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MATÉRIA - PROGRAMA Ano: 11.

º Turma: F1 Curso: Línguas e Humanidades

O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA


2 – Estrutura do Conhecimento Cientifico
2. 1 – Conhecimento Vulgar e Conhecimento Científico

2. 1 – O Método Científico

• Como se caracteriza o método científico?

• Quais as etapas do método indutivo?

• O que diferencia o Método Hipotético – Dedutivo do Método Indutivo?

• Como se explica a teoria falsificacionista de Popper?


MATÉRIA - PROGRAMA Ano: 11.º Turma: F1 Curso: Línguas e Humanidades
O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA
2 – Estrutura do Conhecimento Cientifico
2. 1 – Conhecimento Vulgar e Conhecimento Científico
2. 1 – O Método Científico – CONCEITOS
 Método
 Método Indutivo
 Método hipotético – dedutivo
 Hipótese
 Experimentação
 Verificabilidade
 Falsificacionismo
 Refutação
 Conjetura
 Corroboração
 Lei
 Teoria científica.
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O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA


2 – Estrutura do Conhecimento Cientifico
2. 2 – Ciência e Construção – validade e Verificabilidade das Hipóteses

 Método Científico

* Definição: O conjunto dos procedimentos que as diversas ciências seguem para


investigar o seu objeto de estudo.

* Método científico: Contribui para a eficácia da investigação, dando credibilidade aos seus
resultados.

* Dois Modelos: Método Indutivo e Método Hipotético - Dedutivo


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O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA


2 – Estrutura do Conhecimento Cientifico
2. 2 – Ciência e Construção – validade e Verificabilidade das Hipóteses

 Método Indutivo
* Observação: Ponto de partida dos cientistas, os factos particulares observados.
Carateriza-se por ser imparcial e objetiva; sistemática e metódica; recorre a instrumentos
sofisticados que permitem, medir, registar, quantificar…
* Hipóteses: Da análise e da interpretação dos dados surge uma hipótese. Equivale a uma
tentativa de resposta antecipada.

* Experimentação: O objetivo é o de confirmar ou refutar a hipótese. Exige o uso de


instrumentos, meios e técnicas especiais. Há um rigor na produção e no controlo dos
dados. Finaliza com registo e análise dois resultados.

* Conclusão: É uma generalização, a formulação de uma lei científica. Por um lado passa a
ser aplicado a todos os casos análogos e, por outro, aplicável a futuros casos da mesma
tipologia.
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O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA


2 – Estrutura do Conhecimento Cientifico
2. 2 – Ciência e Construção – validade e Verificabilidade das Hipóteses
 Método Hipotético - Dedutivo

* Parte de um facto-problema. Este é uma situação, acontecimento ou fenómeno para o


qual a ciência ainda não encontrou resposta a partir dos conhecimentos que possui.
* Caraterísticas deste método:
» Inicia-se com um facto que não foi explicado.
» Formula de uma ou mais hipóteses – Criação de uma solução ou construção teórica de
uma explicação.
» Dedução de consequências da hipótese – A hipótese é uma explicação geral que será
confirmada a partir das consequências menos gerais deduzidas.

» Conclusão –
1 – Os dados confirmam a hipótese: Formula-se uma lei ou teoria científica.
2 – Os dados não confirmam a hipótese: Reformulação da hipótese e repetição de todos
os procedimentos até obter nova confirmação.
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O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA


2 – Estrutura do Conhecimento Cientifico
2. 2 – Ciência e Construção – validade e Verificabilidade das Hipóteses
Comparação
MÉTODO INDUTIVO MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO

 Parte do particular para o universal e por isso não  Procura unir a indução (experimentação) e a dedução
chega a teorias universais. (racionalização).
 Depende muito da observação, não sendo esta  Parte de um facto ou problema de natureza científica.
imparcial ( o cientista tem que saber o que quer  A base é a formulação da hipótese ( com viabilidade)
ver, logo procede a uma seleção), rigorosa e neutra. que deverá ser experimentada e comprovada.
 Não chega a premissas gerais verdadeiras, porque  Procura falsear ou comprovar a hipótese.
parte de premissas particulares.

