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PRINCÍPIOS E REGRAS ORÇAMENTAIS

Na preparação do Orçamento, dever-se-ão respeitar vários Princípios e Regras.


Estas regras foram teorizadas durante o período do Liberalismo e tem como
objectivo tornar o orçamento claro, simples e verdadeiro, de forma a garantir que
as funções Económica, Política e Jurídica da instituição orçamental não sofram
desvios. São no fundo regras de bom senso, boa administração, rigor técnico e
eficácia.
Regras
Regras
Conceito
 O termo refere a várias questões porém chamamos de regras à norma ou
ordem de comportamento ditado por uma autoridade competente, cujo o não
comprimento traz como consequência a aplicação de uma detrminada sanção.
Em termos simples, uma regra é uma instrução ou diretriz específica que deve
ser seguida para alcançar um determinado objetivo ou cumprir uma norma. Ela
define uma ação ou comportamento que é esperado em uma situação
específica. As regras são estabelecidas para garantir ordem, consistência e
conformidade em várias atividades ou contextos.
REGRAS NO CONTEXTO FINANCEIRO
No contexto financeiro, as regras podem se referir a políticas ou diretrizes
específicas relacionadas à gestão de recursos, como regras sobre como os fundos
devem ser alocados, gastos autorizados ou procedimentos de prestação de contas.
Em suma, as regras são instruções específicas que devem ser seguidas para
alcançar um objetivo ou cumprir uma norma em uma determinada situação.
Em resumo, os princípios orçamentais são diretrizes gerais e abstratas que
orientam a gestão financeira de forma ampla, enquanto as regras orçamentais são
instruções específicas e perspectivas que fornecem orientações detalhadas para a
alocação e controle dos recursos financeiros.
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Existem 8 regras orçamentais básicas: - nº 1 do Artigo 13, da Lei 9/2002, de 12 de
Fevereiro:
 Anualidade;
 Universalidade;
 Unidade;
 Não consignação;
 Especificação;
 Orçamento bruto;
 Publicidade;
 Equilíbrio:
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 Universalidade: Este regra orçamentária estabelece que todas as fontes de
receita e todos os tipos de despesa devem ser totalmente identificados e
incluídos no orçamento;
 Unidade: O orçamento deve consolidar todas as operações e transações
financeiras da organização em um único documento;
 Não Consignação: No orçamento, não é permitido designar receitas específicas
para cobrir despesas pré-determinadas. Em vez disso, todas as receitas devem
ser usadas para cobrir todas as despesas. Isso significa que não se pode alocar
certas receitas para despesas específicas. Caso contrário, não seria possível
estabelecer o montante total das despesas, que é um dos objetivos do
orçamento.
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 Anualidade: A anualidade no orçamento significa que ele tem a duração de um


ano, coincidindo com o ano civil. No caso de Moçambique, o orçamento prevê as
receitas e estabelece as despesas do Estado para o período de 01 de janeiro a 31
de dezembro. Esta regra implica que o orçamento seja aprovado anualmente pelo
Parlamento e executado pela Administração Pública;
 Orçamento bruto: O orçamento bruto registra todas as receitas e despesas pelo
seu valor total, sem deduções. Isso significa que as receitas não são ajustadas
para refletir encargos de cobrança, e as despesas não são reduzidas pelas
receitas geradas por ela;
 Publicidade: O orçamento é publicado no Boletim da República, incluindo a Lei
Orçamental, a tabela de receita e despesa, e outras informações relevantes. A
publicação do orçamento é essencial, pois formaliza a autorização política das
receitas e despesas, informando a Administração Pública e permitindo que os
cidadãos tenham conhecimento para controlar e criticar sua natureza e execução.
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 Equilíbrio: O equilíbrio no Orçamento do Estado implica que todas as despesas
sejam cobertas por receitas previstas nele, incluindo doações e empréstimos.
Para garantir isso, é necessário sistematizar as receitas e despesas, seguindo
os Classificadores Orçamentais obrigatórios, conforme estabelecido na LEO (Lei
de Execução Orçamental).
 Especificação: O orçamento do Estado detalha as receitas mínimas e os limites
máximos de despesas, utilizando classificações para uniformização. No entanto,
inclui uma reserva para despesas urgentes não previstas inicialmente.
PRINCÍPIOS E REGRAS ORÇAMENTAIS

