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DIREITO DE FAMÍLIA

CONCEITO

LATO SENSU – o vocábulo FAMÍLIA abrange todas as pessoas ligadas por vínculo de
sangue e que procedem, portanto, de um tronco ancestral comum, bem como as unidas
pela afinidade e pela adoção.

As leis em geral referem-se à família como um núcleo mais restrito, constituído pelos
pais e sua prole, embora esta não seja essencial à sua configuração.

PEQUENA FAMÍLIA – denominado assim pois o grupo é reduzido no seu núcleo


social: pai, mãe e filhos, correspondendo ao que os romanos demoninava DOMUS.

Trata-se de instituição jurídica e social, resultante de casamento ou união estável,


formada por duas pessoas de sexo diferentes com a intenção de estabelecerem uma
comunhão de vidas e, de terem filhos a quem possam transmitir o seu nome e seu
patrimônio.

Identificam-se na sociedade conjugal estabelecida pelo casamento 3 ordens de vínculos:

- conjugal
- parentes
- afinidade

contrapõem-se aos direitos patrimoniais, por não terem valor pecuniário.

São caracterizados pelo fim ÉTICO E SOCIAL.

Podem os direitos de família, todavia, ter um conteúdo patrimonial ( art 1694 CC –


alimentos ), e direitos reais ( art 1689 CC – usufruto dos bens dos filhos ).

Conforme a sua finalidade, ou o seu objetivo, as normas do direito de família ora


regulam as RELAÇÕES PESSOAIS entres os cônjuges, ou entre os ascendentes e os
descendentes ou entre parentes fora da linha reta;

Ora disciplinam as RELAÇÕES PATRIMONIAIS que se desenvolvem no seio da


família, compreendendo as que se passam entre cônjuges, entre pais e filhos, entre tutor
e pupilo;

E finalmente, assumem a direção das RELAÇÕES ASSISTENCIAIS, existentes dentro


da família.

PRINCIPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA

a) PRINCÍPIO DO RESPEITO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

Art 1º, III CF

Art 226 CF – e seu incisos dizem respeito a FAMÍLIA.


b) PRINCÍPIO DA IGUALDADE JURÍDICA DOS CÔNJUGES E DOS
COMPANHEIROS

Estabelecido no art 226, §5º CF – acaba com o poder marital e com o sistema de
encapsulamento da mulher, restrita a tarefas domésticas e à procriação. O
patriarcalismo, não se sobrepõe, com a época atual, em que grande parte dos avanços
tecnológicos e sociais estão diretamente vinculados às funções da mulher na família.

c) PRINCÍPIO DA IGUALDADE JURÍDICA DE TODOS OS FILHOS

Art 227, §6º CF – estabelece absoluta igualdade entre todos os filhos, não admitindo
mais a retrógrada distinção entre FILIAÇÃO LEGÍTIMA ou ILEGÍTIMA, segundo os
pais fossem casados ou não, e adotiva.

Hoje são todos apenas filhos e com igualdade de direitos e qualificações ( arts 1596 a
1629 CC ).

d) PRINCÍPIO DA PATERNIDADE RESPONSÁVEL E PLANEJAMENTO


FAMILIAR

Art 226, §7º CF – o planejamento familiar é livre decisão do casal, fundado nos
princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, regulamentado
pela Lei 9253/96 especialmente no assunto, poder público.

e) PRINCÍPIO DA COMUNHÃO PLENA DE VIDA BASEADA NA AFEIÇÃO

Art 1511 CC – tem relação com o aspecto espiritual do casamento e com o


companheirismo que nele deve existir.

Esse princípio é reforçado pelo art 1513 CC que veda a qualquer pessoa jurídica, seja
ela de direito privado ou público, a interferência na comunhão de vida instituída pela
família.

f) PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE CONSTITUIR UMA COMUNHÃO DE


VIDA FAMILIAR

Art 1513 CC - Seja pelo casamento, ou pela união-estável, sem qualquer imposição ou
restrição de pessoa jurídica de direito público ou privado, tal princípio abrange também
a livre decisão do casal no planejamento familiar Art. 1565 CC, assim como os arts
1634, 1639, 1642 e 1643 CC.

NATUREZA JURÍDICA

É de ordem PERSONALÍSSIMA, pois são direitos irrenunciáveis e intransmissíveis por


herança. Ex: ninguém pode renunciar a sua condição de filho.

È DIREITO SOCIAL, pois diz respeito a base maior que é a família.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DE FAMÍLIA


No direito romano a família era organizada sob o princípio da autoridade.

O PATER FAMÍLIAS exercia sobre os filhos direito de vida e de morte ( IUS VITAE
AC NECIS ).

Podia, vendê-los, impor-lhes castigos e penas corporais e até mesmo tirar-lhes a vida.

A mulher era totalmente subordinada à autoridade marital e podia ser repudiada por ato
unilateral do marido.

Durante a IDADE MÉDIA, as relações de família regiam-se exclusivamente pelo


direito canônico, sendo o casamento religioso o único conhecido.

As ordenações FILIPINAS foram a principal fonte e traziam a forte influência do


aludido direito, que atingiu o direito pátrio.

Só recentemente, em função das grandes transformações históricas, culturais e sociais, o


direito de família passou a seguir rumos próprios, com as adaptações à nossa realidade,
perdendo aquele caráter canonista e dogmático intocável.

DO CASAMENTO

Para WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO – casamento é a “união permanente


entre o homem e a mulher, de acordo com a lei, a fim de se reproduzirem, de se
ajudarem mutuamente e de criarem os seus filhos”.

NATUREZA JURÍDICA

Não há um consenso, na doutrina, a respeito da natureza jurídica do casamento.

Para a CONCEPÇÃO CLÁSSICA – o casamento era um contrato, cuja validade e


eficácia decorreriam exclusivamente da vontade das partes.