Quando temos um conjunto de informações que não são


Quando definimos uma lei geral ou afirmamos algum suficientes para explicar um fenómeno, temos um
princípio geral a partir de observações feitas de um problema. Para o tentar explicar podemos criar
determinado fenômeno, assim como, a identificação de hipóteses, que serão testadas quanto à sua validade. Se a
repetições nessas observações. É baseado no fato de hipótese passar por vários testes de validação, temos um
que se um fenómeno se repete em futuras observações indicio forte de como explicar o fenómeno. Lembramos
ele ocorrerá novamente. que essa hipótese será exposta a outros testes que
podem rejeitá-la. Quanto maior o número de testes da
hipótese, mais forte serão os seus argumentos.

Lógica indutiva: A partir de casos particulares Lógica hipotético-dedutiva: Se uma verdade for aceite
registrados e enumerados, podemos concluir algo.0 (lei), não significa que ela seja considerada (sempre)
verdadeira. Ela é apenas uma verdade que ainda não foi
falseada.
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2 – Estrutura do Conhecimento Cientifico
2. 2 – Ciência e Construção – validade e Verificabilidade das Hipóteses
 Exemplo:
Método indutivo:
Observação 1: O peixe da espécie X que vive no mar tem 90% de omega 3 na sua pele.
Observação 2: O peixe da espécie Y que vive no mar tem 90% de omega 3 na sua pele.
Observação 3: O peixe da espécie Z que vive no mar tem 90% de omega 3 na sua pele.
Observação 4: O peixe da espécie A que vive no rio tem 10% de omega 3 na sua pele.
Os peixes X, Y, Z são do mar. Logo, todos os peixes do mar tem 90% de omega 3 na sua pele.
 Exemplo:
Método dedutivo:
Todo o peixe do mar tem 90% de omega 3 na sua pele. (verdade geral)
O peixe da espécie X é do mar. (verdade específica/particular)
Logo, O peixe X tem 90% de omega 3 na sua pele. (conclusão)
 Exemplo:
Método Hipotético-dedutivo:
Estudando um determinado ambiente, o pesquisador acha (hipótese) que a causa da
mortalidade dos peixes de um lago seja devido à presença de determinada planta aquática.
Desta forma, solicita que as plantas sejam removidas do lago. Se a hipótese do pesquisador
estiver certa, a mortalidade dos peixes vai diminuir, se ela não diminuir, é porque a hipótese é
falsa ou insuficiente para chegar a uma conclusão.
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2 – Estrutura do Conhecimento Cientifico
2. 2 – Ciência e Construção – validade e Verificabilidade das Hipóteses

A Teoria de Popper
A Teoria de Karl Popper baseia-se na construção da ciência a partir do falsificacionismo, tendo em conta que:

 A observação é sempre seletiva – pré determina uma tarefa, um interesse, um produto. O cientista é
influenciado pelos seus interesses, pelo problema que investiga, das suas teorias…
A teoria precede a observação e influencia a hipótese.

 De enunciados singulares infere enunciados universais – por maior que seja o número de casos estudados,
estes nunca abarcam a totalidade dos casos. Assim, não se pode justificar uma teoria com base em
conclusões mais gerais do que as premissas.

 Principio de demarcação da perspetiva anterior – O que se procura não é a verificabilidade de um sistema


(hipótese), mas a falsificabilidade.
O critério de cientificidade (separar o que é ciência do que não o é), assenta no facto de a ciência poder ser
testada, refutada e falsificada.

 A melhor teoria – A que apresenta maior conteúdo empírico (executou maior número de experimentações),
a que obteve mais dados, porque testou e/ou refutou mais matéria.
A que permite obter mais situações que podem ser falsificadas pela experiência.
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2 – Estrutura do Conhecimento Cientifico
2. 2 – Ciência e Construção – validade e Verificabilidade das Hipóteses

A Teoria de Popper
A Teoria de Karl Popper baseia-se na construção da ciência a partir do falsificacionismo, tendo em conta que:
 Papel do cientista – Elaborar teorias e coloca-las à prova. Partindo de uma ideia nova – facto-problema,
formula hipótese (proposta universal) ou soluções antecipadas.

