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MÉTODOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS

SEG2313

José Soares Roriz

SETEMBRO de 2013
MÉTODOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
2

INTRODUÇÃO

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
INTRODUÇÃO
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• Vamos começar a nossa análise por uma abordagem


aos princípios em que deve assentar a atividade da AT,
contemplados na LGT, no CPPT e no RCPIT, que se
encontram, necessariamente, subordinados aos que
se encontram plasmados na CRP.

• Antes, porém, teremos de dizer que, em termos de


rigor jurídico, procedimento e processo são conceitos
distintos. Com efeito, procedimento e processo são as
distintas formas que revestem cada uma das funções
do Estado: de um lado a função administrativa, de
outro a função jurisdicional.
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• De acordo com o CPPT, o procedimento tributário


compreende (artigo 44.º):

– As ações preparatórias ou complementares de


informação e fiscalização tributária;

– A liquidação dos tributos, quando efetuada pela


administração tributária;

– O procedimento de revisão oficiosa ou por


iniciativa dos interessados;

– O procedimento de reconhecimento ou revogação


dos benefícios fiscais;
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– O procedimento inerente à emissão ou revogação


de outros atos administrativos em matéria
tributária, nomeadamente a ratificação, reforma,
conversão e retificação;

– Os procedimentos de reclamação e os recursos


hierárquicos;

– O procedimento de avaliação direta ou indireta


dos rendimentos ou valores patrimoniais, que, por
sua vez, também inclui o procedimento de revisão
da matéria tributável apurada por métodos
indiretos;
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– A cobrança das obrigações tributárias, na parte


que não tiver natureza judicial, ou seja, a
cobrança voluntária;

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• O legislador tributário dedica idêntica atenção ao


processo tributário, declarando no artigo 97.º do
CPPT que o mesmo compreende:

– A impugnação da liquidação dos tributos, incluindo


os parafiscais e os atos de autoliquidação,
retenção na fonte e pagamento por conta;
– A impugnação da fixação da matéria tributável,
quando não dê origem à liquidação de qualquer
tributo;
– A impugnação do indeferimento total ou parcial
das reclamações graciosas dos atos tributários;
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– A impugnação dos atos administrativos em matéria


tributária que comportem a apreciação da
legalidade do ato de liquidação;
– A impugnação do agravamento à coleta aplicado,
nos casos previstos na lei, em virtude da
apresentação de reclamação ou recurso sem
qualquer fundamento razoável;
– A impugnação dos atos de fixação de valores
patrimoniais;
– A impugnação das providências cautelares
adotadas pela administração tributária;
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– As ações para o reconhecimento de um direito ou


interesse em matéria tributária;
– As providências cautelares de natureza judicial;
– Os meios acessórios de intimação para consulta de
processos ou documentos administrativos e
passagem de certidões;
– A produção antecipada de prova;
– A intimação para um comportamento;
– O recurso dos atos praticados na execução fiscal;

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– A oposição, os embargos de terceiros e outros


incidentes, bem como a reclamação da decisão da
verificação e graduação de créditos;
– O recurso contencioso do indeferimento total ou
parcial ou da revogação de isenções ou outros
benefícios fiscais, quando dependentes de
reconhecimento da administração tributária, bem
como de outros atos administrativos relativos a
questões tributárias que não comportem
apreciação da legalidade do ato de liquidação;
– Outros meios processuais previstos na lei.
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OS PRINCÍPIOS DO
PROCEDIMENTO TRIBUTÁRIO

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OS PRINCÍPIOS DO PROCEDIMENTO TRIBUTÁRIO
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• De conformidade com o artigo 55.º da LGT:

– “A administração tributária exerce as suas


atribuições na prossecução do interesse público,
de acordo com os princípios da legalidade, da
igualdade, da proporcionalidade, da justiça, da
imparcialidade e da celeridade, no respeito pelas
garantias dos contribuintes e demais obrigados
tributários”.

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OS PRINCÍPIOS DO PROCEDIMENTO TRIBUTÁRIO
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• A simples leitura deste artigo da LGT força a ideia de


que o procedimento tributário está fortemente
enformado por princípios gerais, que vão nortear não
apenas as decisões legislativas mas, principalmente,
as decisões administrativas e jurisdicionais na
resolução dos casos concretos.

• Vejamos quais são esses princípios:

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OS PRINCÍPIOS DO PROCEDIMENTO TRIBUTÁRIO
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• O princípio da legalidade
• O princípio da igualdade
• O princípio da proporcionalidade
• O princípio da justiça
• O princípio da imparcialidade
• O princípio da celeridade

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OS PRINCÍPIOS DO PROCEDIMENTO TRIBUTÁRIO
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• Além dos princípios indicados, há que ter em atenção


mais os seguintes:

– Previstos na LGT

• Princípio da decisão
• Princípio do inquisitório ou da verdade material
• Princípio da colaboração
• Princípio da participação

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OS PRINCÍPIOS DO PROCEDIMENTO TRIBUTÁRIO
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– Previstos no CPPT

• Princípio do contraditório
• Princípios da proporcionalidade, eficiência,
praticabilidade e simplicidade
• Princípio do duplo grau de decisão
• Princípio da cooperação da administração
tributária e do contribuinte
• Princípio da impugnação unitária

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OS PRINCÍPIOS DO PROCEDIMENTO TRIBUTÁRIO
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– Previstos no RCPIT

• Princípio da verdade material


• Princípios da proporcionalidade
• Princípio do contraditório
• Princípio da cooperação

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OS PRINCÍPIOS DO
PROCESSO TRIBUTÁRIO

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OS PRINCÍPIOS DO PROCESSO TRIBUTÁRIO
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• De conformidade com os artigos 95.º e 96.ºdo CPPT:

– “O processo judicial tributário tem por função a


tutela plena, efetiva e em tempo útil dos direitos
e interesses legalmente protegidos em matéria
tributária” (n.º 1 do artigo 96.º do CPPT).

– “O interessado tem o direito de impugnar ou


recorrer de todo o ato lesivo dos seus direitos e
interesses legalmente protegidos, segundo as
formas de processo previstas na lei” (n.º 1 do
artigo 95.º da LGT).
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OS PRINCÍPIOS DO PROCESSO TRIBUTÁRIO
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• A função principal do contencioso tributário, de


acordo com as normas citadas, é a garantia da tutela
judicial dos direitos e interesses legalmente
protegidos dos contribuintes.

• Nestes termos, qualquer ato em matéria tributária


que afete a esfera jurídica do particular tem de poder
ser controlado judicialmente, devendo o
ordenamento judicial tributário assegurar o meio
adequado de o fazer valer em juízo (n.º 2 do artigo
97.º da LGT).

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OS PRINCÍPIOS DO PROCESSO TRIBUTÁRIO
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• Para melhor compreensão deste enquadramento,


analisemos alguns dos princípios do contencioso
tributário.

– O princípio da plenitude dos meios processuais

• Nos termos do n.º 2 do artigo 97.º da LGT, “a


todo o direito de impugnar corresponde o meio
adequado de o fazer valer em juízo”.
• Isto significa que devem ser colocadas à
disposição do contribuinte as formas processuais
necessárias à efetivação desse direito.
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OS PRINCÍPIOS DO PROCESSO TRIBUTÁRIO
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• E se o contribuinte utilizar erradamente um


determinado meio processual?

– Por força do disposto quer no n.º 4 do artigo 98.º


do CPPT, quer no n.º 3 do artigo 97.º da LGT,
determinar-se-á a convolação do processo na forma
adequada.

– Isto é, anular-se-ão todos os atos já praticados que


não possam ser aproveitados e determinar-se-á a
realização dos que foram necessários de acordo
com a forma processual devida.

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OS PRINCÍPIOS DO PROCESSO TRIBUTÁRIO
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– O princípio da celeridade

• O princípio está claramente enunciado no n.º 1


do artigo 97.º da LGT, quando refere que “O
direito de impugnar ou de recorrer
contenciosamente implica o direito de obter,
em prazo razoável, uma decisão que aprecie,
com força de caso julgado, a pretensão
regularmente deduzida em juízo e a
possibilidade da sua execução”.

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OS PRINCÍPIOS DO PROCESSO TRIBUTÁRIO
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• O princípio da celeridade impõe o direito a uma


decisão em prazo razoável, motivo pelo qual o
n.º 2 do artigo 96.º do CPPT determina que o
processo judicial tributário não deve ter uma
duração acumulada, em 1.a instância, superior a
2 anos.

• A violação do direito à tutela judicial em tempo


útil pode fazer incorrer o Estado em
responsabilidade civil.

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OS PRINCÍPIOS DO PROCESSO TRIBUTÁRIO
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– O princípio do inquisitório e da cooperação

• O princípio do inquisitório tem consagração


expressa no n.º 1 do artigo 99.º da LGT e
traduz-se no poder de o tribunal “realizar ou
ordenar oficiosamente todas as diligências que
se lhe afigurem úteis para conhecer a verdade
relativamente aos factos alegados ou de que
oficiosamente possa conhecer”.

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OS PRINCÍPIOS DO PROCESSO TRIBUTÁRIO
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• O princípio do inquisitório complementa-se com


um outro princípio que lhe é instrumental: o
princípio da cooperação ou colaboração.
• Este princípio vincula os particulares (n.º 2 do
artigo 99.º da LGT) e as autoridades
administrativas (n.º 3 do artigo 99.º da LGT) e
permite ao juiz solicitar as diligências
necessárias ao apuramento da verdade. Mas
vincula também o juiz, isto é, impõe-lhe o
dever de colaborar com as partes, de forma a
obter a justa composição do litígio.
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OS PRINCÍPIOS DO PROCESSO TRIBUTÁRIO
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– O princípio da aquisição processual

• Este princípio está intimamente ligado à prova


que vier a ser produzida no âmbito do processo
e que, inevitavelmente, vai permitir ao juiz
formar a sua convicção quanto à solução a dar
ao litígio.

• O regime que vigora no contencioso tributário


quanto à prova é o da livre apreciação pelo
juiz.
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AS GARANTIAS DOS CONTRIBUINTES

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AS GARANTIAS DOS CONTRIBUINTES
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ASPETOS INTRODUTÓRIOS

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AS GARANTIAS DOS CONTRIBUINTES
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• Tal como é estatuído no n.º 1 do artigo 266.º da CRP,


a atividade da administração tributária deve respeitar
as garantias dos sujeitos passivos.

• As garantias essenciais dos sujeitos passivos


compreendem, conforme nos ensinam os ilustres
juízes conselheiros Jorge Lopes de Sousa e Benjamim
Silva Rodrigues e o professor catedrático Diogo Leite
de Campos, na sua obra “Lei Geral Tributária, Anotada
e Comentada”, Encontro da Escrita Editora, 4.ª
Edição, 2012, pp. 456/7:

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AS GARANTIAS DOS CONTRIBUINTES
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– O direito à informação;
– O direito à fundamentação e notificação de todos
os atos praticados em matéria tributária que
afetem direitos e interesses;
– O direito de reclamação, de impugnação, de
audição e de oposição, que abrangem:
• O direito de reclamar de quaisquer atos ou
omissões;
• O direito de impugnação judicial de atos de
avaliação direta;

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AS GARANTIAS DOS CONTRIBUINTES
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• O direito de reclamação para o juiz de atos


praticados pela administração tributária no
processo de execução fiscal;
• O direito de reclamação da fixação do valor
determinado em procedimento de avaliação;
• O direito de recurso hierárquico de atos em
matéria tributária;
• O direito de reclamação graciosa;
• O direito de impugnação judicial de atos
tributários, de atos de autoliquidação,
substituição tributária, pagamentos por conta e
receitas parafiscais;
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AS GARANTIAS DOS CONTRIBUINTES
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• O direito de impugnação dos atos de fixação de


valores patrimoniais;
• O direito de oposição à execução fiscal;
• O direito à impugnação de decisões de
derrogação do sigilo bancário;
• O direito de impugnação das decisões de
avaliação da matéria tributável pelo método
indireto previsto no artigo 89.º-A da LGT;
– O direito a juros indemnizatórios e moratórios;
– O direito à redução das coimas em caso de
pagamento antes da instauração do processo de
contraordenação.
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AS GARANTIAS DOS CONTRIBUINTES
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AS PRINCIPAIS GARANTIAS DOS CONTRIBUINTES

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O DIREITO À INFORMAÇÃO
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– Nos termos do artigo 268.º da CRP os cidadãos têm


direito a ser informados pela administração
tributária, sempre que o requeiram, sobre o
andamento dos processos em que sejam
diretamente interessados,

– bem como o de conhecer as resoluções definitivas


que sobre eles forem tomadas, bem como o acesso
aos arquivos e registos administrativos.

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O DIREITO À INFORMAÇÃO
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– Este direito constitucional foi acolhido pela LGT no


seu artigo 67.º, ao prescrever que o contribuinte
tem direito à informação sobre:

• a fase em que se encontra o procedimento e da


data previsível da sua conclusão,
• a existência e teor das denúncias dolosas não
confirmadas e a identificação do seu autor,
• bem como à informação da sua concreta
situação tributária.