Para a CONCEPÇÃO ISNTITUCIONALISTA – entende que o que prevalece no


casamento é o caráter institucional, sendo, o casamento, uma instituição social, no
sentido de que reflete uma situação jurídica cujos parâmetros se acham preestabelecidos
pelo legislador.

CONCEPÇÃO ECLÉTICA – considera o casamento ato complexo, ao mesmo tempo


contrato e instituição. Trata-se de um contrato especial, um contrato de direito de
família.

CARACTERES DO CASAMENTO

a) É ATO EMINENTEMENTE SOLENE

O casamento e o testamento constituem os dois atos mais repletos de formalidades do


direito civil, devido à sua reconhecida importância. Destinam-se elas a dar maior
segurança aos referidos atos, para garantir a sua validade e enfatizar a sua seriedade.
Art 1535 CC – palavras sacramentais

Sem essas formalidades, o ato torna-se INEXISTENTE.

b) AS NORMAS QUE OS REGULAM SÃO DE ORDEM PÚBLICA

( IPSO FACTO ) não podem ser derrogadas por convenções particulares. O casamento é
constituído de um conjunto de normas imperativas, cujo objetivo consiste em dar à
família uma organização social moral compatível com as aspirações do Estado e a
natureza permanente do homem.

c) ESTABELECE COMUNHÃO PLENA DE VIDA COM BASE NA


IGUALDADE DE DIREITOS E DEVERES DOS CÔNJUGES ( art 1511 CC ).

Art 1566 CC – FIDELIDADE RECÍPROCA.

A aludida comunhão está ligada ao principio da igualdade substancial, que pressupõe o


respeito à diferença entre os cônjuges e a conseqüente preservação da dignidade das
pessoas casadas.

d) REPRESENTA UNIÃO PERMANENTE

Dividem-se nesse ponto os sistemas jurídicos. Predominam atualmente os que


consagram a sua dissolubilidade, admitindo o divórcio. ( arts 1571 a 1582 CC ).

e) EXIGE DIVERSIDADE DE SEXOS

A diferença de sexos constitui requisito natural do casamento, a ponto de serem


consideradas INEXISTENTES as uniões entre HOMOSSEXUAIS.

f) NÃO COMPORTA TERMO OU CONDIÇÃO

Constitui, assim, negócio jurídico puro e simples.

g) PERMITE LIBERDADE DE ESCOLHA DO NUBENTE

Cabe exclusivamente aos consortes manifestar a sua vontade, pessoalmente ou por


procurador com poderes especiais ( art 1542 CC ).

FINALIDADES DO CASAMENTO

São múltiplas as finalidades do casamento e variam conforme a visão filosófica,


sociológica, jurídica ou religiosa como são encaradas.

Segundo a concepção CANÔNICA o fim principal do matrimônio consiste na


procriação e educação da prole; e o secundário, na mútua assistência e satisfação sexual.
Assim, segundo a consciência religiosa, não resta dúvida ser a AFFECTIO
MARITALIS, ou o amor que une um homem e uma mulher, no qual se converte a
atração sexual inicial, e a pretensão a dum direcionamento comum na vida, os motivos
ou finalidades principais do casamento.

DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO

A lei considera relevante que o consentimento dos nubentes obedeça a certas


solenidades, não só para que seja manifestado livremente, como também para facilitar a
prova do ato.

As formalidades preliminares dizem respeito ao processo de habilitação, que se


desenvolve perante o OFICIAL DO REGISTRO CIVIL ( ART 1526 CC ).

INCAPACIDADE PARA O CASAMENTO – significa a inaptidão do indivíduo para


casar com quem que seja, como sucede no caso do menor de 16 anos, da pessoa privada
do necessário discernimento e da já casada.

O IMPEDIMENTO todavia, se funda na idéia de FALTA DE LEGITIMAÇÃO.

Ex: impedimento decorrente de parentesco.

IMPEDIMENTO ABSOLUTO – casos considerados de incapacidade, ou seja, os que


impedem o casamento de uma pessoa com qualquer outra.

IMPEDIMENTO RELATIVO – casos em que impedem o casamento com determinadas


pessoas.

O código civil trata da INCAPACIDADE nos arts 1517 a 1520 CC.

Fixando em 16 anos a idade mínima, denominada IDADE NÚBIL tanto para o homem
quanto para a mulher.

Dos IMPEDIMENTOS tratado nos arts 1521 e 1522 CC.

Das CAUSAS SUSPENSIVAS – arts 1523 e 1524 CC.

REQUISITOS GERAIS E ESPECÍFICOS

Não há uma perfeita coincidência entre a capacidade genérica para os atos da vida civil
e a capacidade específica para o casamento.

As vezes a lei reconhece habilitação aos noivos para o casamento, embora lhes falta a
capacidade plena.

A aptidão para o casamento decorre, portanto, do preenchimento de condições


fisiológicas que caracterizam a puberdade, com o desenvolvimentos dos órgãos e
glândulas que permitem procriar e que varia de indivíduo a indivíduo, bem como a
existência das condições psíquicas determinadas pelo discernimento adquirido com a
maturidade e a vivência.
Art -1517 CC – idade para o casamento

Art - 1519 – suprimento do consentimento

Art – 1520 – autorização excepcional para o casamento

REQUISITOS:

- idade núbil
- capacidade mental ( absolutamente capaz )
- impedimentos previstos na lei

TURBATIO SANGUINIS = PATERNIDADE

SUPRIMENTO JUDICIAL DE IDADE ( art 1520 CC )

A prática de crime contra os costumes contra o menor ou a menor, ou o estado de


gravidez, constituem as condições para o requerimento do suprimento judicial de idade.

As infrações penais que o admitem, são aquelas em que o casamento é causa da


extinção da punibilidade, como os crimes de sedução, estupro e corrupção de menor e
outros.

Mesmo que o noivo tenha idade inferior a 16 anos, admite-se o suprimento de idade,
dele somente ou de ambos, embora não esteja sujeito às penas do CP.