Princípios
conceito
 São um conjunto de normas ou padrões de conduta a serem seguidos por
uma pessoa fisíca ou jurídica ou seja é um mandamento nuclear de um
sistema,isto é, é o seu alicerce.
Os princípios são, em geral, mais genéricos que as regras, carregam valores
de forma mais expressiva que as regras.
Possuem, no entanto, a mesma força vinculante das regras, ou seja, sendo
normas jurídicas, como as regras, impõem a sua obediência.
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Afinal, o que são os princípios orçamentários? De um modo objetivo,
podemos dizer que: os princípios orçamentários são aquelas normas
fundamentais que funcionam como norteadoras da prática orçamentária. São um
conjunto de premissas que devem ser observadas durante cada etapa da
elaboração orçamentária.
Segundo SILVA (1962),
esses princípios não têm caráter absoluto ou dogmático, mas constituem
categorias históricas e, como tais, estão sujeitos a transformações e
modificações em seu conceito e significação.
É comum encontrar na literatura clássica sobre orçamento doutrinadores
divergindo sobreestrutura e conceituação dos princípios orçamentários. Todavia,
existem aqueles que são
geralmente aceitos, os quais serão objetos de nosso estudo da nossa aula.
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Importa referir que na literatura especializada, existem referências para tantos
outros princípios,. Contudo, expõem-se aqui aqueles considerados mais úteis no
escopo pretendido para nossa aula.
 Clareza e Simplicidade: O orçamento deve ser compreensível e transparente,
apresentando informações de maneira clara e acessível;
 Desempenho e Resultados: Ênfase na alocação de recursos com base em
objetivos claros e mensuráveis, visando a alcançar resultados concretos e
mensuráveis;
 Sustentabilidade: Consideração dos impactos econômicos, sociais e
ambientais das decisões orçamentárias, promovendo práticas financeiras
sustentáveis a longo prazo.
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 Participação e Envolvimento: Incentivo à participação de partes interessadas


no processo orçamentário, promovendo a transparência e a prestação de
contas.
 Flexibilidade e Adaptação: Reconhecimento da necessidade de flexibilidade
no planejamento e execução do orçamento para lidar com mudanças
imprevistas e incertezas.
 Inovação e Tecnologia: Utilização de tecnologias avançadas e metodologias
inovadoras para aprimorar o processo orçamentário e melhorar a eficiência na
gestão dos recursos
TIPOS DE ORÇAMENTOS
 O ORÇAMENTO DA GERÊNCIA;
 O ORÇAMENTO DO EXERCÍCIO;
O ORÇAMENTO DA GERÊNCIA - é uma projeção das receitas que o Estado espera
arrecadar e das despesas que pretende pagar durante um período financeiro
específico. Ele representa uma estimativa final das entradas e saídas de dinheiro,
considerando o término das cobranças e pagamentos previstos.
O ORÇAMENTO DO EXERCÍCIO - uma previsão das receitas que o Estado espera
receber e das despesas que pretende pagar durante um período financeiro. Ele
representa uma estimativa inicial das transações financeiras, considerando o
surgimento de créditos a favor e dívidas contra, no início do período.
VANTAGEM E DESVANTAGEM DO ORÇAMENTO DO
EXERCÍCIO
VANTAGEM
 O orçamento do exercício tem a vantagem de nos elucidar sobre a situação financeira do Estado.
 valiação de Desempenho: Facilita a avaliação do desempenho financeiro ao longo do tempo, permitindo
comparações entre as previsões orçamentárias e os resultados reais.
 Planejamento Financeiro: Permite um planejamento financeiro mais eficaz, pois prevê as receitas e
despesas esperadas para o período financeiro, ajudando a evitar surpresas financeiras inesperadas.
 Controle de Gastos: Proporciona um meio para controlar os gastos, uma vez que estabelece limites para as
despesas com base nas receitas previstas, ajudando a manter a disciplina financeira.
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DESVANTAGENS
 Como nem todos os créditos serão cobrados, nem todas as dívidas serão pagas até ao fim
do ano, o orçamento do exercício não nos diz qual virá a ser durante o período a situação da
caixa do Estado, ou seja, a situação do Tesouro Público;
 Base em Estimativas: As previsões de receitas e despesas são baseadas em estimativas e
podem não refletir com precisão a realidade, o que pode levar a desvios significativos entre o
orçamento planejado e o desempenho real;
 Falta de Flexibilidade: Pode restringir a capacidade de aproveitar oportunidades imprevistas
ou de lidar com emergências financeiras, devido à falta de flexibilidade nas alocações
orçamentárias;
 Política e Pressão: O processo de elaboração do orçamento pode ser influenciado por
considerações políticas e pressões de diferentes partes interessadas, o que pode
comprometer a objetividade e a eficácia do orçamen to.
VANTAGEM DO ORÇAMENTO DA GERÊNCIA
VANTAGEM
 o orçamento da gerência oferece a previsão do montante das receitas a cobrar e das despesas a pagar
em cada ano.
As despesas plurianuais, inscrevem-se em cada orçamento apenas os encargos a satisfazer no próprio
ano.
Uma desvantagem do Orçamento da Gerência é que ele pode ser afetado por incertezas e imprevistos
que surgem durante o período financeiro. Por exemplo, se as receitas estimadas não se concretizarem
conforme o esperado devido a mudanças econômicas ou políticas, ou se ocorrerem despesas não
planejadas, isso pode levar a um desequilíbrio no orçamento e exigir ajustes durante o ano. Além disso, o
Orçamento da Gerência pode ser menos flexível para lidar com situações emergenciais ou oportunidades
inesperadas, já que geralmente é projetado com base em premissas e estimativas fixas no início do
período financeiro. Isso pode limitar acapacidade da organização de se adaptar rapidamente a mudanças
no ambiente externo.
O PROCESSO ORÇAMENTAL EM MOÇAMBIQUE
O Processo Orçamental (PO) em Moçambique tem evoluído ao longo das décadas,
refletindo mudanças nos sistemas políticos, teorias econômicas e abordagens de
gestão orçamental. Ele abrange diversas fases e é um processo contínuo que não se
limita a um único ano económico. Existem dois tipos de PO:
 a) Um Processo Orçamental amplo, que inclui não apenas a orçamentação
anual e sua execução, mas também o estabelecimento de objetivos, políticas e
programas de curto, médio e longo prazo que fundamentam os orçamentos
anuais.
 b) Um Processo Orçamental estrito, focado apenas na orçamentação e
execução anual de receitas e despesas, repetindo-se a cada ano.
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Os dois tipos de Processo Orçamental não operam de forma independente, o
primeiro tem um papel crucial na definição e influência do segundo, e vice-versa.
O PO em sentido amplo abrange a geração, transmissão e utilização de vastas
quantidades de informação. Ele começa com o estabelecimento de objetivos e
metas econômicas e sociais, seguido pelo desenvolvimento de programas
financeiros de curto, médio e longo prazo. Estes programas envolvem uma
priorização de setores e áreas, alinhada com as políticas selecionadas e os
objetivos estabelecidos.
A orçamentação anual dos recursos, em consonância com as metas e programas, é
seguida pela fase de monitoramento e avaliação, garantindo transparência e
eficácia. Esta avaliação serve de base para revisão de objetivos, metas, políticas e
programas governamentais.
O PROCESSO ORÇAMENTAL EM SENTIDO ESTRITO
O PO em Moçambique compreende 5 fases:
Elaboração do Orçamento - O processo de elaboração do orçamento e sua proposta
de lei envolve três dimensões:
 política,
 Econômica, e
 técnico-administrativa.
A dimensão política abrange a tomada de decisões, a econômica envolve
previsões financeiras e a técnico-administrativa refere-se à preparação material da
proposta. O orçamento é influenciado pela economia, pois depende das receitas
fiscais, que por sua vez são afetadas pela atividade econômica e rendimento dos
agentes econômicos.
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 Elaboração do orçamento – o processo de elaboração começa coma elaboração
do projeto da lei do orçamento pelo governo. Isso geralmente e feito pelo
Ministério da Economia Finanças, com base nas prioridades do governo, politicas
publicas e metas de desenvolvimento econômico e social. O orçamento pode ser
elaborado em consultas com outros ministérios e partes interessadas relevantes
 Aprovação do orçamento – o parlamento vota e aprova o orçamento. Uma vez
que aprovado ele se torna a lei orçamentaria para o período fiscal.
 Execução do Orçamento - A execução do orçamento envolve a cobrança de
receitas e realização de despesas, com o governo garantindo sua conformidade
com as leis e o próprio orçamento. As despesas devem ser distribuídas ao longo
do ano conforme a regra dos duodécimos, exceto em casos autorizados por lei
para despesas sazonais. É fundamental que as despesas respeitem os princípios
de economia, eficiência e eficácia.
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 Enceramento das contas - O encerramento das contas no processo orçamental é