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O DIREITO À FUNDAMENTAÇÃO
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• A LGT, no seu artigo 77.º, consagra o dever de


fundamentação de todas as decisões, incluindo,
portanto, as decisões favoráveis,
• a qual deve consistir, no mínimo, numa sucinta
exposição dos fundamentos de facto e de direito que
motivaram a decisão, ou numa declaração de
concordância com os fundamentos de anteriores
pareceres, informações ou propostas.
• A não observância deste dever é suscetível de
conduzir à anulação do ato por vício de forma (alínea
c) do artigo 99.º do CPPT).
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O DIREITO À FUNDAMENTAÇÃO
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• O artigo 77.º da LGT consagra, ainda, um especial


dever de fundamentação em duas situações
particulares:

– O primeiro, contido no n.º 3, reporta-se às


situações em que há relações especiais (caso dos
preços de transferência) com alguém que é sujeito
passivo do imposto sobre o rendimento.

– O segundo, previsto no n.º 4, refere-se às


situações em que a matéria tributável é
determinada por métodos indiretos.

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O DIREITO À NOTIFICAÇÃO
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• Segundo este princípio todos os atos administrativos


e tributários devem ser publicitados, pelo que
nenhuma decisão do procedimento poderá produzir
efeitos sem que o seu destinatário tenha, ou possa
ter, dela conhecimento.

• É o que resulta do n.º 6 do artigo 77.º da LGT, em


conjugação com o disposto no n.º 1 do artigo 36.º do
CPPT, nos termos do qual a eficácia da decisão
depende de notificação.

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O DIREITO À NOTIFICAÇÃO
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• Em matéria tributária as notificações podem revestir


formas diversas:
• A notificação de atos ou decisões que alterem a
situação tributária dos contribuintes é
obrigatoriamente notificada por carta registada
com aviso de receção (n.º 1 do art. 38.º do CPPT),
• considerando-se a notificação efetuada no dia em
que for assinado o respetivo aviso (n.º 3 do art.
39.º do CPPT), ou, caso tenha havido devolução,
no 3.º dia posterior ao do registo da nova
notificação a efetuar para o efeito (n.º 6 do art.
39.º do CPPT)
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O DIREITO À NOTIFICAÇÃO
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– Uma exceção a este regime está consagrado no n.º


3 do artigo 38.º do CPPT, ao permitir a notificação
por carta registada:

• das liquidações de tributos que resultem de


declarações apresentadas pelos contribuintes
(caso do IRS)
• ou em que as correções à matéria tributável
(seja por meras correções aritméticas, seja por
aplicação de métodos indiretos) tenham sido
objeto de notificação para efeitos do exercício
do direito de audição.
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O DIREITO À NOTIFICAÇÃO
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• As notificações das liquidações de impostos


periódicos feitas nos prazos previstos na lei são
efetuadas por simples via postal (n.º 4 do art. 38.º do
CPPT).

• Nos demais casos, a comunicação dos atos deve ser


efetuada por carta registada, presumindo-se a
notificação efetuada no 3.º dia posterior ao do
registo (ou no primeiro dia útil seguinte a esse
quando o 3.º dia não seja útil – n.º 1 do artigo 39.º do
CPPT).

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O DIREITO À NOTIFICAÇÃO
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• Em termos do conteúdo da notificação, dispõe-se no


n.º 2 do artigo 36.º do CPPT que as notificações
conterão, sempre:

– (i) a decisão,
– (ii) os seus fundamentos,
– (iii) os meios de defesa e prazo para reagir contra
o ato notificado,
– (iv) a indicação da entidade que o praticou e
– (v) se o fez no uso de delegação ou subdelegação
de competências.
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O DIREITO À NOTIFICAÇÃO
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• Porém, nem todos os requisitos antes referidos


parecem ter igual dignidade.

• Na verdade, o n.º 12 do artigo 39.º do CPPT só


comina com nulidade aquelas situações em que haja
“falta de indicação do autor do ato e, no caso de
este o ter praticado no uso de delegação ou
subdelegação de competências, da qualidade em que
decidiu, do seu sentido e da sua data”.

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O DIREITO À NOTIFICAÇÃO
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• Para as demais situações, designadamente, a falta de


indicação da fundamentação, dos meios de defesa e
dos prazos de reação, o destinatário pode (diríamos,
deve) utilizar o mecanismo previsto no art. 37.º do
CPPT, requerendo ao órgão competente, e no prazo
de 30 dias, salvo se o prazo para a reclamação,
impugnação ou recurso for inferior, a renovação da
notificação ou a emissão de certidão contendo os
elementos omitidos.
• Tal requerimento interrompe o prazo para a
interposição dos meios impugnatórios, que só se
iniciarão a partir do momento em que seja renovada
a notificação ou entregue a certidão requerida.
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O DIREITO À NOTIFICAÇÃO
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• Em relação a esta matéria ter em atenção o que


dispõe o n.º 10 do artigo 39.º do CPPT, nos termos do
qual “O presente artigo não prejudica a aplicação do
disposto no n.º 6 do artigo 45.º da Lei Geral
Tributária”.

• Quer isto dizer que, para efeitos de caducidade, a


notificação ter-se-á sempre por efetuada, e por
validamente efetuada, no terceiro dia posterior ao do
registo, mesmo nos casos em que ela seja nula ou o
contribuinte demonstre que a recebeu numa data
muito posterior à presumida.
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O DIREITO A JUROS INDEMNIZATÓRIOS E
MORATÓRIOS 47

• O direito a juros indemnizatórios, enquanto garantia


dos contribuintes, prevista no artigo 43.º da LGT,
tem a sua justificação no facto de o contribuinte ter
pago indevidamente impostos, em virtude de erros
imputáveis aos serviços, ou o não cumprimento, por
estes, de determinados prazos legais.

• A taxa dos juros indemnizatórios é igual à taxa dos


juros compensatórios, ou seja, 4% (que corresponde
à taxa de juro legal nos termos do artigo 559.º do
Código Civil).

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O DIREITO A JUROS INDEMNIZATÓRIOS E
MORATÓRIOS 48

• As situações relevantes para efeitos de juros


compensatórios são as seguintes:

1. Erro imputável aos serviços de que resultou


pagamento de dívida tributária em montante
superior ao legalmente devido, determinado em
reclamação graciosa ou impugnação judicial.
Neste caso, não é necessário apresentar
qualquer pedido de pagamento de juros.

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O DIREITO A JUROS INDEMNIZATÓRIOS E
MORATÓRIOS 49

• De harmonia com o artigo 61.º do CPPT, os juros


devem ser liquidados e pagos no prazo de 90 dias
contados a partir da decisão que reconheceu o
direito.

• Se a decisão for judicial, o prazo de pagamento


conta-se a partir do início do prazo da sua execução
espontânea.

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O DIREITO A JUROS INDEMNIZATÓRIOS E
MORATÓRIOS 50

2. Erro imputável aos serviços de que resultou


pagamento de dívida tributária em montante
superior ao legalmente devido, apesar de a
liquidação ser efetuada com base na declaração do
contribuinte, que seguiu no seu preenchimento as
orientações genéricas divulgadas pela
administração tributária.
Neste caso, é necessário demonstrar, em
reclamação graciosa ou impugnação judicial, que a
orientação genérica devidamente publicada
enferma de erro e que foi esse erro que
determinou que o contribuinte tivesse pago um
montante superior ao legalmente devido.
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O DIREITO A JUROS INDEMNIZATÓRIOS E
MORATÓRIOS 51

– Não cumprimento do prazo legal de restituição


oficiosa dos tributos.
O não cumprimento do prazo de restituição dos
tributos – reembolsos – determina a atribuição
oficiosa de juros indemnizatórios, que devem ser
liquidados e pagos a partir do dia seguinte ao
termo do prazo legal de restituição oficiosa do
tributo.
Se tal não se verificar, o contribuinte poderá, nos
termos do artigo 145.º do CPPT, interpor uma ação
destinada ao reconhecimento do direito ou
interesse em matéria tributária.
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O DIREITO A JUROS INDEMNIZATÓRIOS E
MORATÓRIOS 52

– Anulação do ato tributário por iniciativa da


administração.
O pagamento de juros indemnizatórios não
depende de apresentação prévia de uma
reclamação graciosa ou de uma impugnação
judicial. É a própria administração que deve
liquidar e pagar os juros, se não emitir uma nota
de crédito até ao 30.º dia posterior à decisão de
anulação da liquidação.

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O DIREITO A JUROS INDEMNIZATÓRIOS E
MORATÓRIOS 53

– Revisão do ato tributário por iniciativa do


contribuinte, efetuada mais de um ano após o
pedido do mesmo, salvo se o atraso não for
imputável à administração tributária.
O pagamento de juros indemnizatórios não
depende de apresentação prévia de uma
reclamação graciosa ou de uma impugnação
judicial. É a própria administração que deve
liquidar e pagar os juros, se não emitir uma nota
de crédito até ao 30.º dia posterior à decisão de
anulação da liquidação.

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O DIREITO À REDUÇÃO DAS COIMAS
54

• O direito à redução das coimas, consagrado nos


artigos 29.º a 31.º do RGIT, pressupõe que o sujeito
passivo apresente, por iniciativa própria, um pedido
nesse sentido perante um serviço da administração
tributária, que, na maior parte dos casos, será o
serviço local de finanças.

• O pedido terá de ser apresentado antes da


instauração do processo de contraordenação,
consequentemente antes de ter sido levantado auto
de notícia ou ter sido recebida participação ou
denúncia.
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O DIREITO À REDUÇÃO DAS COIMAS
55

• Para ter direito à redução das coimas, o sujeito


passivo infrator terá de identificar e reconhecer as
infrações que cometeu.

• Com efeito, não basta que solicite genericamente a


redução das coimas referentes às infrações que
cometeu, sem as identificar.

• O pedido terá, necessariamente, de ser apresentado


por alguém que tenha poderes para o efeito,
designadamente pelo próprio contribuinte ou por um
seu representante legal.
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O DIREITO À REDUÇÃO DAS COIMAS
56

• O pedido terá de respeitar os prazos estabelecidos no


mencionado artigo 29.º do RGIT e que são os
seguintes:

a) Pedido apresentado nos 30 dias posteriores ao da


prática da infração, desde que não tenha sido
levantado auto de notícia, recebida participação
ou denúncia ou iniciado procedimento de
inspeção tributária – neste caso o infrator tem
direito a uma redução da coima para 12,5% do
montante mínimo legal (alínea a) do n.º 1);

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O DIREITO À REDUÇÃO DAS COIMAS
57

b) Pedido apresentado para além dos 30 dias


posteriores ao da prática da infração, sem que
tenha sido levantado auto de notícia, recebida
participação ou denúncia ou iniciado
procedimento de inspeção tributária – neste caso
o infrator tem direito a uma redução da coima
para 25% do montante mínimo legal (alínea b) do
n.º 1);

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O DIREITO À REDUÇÃO DAS COIMAS
58

c) Pedido apresentado até ao termo do


procedimento de inspeção tributária – neste
caso, sendo a infração meramente negligente –
o infrator tem direito a uma redução da coima
para 75% do montante mínimo legal (alínea c)
do n.º 1).

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O DIREITO À REDUÇÃO DAS COIMAS
59

• No caso da alínea c), o infrator terá de dar


conhecimento da apresentação do pedido de redução
das coimas ao inspetor tributário que está a levar a
efeito o procedimento.
• Nas situações contempladas nas alíneas a) e b) do n.º
1 do artigo 29.º do RGIT, o montante da coima
assenta no mínimo legal estabelecido para os casos
de negligência. Sempre que a coima variar em função
da prestação tributária, é considerado mínimo 10%
ou 20% da prestação tributária devida, conforme a
infração tenha sido praticada por, respetivamente,
uma pessoa singular ou por uma pessoa coletiva (n.º
1 do artigo 31.º do RGIT).
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O DIREITO À REDUÇÃO DAS COIMAS
60

• Para além dos requisitos enunciados, nos casos


previstos nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 29.º do
RGIT, para haver lugar à redução é necessário, nos
termos do n.º 1 do artigo 30.º do RGIT, que o
pagamento da coima seja efetuado nos 15 dias
posteriores ao da entrada nos serviços da
administração tributária do pedido de redução.
• No caso da alínea c) do n.º 1 do artigo 29.º do RGIT e
no caso do artigo 31.º, para haver lugar à redução é
necessário, igualmente nos termos do n.º 1 do artigo
30.º do RGIT, que a coima seja paga nos 15 dias
posteriores à sua notificação pela entidade
competente.
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O DIREITO À REDUÇÃO DAS COIMAS
61

• Nos termos do n.º 4 do artigo 29.º do RGIT, aditado


pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro (Lei do
Orçamento de Estado para 2013), nas situações
acabadas de indicar, e que são as referidas no n.º 1
do mesmo artigo, pode não ser aplicada coima
quando o agente seja uma pessoa singular e desde
que, nos cinco anos anteriores, o agente não tenha:
a) Sido condenado por decisão transitada em julgado,
em processo de contraordenação ou de crime por
infrações tributárias; b) Beneficiado de pagamento de
coima com redução nos termos deste artigo; c)
Beneficiado da dispensa prevista no artigo 32.º.
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O DIREITO À REDUÇÃO DAS COIMAS
62

• Em todos os casos indicados é ainda indispensável,


igualmente nos termos do n.º 1 do artigo 30.º do
RGIT, que o infrator proceda à regularização da sua
situação tributária.