Só não se admite o suprimento de idade do noivo menor de 16 anos quando a noiva já


atingiu ou ultrapassou a idade de 18 anos, se por esse motivo o fato for atípico.

O suprimento de idade NÃO dispensa o consentimento dos pais. Eventual denegação


deve ser analisada do ponto de vista do interesse do filho, tendo em vista que a
possibilidade de sofrer pena privativa de liberdade não pode ficar na dependência da
vontade paterna.

SUPRIMENTO JUDICIAL DO CONSENTIMENTO DOS REPRESENTANTES


LEGAIS ( art 1519 CC ).

O código não especifica os casos em que a denegação do consentimento deve ser


considerada injusta. A matéria está entregue ao prudente critério do juiz, que verificará
se a recusa paterna se funda em mero capricho ou em razões plausíveis e justificadas.

Evidentemente não são aceitas razões fundadas em:

- preconceito racial ou religioso


- ciúmes despropositado
- razão menos nobre

Reputam-sejustos e fundados, os seguintes motivos:


- existência de impedimento legal
- grave risco à saúde do menor
- costumes desregrados, como embriaguez habitual e paixão imoderada pelo jogo
- falta de recursos para sustentar a família
- total recusa ou incapacidade para o trabalho
- maus antecedentes criminais, tais como condenação em crime grave

Arts 1103 e seguintes CC – procedimento para o suprimento judicial do consentimento


dos representantes legais.

O PROCEDIMENTO PARA HABILITAÇÃO ( art 1517 a 1520 CC )

Tem a finalidade de comprovar que os nubentes preenchem os requisitos que a lei


estabelece para o casamento.

Destina-se a medida preventiva a constatar a capacidade para a realização do ato, a


inexistência de impedimentos matrimoniais ( art 1521 CC ) ou de causa suspensiva ( art
1523 CC ) e a dar publicidade, por meio de editais, à pretensão manifestada pelos
noivos, convocando as pessoas que saibam de algum impedimento para que venham
opô-lo.

Não basta a presença dos requisitos gerais de validade do contratos, exige-se a


comprovação de outros pressupostos, alguns de ordem física e psíquica, outros de cunho
jurídico.

Requisito básico – diversidade de sexo, consentimento dos nubentes e a celebração na


forma da lei.

DOCUMENTOS NECESSÁRIOS

Art 1525 CC – os noivos devem requerer a instauração do referido processo no cartório


de seu domicílio.

Se domiciliados em municípios ou distritos diversos, processar-se-á o pedido perante o


CARTÓRIO DO REGISTRO CIVIL de qualquer deles, mas o edital será publicado em
ambos.

O oficial afixará os proclamas em lugar ostensivo de seu cartório e fará publicá-los pela
imprensa local, se houver.

Decorrido o prazo de 15 dias a contar da afixação do edital em cartório ( e não da


publicação na imprensa ), o oficial entregará aos nubentes certidão de que estão
habilitados a se casar dentro de 90 dias, sob pena de perda de sua eficácia.

Vencido esse prazo, que é de caducidade, será necessária nova habilitação, porque pode
ter surgido algum impedimento que inexistia antes da publicação dos proclamas.

CERTIDÃO DE NASCIMENTO OU DOCUMENTO EQUIVALENTE


Art 1525, segunda parte CC elenca os documentos que devem instruir o requerimento
da habilitação para o casamento.

- CERTIDÃO DE NASCIMENTO – destina-se a comprovar, em primeiro lugar, que os


nubentes atingiram a idade mínima para o casamento.

Art 1525, I CC - Os que ainda não completaram 16 anos de idade poderão, no entanto,
casar-se para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal, em crime contra os
costumes ou em caso de gravidez ( art 1520 CC ) requerendo ao juiz o suprimento de
idade.

Não há limite de idade para o casamento de PESSOAS IDOSAS.

AUTORIZAÇÃO DAS PESSOAS SOB CUJA DEPENDÊNCIA LEGAL


ESTIVEREM, OU ATO JUDICIAL QUE A SUPRA.

Art 1525, II CC – se os nubentes não atingiram os 18 anos de idade, deverão apresentar


a autorização, por escrito, dos pais ou tutores, ou prova do ato judicial que a supra ou da
emancipação.

A falta de autorização dos pais e representantes legais acarretará a ANULABILIDADE


do casamento ( art 1550., II e IV CC ).

Se o marido se encontra desaparecido há vários anos, pode a mulher, justificando


judicialmente o fato por testemunhas, ser autorizada a, sozinha, dar validamente o
consentimento.

Art 1631, p.ú CC – é aplicado em caso de divergência dos pais.

O PRÓDIGO – não figura no rol das pessoas que não podem casar, nem o seu estado
constitui causa suspensiva ou de anulabilidade do casamento, mesmo porque a sua
interdição acarreta apenas incapacidade para cuidar de seus bens.

Mas hoje, está claro que o pródigo interdito, não pode casar sem o consentimento de seu
curador.

O SURDO-MUDO, somente poderá casar validamente se receber educação adequada,


que o habilite a enunciar a sua vontade.

Art 1518 CC – podem os pais, tutores e curadores, até a celebração do casamento,


revogarem a sua autorização, no caso de surgir algum fato novo que acabe impedindo o
casamento.

O casamento de MILITARES está sujeito a licença de seus superiores.

Os FUNCIONÁRIOS DIPLOMÁTICOS e CONSULARES igualmente dependem de


autorização para casar.
DECLARAÇÃO DE DUAS PESSOAS MAIORES, PARENTES OU NÃO, QUE
ATESTEM CONHECER OS NUBENTES E AFIRMEM NÃO EXISTIR
IMPEDIMENTO.

A apresentação de tal documento tem por finalidade completar e ratificar a identificação


dos contraentes e reforçar a prova da inexistência de impedimentos para a realização do
casamento.

O fato de constar do processo de habilitação a aludida declaração não obsta à oposição


de eventual impedimento, na forma da lei.