uma etapa fundamental no final do ano fiscal. Envolve a verificação e reconciliação
de todas as transações financeiras, garantindo transparência e conformidade com as
leis. É essencial para prestar contas sobre a utilização dos recursos público.
 Controlo de Fiscalização - O controlo e fiscalização orçamental garantem a
conformidade com a lei e objetivos do orçamento, evitando desvios e garantindo o
uso adequado dos fundos públicos. A fiscalização, realizada pela Assembleia da
República e Tribunal Administrativo, envolve uma perspectiva política e jurisdicional,
respectivamente. Além disso, as entidades gestoras do orçamento, superiores
hierárquicas, serviços de contabilidade pública e órgãos de inspeção realizam
fiscalização administrativa. Os titulares de cargos políticos e agentes do Estado são
responsáveis civil, criminal e disciplinarmente por suas ações orçamentárias.
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Controle e Monitoramento: Durante a execução do orçamento, são realizados
controles e monitoramentos regulares para garantir que os gastos estejam
alinhados com as prioridades estabelecidas e que não haja desvios significativos do
planejado. Isso pode envolver auditorias internas e externas, revisões de
desempenho e relatórios periódicos.
Revisão e Prestação de Contas: No final do ano fiscal, o desempenho
orçamentário é revisado e avaliado. Isso geralmente inclui a prestação de contas
pelo governo ao Parlamento e ao público sobre como os recursos foram utilizados e
se as metas estabelecidas foram alcançadas. Os resultados do orçamento também
podem influenciar o processo de elaboração do orçamento para o próximo período
fiscal.

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