• Para este efeito entende-se por regularização da


situação tributária o cumprimento das obrigações
tributárias que deram origem à infração (n.º 3 do
artigo 30.º do RGIT).

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MÉTODOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
63

OS MEIOS DE DEFESA DO SUJEITO PASSIVO

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OS MEIOS DE DEFESA DO SUJEITO PASSIVO
64

O PROCEDIMENTO DE REVISÃO

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OS MEIOS DE DEFESA DO SUJEITO PASSIVO
65

O PROCEDIMENTO DE REVISÃO
PROPRIAMENTE DITO

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O PROCEDIMENTO DE REVISÃO PROPRIAMENTE
DITO 66

• Nos casos em que a administração tributária


determina a matéria tributável por avaliação
indireta, por motivo de:
– Impossibilidade de comprovação e quantificação direta e
exata dos elementos indispensáveis à correta determinação
da matéria tributável de qualquer imposto;
– Os sujeitos passivos apresentarem, sem razão justificada,
resultados tributáveis nulos ou prejuízos fiscais durante três
anos consecutivos, salvo nos casos de início de atividade, em
que a contagem deste prazo se faz do termo do terceiro ano,
ou em três anos durante um período de cinco;

• como pode o sujeito passivo reagir?


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O PROCEDIMENTO DE REVISÃO PROPRIAMENTE
DITO 67

• Nos termos do n.º 5 do mesmo artigo 86.º da LGT,


”Em caso de erro na quantificação ou nos
pressupostos da determinação indireta da matéria
tributável, a impugnação judicial da liquidação ou,
se esta não tiver lugar, da avaliação indireta
depende da prévia reclamação nos termos da
presente lei”.

• A “reclamação” referida na norma só pode ser o


procedimento de revisão da matéria tributável fixada
por métodos indiretos, previsto no artigo 91.º da
LGT.
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O PROCEDIMENTO DE REVISÃO PROPRIAMENTE
DITO 68

• O regime legal deste procedimento é de simples


sistematização. Assim:

– O sujeito passivo deve, no prazo de 30 dias a


contar da data da notificação da decisão que
determinou a matéria tributável por métodos
indiretos, dirigir ao Diretor de Finanças,
– um requerimento fundamentado (indicando
expressamente as razões da sua divergência e
explicitando se o ataque vai dirigido ao erro sobre
os pressupostos, ao erro na quantificação, ou a
ambos),
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE REVISÃO PROPRIAMENTE
DITO 69

– o qual deverá conter a nomeação de um perito


que o vai representar no procedimento de revisão
(n.º 1 do artigo 91.º da LGT).

– Facultativamente, pode requerer a nomeação de


um perito independente (n.º 4 do artigo 91.º).
Nesta situação deve suportar integralmente a sua
remuneração

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O PROCEDIMENTO DE REVISÃO PROPRIAMENTE
DITO 70

• Neste procedimento de revisão não podem ser


discutidas questões de direito (salvo as reportadas ao
erro sobre os pressupostos), nem as correções de
natureza meramente aritmética.

• Face ao disposto no n.º 15 do artigo 91.º da LGT, este


procedimento é único, ainda que estejam em causa
impostos de diversa natureza (IRS, IRC, IVA, IMT…) e
relativos a exercícios económicos diversos, desde
que resultantes de uma mesma ação inspetiva.

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O PROCEDIMENTO DE REVISÃO PROPRIAMENTE
DITO 71

• Recebido o requerimento, e não havendo razões


formais que impeçam o seu recebimento, o Diretor
de Finanças designará um perito da administração
tributária,
• que conduzirá o debate contraditório sobre a matéria
constante do requerimento,
• em ordem a estabelecer um acordo quanto à matéria
tributável a considerar para efeitos de liquidação (n.º
3 do artigo 91.º e n.os 1 e 2 do artigo 92.º da LGT).

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE REVISÃO PROPRIAMENTE
DITO 72

• Se não for possível chegar a acordo, cada um dos


peritos deixará expressa a sua posição (normalmente
por escrito, ou pela elaboração de um laudo ou
ditando para a ata) e o procedimento será presente
ao órgão competente, que decidirá de acordo com o
seu prudente juízo e tomando em consideração as
posições de ambos os peritos (n.º 6 do artigo 92.º).

• Havendo acordo, a administração tributária fica


vinculada ao valor acordado, devendo a liquidação
ser efetuada com base nesse valor.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE REVISÃO PROPRIAMENTE
DITO 73

• Por outro lado, e na vertente do sujeito passivo, por


força do disposto no n.º 4 do artigo 86.º da LGT, a
celebração de acordo impede-o de invocar, em futura
impugnação judicial (seja da liquidação, seja da
própria matéria tributável) qualquer ilegalidade que
tenha sido praticada no âmbito da avaliação indireta.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
OS MEIOS DE DEFESA DO SUJEITO PASSIVO
74

O PROCEDIMENTO DO ARTIGO 139.º DO CIRC

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DO ARTIGO 139.º DO CIRC
75

• A reforma do património operada no nosso


ordenamento tributário projetou-se também ao nível
dos impostos sobre o rendimento, na medida em que
alargou as situações em que o valor patrimonial
tributário apurado em sede de IMI serve de elemento
comparativo à determinação da base de incidência
destes impostos.

• É o que resulta do artigo 64.º do CIRC, aplicável


também na categoria B do IRS, por força do artigo
31.º-A do CIRS.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DO ARTIGO 139.º DO CIRC
76

• Sempre que o contribuinte pretenda fazer prova do


preço efetivo da transmissão dos imóveis, afastando,
assim, a tributação pelo valor patrimonial tributário,

• deve, face ao disposto no n.º 5 do artigo 139.º do


CIRC, utilizar, com as devidas adaptações, o
procedimento de revisão da matéria tributável
analisado no ponto anterior.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DO ARTIGO 139.º DO CIRC
77

• Tal procedimento deve ser requerido:

– ou no mês de janeiro do ano seguinte àquele em


que ocorreram as transmissões, caso o valor
patrimonial tributário já se encontre
definitivamente fixado, ou

– nos 30 dias posteriores à data em que a avaliação


se tornou definitiva, nos restantes casos.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DO ARTIGO 139.º DO CIRC
78

• Neste procedimento, contudo, e diferentemente do


que se verifica no do artigo 91.º da LGT,

• a AT tem a possibilidade de aceder aos documentos


bancários do requerente e dos respetivos
administradores ou gerentes, referentes ao exercício
em que ocorreu a transmissão e ao exercício
anterior,

• para o que devem ser anexados ao pedido os


correspondentes documentos de autorização (n.º 6
do artigo 139.º do CIRC).
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DO ARTIGO 139.º DO CIRC
79

• De conformidade com o n.º 7 do artigo 139.º do CIRC,


a liquidação de IRC que resulte da aplicação do
disposto no artigo 64.º só pode ser judicialmente
impugnada (mas já não reclamada) e depende sempre
de prévio pedido de revisão.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
OS MEIOS DE DEFESA DO SUJEITO PASSIVO
80

A REVISÃO DOS ATOS TRIBUTÁRIOS

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A REVISÃO DOS ATOS TRIBUTÁRIOS
81

• O sujeito passivo dispõe de um prazo de 120 dias


(prazo da reclamação graciosa) para solicitar, perante
o autor do ato, a revisão dos atos tributários com
base em qualquer ilegalidade.

• A administração tributária pode desencadear este


procedimento, com base em erro imputável aos
serviços, no prazo de 4 anos após a liquidação, se o
tributo já estiver pago, ou a todo o tempo se o
tributo ainda não estiver pago.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A REVISÃO DOS ATOS TRIBUTÁRIOS
82

• Este “erro”, como resulta do disposto no n.º 3 do


artigo 78.º da LGT, deve ser prévia e
fundamentadamente reconhecido pela administração
tributária antes de proceder à sua revisão.

• O n.º 2 do artigo 78.º da LGT equipara ao erro


imputável aos serviços todo o erro (de facto ou de
direito) praticado pelo sujeito passivo na
autoliquidação.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A REVISÃO DOS ATOS TRIBUTÁRIOS
83

• Os n.os 4 e 5 do artigo 78.º ao permitem,


excecionalmente, nos três anos posteriores ao do ato
tributário, a revisão da matéria tributável com
fundamento em injustiça grave ou notória
(considerando-se como notória apenas a injustiça
ostensiva e inequívoca e como grave a resultante de
tributação manifestamente exagerada e
desproporcionada com a realidade ou de que tenha
resultado elevado prejuízo para a Fazenda Pública),
desde que o erro não seja imputável a
comportamento negligente do sujeito passivo.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
OS MEIOS DE DEFESA DOS SUJEITOS PASSIVOS
84

A RECLAMAÇÃO GRACIOSA

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A RECLAMAÇÃO GRACIOSA
85

• O procedimento de reclamação graciosa visa, nos


termos do artigo 68.º do CPPT, a anulação total ou
parcial dos atos tributários, por iniciativa do
contribuinte.

• Estamos em presença do meio adequado para reagir


contra a ilegalidade de um qualquer ato tributário e
que rivaliza, em termos processuais, com a
impugnação judicial e com o procedimento arbitral
tributário.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A RECLAMAÇÃO GRACIOSA
86

• Na verdade, estando em presença de um ato


tributário ilegal, o contribuinte pode optar, salvo
disposição legal em contrário, entre:

– deduzir reclamação graciosa,


– interpor impugnação judicial ou
– requerer a constituição de tribunal arbitral.

• Não pode é utilizar, simultaneamente, os três meios


impugnatórios.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A RECLAMAÇÃO GRACIOSA
87

• Por força do n.º 2 do artigo 68.º do CPPT, o


contribuinte fica impedido de apresentar reclamação
graciosa se já tiver deduzido, com o mesmo
fundamento, impugnação judicial.

• Isto não significa que o interessado, tendo optado por


deduzir reclamação graciosa, veja precludido o seu
direito de acesso ao tribunal. Da análise aos artigos
97.º, n.º 1 c), 102.º, n.º 1 d) e n.º 2, e 106.º do
CPPT, fica claro que do indeferimento (expresso ou
tácito) da reclamação cabe impugnação judicial.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A RECLAMAÇÃO GRACIOSA
88

• O procedimento de reclamação graciosa caracteriza-


se, essencialmente, pela simplicidade dos seus
termos e brevidade das suas resoluções, dispensando
as formalidades essenciais (ver alíneas a) e b) do
artigo 69.º do CPPT).

• Diz-se, ainda, no artigo 69.º que a reclamação


graciosa não tem efeito suspensivo do ato reclamado,
salvo se for prestada garantia nos termos legais (ver
artigos 169.º, 195.º e 199.º do CPPT).

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A RECLAMAÇÃO GRACIOSA
89

• A reclamação graciosa é deduzida através da


apresentação de um requerimento escrito ou, nos
casos de manifesta simplicidade, formulando-a
oralmente junto do serviço de finanças competente,
embora com redução a escrito.

• O requerimento deve ser apresentado, de acordo


com a natureza do ato reclamado, junto do órgão
periférico local (serviço de finanças) da área do
domicílio ou sede do contribuinte, da situação dos
bens ou da liquidação, e dirigido ao órgão periférico
regional (diretor de finanças).
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A RECLAMAÇÃO GRACIOSA
90

• Do requerimento devem constar, não apenas a


identificação do reclamante (com indicação do
número de identificação fiscal), do órgão
administrativo a que se dirige e do ato reclamado,
bem como os fundamentos de facto em que se baseia
o pedido de anulação do ato.

• Se for prestada garantia destinada a suspender a


execução do ato e o contribuinte pretender ser
indemnizado, no caso de procedência da reclamação,
deve formular tal pretensão no próprio requerimento
de reclamação.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A RECLAMAÇÃO GRACIOSA
91

• Em relação aos prazos para apresentação da


reclamação, devemos distinguir o prazo geral,
previsto no n.º 1 do artigo 70.º, que é de 120 dias,
dos prazos especiais previstos nos artigos 131.º,
132.º e 133.º do CPPT.