DECLARAÇÃO DO ESTADO CIVIL, DO DOMICÍLIO E DA RESIDÊNCIA DOS


CONTRAENTES E DE SEUS PAIS, SE FOREM CONHECIDOS.

O documento, que recebe a denominação de MEMORIAL, destina-se a uma perfeita


identificação dos nubentes e deve ser assinado por eles. A declaração esclarecerá se os
nubentes são maiores ou menores, solteiros, viúvos ou divorciados, devendo os viúvos
informar se há filhos do primeiro casamento e os divorciados exibir certidão do registro
de sentença.

CERTIDÃO DE ÓBITO DO CÔNJUGE FALECIDO, DA ANULAÇÃO DO


CASAMENTO ANTERIOR OU DO REGISTRO DA SENTENÇA DE DIVÓRCIO.

O VIÚVO deve provar o seu estado com a certidão de óbito co cônjuge falecido. A
exigência tem por objetivo evitar o casamento de pessoas já casadas, com infração do
impedimento dirimente no art 1521, VI CC.

Se o assento do óbito, entretanto, não foi lavrado porque o corpo desapareceu em


naufrágio, inundação,incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, ou o falecido
estava em perigo de vida e é extremamente provável a sua morte, tal certidão deve ser
SUBSTITUIDA por SENTENÇA obtida em declaração da morte presumida, sem
decretação de ausência ( art 7º CC )

DOS IMPEDIMENTOS

Para que o casamento tenha existência jurídica, é necessária a presença dos elementos
denominados essenciais:

- diferença de sexo
- consentimento e celebração na forma da lei.

Para que seja válido e regular, deve preencher outras condições.

IMPEDIMENTOS – são circunstâncias que impossibilitam a realização de determinado


matrimônio. ( falta de legitimação ). Sendo elencados no art 1521 e incisos CC.

INCAPAZ – não pode casar-se com nenhuma pessoa, porque há um obstáculo


intransponível. Ex: menor de 8 anos de idade.
O código civil de 2002 considera impedimentos apenas os dirimentes ABSOLUTOS, ou
seja, os que visam evitar uniões que possam, de algum modo, ameaçar a ordem pública,
resultantes de circunstâncias ou fatos impossíveis de serem supridos ou sanados.

Art 1550, III e IV – ANULAÇÃO DO CASAMENTO

Art 1548, I – NULO O CASAMENTO

IIMPEDIMENTOS RESULTANTES DO PARENTESCO ( CONSANGUINIDADE,


AFINIDADE E ADOÇÃO ).

A CONSANGUINIDADE

Art 1521, I CC – a proibição do casamento de ascendentes e descendentes abrange


todos os parentes em linha reta IN INFINITUM, ou seja, sem limitação de graus.

As relações sexuais entre os parentes por consangüinidade caracterizam o INCESTO,


que sempre foi combatido, mesmo entre os povos de pouca cultura. Somente no estágio
primitivo dos grupos sociais eram comuns uniões envolvendo pais, filhos, irmãos etc.

O impedimento resultante do parentesco civil, existente entre adotante e adotado ( art


1593 CC ), é justificado pelo fato de a adoção imitar a família.

Os IRMÃOS são parentes colaterais em segundo grau porque descendem de um tronco


comum, e não um do outro, e porque a contagem é feita subindo de um deles até o
tronco comum ( um grau ) e descendo pela outra linha até encontrar o outro irmão
( mais um grau ).

Os impedimentos alcançam os irmãos havidos ou não de casamento, sejam unilaterais


ou bilaterais, que tem o mesmo pai e a mesma mãe denominados GERMANOS.

IRMÃOS por parte de mãe dá-se o nome de UTERINOS

IRMÃOS por parte de pai dá-se o nome de CONSANGUÍNEOS.

TIOS E SOBRINHOS são colaterais de terceiro grau, impedidos de casar.

Perde o impedimento para o casamento entre colaterais de terceiro grau o caráter


absoluto, uma vez que é válido o casamento entre tios e sobrinhos que se submeterem a
exame pré-nupcial, atestando o laudo médico a ausência de riscos para a saúde da futura
descendência. ( art 1521 CC ).

A AFINIDADE

Art 1521, II CC –não podem casar os afins em linha reta.

Parentesco por afinidade é o que liga um cônjuge ou companheiro aos parentes do outro
( art 1595 CC ). A proibição refere-se apenas à linha reta.
Dissolvido o casamento ou a união estável que deu origem ao aludido parentesco, o
viúvo não pode casar-se com a enteada, nem com a sogra, porque a afinidade em linha
reta não se extingue com a dissolução do casamento que a originou ( art 1595, §2º CC ).

A afinidade na linha colateral não constitui empecilho ao casamento.

Assim, o cônjuge viúvo ou divorciado pode casar-se com a cunhada.

A afinidade, não vai além da pessoa do cônjuge. Ex: Um homem pode casar-se com a
enteada de seu irmão, ou com a sogra de seu filho.

São 2 fatores da afinidade para que se configure o impedimento:

- o parentesco e casamento
- companhereirismo

Significa dizer que, dissolvido um casamento ou união estável, não haverá afinidade
entre os ex-cônjuges ou ex-companheiros e os eventuais futuros parentes do outro
cônjuge ou companheiro, que não chegaram a ser parentes na constância do casamento
ou união estável.

Não se configura o impedimento para o casamento dos afins se a união que deu origem
à afinidade é declarada NULA ou venha a ANULAR-SE.

NULO = o casamento nunca existiu, em realidade.

ANULÁVEL = seu desfazimento pela sentença, como se nunca tivesse existido.

A ADOÇÃO

Art 1521, III CC – a razão da proibição é ordem moral, considerando o respeito e a


confiança que devem reinar no seio da família.

O pai adotivo ou a mãe adotiva, não pode casar-se com a viúva do filho adotivo ou com
o viúvo da filha adotiva.

