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A MORALIDADE OBJETIVA
A moralidade objetiva como ideia de liberdade
“A moralidade objetiva é a ideia da liberdade enquanto vivente bem, que na consciência de si
tem o seu saber e o seu querer e que, pela ação desta consciência, tem a sua realidade. [...] É o
conceito de liberdade que se tornou mundo real e adquiriu a natureza da consciência de si.”
(p.141)
Objetividade da moralidade objetiva
“O conteúdo objetivo da moralidade que se substitui ao bem abstrato é [...] a substância
concreta. [...]a realidade moral objetiva obtém um conteúdo fixo, necessário para si, e que está
acima da opinião e da subjetiva boa vontade. [...]” (p. 142)
Subjetividade da moralidade objetiva
“[...]Para o sujeito, a substância moral, suas leis e seus agentes possuem, como objetos, a
propriedade de existir, dando a esta palavra todo o sentido de existência independente; são
uma autoridade e potência absolutas. [...]” (p. 142)
“[...]tais leis e instituições não são algo de estranho ao sujeito, mas dele recebem o
testemunho da sua espiritualidade na medida em que são a sua própria essência. Nelas tem o
seu orgulho e nelas vive como um elemento que lhe é inseparável. [...]” (p. 143)
Dever moral
“Enquanto determinações substanciais [...]tais valores são deveres obrigatórios para a sua
vontade.” (p. 143)
“[...]o indivíduo encontra no dever é uma dupla libertação: liberta-se, por um lado, da
dependência resultante dos instintos naturais e assim da opressão em que' se encontra como
subjetividade particular submetida à reflexão moral do dever-ser e do possível; liberta-se, por
outro lado, da subjetividade indefinida que não alcança a existência nem a determinação
objetiva da ação e fica encerrada em si como inativa. No dever, o indivíduo liberta-se e
alcança a liberdade substancial.” (p. 144)
Verdade
“[...]a moralidade objetiva aparece como o seu comportamento geral, como costume.
O hábito que se adquire é como que uma segunda natureza colocada no lugar da vontade
primitiva puramente natural, e que é a alma, a significação e a realidade da sua existência. ”
(p. 147)
Direito moral
“O direito que os indivíduos têm de estar subjetivamente destinados à liberdade satisfaz-se
quando eles pertencem a uma realidade moral objetiva. [...]” (p. 148)
Espírito moral objetivo
“A substância moral, [...]é o espírito real de uma família e de um povo.” (p. 148)
“[...]movimento que percorre a forma dos seus diferentes momentos. É ele:
a) O espírito moral objetivo imediato ou natural: a família. Esta substancialidade desvanece-se
na perda da sua unidade, na divisão e no ponto de vista do relativo; torna-se então:
b) Sociedade civil, associação de membros, que são indivíduos independentes numa
universalidade formal, por meio das carências, por meio da constituição jurídica [...]e por
meio de uma regulamentação exterior para satisfazer as exigências particulares e coletivas.
Este Estado exterior converge e reúne-se na
c) Constituição do Estado, que é o fim e a realidade em ato da substância universal [...]”
(p. 149)
Primeira Seção: A FAMÍLIA
Amor
“[...]a família determina-se pela sensibilidade de que é una, pelo amor, de tal modo que a
disposição de espírito correspondente é a consciência em si e para si e de nela existir como
membro, não como pessoa para si.” (p. 149)
Momentos da família
“A família realiza-se em três aspectos:
a) Na forma do seu conceito imediato, como casamento;
b) Na existência exterior: propriedade, bens de família e cuidados correspondentes;
c) Na educação dos filhos e na dissolução da família.” (p. 150)
A. O casamento
A relação de casamento
“[...]o casamento contém, em primeiro lugar, o elemento da vida natural [...]. Porém em
segundo lugar, na consciência de si, a unidade dos sexos naturais, [...]transforma-se numa
unidade espiritual, num amor consciente. ” (p. 150)
“[...] mas sempre o ponto de partida objetivo é o consentimento livre das pessoas e, mais
precisamente, o consentimento em constituírem apenas uma pessoa, [...]é uma limitação, mas
onde elas ganham a consciência de si substancial e por isso a sua libertação.” (p. 151)
A cerimônia do casamento
“[...]a declaração solene de aceitar os laços do casamento é o correspondente reconhecimento
pela família e pela comunidade [...]é a conclusão formal e a realidade efetiva do casamento.