 Papel do cientista – Deduz consequências possíveis, da hipótese elaborada, submetendo-as às aplicações


empíricas.

 Papel do cientista – Como conclusão temos:


a) Não se confirma a previsão – a teoria é falsificada e abandonada então temos a
falsificação/refutação.
b) Confirma-se a previsão – a teoria mantem-se, apenas e só como conjetura, assim
temos que a teoria foi corroborada.

 Facto – problema – Ponto de partida, ideia nova.


 Hipótese– Proposta universal de resposta
 Dedução de consequências – Conjunto de possibilidades aferidas a partir da hipótese
 Refutação – Teoria rejeitada
 Corroborada – Teoria aceite como conjetura (provisoriamente)
 Conjetura – Teoria aceite como aproximação à verdade (não como verdade definitiva)
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2 – Estrutura do Conhecimento Cientifico
2. 2 – Ciência e Construção – validade e Verificabilidade das Hipóteses

RACIONALIDADE CIENTÍFICA
* O Conhecimento Científico é Preciso e Rigoroso:
 Mediante os Processos Metodológicos;
 A sua Linguagem Específica;
 A sua Eficácia Predicativa ( predizer, prever, capacidade de prever e controlar os
processos naturais).

* A Racionalidade científica:
 Conjunto de modos de interpretar, explicar e compreender a realidade.

 Obedece a uma metodologia, é sistemática e procura a objetividade.

 São os procedimentos Padronizados e Repetíveis que permitem a objetividade, e é


esta que leva a que o conhecimento seja partilhado pela comunidade científica.
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2 – Estrutura do Conhecimento Cientifico
2. 2 – Ciência e Construção – validade e Verificabilidade das Hipóteses

RACIONALIDADE CIENTÍFICA
* A realidade muda:
 Nunca estamos na posse de todos os dados, descobrimos novas realidades com
melhores instrumentos.
 Novos dados contrariam e tornam ultrapassadas as teorias a que se chegou, tendo
que ser reformuladas.
 O ser humano altera a forma como olha o mundo, porque aquele é uma construção
permanente.
OBJETIVIDADE CIENTÍFICA
 Na perspetiva de Popper o Conhecimento Científico evolui em direção à verdade.

 A verdade é o Regulador, a meta a atingir, pelo que uma teoria é a aproximação


aquilo que o mundo é.
 A objetividade do Conhecimento Científico alcança-se progressivamente usando um
método rigoroso que procura falsificar as teorias.
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O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA


2 – Estrutura do Conhecimento Cientifico
2. 2 – Ciência e Construção – validade e Verificabilidade das Hipóteses

RACIONALIDADE CIENTÍFICA
A Perspetiva de Kuhn
a) Ciência normal – Investigação – Realizações científicas – Comunidade científica – Base
do trabalho.
- A Ciência dita normal está relacionada com a investigação efetuada pela comunidade
científica no passado e aceite por ela como base de todo o trabalho.
b) Ciência normal – Paradigmas partilhados – Regras e critérios – Práticas cientificas –
Comprometimento – Consenso.
- A Ciência normal parte de paradigmas comuns e, consequentemente, seguem as mesmas
regras e critérios e práticas científicas. Há, por parte da comunidade científica, uma
consenso, em que todos se comprometem a “entender” a ciência da mesma forma,
aceitando-a como “normal”.
c) Ciência normal – Novos tipos de fenómenos – Cientistas – Novas teorias – Intolerantes –
Investigação científica – Clarificação de fenómenos.
- A Ciência normal mantém-se num conjunto de certezas aceites por todos, inviabilizando o
aparecimento de fenómenos novos. Os cientistas reagem, negativamente, ao aparecimento
de novas teorias. A sua intolerância leva a que prefiram direcionar a investigação científica
para clarificar teorias já existentes.
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2 – Estrutura do Conhecimento Cientifico
2. 2 – Ciência e Construção – validade e Verificabilidade das Hipóteses