• Nestas três últimas situações estamos perante casos


de reclamação graciosa prévia e obrigatória,
constituindo condição necessária de acesso à
impugnação judicial.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A RECLAMAÇÃO GRACIOSA
92

• No artigo 131.º previnem-se os casos de erro (de


facto ou de direito) praticado numa autoliquidação. A
reclamação é obrigatória e o prazo é de dois anos
após a apresentação da declaração.
• No artigo 132.º contemplam-se os casos em que
ocorreu um erro que motivou a entrega de imposto
superior ao efetivamente retido. Também aqui, se
não for possível efetuar a compensação com entregas
posteriores da mesma natureza, deverá o
contribuinte apresentar reclamação graciosa no prazo
de dois anos a contar do termo do ano em que foi
efetuado o pagamento indevido.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A RECLAMAÇÃO GRACIOSA
93

• Finalmente, no artigo 133.º regulam-se as


reclamações, também obrigatórias, contra
pagamentos por conta. O prazo, nestes casos, é de
apenas 30 dias, sendo a reclamação apresentada e
dirigida ao órgão periférico local (chefe do Serviço de
Finanças).

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A RECLAMAÇÃO GRACIOSA
94

• O prazo de 120 dias conta-se, por força do disposto


no n.º 1 do artigo 70.º, a partir dos factos previstos
no n.º 1 do artigo 102.º do CPPT, e que são os
seguintes:

a) Termo do prazo para pagamento voluntário das


prestações tributárias legalmente notificadas ao
contribuinte;
b) Notificação dos restantes atos tributários, mesmo
quando não deem origem a qualquer liquidação;
c) Citação dos responsáveis subsidiários em
processo de execução fiscal;
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A RECLAMAÇÃO GRACIOSA
95

d) Formação da presunção do indeferimento tácito;


e) Notificação dos restantes atos que possam ser
objeto de impugnação autónoma nos termos deste
Código;
f) Conhecimento dos atos lesivos dos interesses
legalmente protegidos não abrangidos nas alíneas
anteriores.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A RECLAMAÇÃO GRACIOSA
96

• A referência à “citação” dos responsáveis


subsidiários em processo de execução fiscal,
justifica-se por força do disposto no n.º 4 do artigo
22.º da LGT, na medida em que, sendo estes
responsáveis chamados à execução fiscal para
pagamento de dívida de outrem, o que só pode ser
efetuado através de citação pessoal, a lei confere-
lhes o direito de reclamar (ou impugnar) a dívida nos
mesmos termos do devedor principal.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A RECLAMAÇÃO GRACIOSA
97

• Nos casos em que a reclamação tiver por fundamento


facto, documento ou sentença supervenientes, o
prazo conta-se a partir do momento em que tiver
sido possível ao reclamante obter o documento ou
sentença, ou ainda conhecer o facto, estando,
todavia, onerado com a demonstração dessa
superveniência.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A RECLAMAÇÃO GRACIOSA
98

• A competência para a instrução do procedimento será


em regra do órgão periférico local.

• Quanto à competência decisória, e numa tentativa de


aumentar a celeridade do referido procedimento, o
legislador estabeleceu tal competência em função do
valor do pedido.

• Nos casos em que o valor do processo não exceda o


quíntuplo da alçada do tribunal tributário
(€ 6250,00) a competência é do órgão periférico
local, no caso contrário, pertencerá ao órgão
periférico regional.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A RECLAMAÇÃO GRACIOSA
99

• Nos termos da alínea b) do n.º 1 do artigo 60.º da


LGT, é obrigatória a audição do contribuinte nos
casos em que o órgão decisor entenda,
fundamentadamente, haver lugar a indeferimento
total ou parcial do pedido formulado na reclamação
graciosa.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A RECLAMAÇÃO GRACIOSA
100

• Concretizando-se o indeferimento da reclamação o


contribuinte passa a dispor de três meios alternativos
de reação.
• Nos termos do n.º 1 do artigo 76.º do CPPT, a decisão
de indeferimento pode ser objeto de recurso
hierárquico no prazo de 30 dias a contar da
notificação.
• Mas pode igualmente apresentar impugnação judicial,
no prazo de 15 dias a contar da notificação da
decisão expressa.
• E pode, igualmente, solicitar a constituição de
tribunal arbitral.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
OS MEIOS DE DEFESA DOS SUJEITOS PASSIVOS
101

O RECURSO HIERÁRQUICO

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O RECURSO HIERÁRQUICO
102

• O artigo 80.º da LGT estabelece a regra de que a


decisão do procedimento é, sempre, suscetível de
recurso hierárquico para o mais elevado superior
hierárquico do autor do ato, com caráter facultativo.

• O artigo 66.º do CPPT confirma esta regra, ao


enunciar que as “decisões” dos órgãos da
administração tributária são suscetíveis de recurso
hierárquico.

• Ficam excluídos do objeto dos recursos os atos


praticados pelas comissões de avaliação de valores
patrimoniais ou de revisão da matéria tributável.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O RECURSO HIERÁRQUICO
103

• De acordo com o disposto no n.º 2 do artigo 66.º do


CPPT, o recurso hierárquico é interposto perante o
autor do ato recorrido, no prazo de 30 dias a contar
da notificação do ato ou da formação de
indeferimento tácito.

• A interposição faz-se através de requerimento,


dirigido ao mais elevado superior hierárquico
(Ministro), no qual serão indicados os fundamentos de
facto e de direito que estão na origem do recurso,
podendo ser juntos os elementos probatórios
julgados convenientes.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O RECURSO HIERÁRQUICO
104

• Apresentado o requerimento de recurso, o autor do


ato dispõe de um prazo de 15 dias para a sua
apreciação, podendo revogar, total ou parcialmente,
o ato praticado.

• O recurso hierárquico deve ser decidido no prazo de


60 dias.

• Na falta de decisão no referido prazo de 60 dias o


recorrente pode presumir o seu indeferimento para
efeitos de reação contenciosa.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O RECURSO HIERÁRQUICO
105

• Nos casos de indeferimento do recurso – por decisão


expressa ou por decisão tácita – o recorrente pode
deduzir impugnação contenciosa, através de
impugnação judicial ou ação administrativa especial.

• Optando pela impugnação judicial o prazo é de três


meses, a contar da notificação do indeferimento
expresso ou do momento em que se deva considerar
tacitamente indeferido.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
OS MEIOS DE DEFESA DOS SUJEITOS PASSIVOS
106

A IMPUGNAÇÃO JUDICIAL

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A IMPUGNAÇÃO JUDICIAL
107

• Conforme decorre do artigo 99.º do CPPT, os


fundamentos da impugnação estão intimamente
associados à ilegalidade dos atos tributários, uma vez
que a impugnação judicial tem por objetivo a
anulação total ou parcial de tais.

• Tais ilegalidades serão apenas as que afetarem a


validade ou existência do ato e já não as
circunstâncias que, por serem posteriores à sua
prática, podem influenciar a sua eficácia e eventual
exigibilidade.

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A IMPUGNAÇÃO JUDICIAL
108

• Constitui fundamento de impugnação qualquer


ilegalidade, designadamente:

– Errónea qualificação e quantificação dos


rendimentos, lucros, valores patrimoniais e outros
factos tributários;
– Incompetência;
– Ausência ou vício da fundamentação legalmente
exigida;
– Preterição de outras formalidades legais.

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A IMPUGNAÇÃO JUDICIAL
109

• Quando o contribuinte decide utilizar diretamente a


impugnação judicial para sindicar judicialmente a
legalidade de um ato tributário, deve fazê-lo no
prazo de três meses, a contar de:

– Termo do prazo para pagamento voluntário das


prestações tributárias legalmente notificadas ao
contribuinte;
– Notificação dos restantes atos tributários, mesmo
quando não deem origem a qualquer liquidação;
– Citação dos responsáveis subsidiários em processo
de execução fiscal;
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A IMPUGNAÇÃO JUDICIAL
110

– Formação da presunção de indeferimento tácito;


– Notificação dos restantes atos que possam ser
objeto de impugnação autónoma nos termos deste
Código;
– Conhecimento dos atos lesivos dos interesses
legalmente protegidos não abrangidos nas alíneas
anteriores.

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A IMPUGNAÇÃO JUDICIAL
111

• Nos casos em que a impugnação surge como meio


processual posterior à utilização de um meio
procedimental impugnatório (reclamação graciosa ou
recurso hierárquico), o prazo é de:
– Três meses, no caso de indeferimento tácito da
reclamação graciosa ou do recurso hierárquico ou
de indeferimento expresso de recurso hierárquico,
sempre que a impugnação tenha por objeto a
legalidade do ato de liquidação;
– 15 dias, no caso de indeferimento expresso de
reclamação graciosa;
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A IMPUGNAÇÃO JUDICIAL
112

– 30 dias, nos casos de indeferimento expresso ou


tácito da reclamação prévia necessária contra atos
de autoliquidação e retenções na fonte (artigos
131.º e 132.º do CPPT, ou de indeferimento
expresso de reclamação contra pagamentos por
conta (artigo 133.º do CPPT).

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A IMPUGNAÇÃO JUDICIAL
113

• Nos casos em que o prazo depende de uma


notificação (casos das alíneas a) e e)) ou de uma
citação (caso da alínea c)), ele só se inicia se tais atos
forem válidos, embora o contribuinte deva reagir
contra a sua irregularidade, se quiser beneficiar da
paralisação do prazo respetivo.

• Na impugnação de atos de apreensão e de medidas


cautelares adotadas pela administração tributária, o
prazo é de 15 dias.

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A IMPUGNAÇÃO JUDICIAL
114

• Os prazos referidos contam-se, face ao disposto no


n.º 1 do artigo 20.º do CPPT, nos termos do artigo
279.º do Código Civil: continuamente, sem qualquer
interrupção ou suspensão. Porém, quando o prazo
termine em sábado, domingo, dia feriado ou em
férias judiciais, transfere-se para o primeiro dia útil
seguinte.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A IMPUGNAÇÃO JUDICIAL
115

• Quanto aos efeitos da interposição de impugnação


judicial, vale o disposto no n.º 4 do artigo 103.º do
CPPT, de acordo com o qual só mediante
apresentação de garantia idónea (ou deferimento da
sua dispensa no âmbito da própria execução), nos
termos do artigo 199.º do CPPT, se conseguirá a
suspensão da execução do ato impugnado.

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A IMPUGNAÇÃO JUDICIAL
116

• Em termos de tramitação, o processo de impugnação


inicia-se com a apresentação da petição de
impugnação (petição inicial).

• Esta petição pode ser apresentada diretamente no


tribunal ou no serviço de finanças da área do
domicílio fiscal, da situação dos bens ou da
liquidação.

• A petição deve satisfazer os requisitos exigidos no


artigo 108.º do CPPT, devendo ser articulada, dirigida
ao juiz do tribunal competente.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A IMPUGNAÇÃO JUDICIAL
117

• A petição deve conter a identificação do ato


impugnado, da entidade que o praticou bem como as
razões de facto e de direito que fundamentam o
pedido.

• É obrigatória a indicação do valor do processo,


devendo ser subscrita por advogado caso este valor
ultrapasse o décuplo da alçada dos tribunais
tributários .

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A IMPUGNAÇÃO JUDICIAL
118

• Recebida a petição inicial o representante da


Fazenda Pública é notificado para, no prazo de 90
dias, contestar e requerer a produção de prova que
entenda necessária.

• Antes de se iniciar a instrução, existe no processo de


impugnação judicial uma fase pré-instrutória ou
preliminar, durante a qual a administração tributária
pode decidir revogar total ou parcialmente o ato
impugnado.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
OS MEIOS DE DEFESA DOS SUJEITOS PASSIVOS
119

O PROCESSO ARBITRAL TRIBUTÁRIO

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCESSO ARBITRAL TRIBUTÁRIO
120

• A arbitragem constitui uma forma de resolução de um


litígio através de um terceiro neutro e imparcial – o
árbitro – e cuja decisão tem o mesmo valor jurídico
que as sentenças judiciais.

• Pretendendo-se que as decisões sejam céleres, foi


estabelecido um prazo de seis meses para emitir a
decisão arbitral, com possibilidade de prorrogação,
que nunca excederá seis meses.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCESSO ARBITRAL TRIBUTÁRIO
121

• Podem ser apreciadas pelos tribunais arbitrais as


seguintes matérias:

– A apreciação da declaração de ilegalidade de atos


de liquidação de tributos, de autoliquidação, de
retenção na fonte e de pagamento por conta;

– A declaração de ilegalidade de atos de


determinação da matéria tributável, de atos de
determinação da matéria coletável e de atos de
fixação de valores patrimoniais.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCESSO ARBITRAL TRIBUTÁRIO
122

• Ficam excluídas da arbitragem tributária as seguintes


matérias:

– Pretensões relativas à declaração de ilegalidade de


atos de autoliquidação, de retenção na fonte e de
pagamentos por conta, que não tenham sido
precedidos de reclamação graciosa nos termos dos
artigos 131.º a 133.º do CPPT;
– Pretensões relativas a atos de determinação da
matéria coletável e atos de determinação da
matéria tributável, ambos por métodos indiretos,
incluindo a decisão do procedimento de revisão;
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCESSO ARBITRAL TRIBUTÁRIO
123

– Pretensões relativas a direitos aduaneiros sobre a


importação e demais impostos indiretos que
incidam sobre mercadorias sujeitas a direitos de
importação; e
– Pretensões relativas a classificação pautal, origem
e valor aduaneiro das mercadorias e a
contingentes pautais, ou cuja resolução dependa
de análise laboratorial ou de diligências a efetuar
por outro Estado membro no âmbito da
cooperação administrativa em matéria aduaneira.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCESSO ARBITRAL TRIBUTÁRIO
124

• A vinculação da AT à arbitragem abrange apenas


causas cujo valor seja inferior a € 10.000.000,00 (n.º
1 do artigo 3.º da Portaria antes mencionada),

• pelo que,

• quanto às restantes, ou seja, em relação às de valor


igual ou superior apenas poderão ter lugar os demais
meios de defesa.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCESSO ARBITRAL TRIBUTÁRIO
125

• Em matéria de prazos, dispõe o n.º 1 do artigo 10.º


do RAT que o pedido de constituição de tribunal
arbitral (pedido de pronúncia arbitral) deve ser
apresentado:

– No prazo de 90 dias a contar [alínea a)]:


• Dos factos previstos nos n.os 1 e 2 do artigo
102.º do CPPT;
• Da notificação da decisão;
• Do termo do prazo legal de decisão de recurso
hierárquico (em caso de deferimento tácito,
conforme n.º 5 do artigo 66.º do CPPT).
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCESSO ARBITRAL TRIBUTÁRIO
126

– No prazo de 30 dias [alínea b)]:

• Contado a partir da notificação dos atos


previstos na alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º.