Por conseguinte, tal ligação só se constitui como moral nessa cerimónia prévia, realização
substancial por meio de um sinal, a linguagem, que é a forma de existência mais espiritual do
espírito [...]” (p. 153)
Diferença de sexos
“[...]encontram os caracteres naturais dos dois sexos uma significação intelectual e moral.
[...]”
(p. 155)
“O primeiro é o poder e a atividade dirigidos para o exterior; o segundo, o que é passivo e
subjetivo. O homem tem, pois, a sua vida substancial real no Estado, na ciência, etc., e
também na luta e no trabalho, às mãos com o mundo exterior e consigo mesmo, de tal modo
que só para além da sua divisão interior é que conquista a unidade substancial. [...]” (p. 155)
Monogamia
“O casamento é essencialmente monogâmico porque quem se situa neste estado e a ele se
entrega é a personalidade, a individualidade exclusiva imediata. [...]” (p. 156)
A proibição do incesto
“O casamento entre parentes opõe-se, portanto, ao princípio que o estabelece como uma ação
moral livre e não como uma união imediata de indivíduos naturais com os seus instintos. [...]”
(p. 157)
A propriedade da família
“[...]tem a família a sua realidade exterior numa propriedade e, caso esta propriedade seja uma
fortuna, nela tem a sua personalidade substancial.” (p. 157)
B. A fortuna da família
Propriedade coletiva
“[...]nenhum membro da família tem uma propriedade particular, embora cada um tenha um
direito sobre a propriedade coletiva. O direito e as atribuições que pertencem ao chefe da
família podem ser discutidos, pois o que ainda há de imediato nas disposições morais da
família dá lugar à particularidade e à contingência.” (p. 158)
O grupo de parentesco
“Pelo casamento se constitui uma nova família que, [...]é algo de independente para si. [...] A
propriedade de um indivíduo está numa relação essencial com a sua situação conjugal e numa
relação longínqua com a sua casa e o seu clã.” (p. 158)
C. A educação dos filhos e a dissolução da família
O amor dos pais
“A unidade do casamento [...]está separada em dois sujeitos, torna-se, nos filhos, uma
existência também para si e, como unidade, um objeto. Os pais amam os filhos como o amor
que se tem, como o seu ser substancial. [...]” (p. 159)
A educação dos filhos
“Têm os filhos o direito de ser alimentados e educados pela fortuna coletiva da família. [...]o
direito dos pais sobre o livre-arbítrio dos filhos é determinado pelo fim de os manter na
disciplina e de os educar. [...]” (p. 159)
“São as crianças em si seres livres [...].Não pertencem portanto a outrem, nem aos pais, como
as coisas pertencem ao seu proprietário. A sua educação oferece, do ponto de vista da família,
um duplo destino positivo: primeiro, a moralidade objetiva é introduzida neles com a forma
de uma impressão imediata e sem oposição, [...]tem a educação, depois, um destino negativo,
do mesmo ponto de vista - o de conduzir as crianças desde a natureza imediata em que
primitivamente se encontram para a independência e a personalidade livre e, por conseguinte,
para a capacidade de saírem da unidade natural da família.” (p. 160)
A ruptura do casamento
“[...]não há laço de direito positivo que possa manter reunidos dois indivíduos quando entre
eles surgem sentimentos e ações opostas e hostis. [...]é necessária a autoridade moral de um
terceiro para assegurar o direito do casamento, [...]e contra os acasos de uma simples
impressão temporária. [...]” (p. 161)
A emancipação dos filhos
“[...]os filhos, ao assumirem a personalidade livre, ao atingirem a maioridade, são
reconhecidos como pessoas jurídicas e tornam-se capazes, por um lado, de livremente
possuírem a sua propriedade particular e, por outro lado, de constituírem família, os filhos
como chefes, as filhas como esposas. [...]” (p. 161-162)
Direito sucessório
“[...]a herança é o resultado da dissolução natural da família por morte dos pais, [...]” (p. 162)
Trânsito da família à sociedade civil
“[...]os momentos, reunidos na unidade da [...]família como ideia moral objetiva que ainda
reside no seu conceito, por este conceito devem ser libertados a fim de adquirirem uma
realidade independente. [...]” (p. 166-167)