte nas escolas. Essa proposta entende que o conhecimento da Arte se constrói com a interligação entre a contextualização, a experimentação e a fruição da arte em si. Contextualização
A metodologia triangular visa a melhoria do ensino de arte no Brasil, a
partir do momento que é colocado para o aluno não só o fazer a arte ou só o observar a arte, mas sim uma triangulação entre fazer, contextualizar e fruir. Com isso o ensino da arte se torna mais completo e o aluno consegue compreender melhor as funções da arte e como ela pode contribuir na vida desse aluno. A utilização da abordagem triangular não necessita de uma ordem certa, cabe ao professor verificar qual o melhor caminho a ser tomado para cada turma. Ensino de Arte Num jogo de aprender e ensinar, ficamos em um estado de total cumplicidade, mas para isso precisamos saber se aprendemos ou ensinamos tem sentido para nós. Ou seja, apontar signos, é possibilitar que o outro construa sentidos, signos internos, assimilando e acomodando o novo em nossas possibilidades de compreensão de conceitos, processos e valores. Qual objeto de conhecimento da arte?
Uma aprendizagem em arte só é significativa quando o objeto do
conhecimento é a própria arte, levando o aprendiz a saber manejar e conhecer e conhecer a gramática especifica de cada linguagem. Linguagens artísticas: • Linguagem musical; • Linguagem teatral; • Linguagem visual; • Linguagem da dança. Linguagem musical:
• Prática do pensamento musical imaginando, relacionando e
organizando sons e silêncios, no contínuo espaço-tempo (parâmetros do som, composição, improvisação e a interpretação. • Estrutura da linguagem musical e seus elementos constitutivos. • Os modos de notação e registro musical. • A prática da escuta musical. Linguagem teatral:
• Praticar o pensamento “como se”, numa situação de jogo
teatral, o mundo imaginário. • Apreender a estrutura e seus elementos constitutivos (ação dramática, espaço cênico, o personagem, a relação palco/platéia). • Improvisação e recursos cênicos (máscaras, figurinos, sons, objetos...). • Resignificar o mundo e as coisas do mundo poetizando-os através do imaginário dramático. Linguagem visual:
• Prática do pensamento visual tornado visível (forma e matéria).
• Pesquisa e leitura da estrutura e elementos constitutivos (ponto, linha, forma, cor, dimensão...). • Experimentação nos modos da linguagem visual (desenho, pintura, gravura...) • Manuseio e seleção de materiais. Linguagem da dança:
• Praticar o pensamento cinestésico tornado presente por meio da
ação corporal. • Aprender estrutura e funcionamento corporal. • Criar, improvisando, movimentos expressivos a partir de diferentes formas corporais. • Perceber e ler as soluções expressivas encontradas pelo grupo para comunicar pelo movimento. Avaliação em Arte
• Avaliação como processo: acontece durante todo o desenvolvimento
da experiência artística e também no final, mas não unicamente no final. • Avaliando produção/criação: o que e como produz (musica, dança, teatro, artes visuais)? Utiliza sua poética pessoal para comunicar idéias? • Avaliando a percepção e análise: o aprendiz frui arte? É sensível a ela? Como compreende, reflete, critica, analisa, recria, reinterpreta o seu trabalho e o dos outros? • Avaliando o conhecimento da produção artístico-estética: constrói conceitos sobre arte? • A avaliação é um diagnóstico dos alunos, do professor e do assunto tratado, fornecendo um mapa dos interesses e necessidades da turma. Cada aula como um jogo de aprender e ensinar, é um instante mágico. Requer preparação e coordenação especiais, de mãos habilidosas que tocam, que apontam, que escolhem contextos significativos para o aprendiz tecer sua rede de significações.