• Atente-se no facto de o prazo para apresentação do


pedido, na sequência de indeferimento da
reclamação graciosa, ser sempre de 90 dias,
independentemente de o referido indeferimento ser
expresso ou tácito

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCESSO ARBITRAL TRIBUTÁRIO
127

• O tribunal arbitral pode ter diferentes tipos de


formação ou composição:

– Formação singular (um único árbitro) – quando o


valor do pedido não ultrapasse duas vezes o valor
da alçada dos Tribunais Centrais Administrativos
(€ 60.000,00) e o sujeito passivo não opte por
designar árbitro (n.º 2 do artigo 5.º do RAT).

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCESSO ARBITRAL TRIBUTÁRIO
128

– Formação em coletivo:

• Quando o valor do pedido de pronúncia


ultrapassar € 60.000,00 – árbitros designados
pelo Conselho Deontológico do CAAD, de entre
a lista de árbitros aprovada pelo próprio CAAD.
• Independentemente do valor da causa, sempre
que o sujeito passivo opte por designar árbitro –
dois árbitros designados pelas partes (que
poderão não constar da lista dos árbitros que
compõem o CAAD), os quais designam o terceiro
árbitro.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCESSO ARBITRAL TRIBUTÁRIO
129

• A apresentação de pedido de constituição de tribunal


arbitral tem os seguintes efeitos:

– Preclusão da possibilidade de utilização de outros


meios de defesa contra o mesmo ato, com os
mesmos fundamentos;

– Suspensão do processo de execução fiscal e


suspensão e interrupção dos prazos de caducidade
e de prescrição da prestação tributária em termos
análogos aos previstos para a impugnação judicial.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
OS MEIOS DE DEFESA DOS SUJEITOS PASSIVOS
130

A AÇÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A AÇÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL
131

• Nos termos da alínea p) do n.º 1 do artigo 97.º do


CPPT os contribuintes podem reagir judicialmente
contra o indeferimento total ou parcial ou contra a
revogação de isenções ou outros benefícios fiscais,
bem como de outros atos administrativos relativos a
questões tributárias que não comportem apreciação
da legalidade do ato de liquidação,

• através do meio processual designado de “recurso


contencioso”, regulado pelas normas sobre processo
nos tribunais administrativos.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A AÇÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL
132

• A ação de impugnação de atos administrativos apenas


pode ter por objeto atos de conteúdo positivo, como
os atos ablativos, que retiram direitos, os atos
impositivos, que impõem deveres, ou que aplicam
sanções.

• O modo de reação adequado contra atos


administrativos de conteúdo negativo (um ato que
indefere um pedido de isenção) é a condenação à
prática de ato administrativo devido.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A AÇÃO ADMINISTRATIVA ESPECIAL
133

• A ação administrativa especial deve ser apresentada


no prazo de três meses a contar da data da
notificação do ato impugnado (alínea b) do n.º 2 do
artigo 58.º do CPTA).

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
OS MEIOS DE DEFESA DOS SUJEITOS PASSIVOS
134

RECURSO DA DECISÃO DE
DERROGAÇÃO DO SIGILO BANCÁRIO

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
RECURSO DA DECISÃO DE
DERROGAÇÃO DO SIGILO BANCÁRIO 135

• A partir do ano de 2001, o legislador configurou a


favor da administração tributária um regime especial
de acesso à informação protegida pelo sigilo
bancário, temperada pela regra da confidencialidade
(artigo 64.º da LGT).

• Tal regime consta do artigo 63.º-B da LGT, nele se


distinguindo o acesso à informação bancária de um
contribuinte (n.º 1), do acesso à informação bancária
de familiares e terceiros que estejam em relação
especial com o contribuinte (n.º 2), estabelecendo
requisitos diferenciados para cada uma das situações.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
RECURSO DA DECISÃO DE
DERROGAÇÃO DO SIGILO BANCÁRIO 136

• O procedimento de levantamento do dever de


segredo bancário está sujeito ao princípio da
participação (audição prévia) e culmina com um
despacho fundamentado do Diretor Geral da AT, do
qual devem constar os motivos que permitem à
administração tributária solicitar ao tribunal a
derrogação do sigilo bancário.

• Em relação à derrogação do sigilo bancário do próprio


contribuinte valem as situações previstas no artigo
63.º-B da LGT.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
RECURSO DA DECISÃO DE
DERROGAÇÃO DO SIGILO BANCÁRIO 137

• Nas situações do n.º 1 do art. 63.-B estamos perante


um acesso direto a todas as informações e
documentos bancários, que não depende sequer do
consentimento do seu titular ou de qualquer recusa
prévia.

• A competência para determinar a derrogação do sigilo


bancário é do Diretor Geral da AT, sem possibilidade
de delegação, estando o ato sujeito a um exigente
dever de fundamentação.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
RECURSO DA DECISÃO DE
DERROGAÇÃO DO SIGILO BANCÁRIO 138

• O processo adequado para o sujeito passivo reagir


contra a derrogação do sigilo bancário está previsto
no artigo 146.º-B do CPPT.

• O recurso deve ser apresentado no prazo de 10 dias,


contados da data da notificação da decisão, devendo
o requerimento conter uma justificação sumária das
razões da discordância.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
OS MEIOS DE DEFESA DOS SUJEITOS PASSIVOS
139

DECLARAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
DECLARAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO
140

• Nos termos do n.º 3 do artigo 59.º do CPPT, em caso


de erro de facto ou de direito nas declarações dos
contribuintes, estas podem ser substituídas:

– Seja qual for a situação da declaração a substituir,


se ainda decorrer o prazo legal da respetiva
entrega;
– Sem prejuízo da responsabilidade
contraordenacional que ao caso couber, quando
desta declaração resultar imposto superior ou
reembolso inferior ao anteriormente apurado, nos
prazos a seguir indicados:
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
DECLARAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO
141

– Nos 30 dias seguintes ao termo do prazo legal, seja


qual for a situação da declaração a substituir;
– Até ao termo do prazo legal de reclamação
graciosa ou impugnação judicial do ato de
liquidação, para a correção de erros ou omissões
imputáveis aos sujeitos passivos de que resulte
imposto de montante inferior ao liquidado com
base na declaração apresentada;
– Até 60 dias antes do termo do prazo de
caducidade, para a correção de erros imputáveis
aos sujeitos passivos de que resulte imposto
superior ao anteriormente liquidado.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
DECLARAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO
142

• Sobre declarações de substituição ver o artigo 122.º


do Código do IRC, nos termos do qual, quando tenha
sido liquidado imposto inferior ao devido ou
declarado prejuízo fiscal superior ao efetivo, pode
ser apresentada declaração de substituição, ainda
que fora do prazo legalmente estabelecido, e
efetuado o pagamento do imposto em falta.
• Além disso, nos termos do n.º 2 do mesmo artigo a
autoliquidação de que tenha resultado imposto
superior ao devido ou prejuízo fiscal inferior ao
efetivo pode ser corrigida por meio de declaração de
substituição a apresentar no prazo de um ano a
contar do termo do prazo legal.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
DECLARAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO
143

• Ainda sobre declarações de substituição, mas agora


no domínio do IVA, ver o que refere o artigo 8.º do
Decreto-Lei n.º 229/95, de 11 de setembro, com a
redação que lhe foi dada pelo artigo 10.º da Lei n.º
64/2012, de 20 de dezembro.

• Nos termos dessa disposição, para efeitos de


utilização em períodos de imposto seguintes, são
creditados na conta corrente do sujeito passivo os
seguintes créditos:

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
DECLARAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO
144

– Créditos apurados em declarações periódicas


enviadas depois do termo do prazo previsto no
artigo 41.º do Código do IVA;

– Créditos resultantes de declarações periódicas de


substituição, submetidas no prazo estabelecido no
n.º 6 do artigo 78.º do referido Código, os quais
serão repercutidos nas declarações periódicas dos
períodos de imposto seguintes àqueles a que se
reportam.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
OS MEIOS DE DEFESA DOS SUJEITOS PASSIVOS
145

PROCEDIMENTO DE CORREÇÃO DE ERROS DA


ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
PROCEDIMENTO DE CORREÇÃO DE ERROS DA
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA 146

• Com este procedimento, que se encontra regulado


nos artigos 95.º-A a 95.º-C do CPPT, a AT pretendeu
estabelecer uma forma célere de obter a reparação
de erros materiais ou manifestos cometidos pela
administração tributária:

– quer no âmbito do procedimento tributário,

– quer no processo de execução fiscal.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
PROCEDIMENTO DE CORREÇÃO DE ERROS DA
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA 147

• Para o efeito, são considerados erros materiais ou


manifestos, designadamente os que resultarem do
funcionamento anómalo dos sistemas informáticos da
administração tributária, bem como as situações
inequívocas de erro de cálculo, de escrita, de
inexatidão ou lapso.

• O pedido de correção deste tipo de erros deve ser


solicitado ao diretor geral da AT, sendo apresentado
verbalmente ou por escrito em qualquer serviço da
administração tributária, no prazo de 10 dias
contados da data do conhecimento do facto lesivo.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
MÉTODOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
148

O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
149

PRINCÍPIOS DO PROCEDIMENTO
DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
150

• Com vista ao apuramento da situação tributária dos


contribuintes, os inspetores tributários podem, nos
termos do artigo 63.º da LGT, desenvolver todas as
diligências necessárias para assegurar os níveis de
cumprimento fiscal estabelecidos.

• A atividade da IT encontra-se regulada no RCPIT,


diploma que está longe de ser apenas um diploma
orientado para a IT, dirigindo-se também aos próprios
sujeitos passivos, altamente visados no procedimento
de inspeção tributária.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
151

• De conformidade com o artigo 5.º do RCPIT, o


procedimento de inspeção tributária obedece aos
princípios da verdade material, da proporcionalidade,
do contraditório e da cooperação.

• A AT, no exercício da sua atividade inspetiva deve


perseguir a busca da verdade material, estando, no
entanto, adstrita ao respeito dos princípios antes
invocados.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
152

• Nos termos do artigo 10.º do RCPIT, a falta de


cooperação dos sujeitos passivos e demais obrigados
tributários no procedimento de inspeção pode,
quando ilegítima, constituir fundamento de aplicação
de métodos indiretos, nos termos da lei.

• A falta de cooperação do sujeito passivo inspecionado


é, porém, de acordo com os n.os 5 e 6 do artigo 63.º
da LGT e nos termos do próprio RCPIT, considerada
legítima quando o procedimento de inspeção
tributária implique:

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
153

– O acesso à habitação do sujeito passivo;


– A consulta de elementos abrangidos pelo segredo
profissional, bancário ou qualquer outro dever de
sigilo legalmente regulado, salvo havendo
consentimento do titular ou derrogação do dever
de segredo bancário pela AT, quando legalmente
permitida;
– O acesso a factos da vida íntima dos cidadãos;
– A violação dos direitos de personalidade e outros
direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, nos
termos e limites previstos na Constituição da
República Portuguesa e na lei.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
154

• Nestas situações, caso se verifique a oposição do


contribuinte, esta só poderá ser contrariada por
decisão do tribunal da comarca competente, com
base em pedido fundamentado da AT nos termos do
n.º 6 do artigo 63.º da LGT.
• Além das situações indicadas, é também considerada
legítima a oposição do sujeito passivo quando o
inspetor tributário não esteja devidamente
credenciado para a prática do ato, ou quando exceda
o prazo legalmente previsto para a conclusão do
procedimento, sem que tenha havido prorrogação,
devidamente notificada, desse prazo.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
155

• O mesmo se passa quando os atos inspetivos não


respeitem o âmbito e a extensão definidos na ordem
de serviço ou despacho que determinou a realização
do procedimento.