A adoção é concedida por sentença constitutiva ( art 1623 p.u. CC ), sendo, portanto,
irretratável. O impedimento, em conseqüência, é perpétuo.

IMPEDIMENTO RESULTANTE DE CASAMENTO ANTERIOR

Art 1521, VI – não podem casar, ainda, “as pessoas casadas”. Procura-se assim,
combater a poligamia e prestigiar a monogamia, sistema que vigora nos países em que
domina a civilização cristã.

O impedimento só desaparece após a dissolução do anterior vínculo matrimonial pela


MORTE, INVALIDADE, DIVÓRCIO OU MORTE PRESUMIDA DOS AUSENTES (
art 1571, §1º CC ).
A infração do impedimento em apreço acarreta a NULIDADE do segundo casamento,
respondendo ainda o infrator pelo crime de BIGAMIA, punido com pena que varia de 2
a 6 anos de reclusão.

O casamento religioso de um ou de ambos os cônjuges, que ainda não foi registrado no


registro civil, NÃO constitui impedimento para a celebração do casamento civil, uma
vez que, na esfera jurídica, não é nulo nem anulável, mas sim INEXISTENTE.

Caso venha o primeiro casamento, em data posterior à da celebração do segundo


casamento, a ser declarado nulo ou anulado, sem que lhe reconheça o caráter putativo,
daí decorrerá, dada a eficácia retroativa da nulidade ou anulação do primeiro casamento,
ser válido o segundo casamento, por força de verdadeira REMOÇÃO DA CAUSA
ORIGINÁRIA DE INVALIDADE.

IMPEDIMENTO DECORRENTE DE CRIME

ART 1521, VII – abrange somente o homicídio doloso, como é da tradição de nosso
direito. Ademais, só existe tentativa de homicídio dolosa.

No homicídio culposo não há o intuito de eliminar um dos cônjuges para desposar o


outro e, por essa razão, não se justificaria punir o autor com a proibição.

A inspiração do impedimento, é portanto, de ordem moral.

A restrição alcança não só o autor do homicídio como também o mandante ou autor


intelectual, desde que condenado.

Em se tratando de união estável, as pessoas impedidas de se casar por fatores de crime,


também não o poderão na união. Art 1723, §1º CC.

DAS CAUSAS SUSPENSIVAS

São determinadas circunstâncias ou situações capazes de suspender a realização do


casamento, se argüidas tempestivamente pelas pessoas legitimadas a fazê-lo, mas que
não provocam, quando infringidas, a sua nulidade ou anulabilidade.

O casamento é considerado apenas IRREGULAR, tornando, porém, obrigatório o


regime da separação de bens ( art 1641, I CC ), com sanção imposta ao infrator.

As aludidas causas visam proteger interesse de TERCEIROS, em geral da prole


( herdeiros ) do leito anterior ( evitando a confusão de patrimônios e de sangue ), do ex-
cônjuge e da pessoa influenciada pelo abuso de confiança ou de autoridade exercido
pelo outro ( tutela e curatela ).

A oposição das causas suspensivas, deve ser feita no prazo de 15 dias da publicação dos
editais, para produzir o efeito de sustar a realização do casamento.

Se efetivada após esse prazo, não terá o condão de obstá-lo, embora sujeite os cônjuges
ao regime da SEPARAÇÃO DOS BENS E DOS IMÓVEIS destes a HIPOTECA
LEGAL.
CONFUSÃO DE PATRIMÔNIOS

Art 1523, I CC – com a partilha, definem-se os bens que comporão o quinhão dos filhos
do casamento anterior, evitando a referida confusão.

O óbice à realização do casamento não desaparece com o fato de haver sido iniciado o
inventário. A lei exige mais: que haja partilha julgada por sentença, pois é ela que
define claramente o direito de cada um. É necessário assim, que se homologue a
partilha, promovendo-se a separação dos patrimônios.

DIVÓRCIO

Art 1523, III CC – procura-se evitar controvérsia a respeito dos bens comuns na
hipótese de novo casamento de um dos divorciados, em face do regime de bens adotado.

A inovação tem o propósito de evitar a confusão entre o patrimônio da antiga e da nova


sociedade conjugal. O divorciado por via direta, pela fruição do lapso temporal de
separação de fato, ficará sujeito à causa suspensiva para novo casamento, enquanto
pendente a partilha dos bens do casal.

CONFUSÃO DE SANGUE ( TURBATIO SANGUINIS )

ART 1523, II CC – trata-se de causa suspensiva que se impõe somente à mulher. O


objetivo é evitar dúvida sobre a paternidade ( turbatio sanguinis ), que fatalmente
ocorreria, considerando-se que se presumiria filho do falecido aquele que nascesse até
“trezentos dias” da data do óbito ou da sentença anulatória ou que declare nulo o
casamento.

Art 1523, p.ú. CC – não subsiste a proibição se a nubente provar “nascimento de filho,
ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo”.

Deve-se admitir também a inexistencia da mencionada restrição se houver ABORTO ou


se a GRAVIDEZ for evidente quando da viuvez ou da anulação do casamento.

A sanção ao infrator é a mesma prevista para todas as causas SUSPENSIVAS, qual


seja, a imposição da separação de bens no casamento. ( art 1641, I CC ).

TUTELA E CURATELA

Art 1523, IV CC – trata-se de causa suspensiva destinada a afastar a coação moral que
possa ser exercida por pessoa que tem ascendência e autoridade sobre o ânimo do
incapaz.

O TUTOR – é o representante legal do incapaz menor.

O CURADOR – é o representante legal do incapaz maior.

A lei restringe a liberdade do tutor e curador se casarem com seus tutelados e


curatelados enquanto não cessada a tutela ou curatela e não houverem saldado as
respectivas contas.
A finalidade, é a proteção do patrimônio do incapaz.

Cessa a causa suspensiva com a extinção da tutela ou curatela e com a aprovação das
contas pelo juízo competente.

A lei não proíbe que o tutor se case com o curador e vice-versa.