RACIONALIDADE CIENTÍFICA
A Perspetiva de Kuhn
- Anomalia;
 A partir de uma situação normal, de um problema normal, surge uma peça que não
funciona, contrariando as expectativas criadas.
 É um enigma que surge no decurso da ciência normal, é um problema que surge e para o
qual não há explicação.
- Crise;
 Quando as anomalias sucedem a um ritmo que não permitem que a comunidade científica
as corrija ou explique.
 Surge a contestação ao paradigma existente e, consequentemente a exigência de novas
investigações e explicações.
- Ciência Extraordinária;
 Para tentar responder aos novos desafios (crise), os cientistas iniciam investigações
extraordinárias.
 Estas investigações levam a um conjunto de convicções que, por sua vez, dão azo a uma
nova prática científica.
 Surge um período de ciência extraordinária, num contexto de crise.
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2 – Estrutura do Conhecimento Cientifico
2. 2 – Ciência e Construção – validade e Verificabilidade das Hipóteses

RACIONALIDADE CIENTÍFICA
A Perspetiva de Kuhn
- Revolução Científica.
 Fim das crises:
• A ciência normal resolve o problema criado pela crise;
• O problema é referenciado e colocado numa situação de espera, para ser resolvido por
futuras gerações;
• A necessidade de estabelecer um novo paradigma, com as implicações inerentes (novas
investigações, novas convicções, ciência extraordinária)

 Esta última solução assinala uma rutura radical com o paradigma antigo, revela uma
descontinuidade, consequentemente uma revolução científica.

 Não há uma processo cumulativo, mas antes de uma rutura e uma reconstrução com bases
em fundamentos novos.

 Este novos episódios designam-se de Revoluções Científicas.


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O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA


2 – Estrutura do Conhecimento Cientifico
2. 2 – Ciência e Construção – validade e Verificabilidade das Hipóteses

RACIONALIDADE CIENTÍFICA
A Perspetiva de Kuhn
- Incomensurabilidade dos Paradigmas.
 Desenvolvimento das ciências = competição entre visões distintas relativamente à
natureza. O que está em causa é a incomensurabilidade entre as diferentes formas de ver
o mundo e de prática científica.

 Daqui resultam paradigmas que dizem coisas diferentes, sobre o universos, a população e
o seu comportamento.

 Mas, os paradigmas não diferem só sobre a substância (natureza), mas também sobre a
reflexão acerca da ciência.

 Um novo paradigma implica uma nova reflexão e definição da ciência, assim sendo, a
ciência normal torna-se incompatível e incomensurável (não comparável).

 «O novo modo de olhar»: O paradigma enforma o nosso olhar.


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O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA


2 – Estrutura do Conhecimento Cientifico
2. 2 – Ciência e Construção – validade e Verificabilidade das Hipóteses

RACIONALIDADE CIENTÍFICA
A Perspetiva de Kuhn
- A Objetividade do Conhecimento.
 Uma nova teoria surge como sendo melhor do que as anteriores, porque resolve enigmas
e representa melhor a realidade.
 Uma teoria que se sucede a outra é tida como estando mais próxima da verdade.
 Kuhn rejeita a ideia de que uma nova teoria seja melhor do que outra, porque representa
mais fielmente a realidade.
 Rejeita a ideia de que os paradigmas se vão aperfeiçoando e assim se vão aproximando
cada vez mais da verdade.
 A defesa do caminho em direção à verdade, apenas revela juízos epistemológicos e não
ontológicos. Isto é, são juízos sobre a as ciências, mas não sobre o conhecimento da
realidade.
 O progresso do ponto de vista dos instrumentos, não implica um processo linear de
aproximação à verdade.
 O conhecimento não é objetivo porque é sempre influenciado pelas crenças e pelos
valores dos investigadores.

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