• E o mesmo se passa, ainda, quando não seja


respeitada a competência territorial definida no
artigo 16.º do RCPIT, salvo se existir despacho,
devidamente fundamentado, a autorizar a extensão
dessa competência.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
156

• De conformidade com o artigo 11.º do RCPIT, o


procedimento de inspeção tributária tem um caráter
meramente preparatório ou acessório dos atos
tributários ou em matéria tributária, sem prejuízo do
direito de impugnação das medidas cautelares
adotadas ou de quaisquer outros atos, nos termos da
lei.

• A caraterização dos atos de inspeção como tendo esta


natureza, significa que tais atos não são diretamente
recorríveis contenciosamente, sem prejuízo,
obviamente, do direito que lhes assiste de
recorrerem dos atos finais.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
157

• As entidades inspecionadas têm, no entanto, o


direito de impugnar ou recorrer dos atos diretamente
lesivos dos seus direitos e interesses legalmente
protegidos, como será o caso das medidas cautelares
contempladas no artigo 30.º do RCPIT.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
158

CLASSIFICAÇÃO DO PROCEDIMENTO
DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
159

• Nos termos do artigo 12.º do RCPIT, o procedimento


de IT pode, quanto aos seus fins, ser:

– De comprovação e verificação – tendo por objetivo


confirmar o cumprimento das obrigações dos
sujeitos passivos e demais obrigados tributários.
Este é o procedimento mais utilizado pela IT,
visando averiguar o cumprimento tributário por
parte dos sujeitos passivos, a deteção de
irregularidades tributárias e a necessidade de
apurar corretamente a situação tributária,
efetuando as correções que se mostrem
devidamente justificadas.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
160

– De informação – tendo por finalidade o


cumprimento dos deveres de informação ou de
parecer por parte da AT. Nesta vertente a IT
desenvolve tarefas diversificadas, que podem ir
desde a informação das reclamações graciosas até
à informação da matéria de facto nas impugnações
judiciais.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
161

• Quanto ao lugar da sua realização o procedimento de


IT pode, nos termos do artigo 13.º do RCPIT, ser:

– Interno – quando os atos inspetivos se efetuam


exclusivamente nos serviços da AT, mediante a
análise formal e de coerência dos documentos
disponíveis nos serviços. É normal neste tipo de
procedimentos solicitar esclarecimentos,
informações e justificações aos sujeitos passivos
que estão a ser objeto de análise. A existirem
propostas de correção desfavoráveis ao sujeito
passivo, este deve ser notificado para efeitos de
direito de audição.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
162

– Externo – quando os atos de inspeção se efetuam,


total ou parcialmente, em instalações ou
dependências dos sujeitos passivos ou demais
obrigados tributários, de terceiros com quem
mantenham relações económicas ou em qualquer
outro lugar a que a inspeção tributária tenha
acesso.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
163

• Quanto ao âmbito o procedimento de IT pode, nos


termos do artigo 14.º do RCPIT ser:

– Geral ou polivalente – quando tiver por objeto a


situação tributária global ou o conjunto de deveres
tributários dos sujeitos passivos ou demais
obrigados tributários.

– Parcial ou univalente – quando abranja apenas


algum ou alguns tributos ou algum ou alguns
deveres dos sujeitos passivos ou dos demais
obrigados tributários.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
164

• No que diz respeito à extensão, o procedimento de


inspeção pode, nos termos do n.º 3 do artigo 14.º do
RCPIT, englobar um ou mais períodos de tributação.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
165

LOCAL, HORÁRIO DOS ATOS DE INSPEÇÃO


E PRAZO DO PROCEDIMENTO

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
166

• Quando o procedimento de inspeção tributária


envolver a verificação da contabilidade, dos livros de
escrituração ou outros documentos relacionados com
a entidade a inspecionar, os atos de inspeção
realizam-se nas instalações ou dependências onde
estejam ou devam legalmente estar localizados os
elementos.

• A entidade inspecionada poderá, no entanto, nos


termos do n.º 2 do mencionado artigo 34.º, solicitar
que os atos de inspeção sejam realizados em local
diferente.
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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
167

• Quanto ao horário, os atos de inspeção realizam-se,


nos termos do artigo 35.º do RCPIT, no horário
normal de funcionamento da atividade empresarial
ou profissional, não devendo implicar prejuízo para
esta.

• Todavia, mediante acordo com os sujeitos passivos e


quando circunstâncias excecionais o justifiquem, os
atos de inspeção podem ser praticados fora do
horário normal de funcionamento da atividade.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
168

• Conforme resulta do n.º 2 do artigo 36.º do RCPIT, o


procedimento de inspeção tributária é contínuo e
deve ser concluído no prazo máximo de seis meses a
contar da notificação do seu início.

• Tal prazo pode, no entanto, ser ampliado por um ou


dois períodos de três meses, nas seguintes situações:

– Situações de especial complexidade, resultante,


nomeadamente, do volume de operações, da
dispersão geográfica ou da integração em grupos
económicos nacionais ou internacionais das
entidades inspecionadas;
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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
169

– Quando, na ação de inspeção, se apure ocultação


dolosa de factos ou rendimentos;
– Nos casos em que a administração tributária tenha
necessidade de recorrer aos instrumentos de
assistência mútua e cooperação administrativa
internacional;
– Outros motivos de natureza excecional, mediante
autorização fundamentada do diretor geral da
Autoridade Tributária e Aduaneira.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
170

NOTIFICAÇÕES E INFORMAÇÕES

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
171

• Nos termos do artigo 37.º do RCPIT, a administração


tributária notifica os sujeitos passivos nos termos e
para os efeitos previstos na lei e ainda em virtude da
sua colaboração no procedimento de inspeção,
devendo a notificação conter os elementos referidos
no seu n.º 2.

• De acordo com o n.º 3, as disposições deste artigo


aplicam-se igualmente, embora com as necessárias
adaptações, à comunicação de informações por parte
da administração tributária.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
172

• Da análise do RCPIT resulta que este diploma prevê


regras específicas para as notificações a realizar no
âmbito do procedimento de inspeção tributária. Com
efeito:
– As notificações para início do procedimento de
inspeção tributária são efetuadas ao sujeito
passivo com uma antecedência mínima de cinco
dias, através de carta-aviso, salvo nos casos em
que haja dispensa dessa notificação nos termos do
n.º 1 do artigo 50.º do RCPIT, situação em que são
efetuadas no momento da prática dos atos de
inspeção.
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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
173

– As notificações da ordem de serviço ou do


despacho que determinou o início do
procedimento de inspeção tributária têm de ser
efetuadas pessoalmente no início do
procedimento, mediante assinatura da ordem de
serviço ou do despacho pelo sujeito passivo a
inspecionar, ao qual deve ser entregue duplicado
ou cópia. Caso o sujeito passivo ou o seu
representante não se encontrem no local no
momento da notificação, a ordem de serviço deve
ser assinada pelo técnico oficial de contas ou
qualquer empregado ou colaborador.
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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
174

– As notificações do projeto de conclusões do


relatório são efetuadas, quando dos atos
inspetivos resultem atos tributários ou em matéria
tributária desfavoráveis, no prazo de 10 dias após
a conclusão dos atos de inspeção. A notificação
deve conter o texto integral do projeto de
conclusões do relatório, incluindo todos os anexos
e identificar os atos de inspeção de que possam
resultar os referidos atos tributários ou em
matéria tributária desfavoráveis. A notificação
deve ainda indicar o prazo concedido para o
exercício do direito de audição.
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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
175

• Conforme resulta do artigo 43.º do RCPIT, presumem-


se notificados os sujeitos passivos e demais obrigados
tributários contatados por carta registada e em que
tenha havido devolução de carta remetida para o seu
domicílio fiscal com indicação de não ter sido
levantada, de ter sido recusada ou de que o
destinatário está ausente em parte incerta.
• A presunção de notificação é passível de prova em
contrário. Todavia, tal apenas poderá ser efetuado se
o notificado puder provar que a não receção da
notificação ocorreu por facto que não lhe é
imputável.
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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
176

• Para além das normas contidas neste artigo 43.º do


RCPIT, aplicam-se supletivamente as normas contidas
no CPPT, nomeadamente no seu artigo 39.º.

• Uma das normas aplicáveis deste diploma é a que


estabelece que a notificação efetuada por via postal,
sem aviso de receção, se presume feita no terceiro
dia posterior ao do registo, ou no primeiro dia útil
seguinte a esse, quando esse dia não seja útil.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
177

MARCHA DO PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO


TRIBUTÁRIA

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178

INÍCIO DO PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO


TRIBUTÁRIA

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
179

• O início do procedimento de inspeção tributária


pressupõe uma preparação, que consiste na recolha
de toda a informação disponível sobre a entidade a
inspecionar.

• Pressupõe igualmente uma programação e um


planeamento adequado aos objetivos a alcançar.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
180

• A colaboração da administração tributária com os


contribuintes compreende a comunicação antecipada
do início do procedimento de inspeção tributária,
com indicação do seu âmbito do seu âmbito e
extensão e dos direitos e deveres que assistem ao
sujeito passivo (n.º 3 do artigo 59.º da LGT).

• O artigo 49.º do RCPIT estabelece a obrigação de, nos


procedimentos externos de inspeção, se proceder à
notificação do sujeito passivo, com uma antecedência
mínima de cinco dias em relação ao seu início,
mediante carta-aviso.
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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
181

• O início do procedimento externo de inspeção


tributária depende, ainda, da credenciação dos
funcionários, que devem estar munidos de uma
ordem de serviço ou de um despacho emitidos pelo
serviço competente para a prática do ato de
inspeção.

• A falta de credenciação torna legítima, nos termos do


artigo 47.º do RCPIT, a oposição do sujeito passivo
inspecionado aos atos de inspeção.

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182

• A assinatura da ordem de serviço pelo sujeito passivo


ou o seu representante, com a indicação da respetiva
data, determinam para todos os efeitos o início do
procedimento externo de inspeção (artigo 51.º do
RCPIT).

• O sujeito passivo deve, no início do procedimento


externo de inspeção tributária, designar uma pessoa
que coordenará os seus contatos com a administração
tributária e assegurará o cumprimento das obrigações
legais (artigo 52.º do RCPIT).

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183

ATOS DO PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO


TRIBUTÁRIA

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184

• O procedimento de inspeção tributária é contínuo e


deve ser concluído do prazo máximo de seis meses a
contar da notificação do seu início (n.º 1 do artigo
36.º do RCPIT).

• Para o efeito, é de considerar como início a data da


notificação da ordem de serviço ou do despacho no
início da inspeção externa.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
185

• O prazo de conclusão do procedimento de inspeção


tributária suspende-se quando, em processo especial
de derrogação do segredo bancário, a entidade
inspecionada interponha recurso com efeito
suspensivo da decisão da administração tributária
que determine o acesso à informação bancária.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
186

• De conformidade com o artigo 54.º do RCPIT, o


sujeito passivo ou obrigado tributário, os seus
representantes legais e técnicos e revisores oficiais
de contas devem estar presentes no momento da
prática de atos de inspeção externa quando esta se
efetue nas instalações ou dependências do
contribuinte e a sua presença for considerada
indispensável à descoberta da verdade material.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
187

• Por outro lado, o sujeito passivo ou obrigado


tributário pode, sempre que o pretenda, assistir às
diligências da inspeção externa, desde que os atos se
realizem nas suas instalações ou dependências.

• Além disso, o sujeito passivo ou obrigado tributário


pode fazer-se acompanhar por um perito
espacializado.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
188

• A entidade inspecionada pode, no decurso do


procedimento de inspeção tributária, proceder à
regularização da sua situação tributária, de acordo
com o disposto no artigo 58.º do RCPIT, mesmo
quando as infrações tenham sido apuradas no âmbito
do mesmo procedimento.
• A entidade inspecionada poderá beneficiar da
redução de coimas para 75% do mínimo legal
relativamente às infrações cometidas, se apresentar
pedido nesse sentido até ao termo do procedimento
de inspeção e as infrações tiverem sido praticadas a
título meramente negligente.
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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
189

CONCLUSÃO E EFEITOS DO PROCEDIMENTO DE


INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
190

• Os atos de inspeção consideram-se concluídos na data


da notificação da nota de diligência emitida pelo
inspetor tributário incumbido do procedimento
(artigo 61.º do RCPIT),

• devendo a entidade inspecionada ser notificada no


prazo de 10 dias do projeto de conclusões do
relatório, com a identificação desses atos e da
respetiva fundamentação, caso os mesmos lhe
possam originar atos tributários ou em matéria
tributária desfavoráveis (artigo 60.º do RCPIT).

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
191

• A nota de diligência dá a conhecer à entidade


inspecionada a conclusão dos atos de inspeção, ou
seja, de que terminaram as averiguações ou
comprovações necessárias ao procedimento de
inspeção.