DA OPOSIÇÃO DOS IMPEDIMENTOS E DAS CAUSAS SUSPENSIVAS

É a comunicação escrita feita por pessoa legitimada, antes da celebração do casamento,


ao oficial do registro civil perante quem se processa a habilitação, ou ao juiz que preside
a solenidade, sobre a existência de um dos empecilhos mencionados na lei.

PESSOAS LEGITIMADAS

Art 1522 CC – qualquer pessoa capaz até o momento da celebração do casamento.

A sociedade tem interesse em que não se realize o casamento de pessoas entre quais
vigora o impedimento.

A oposição prescinde de provocação, pois o juiz, ou o oficial de registro, que tenha


conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo EX
OFFÍCIO.

O CC de 2002 não prevê pena de multa para o oficial do registro e o juiz, por não
declararem de ofício os impedimentos que conhecerem.

MOMENTO DA OPOSIÇÃO DOS IMPEDIMENTOS

Art 1522 CC – podem ser opostos por qualquer pessoa capaz, em qualquer fase do
processo de habilitação e até o momento da celebração do casamento.

A PUBLICIDADE proporcionada pelos proclamas tem exatamente a finalidade de dar


conhecimento geral da pretensão dos noivos de se unirem pelo matrimônio, par que
qualquer pessoa capaz possa informar o oficial do cartório ou o celebrante do casamento
da existência de algum empecilho legal.

FORMA DE OPOSIÇÃO

Para evitar que a oposição de impedimentos se transforme em estímulo às imputações


levianas e caluniosas, encoraje paixões incontidas ou disfarce despeitos inconfessáveis,
torna-se necessária a observância rigorosa da forma de oposição dos impedimentos.

Não se admite oposição ANÔNIMA.

Art 1529 CC – formas de oposição de impedimentos.

Art 1530 CC – dar conhecimento aos nubentes da oposição


Art 1530, p.ú. CC – direito assegurado aos nubentes de promover ações contra o
oponente de má fé.

DA OPOSIÇÃO DAS CAUSAS SUSPENSIVAS

São circunstâncias ou situações capazes de suspender a realização do casamento,


quando opostas tempestivamente, mas que não provocam, quando infringidas, a sua
nulidade ou anulabilidade.

O CC 2002 estipula que o divorciado não deve casar-se enquanto não houver sido
homologada ou decidida a partilha dos bens do anterior casamento.

PESSOAS LEGITIIMADAS

Art 1524 CC enumera as pessoas que podem argüir as causas suspensivas.

Diferentemente do que sucede com os impedimentos, que podem ser apresentados por
qualquer pessoa capaz, é restrito o elenco de pessoas que podem articular as causas
suspensivas.

São causas que interessam somente a família, diferentemente dos impedimentos, que
são causas de ordem pública.

Podem deixar de ser aplicadas pelo juiz, provando-se a inexistência de prejuízo para as
pessoas que a lei visa proteger ( art 1523, p.ú. CC ).

MOMENTO DA OPOSIÇÃO DAS CAUSAS SUSPENSIVAS

Devem ser articuladas no CURSO DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO, até o decurso


do prazo de 15 dias da publicação dos proclamas.

A suspensão do casamento só tem lugar, assim, se a causa que a admite é oposta


tempestivamente por algum dos legitimados, ou seja, dentro do prazo de 15 dias da
publicação dos editais. Se o casamento se realizar a despeito da causa suspensiva, será
válido, mas os nubentes sofrerão as sanções de separação de bens.

FORMA DE OPOSIÇÃO

Art 1529 CC – formas de oposição das causas suspensivas.

Incumbe ao oficial dar ciência da impugnação aos nubentes, fornecendo inclusive o


nome de quem a apresentou ( art 1530 CC ).

Ao nubentes é permitido requerer a concessão de prazo razoável para fazer prova


contrária aos fatos alegados.

DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO

As pessoas unem-se em uma família em razão do VÍNCULO CONJUGAL ou UNIÃO


ESTÁVEL, de parentesco por consangüinidade ou outra origem, e da afinidade.
PARENTESCO – é a relação que vincula entre si pessoas que descendem uma das
outras, ou de autor comum ( consangüíneo ),que aproxima cada um dos cônjuges dos
parentes do outro ( afinidade ) ou que se estabelece por FICTIO IURIS, entre o adotado
e o adotante.

Em sentido estrito, a palavra abrange somente o CONSANGUÍNEO, definido de forma


mais correta como a relação que vincula entre si pessoas que descendem uma das
outras, ou de um mesmo tronco.

AFINIDADE – é o vínculo que se estabelece entre um dos cônjuges ou companheiro e


os parentes do outro ( sogro, genro, cunahdo etc ). A relação tem os seus limites
traçados na lei e não ultrapassa esse plano, pois que não são entre si parentes ou afins de
afins.

Art 1593 CC – parentesco

Art 227, §7 CF – atribuiu os filhos adotivos os mesmos direitos e deveres oriundos da


filiação biológica.

O VÍNCULO DE PARENTESCO: LINHAS E GRAUS

O vínculo de parentesco estabelece-se por LINHAS: RETA E COLATERAL, e a


contagem faz-se por GRAUS.

ART 1591 CC – parentes em linha reta são as pessoas que descendem uma das outras.

PAI

FILHO

A linha reta é ASCENDENTE quando se sobe de determinada pessoa para os seus


antepassados. Toda pessoa, sob o prisma de sua ascendência, tem duas linhas de
parentesco: A LINHA PATERNA E A MATERNA.

A linha reta é DESCENDENTE quando se desce dessa pessoa para os seus


descendentes.

Na linha reta não há limite, pois a contagem do parentesco é AD INFINITUM.

São parentes em linha COLATERAL, TRANSVERSAL OU OBLÍQUA as pessoas que


provêm de um tronco comum “sem descenderem uma da outra”. É o caso de irmão,tios,
sobrinhos e primos.
Na colateral, este estende-se somente até o “quarto grau”. Art 1592 CC.

