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ESFERA PROCESSUAL TRIBUTÁRIA

AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL - I

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA CÍVEL DA COMARCA


DE ..... ou EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA DA FAZENDA
PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÓVEIS DE MADEIRA SANTO


ANTONIO LTDA. (qualificação), por seu advogado e bastante
procurador (docs. 01 e 02), vem, respeitosamente, à presença de V.
Exa., com fundamento no artigo 38 da Lei n. 6.830/1980 e no artigo
282 do Código de Processo Civil, ajuizar a competente
AÇÃO ANUL ATÓRIA DE DÉBITO FISCAL
contra a Fazenda Pública do Estado de São Paulo, pelos motivos de
fato e de direito a seguir expostos:
I - DOS FATOS
1. A Autora, em 21-5-1995, foi intimada da lavratura de Auto de
Infração e Imposição de Multa, pelo qual pretende a Fazenda
Estadual a constituição de crédito tributário de ICMS incidente sobre
operação de venda de mercadoria, sem emissão de Nota Fiscal,
realizada em 5-10-1990.
A Fazenda Estadual, ao emitir o competente ato de lançamento,
aplicou a alíquota de 18% para a apuração do ICMS e a alíquota de
30% para a apuração da multa pelo não-recolhimento do imposto,
conforme o disposto na Lei n. 7.896, de 23-3-1995.
Ocorre, Excelência, que na data da ocorrência do fato imponível
vigia a Lei n. 5.698/88, que fixava a alíquota do ICMS no percentual
de 10%. Portanto, desde já, comprova-se a ilegalidade do presente
lançamento tributário, uma vez que a lei aplicável ao presente caso é
a lei vigente à época da ocorrência do fato imponível, conforme o
disposto no artigo 144 do Código Tributário Nacional.
Resta claro, assim, o direito da Autora de não ser compelida ao
recolhimento do crédito tributário de ICMS constituído por
intermédio do Auto de Infração e Imposição de Multa, em face de sua
flagrante ilegalidade.
Estes os fatos.
II - DO DIREITO
2. O artigo 150, inciso III, letra "a", do Texto Constitucional, ao
dispor sobre o princípio da irretroatividade da lei tributária, assim
disciplina:
"Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
...................................................................................
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da
vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;
...............................................................................".
O princípio da irretroatividade da lei tributária determina que a
lei que institui ou aumenta tributos somente poderá atingir fatos
imponíveis ocorridos posteriormente ao início de sua vigência.
Desde já se constata a nulidade do lançamento tributário ora
questionado, tendo em vista a violação do princípio da
irretroatividade da lei tributária, uma vez que a autoridade
administrativa está pretendendo a cobrança do ICMS com a
aplicação da alíquota disciplinada em lei posterior à ocorrência do
fato imponível.
Por outro lado, o artigo 144 do Código Tributário Nacional é
expresso em determinar:
"Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato
gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que
posteriormente modificada ou revogada".
A Fazenda Estadual, ao emitir o presente lançamento tributário,
não atendeu ao disposto no art. 144 do Código Tributário Nacional, já
que aplicou lei posterior à ocorrência do fato imponível.
Conforme acima exposto, a lei vigente à época do fato imponível
era a Lei n. 5.698/88, que fixava a alíquota do ICMS no percentual de
10%, devendo, assim, a aludida alíquota ser aplicada à operação de
venda de mercadoria realizada pela Autora em 5-10-1990, e não a
alíquota de 18% utilizada pela Fazenda Estadual, uma vez que
prevista em lei posterior à ocorrência do fato imponível.
Nesse sentido as lições de LUCIANO AMARO, que assim ensina:
"O lançamento deve reportar-se à lei vigente na data da
ocorrência do fato gerador, como determina o caput do preceito
transcrito, o que equivale a dizer que ele deve reger-se pela lei
vigente por ocasião do nascimento da obrigação tributária que
dele seja objeto" ( Direito Tributário Brasileiro , Editora Saraiva, p.
338) .
3. As únicas hipóteses de retroação da lei tributária estão
disciplinadas no artigo 106 do Código Tributário Nacional:
"Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa,
excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos
interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência
de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não
tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na
lei vigente ao tempo de sua prática".
A Lei n. 7.896/95, aplicada pela autoridade administrativa ao
emitir o presente lançamento tributário, somente poderá prevalecer
no tocante à multa aplicada, uma vez que disciplina penalidade
menos severa que a lei vigente à época do fato imponível, porém
jamais com relação à alíquota do imposto exigido.
Resta demonstrada assim a total nulidade do presente
lançamento tributário.
III - DO PEDIDO
4. Provado, à saciedade, o direito da Autora de não ser compelida
ao recolhimento do ICMS constituído por intermédio do Auto de
Infração e Imposição de Multa lavrado em 21-5-1995, por total afronta
ao princípio da irretroatividade da lei tributária e do disposto no
artigo 144 do Código Tributário Nacional.
Ante o exposto, requer a Autora seja citada a Ré, para, querendo,
contestar a presente ação, a qual deverá ser julgada totalmente
procedente , a fim de que seja anulado o débito correspondente ao
ICMS constituído por intermédio do Auto de Infração e Imposição de
Multa lavrado em 21 de maio de 1995, concernente à operação de
circulação de mercadoria realizada em 5-10-1990.
Informa a Autora que efetuará o depósito judicial do valor em
discussão, nos termos do inciso II do artigo 151 do Código Tributário
Nacional, a fim de suspender a exigibilidade do crédito tributário.
Requer, outrossim, seja a Ré condenada ao pagamento dos
honorários advocatícios, custas e demais despesas processuais.
A Autora provará o alegado por todos os meios de prova em
direito admitidos.
Termos em que, dando à causa o valor de R$ (valor do crédito
tributário a ser anulado) ...,
p. deferimento.
Data
Assinatura do Advogado

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