• Deverá ter-se em atenção que a conclusão dos atos


de inspeção não significa que terminou o
procedimento de inspeção tributária, já que este,
nos termos do artigo 62.º do RCPIT, só se considera
concluído com a notificação do relatório final.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
192

• Emitida a nota de diligência pelo inspetor tributário,


este dispõe de um prazo de 10 dias para a elaboração
do projeto de conclusões do relatório, que terá de
ser notificado à entidade inspecionada, para que
esta, querendo, sobre ele se pronuncie.

• A notificação fixará um prazo entre 10 e 15 dias para


a entidade inspecionada se pronunciar sobre o
referido projeto de correções, oralmente ou por
escrito. Caso o faça oralmente, as suas declarações
serão reduzidas a escrito.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
193

• Decorrido o prazo referido, tenha a entidade


inspecionada exercido, ou não, o direito de audição
prévia, o inspetor tributário dispõe de um prazo de
10 dias para elaborar o relatório definitivo.

• Elaborado o relatório definitivo, será este notificado


à entidade inspecionada, considerando-se concluído o
procedimento na data da notificação (artigo 62.º do
RCPIT).

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
194

• O sujeito passivo inspecionado pode, no prazo de 30


dias após a notificação do relatório definitivo,
solicitar ao diretor-geral da AT que sancione as suas
conclusões,

• indicando as matérias sobre que pretende que recaia


o sancionamento,

• considerando-se o relatório tacitamente sancionado,


se a autoridade tributária não se pronunciar no prazo
de seis meses.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
195

• Em caso de deferimento, quer expresso, quer tácito,

• não pode a administração tributária proceder


relativamente à entidade inspecionada em sentido
diverso do teor das conclusões do relatório ou da
qualificação jurídico-tributária das operações
realizadas, nos três anos seguintes ao da data da
notificação,

• salvo se se apurar posteriormente simulação,


falsificação, violação, ocultação ou destruição de
quaisquer elementos fiscalmente relevantes relativos
ao objeto do procedimento de inspeção.
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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
196

FISCALIZAÇÃO POR INICIATIVA DO SUJEITO


PASSIVO OU DE TERCEIRO

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197

DECERETO-LEI n.º 6/99, de 8 de janeiro

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
198

• Os contribuintes que disponham de contabilidade


organizada, ou terceiros com autorização expressa
destes,

• poderão, mediante o pagamento de uma taxa,


determinada em função do volume de negócios nos
termos da Portaria n.º 923/99, de 20 de outubro,

• solicitar a avaliação de bens ou direitos que


constituam a base de incidência de quaisquer
tributos, a que a administração tributária ainda não
tenha procedido.
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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
199

• Caso alguém pretenda adquirir uma posição numa


empresa, pode ter interesse em garantir que, para
além das dívidas fiscais eventualmente registadas nas
contas desta, não surjam outras por via do poder de
correção que a administração tributária detém
dentro do prazo de caducidade.

• O requerente deve definir o âmbito e extensão da


inspeção, incluindo os tributos e os períodos
temporais pretendidos.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
200

• O deferimento do requerimento,

• que será apreciado obrigatoriamente no prazo de 30


dias,

• depende da invocação e prova do interesse legítimo


do requerente na realização da inspeção,

• devendo o terceiro que a requeira esclarecer


também as relações negociais ou de outra natureza,
mantidas ou a manter com o sujeito passivo, que
justifiquem o pedido apresentado.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
201

• As conclusões do relatório de inspeção tributária


vinculam a administração tributária,

• não podendo esta proceder a novas inspeções com o


mesmo objeto ou atos de liquidação respeitantes a
factos tributários nela incluídos que não tenham por
fundamento as conclusões do aludido relatório,

• exceto em caso de punição de infrações fiscais ou


condenação por crimes fiscais.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
202

PORTARIA n.º 923/99, de 20 de outubro

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
203

• O Decreto-Lei n.º 6/99, de 8 de janeiro, estabelece


no n.º 1 do seu artigo 4.º a obrigatoriedade de
pagamento de uma taxa pela realização da inspeção a
pedido do contribuinte ou de terceiro, sendo essa
taxa fixada provisoriamente antes do início da
inspeção.

• A forma de determinação do valor da taxa a pagar


pelo requerente da inspeção está regulamentada na
Portaria n.º 923/99, de 20 de outubro.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
204

• De acordo com o n.º 3 deste diploma, o valor de


incidência apura-se com referência ao exercício em
causa e corresponde ao somatório das vendas e
prestações de serviços ou rubricas equivalentes.

• De conformidade com o n.º 4 da Portaria, apurado o


valor de incidência, aplica-se ao limite inferior do
respetivo escalão a taxa média e ao restante a taxa
marginal, previstas na tabela a que se refere o n.º 1,
que a seguir se apresenta.

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
205

Valor de incidência Taxa marginal Taxa média


Volume de negócios em € (permilagem) (permilagem)
Inferior a 1.496.393,69 2,32

1.496.393,69 a 9.975.957,94 (exclusive) 0,704 2,32

9.975.957,94 a 74.819.968,56 (exclusive) 0,061 0,9464

74.819.968,56 a 249.398.948,53 (exclusive) 0,087 0,1790

Superior a 249.398.948,53 0,006 0,1146

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O PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA
206

• Acrescenta o n.º 5 da Portaria que o montante devido


pela inspeção de um único imposto, ou período
inferior a um exercício, será o correspondente a 50%
dos valores que resultarem da aplicação das taxas.

• Porém, determina o n.º 2 da Portaria que o limite


mínimo para cada exercício inspecionado é fixado em
€ 3.152,40 e o máximo em € 34.915,85.

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MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
207

MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS

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MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
208

ASPETOS INTRODUTÓRIOS

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MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
209

• O procedimento de inspeção tributária tem um


caráter meramente preparatório ou acessório dos
atos tributários ou em matéria tributária,

• sem prejuízo do direito de impugnação das medidas


cautelares adotadas ou de quaisquer outros atos, nos
termos da lei,

• significando isso que tais atos não são diretamente


recorríveis contenciosamente,

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MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
210

• As entidades inspecionadas têm, no entanto, o


direito de impugnar ou recorrer dos atos diretamente
lesivos dos seus direitos e interesses legalmente
protegidos, como será o caso das medidas cautelares
contempladas no artigo 30.º do RCPIT.

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MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
211

• Há, no entanto, determinados atos praticados no


decurso do procedimento de inspeção tributária,
nomeadamente os que envolvam:
– a aplicação da cláusula geral antiabuso,
– a instauração do processo especial de derrogação do dever
de segredo bancário,
– o recurso às providências cautelares de arresto ou
arrolamento, ou
– a avaliação resultante da existência de manifestações de
fortuna e outros acréscimos patrimoniais não justificados,
• que exigirão a intervenção do sujeito passivo no
decurso do próprio procedimento de inspeção
tributária
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MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
212

• Quanto aos atos que virão a resultar do relatório de


inspeção tributária, a notificação desse relatório dá a
conhecer a existência daqueles que poderão ser
imediatamente recorríveis e de outros dos quais
apenas será possível reagir após notificação para o
efeito por parte da AT.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
213

• Com efeito, do procedimento de inspeção tributária


poderão resultar:
– correções derivadas de avaliação indireta, em que
o início do prazo para a apresentação do
competente meio de defesa se começa a contar a
partir da data da notificação do relatório de
inspeção tributária, e
– correções de natureza meramente aritmética,
resultantes de imposição legal, das quais apenas se
pode recorrer a partir da notificação da liquidação
delas resultante.

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MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
214

MEIOS DE DEFESA DOS ATOS PRATICADOS NO


PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA

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MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
215

PROCEDIMENTO PARA APLICAÇÃO DA


CLÁUSULA GERAL ANTIABUSO

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PROCEDIMENTO PARA APLICAÇÃO DA
CLÁUSULA GERAL ANTIABUSO 216

• Estipula o artigo 38.º da LGT no seu n.º 1 que:

– “a ineficácia dos negócios jurídicos não obsta à


sua tributação, no momento em que esta deve
legalmente ocorrer, caso já se tenham produzido
os efeitos económicos pretendidos pelas partes”.

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PROCEDIMENTO PARA APLICAÇÃO DA
CLÁUSULA GERAL ANTIABUSO 217

• O n.º 2 do mesmo artigo 38.º consagra uma cláusula


geral antiabuso, ao estabelecer que :

– “são ineficazes no âmbito tributário os atos ou negócios


jurídicos essencial ou principalmente dirigidos, por meios
artificiosos ou fraudulentos e com abuso das formas
jurídicas, à redução, eliminação ou diferimento temporal
de impostos que seriam devidos em resultado de factos,
atos ou negócios jurídicos de idêntico fim económico, ou à
obtenção de vantagens fiscais que não seriam alcançadas,
total ou parcialmente, sem a utilização desses meios,
efetuando-se então a tributação de acordo com as normas
aplicáveis na sua ausência e não produzindo as vantagens
fiscais referidas”.
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PROCEDIMENTO PARA APLICAÇÃO DA
CLÁUSULA GERAL ANTIABUSO 218

• O que se pretende com esta norma é impedir a


erosão fiscal, ou seja, combater a evasão fiscal
concretizada através de negócios jurídicos
formalmente lícitos, mas dirigidos, por meios
artificiosos e fraudulentos, à não tributação.

• O procedimento conducente à liquidação de tributos


com base nesta disposição antiabuso encontra-se
regulamentado no artigo 63.º do CPPT, segundo o
qual a aplicação da disposição será prévia e
obrigatoriamente autorizada pelo diretor geral da AT.

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PROCEDIMENTO PARA APLICAÇÃO DA
CLÁUSULA GERAL ANTIABUSO 219

• A fundamentação do projeto e da decisão de


aplicação da disposição antiabuso conterá
obrigatoriamente:

– A descrição do negócio jurídico celebrado ou do ato jurídico


realizado e dos negócios ou atos de idêntico fim económico,
bem como a indicação das normas de incidência que se lhes
aplicam;

– A demonstração de que a celebração do negócio jurídico ou a


prática do ato jurídico foi essencial ou praticamente dirigida
à redução, eliminação ou diferimento temporal de impostos
que seriam devidos em caso de negócio ou ato com idêntico
fim económico, ou à obtenção de vantagens fiscais.
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PROCEDIMENTO PARA APLICAÇÃO DA
CLÁUSULA GERAL ANTIABUSO 220

• A aplicação da disposição antiabuso depende de


audição prévia do contribuinte, que a deverá exercer
no prazo de 30 dias a contar da notificação do
projeto de aplicação da disposição antiabuso.

• Nos termos do n.º 8 do artigo 63.º do CPPT,” a


disposição antiabuso referida no n.º 1 não é
aplicável se o contribuinte tiver solicitado à
administração tributária informação vinculativa
sobre os factos que a tiverem fundamentado e a
administração tributária não responder no prazo de
150 dias”.
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MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
221

PROCESSO ESPECIAL DE DERROGAÇÃO DO


DEVER DE SEGREDO BANCÁRIO

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PROCESSO ESPECIAL DE DERROGAÇÃO DO
DEVER DE SEGREDO BANCÁRIO 222

• O contribuinte que pretenda recorrer da decisão da


administração tributária que determina o acesso
direto à informação bancária, deve justificar
sumariamente as razões da sua discordância, em
requerimento a apresentar no tribunal tributário de
1.ª instância da área do seu domicílio fiscal, no prazo
de 10 dias a contar da data em que foi notificado,
• não obedecendo a petição a formalidade especial,
nem carecendo de ser subscrita por advogado, a qual
deve ser acompanhada dos respetivos meios de
prova, que devem revestir natureza exclusivamente
documental (artigo 146.º-B do CPPT).
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PROCESSO ESPECIAL DE DERROGAÇÃO DO
DEVER DE SEGREDO BANCÁRIO 223

• Havendo recurso por parte do contribuinte, o diretor


geral da AT é notificado para, querendo, deduzir
oposição no prazo de 10 dias, a qual deve ser
acompanhada dos respetivos meios de prova.

• Este processo judicial, que é tramitado como


urgente, e que, como tal, deve ser decidido no prazo
de 90 dias a contar da data da apresentação do
recurso (artigo 146.º-D do CPPT), suspende o prazo
para a conclusão do procedimento de inspeção
tributária (n.º 5 do artigo 36.º do RCPIT).

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MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
224

MANIFESTAÇÕES DE FORTUNA E OUTROS


ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS NÃO JUSTIFICADOS

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MANIFESTAÇÕES DE FORTUNA E OUTROS
ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS NÃO JUSTIFICADOS 225

• Quando o contribuinte não tenha apresentado a


declaração de rendimentos a que estava obrigado e
evidencie as manifestações de fortuna constantes da
tabela que seguidamente se apresenta, ou quando o
rendimento líquido declarado mostre uma
desproporção superior a 30%, para menos, em
relação ao rendimento padrão resultante da mesma
tabela,

• há lugar a avaliação indireta da matéria tributável.