Dentre os efeitos do parentesco colateral, assinala-se o que acarreta, até o “terceiro


grau” inclusive, impedimento para o casamento ( art 1521, IV CC ).

GERAÇÃO – é a relação existente entre o genitor e o gerado. Assim, pai e filho são
parentes em linha reta em primeiro grau.

Já avô e neto são parentes sem segundo grau, porque entre eles há duas gerações.

AVO
2º grau 3º grau
PAI FILHO

1ºgrau 4º grau

FILHO

Na linha colateral a contagem faz-se também pelo número de gerações. Parte-se de um


parente situado em uma das linhas, subindo-se, contando as gerações, até o tronco
comum, e descendo pela outra linha, continuando a contagem das gerações ( art 1594
CC ).

O parentesco mais próximo na linha colateral é o de “segundo grau”, existente entre


irmãos.

A linha colateral pode ser:

IGUAL – como no caso de irmãos, porque a distância que os separa do tronco comum,
em número de gerações, é a mesma.

DESIGUAL – como no caso de tio e sobrinho, porque este se encontra separado do


tronco comum por duas gerações e aquele por apenas uma.

Pode ser também:

DÚPLICE OU DUPLICADA – como no caso de dois irmãos que se casam com duas
irmãs. Neste caso, os filhos que nascerem dos dois casais serão parentes colaterais em
linha duplicada.

ESPÉCIES DE PARENTESCO

Art 1596 c/c 227,§6º CC – os filhos não podem ser chamados de LEGÍTIMOS,
ILEGÍTIMOS OU ADOTIVOS, a não ser em doutrina.

Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união


estável ( art 1595, §2º CC ). Desse modo, rompido o vínculo matrimonial permanecem
o sobro ou a sobra, genro ou nora ligados pelas relações de afinidade.
Na linha colateral, contudo, a morte ou o divórcio de um dos cônjuges ou companheiros
faz desaparecer a afinidade. Como o impedimento matrimonial refere-se apenas à linha
reta, nada impede, assim, o casamento do viúvo ou divorciado com a cunhada.

DA UNIÃO ESTÁVEL E DO CONCUBINATO

UNIÃO ESTÁVEL – art 1723 CC – é reconhecida como entidade familiar a união


estável entre homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e
duradoura e estabelecida como o objetivo de constituição de família.

CONCUBINATO – relacionamento amoroso envolvendo pessoas casadas,que


infringem o dever de fidelidade, também conhecido como adulterino. Art 1727 CC.

Art 1723 CC – não é o tempo, com determinação de número de anos que deverá
caracterizar uma relação como união estável, mas outros elementos expressamente
mencionados “convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo
de constituição de família”.

Art 1723, §1ºCC – é admitida a união estável entre pessoas que mantiveram seu estado
civil de casadas, estando, porém, separadas de fato.

Art 1724 CC – obrigação recíproca dos conviventes.

Art 1725 CC – refere-se aos efeitos patrimoniais

Art 1726 CC –conversão da união estável em casamento.

REQUISITOS PARA A CONFIGURAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL

Uma das características da união estável é a AUSÊNCIA DE FORMALISMO para a


sua constituição. Enquanto o casamento é precedido de um processo de habilitação, com
publicação do proclamas e de inúmeras outras formalidades, a união estável, ao
contrário, independe de qualquer solenidade, bastando o fato da vida em comum.

Vários são os requisitos ou pressupostos para a configuração da união estável,


desdobrando-se em SUBJETIVOS E OBJETIVOS.

SUBJETIVOS

- convivência ( more uxório ), assistência material, moral e espiritual.


- affectio maritalis ( ânimo ou objetivo de constituir família ).

OBJETIVOS

- diversidade de sexos
- notoriedade
- estabilidade ou duração prolongada
- continuidade
- inexistência de impedimentos matrimoniais
- relação monogâmica
PRESSUPOSTOS DE ORDEM SUBJETIVA

A) CONVIVÊNCIA

É necessário uma comunhão de vidas, no sentido material e imaterial, em situação


similar à de pessoas casadas.

SÚMULA 382 STF – a vida em comum sob o mesmo teto, não é indispensável à
caracterização do concubinato.

A súmula fala em concubinato e não em união estável. Assim, vários julgados tem
afastado a aplicação da súmula à união estável, afirmando-se que “não há como
reconhecer o relacionamento afetivo, mesmo que de longa data, como união estável, se
as partes não viviam sob o mesmo teto.

B) AFFECTIO MARITALIS

Ânimo ou objetivo de constituir família. O elemento subjetivo é essencial para a


caracterização da união estável.

Não se configuram união estável, com efeito, os encontros amorosos mesmo constantes,
ainda que os parceiros tenham relações sexuais, nem as viagens realizadas a dois ou o
comparecimento juntos a festas, jantares, recepções etc, se não houver da parte de
ambos o intuito de constituir uma família.

PRESSUPOSTOS DE ORDEM OBJETIVA

A) DIVERSIDADE DE SEXO

A doutrina considera da essência do casamento a heterossexualidade e classifica na


categoria de ato inexistente a união entre pessoas do mesmo sexo.

SÚMULA 380 STF – homem e mulher

B) NOTORIEDADE

Art 1723 CC para que se configure a união estável, que a convivência, além de contínua
e duradoura, seja “pública”. Não pode assim, a união permanecer em sigilo, em segredo,
desconhecida do meio social.

Requer-se por isso, notoriedade ou publicidade no relacionamento amoroso, ou seja,


que os companheiros apresentem-se a coletividade como se fossem marido e mulher.

Relações clandestinas, não constituem união estável.

C) ESTABILIDADE OU DURAÇÃO PROLONGADA

O relacionamento dos companheiros deve ser duradouro estendendo-se no tempo.


Não há um prazo expresso para que se caracterize um relacionamento duradouro mas
sim, um prazo implícito, a ser verificado diante de casa situação concreta.

