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Patologias Respiratórias PDF
Patologias Respiratórias PDF
MOREIRA, MEL., LOPES, JMA and CARALHO, M., orgs. O recém-nascido de alto risco: teoria e
prática do cuidar [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2004. 564 p. ISBN 85-7541-054-7.
Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>.
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PATOLOGIAS RESPIRATÓRIAS
ABORDAGEM DO RECÉM-NASCIDO
COM DOENÇA RESPIRATÓRIA
A abordagem do R N c o m doença respiratória depende de u m a série
de fatores, que inclui, entre outros, história gestacional, idade gestacional,
peso de nascimento e adequação peso/idade gestacional.
ANAMNESE
Devemos considerar toda a história gestacional materna. A l g u n s
fatos específicos podem levar aos diagnósticos diferenciais que podem ser
considerados importantes para o doente atual. A l g u n s desses fatos estão
listados a seguir, e devem ser investigados:
• perda neonatal anterior o u filho anterior c o m sofrimento respiratório -
infecção por Streptococcus do g r u p o Β ou deficiência da proteína Β do
complexo surfactante (Hallman & Haataja, 2003; Tredano et al., 2 0 0 3 ) ;
• c o r i o a m n i o n i t e , febre materna, infecção urinária, c o l o n i z a ç ã o p o r
Streptococcus do grupo B, bacteriuria ou pneumonia (Hopkins & Smaill, 2002);
• uso de antiinflamatórios não-esteróides - hipertensão pulmonar (Zenker
et al., 1998; Jacqz-Aigrain, 1993);
' uso do corticóide ante-natal (Betametasona) - melhor prognóstico da
doença pulmonar entre 26-34 semanas (Jobe, 2 0 0 2 ) ;
• idade gestacional - influencia no estágio de desenvolvimento do pulmão
e na gravidade da doença (Jobe & Bancalari, 2 0 0 1 ) ;
• patologias maternas que amadurecem o pulmão fetal - menor gravidade
do quadro respiratório dependente da idade gestacional e da presença de
asfixia (Churchill & Duley, 2003);
• sofrimento fetal agudo - síndrome de aspiração de mecônio e hipertensão
pulmonar (Greenwood et al., 2003);
• polidramnia - aspiração de líquido amniótico (Bolisetty, 2001);
' parto cesáreo em bebês pretermos limítrofes - taquipnéia transitória do
RN (Van den Berg et a l , 2001);
• ultra-sonografia obstétrica para identificação de malformações - hérnia
diafragmática, derrame pleural, doença adenomatóide cística etc.
EXAME FÍSICO
AVALIAÇÃO RADIOLÓGICA
O estudo radiológico é u m a importante arma no diagnóstico das
patologias respiratórias. N o RN, a incidência mais usada no primeiro Rx é
a antero-posterior (Kuhns, 2 0 0 0 ) .
Verificar a penetração - verifique se a penetração está correta, é
fundamental. U m a radiografia m u i t o penetrada pode mascarar
pneumotórax laminar, minimizar u m a doença de membrana hialina o u
enfisema intersticial. U m a radiografia pouco penetrada pode dar u m a falsa
impressão de edema pulmonar e condensação. Radiografias retiradas c o m
o R N dentro da incubadora freqüentemente produzem u m artefato: u m
cisto (área redonda que existe na cúpula das incubadoras).
A v a l i a ç ã o g e r a l - v e r i f i q u e p a r t e s m o l e s ( e d e m a , enfisema
subcutâneo etc.) e ossos (coluna, clavículas, costelas). Procure fratura e
malformação. Veja a i m a g e m do timo (timo elevado em asa de borboleta
significa pneumomediastino) e avalie o abdome.
Avaliar silhueta cardíaca - verifique f o r m a . C o m relação à posição
no tórax, xeque relação área cardíaca/tamanho do tórax, verifique os bordos
cardíacos (bordos m u i t o nítidos podem significar pneumomediastino e
bordos borrados, pneumonia), avalie vasos da base, contorno da aorta e
alargamento de mediastino.
Em alguns casos, a radiografia de tórax em decúbito dorsal c o m
raios horizontais pode ajudar no diagnóstico de pneumomediastino, e a
em decúbito lateral c o m raios horizontais (Laurell), no diagnóstico de
derrame pleural.
A t o m o g r a f i a de tórax é útil na suspeita diagnostica de doença
adenomatóide cística do pulmão, enfisema lobar congênito e anel vascular.
ANORMALIDADES RADIOGRÁFICAS
A s alterações radiográficas mais comuns nos RNs segundo idade
gestacional estão descritas no Quadro 2.
MONITORIZAÇÃO
EXAMES LABORATORIAIS
Gasometria arterial - a aferição dos gases arteriais permite avaliar
a oxigenação, a ventilação e o estado ácido-básico:
• oxigenação - o m o v i m e n t o do oxigênio do alvéolo para o sangue é
dependente da relação ventilação-perfusão, que pode estar alterada quando
o fluxo sangüíneo pulmonar passa ao redor de alvéolos não ventilados
(shunt intra-pulmonar) ou perpassa o p u l m ã o através de shunts extra-
pulmonares (canal arterial ou forame o v a l ) ;
• ventilação - o m o v i m e n t o de C O do sangue para o alvéolo é dependente
2
A coleta de sangue para gasometria pode ser feita por punção arterial,
cateterismo umbilical arterial, cateterismo arterial periférico e por sangue
capilarizado (punção de calcanhar).
A l g u n s problemas - c o m o os relacionados a seguir - podem alterar
o resultado das gasometrias, devendo ser cuidadosamente evitados ou
lembrados na interpretação dos resultados (Durand, 2 0 0 0 ) :
• bolhas de ar na amostra de sangue - alteram a p O que se aproxima da
2
pode estar alterada, mas não é preocupante em u m bebê com doença crônica.