Para alguns autores seria razoável exigir-se um prazo mínimo de convivência,


entendendo outros que poderia ser de pelo menos 2 anos de vida em comum, por
analogia com as disposições constitucionais e legais relativas ao tempo para concessão
do divórcio.

Mas estipular um prazo, nos parece inconveniente.

Desse modo, deverá o juiz, em cada caso concreto, verificar se a união perdura por
tempo suficiente, ou não, para o reconhecimento da estabilidade familiar, perquirindo
sempre o intuito de constituição de família, que constitui o fundamento principal.

D) CONTINUIDADE

Além de pública e duradoura, é preciso que seja contínua, sem interrupções.

Caberá ao juiz, depois de analisar as circunstâncias e as características do caso concreto,


decidir se a hipótese configura união estável, mesmo tendo havido ruptura do
relacionamento e reconciliação posterior ou não.

E) INEXISTÊNCIA DE IMPEDIMENTO MATRIMONIAIS

Art 1723, §1ºCC veda a constituição da união estável “se ocorrerem os impedimentos
do art 1521 CC”, ressalvado o inciso VI, que proíbe o casamento das pessoas casadas,
se houver separação judicial ou de fato.

Art 1523,§2º CC – não se aplicam, portanto, à união estável as causas suspensivas que
correspondem aos impedimentos proibitivos ou meramente impedientes.

F) RELAÇÃO MONOGÂMICA

O vínculo entre os companheiros devem ser únicos, em face do caráter monogâmico da


relação. Não se admite que pessoa casada, não separada de fato, venha a constituir união
estável, nem que aquela que convive com um companheiro estável, tanto na CF como
no CC, é feita sempre no singular.

Admite-se união estável SUCESSIVA.

Pode uma pessoa conviver, com observância dos requisitos do art 1723, caput, CC, em
épocas diversas com pessoas diversas.

Pode haver união estável PUTATIVA quando o partícipe de segunda união não saiba da
existência de impedimento do decorrente da anterior e simultânea união do seu
companheiro que lhe parecia estável, desde que duradoura, contínua, pública e com
propósito de constituição de família.

DEVERES DOS COMPANHEIROS


ART 1724 CC c/c 1566, III CC – regula as relações pessoais entre os companheiros.

Os 3 primeiros contidos no artigo são direitos e deveres recíprocos, vindo em seguida os


de guarda, sustento e educação dos filhos.

DIREITOS DOS COMPANHEIROS

A proteção jurídica a entidade familiar constituída pela união estável entre homem e a
mulher abrange o complexo de direitos de cunho pessoal e de natureza patrimonial,
mencionados no artigo 1724 CC além de inúmeros outros, esparsos pela legislação
ordinária.

No PLANO MATERIAL DESTACAM-SE: ALIMENTOS, MEAÇÃO E HERANÇA.

ALIMENTOS

Art 1694 CC assegura o direito recíproco dos companheiros aos alimentos. O legislador
equiparou os direitos dos companheiros aos dos parentes e aos dos cônjuges. Aplicam-
se lhes as mesmas regras dos alimentos devidos na separação judicial ( Lei 5478/68 –
Lei de Alimentos ).

Art 1708, p.ú. CC cessação dos alimentos.

A prova da união estável pode ser feita por todos os meios de prova.

MEAÇÃO E REGIME DE BENS

Lei 9278/96 – art 5º estabeleceu a presunção de colaboração dos conviventes na


formação do patrimônio durante a vida em comum,invertendo-se o ônus probatório, que
competia ao que negava a participação do outro.

Art 1725 CC – os bens adquiridos a título oneroso na constância da união estável


pertencem a ambos os companheiros, devendo ser partilhados,em caso de dissolução,
com observância das normas que regem o regime da comunhão parcial de bens.

Aplicam-se a união estável os artigos 1659, 1660 e 1661 CC.

Art 1663 CC – cada parceiro administrará livremente seus bens particulares, cabendo a
administração do patrimônio comum a qualquer um dos companheiros.

SUCESSÃO HEREDITÁRIA

ART 1790, caput CC – os direitos sucessórios limitam-se aos bens adquiridos


onerosamente na vigência da união estável.

Esses direitos são, todavia, restritos a uma quota equivalente à que por lei for atribuída
ao filho, se concorrer com filhos comuns, ou à metade do que couber a cada um dos
descendentes exclusivos do autor da herança, se somente com eles concorrer, ou a um
terço daqueles bens se concorrer com outros parentes sucessíveis, como ascendentes,
irmãos etc. ( art 1790, I a IV CC ).
CONTRATO DE CONVIVÊNCIA ENTRE COMPANHEIROS

LEI 9278/96 – art 5º -de os companheiros celebrarem contrato escrito que disponha de
forma contrária, afastando o regime da comunhão parcial de bens ( art 1725 CC) e
adotando, por exemplo, regime semelhante ao da comunhão universal ou da separação
absoluta, ou estabelecendo novas regras.

Não há forma prevista para que o contrato seja elaborado, podendo ser por escritura
pública ou instrumento particular.

CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO

Art 1726 CC – LEI 9278/96.

Deverá o oficial exigir todas as providencias que o CC prevê para a habilitação ao


casamento, especialmente para fins de verificação da existência de impedimentos, sob
pena de restar frustrada a figura do casamento civil.

Poderá ser convertido, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro
Civil.

Na prática, é mais simples as pessoas casarem diretamente do que converterem a união


estável em casamento.

As uniões cessadas depois de 1994 sujeitam-se às normas das Leis 8971/94 e 9278/96,
conforme a data da cessação, sendo que as determinadas anteriormente, em definitivo,
não são alcançadas por nenhum dos referidos diplomas legais.

Assim como as uniões cessadas antes da vigência do CC de 2002, ou as mantidas até a


sua vigência, não são abrangidas pelo código novo.

Os efeitos sucessórios da união estável,incidirá a lei vigente na data de abertura da


sucessão.

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