PATOLOGIAS RESPIRATÓRIAS
DO PERÍODO NEONATAL
DOENÇA DE MEMBRANA H I A L I N A ( D M H )
FlSIOPATOLOGIA
APRESENTAÇÃO CLÍNICA
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
SURFACTANTE EXÓGENO
O uso do surfactante e seus benefícios n o tratamento da D M H têm
sido bem estabelecidos por diversos estudos randomizados. Metanálises
têm demonstrado que o uso precoce é melhor, principalmente quando
administrado nas primeiras seis horas de vida. Entretanto, alguns fatores
afetam a resposta ao surfactante:
• permeabilidade alvéolo-capilar alterada (infecção, asfixia, aspiração);
• doenças associadas à perfusão p u l m o n a r deficiente (hipertensão
pulmonar, hipoplasia pulmonar, doenças obstrutivas);
• fatores ligados ao surfactante ( d o s e , t i p o , t e m p o de v i d a na
administração);
• outras estratégias no período neonatal (estratégias ventilatórias, v o l u m e
hídrico).
FATORES PREDISPONENTES
FlSIOPATOLOGIA
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• pneumonia bacteriana;
• pneumonia de aspiração - mecônio ou líquido amniótico;
• Doença de Membrana Hialina - piora progressiva, mais grave, v o l u m e
pulmonar pequeno, necessidades crescentes de oxigênio;
• edema pulmonar - de origem cardíaca ou linfática, apresenta também
alterações em área cardíaca e vasos da base.
TRATAMENTO
O x i g e n a ç ã o - e m g e r a l , o u s o d o CPAP nasal c o m b a i x a s
concentrações de oxigênio acelera a cura, diminuindo o tempo de internação.
Utilizamos principalmente na presença de gemência. Também se pode fazer
uso de oxigenioterapia c o m hood.
Suporte geral - monitorização, aquecimento, hidratação venosa,
controle da glicemia, suporte nutricional, dieta precoce por sonda até que
a freqüência respiratória normalize.
SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO MECONIAL
A presença de mecônio no líquido amniótico pode acontecer e m cerca
de 10% dos partos. Em geral, está associada à presença de sofrimento fetal.
C o m o estresse, há u m a u m e n t o do trânsito intestinal e liberação de
esfíncter, c o m eliminação de mecônio. Ocorre em fetos mais maduros (acima
de 34 semanas), afetando principalmente RNs a termo ou pós-termo.
FATORES PREDISPONENTES
FlSlOPATOLOGIA
TRATAMENTO
FISlOPATOLOGIA
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO
Iniciar a n t i b i o t i c o t e r a p i a c o m a m p i c i l i n a e a m i n o g l i c o s í d e o .
Considerar os resultados das culturas e a evolução clínica; suporte hídrico
e nutricional; suporte respiratório e drenagem de efusões se necessário.
HIPERTENSÃO PULMONAR
A Hipertensão Pulmonar Persistente (HPP) é uma causa importante
de falência respiratória em RNs a termo e p r ó x i m o do termo, podendo
acontecer c o m o uma condição primária de má adaptação à vida extra-
uterina (persistência de circulação fetal) ou ainda c o m o u m a doença de
e v o l u ç ã o dramática, caracterizada pela muscularização de pequenas
a r t e r í o l a s p u l m o n a r e s , q u e a c o n t e c e ainda na v i d a i n t r a - u t e r i n a .
A Hipertensão Pulmonar também pode ser secundária a outras doenças,
c o m o Doença de Membrana Hialina, Aspiração de Mecônio, Pneumonia,
Hérnia Diafragmática entre outras.
FlSIOPATOLOGIA
APRESENTAÇÃO CLÍNICA
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
• necessidades crescentes de oxigênio (FiO > 60% com bebê no CPAP nasal);
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• apnéias;
• acidose metabólica.
ESTRATÉGIAS DE V E N T I L A Ç Ã O
entre 4 5 - 5 0 ) ;
• PIP - não ultrapassar 20 c m H 0 . Veja a movimentação do tórax. Se for
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• Peep-0;
• PIP 20;
• I M V 100;
• tempo inspiratório: 0,3.
ÓXIDO NÍTRICO
O I = M A P χ Fi0 χ 100
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PÕ1
APNÉIA DA PREMATURIDADE
Apnéia é a ausência de fluxo de ar respiratório. A definição de apnéia
é difícil e varia entre os diversos investigadores n o m u n d o inteiro. Em
geral, tem sido definida c o m o a cessação do fluxo de gás respiratório por
m a i s de 2 0 s e g u n d o s , o u p o r p a u s a s r e s p i r a t ó r i a s mais breves
acompanhadas por palidez, cianose, bradicardia ou hipotonia. Devemos
distinguir apnéia de respiração periódica, na qual os prematuros apresentam
ciclos respiratórios regulares c o m duração de 10 a 18 segundos, interrompidos
por pausas que duram cerca de três segundos (Miller & Martin, 1998).
A i n v e s t i g a ç ã o d i a g n ó s t i c a é f u n d a m e n t a l para o m a n u s e i o
adequado. Tratar infecção, convulsão, anemia, distúrbios metabólicos e
refluxo gastroesofágico poderá ser fundamental para a cessação dos
episódios de apnéia.
MONITORIZAÇÃO PROLONGADA
Limitações:
• não diminui a incidência de morte súbita;
• alarmes falsos;
• aumento do estresse da família;
• irritação da pele;
• aderência ruim.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BHUTANI, V. Κ. Development of the respiratory system. In: DONN, S. M .
(Ed.) Manual of Neonatal Respiratory Care. N e w York: Futura Publishing
Company, 2000. p.2-9.