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MANIFESTAÇÕES DE FORTUNA E OUTROS
ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS NÃO JUSTIFICADOS 226

Manifestações de fortuna Rendimento padrão

1. Imóveis de valor de aquisição igual


20% do valor de aquisição
ou superior a € 250.000
2. Automóveis ligeiros de passageiros
50% do valor no ano de matrícula,
de valor igual ou superior a €
com o abatimento de 20% por cada
50.000 e motociclos de valor igual
um dos anos seguintes
ou superior a € 10.000
3. Barcos de recreio de valor igual ou Valor no ano do registo, com o
superior a € 25.000 abatimento de 20% por cada um dos
anos seguintes

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MANIFESTAÇÕES DE FORTUNA E OUTROS
ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS NÃO JUSTIFICADOS 227

Manifestações de fortuna Rendimento padrão

4.Aeronaves de turismo Valor no ano do registo, com o


abatimento de 20% por cada um dos
anos seguintes
5.Suprimentos e empréstimos feitos
no ano de valor superior a € 50.000 50% do valor anual
6. Montantes transferidos de e para contas
de depósito ou de títulos abertas pelo 100% da soma dos montantes anuais
sujeito passivo em instituições
transferidos
financeiras residentes em país, território
ou região sujeito a um regime fiscal
claramente mais favorável.
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MANIFESTAÇÕES DE FORTUNA E OUTROS
ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS NÃO JUSTIFICADOS 228

• Na aplicação da tabela tomam-se em consideração:


– Os bens adquiridos no ano em causa ou nos três
anos anteriores pelo sujeito passivo ou qualquer
elemento do respetivo agregado familiar;
– Os bens de que frua no ano em causa o sujeito
passivo ou qualquer elemento do respetivo
agregado familiar, adquiridos, nesse ano ou nos
três anos anteriores, por sociedade da qual
detenham, direta ou indiretamente, participação
maioritária, ou por entidade sediada em território
de fiscalidade privilegiada ou cujo regime não
permita identificar o titular respetivo;
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ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS NÃO JUSTIFICADOS 229

– Os suprimentos e empréstimos efetuados pelo


sócio à sociedade, no ano em causa, ou por
qualquer elemento do seu agregado familiar;
– A soma dos montantes transferidos de e para
contas de depósito ou de títulos abertas pelo
sujeito passivo em instituições financeiras
residentes em país, território ou região sujeito a
um regime fiscal claramente mais favorável,
constante da lista aprovada por portaria do
Ministro das Finanças, cuja existência e
identificação não seja mencionada nos termos
previstos no artigo 63.º-A da LGT, no ano em
causa.
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ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS NÃO JUSTIFICADOS 230

• Verificadas estas situações,


• bem como quando o acréscimo de património ou
despesa efetuada, incluindo liberalidades, é de valor
superior a € 100.000, verificados simultaneamente
com a falta de declaração de rendimentos ou com a
existência, no mesmo período de tributação, de uma
divergência não justificada com os rendimentos
declarados,
• cabe ao sujeito passivo a comprovação de que
correspondem à realidade os rendimentos declarados
e de que é outra a fonte das manifestações de
fortuna ou do acréscimo de património ou de despesa
efetuada.
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ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS NÃO JUSTIFICADOS 231

• Se o sujeito passivo não fizer a prova para que foi


notificado,

• considera-se rendimento tributável em sede de IRS o


rendimento padrão apurado nos termos da tabela,

• a enquadrar na categoria G, no ano em causa, e no


caso das alíneas a) e b), nos três anos seguintes,

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ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS NÃO JUSTIFICADOS 232

• No caso de acréscimo de património ou de despesa,


incluindo liberalidades, de valor superior a
€ 100.000, verificados simultaneamente com a falta
de declaração de rendimentos ou com a existência,
no mesmo período de tributação, de uma divergência
não justificada com os rendimentos declarados:

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MANIFESTAÇÕES DE FORTUNA E OUTROS
ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS NÃO JUSTIFICADOS 233

a) Considera-se como rendimento tributável em sede


de IRS, a enquadrar na categoria G, quando não
existam indícios fundados, de acordo com os
critérios previstos no artigo 90.º da LGT, que
permitam à administração tributária fixar
rendimento superior, a diferença entre o
acréscimo de património ou a despesa efetuada e
os rendimentos declarados pelo sujeito passivo
no mesmo período de tributação;

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ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS NÃO JUSTIFICADOS 234

b) Os acréscimos de património consideram-se


verificados no período em que se manifeste a
titularidade dos bens ou direitos e a despesa
quando efetuada;
c) Na determinação dos acréscimos patrimoniais,
deve atender-se ao valor de aquisição e, sendo
desconhecido, ao valor de mercado;
d) Consideram-se como rendimentos declarados os
rendimentos líquidos das diferentes categorias
de rendimentos.

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MANIFESTAÇÕES DE FORTUNA E OUTROS
ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS NÃO JUSTIFICADOS 235

• Este tipo de avaliação indireta é da competência do


diretor de finanças da área do domicílio fiscal do
sujeito passivo, sem faculdade de delegação,
• da qual cabe recurso para o tribunal tributário a
interpor no prazo de 10 dias (artigo 146.º-B do
CPPT), com efeito suspensivo, a tramitar como
processo urgente,
• não sendo aplicável o procedimento de revisão da
matéria tributável apurada por métodos indiretos
constante dos artigos 91.º e seguintes da LGT.

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MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
236

PROVIDÊNCIAS CAUTELARES
DE NATUREZA JUDICIAL

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PROVIDÊNCIAS CAUTELARES
DE NATUREZA JUDICIAL 237

• No exercício da sua atividade os inspetores


tributários podem, nos termos do artigo 31.º do
RCPIT, em caso de justo receio de frustração dos
créditos fiscais, de extravio ou deterioração de
documentos conexos com obrigações tributárias,
propor as providências cautelares de arresto ou
arrolamento previstas no CPPT.

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PROVIDÊNCIAS CAUTELARES
DE NATUREZA JUDICIAL 238

• O arresto consiste numa apreensão judicial de bens


destinada a garantir a cobrança dos créditos
tributários, que depende de prévia autorização do
tribunal tributário competente.

• Aplicando-se ao arresto o regime previsto no Código


de Processo Civil, tal significa que, produzida a prova
que se mostrar necessária, e desde que se mostrem
reunidos os requisitos legais, o arresto é decretado
sem audiência da parte contrária (artigo 408.º do
CPC).

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PROVIDÊNCIAS CAUTELARES
DE NATUREZA JUDICIAL 239

• Realizadas as diligências de apreensão dos bens é


notificado o requerido (n.º 1 do artigo 388.º do CPC),
podendo:

– Recorrer do despacho que ordenou o arresto, ou


– Deduzir oposição, quando pretenda alegar factos
ou produzir meios de prova não tidos em conta
pelo tribunal e que possam afastar os fundamentos
do arresto ou determinar a sua redução (artigo
388.º do CPC).

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PROVIDÊNCIAS CAUTELARES
DE NATUREZA JUDICIAL 240

• Havendo fundado receio de extravio ou de dissipação


de bens ou de documentos conexos com as
obrigações tributárias pode ser requerido pelo
representante da Fazenda Pública o seu arrolamento
(artigo 140.º do CPPT).
• Enquanto o arresto visa garantir o cumprimento de
uma obrigação tributária através do valor dos bens
arrestados, com o arrolamento pretende-se apenas
conservar tais bens, porque conexos com obrigações
tributárias, motivo pelo qual não se exige a
existência de um tributo liquidado ou em fase de
liquidação.
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PROVIDÊNCIAS CAUTELARES
DE NATUREZA JUDICIAL 241

• Também neste caso o requerido só é ouvido depois


de decretado o arrolamento, podendo utilizar os
meios de defesa previstos para o arresto (recurso da
decisão ou oposição è medida cautelar)

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MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
242

COMO REAGIR CONTRA OS ATOS RESULTANTES DO


RELATÓRIO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA?

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COMO REAGIR CONTRA OS ATOS RESULTANTES DO
RELATÓRIO DE INSPEÇÃO TRIBUTÁRIA 243

• A notificação do relatório de inspeção tributária dá a


conhecer à entidade inspecionada a natureza das
correções dele resultantes, bem como os meio de
reação ao dispor dessas entidades.

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MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
244

MANIFESTAÇÕES DE FORTUNA E OUTROS


ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS NÃO JUSTIFICADOS

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MANIFESTAÇÕES DE FORTUNA E OUTROS
ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS NÃO JUSTIFICADOS 245

• Como se disse já, quando o contribuinte não tenha


apresentado a declaração de rendimentos a que
estava obrigado e evidencie as manifestações de
fortuna constantes da tabela apresentada,
• ou quando o rendimento líquido declarado mostre
uma desproporção superior a 30%, para menos, em
relação ao rendimento padrão resultante da mesma
tabela e o sujeito passivo não faça a comprovação de
que correspondem à realidade os rendimentos
declarados e de que é outra a fonte das
manifestações de fortuna ou do acréscimo de
património ou da despesa efetuada,
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MANIFESTAÇÕES DE FORTUNA E OUTROS
ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS NÃO JUSTIFICADOS 246

• o diretor de finanças da área do domicílio fiscal do


sujeito passivo procede à avaliação indireta do
conjunto dos rendimentos líquidos de IRS, dele
mandando notificar o sujeito passivo.

• Dessa fixação cabe recurso para o tribunal tributário,


a interpor no prazo de 10 dias (artigo 146.º-B do
CPPT), com efeito suspensivo, a tramitar como
processo urgente, não sendo aplicável o
procedimento de revisão da matéria tributável
apurada por métodos indiretos constante dos artigos
91.º e seguintes da LGT.
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MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
247

VALORES FIXADOS POR MÉTODOS INDIRETOS

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VALORES FIXADOS POR MÉTODOS INDIRETOS
248

• Quando do procedimento de inspeção tributária


resultem correções determinadas por avaliação
indireta, a notificação do relatório de inspeção
tributária dá a conhecer aos sujeitos passivos
inspecionados que poderão reagir contra os valores
determinados por esse método, através do meio de
defesa a que se alude no ponto 4.2.1 do manual.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
VALORES FIXADOS POR MÉTODOS INDIRETOS
249

• Recordamos que, tal como se diz no ponto 4.2.1 do


manual, a não utilização, nos casos de avaliação
indireta, do pedido de revisão a que se refere o
artigo 91.º da LGT é impeditivo da ulterior
apresentação de reclamação graciosa ou impugnação
judicial.

• Recordamos, ainda, que, tal como se diz no ponto


4.7 do manual, estão excluídas da arbitragem
tributária as pretensões relativas a atos de
determinação da matéria tributável por avaliação
indireta.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
VALORES FIXADOS POR MÉTODOS INDIRETOS
250

• Com efeito, quando o rendimento tributável, a


matéria tributável ou o imposto, sejam determinados
por métodos indiretos, a entidade inspecionada
apenas pode reagir dessa avaliação através do
procedimento de revisão do art. 91.º da LGT.

• Este procedimento terá de ser impulsionado por meio


de requerimento do sujeito passivo, a apresentar no
prazo de 30 dias a contar da data da notificação da
decisão, dirigido ao diretor de finanças da área do
seu domicílio fiscal, devidamente fundamentado e
contendo a indicação do perito que o representa.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
VALORES FIXADOS POR MÉTODOS INDIRETOS
251

• O diretor de finanças ou funcionário em quem este


delegue tais funções, após análise dos requisitos
legais, designa, no prazo de oito dias, um perito da
administração tributária, que, preferencialmente,
não deve ter tido qualquer intervenção anterior no
processo e marcará uma reunião, a realizar no prazo
de 15 dias, entre este e o perito indicado pelo sujeito
passivo (n.º 3 do mesmo artigo).

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
VALORES FIXADOS POR MÉTODOS INDIRETOS
252

• Tanto o sujeito passivo, no pedido que apresenta,


como o órgão da administração tributária têm a
faculdade de requerer a nomeação de perito
independente (n.º 4).

• Sendo a nomeação solicitada pelo sujeito passivo,


isso implica o pagamento de uma taxa, determinada
em função do valor da matéria tributável ou do
imposto em causa.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
VALORES FIXADOS POR MÉTODOS INDIRETOS
253

• A convocação para a reunião é efetuada com a


antecedência mínima de oito dias, por carta
registada. A não comparência injustificada do perito
do contribuinte vale como desistência do pedido (n.º
5).
• No caso de falta do perito, o órgão da administração
tributária marca nova reunião para o 5.º dia
subsequente, advertindo o perito do contribuinte de
que a não justificação da falta à primeira reunião,
bem como a não comparência à segunda reunião,
valem como desistência da reclamação (n.º 6).

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MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
254

CORREÇÕES DE NATUREZA MERAMENTE


ARITMÉTICA, RESULTANTES DE IMPOSIÇÃO LEGAL

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CORREÇÕES DE NATUREZA MERAMENTE
ARITMÉTICA, RESULTANTES DE IMPOSIÇÃO LEGAL255

• Quando as correções resultantes do procedimento de


inspeção tributária tenham esta natureza, a
notificação do relatório refere expressamente que
dessa notificação não cabe reclamação graciosa,
impugnação judicial ou a possibilidade de
constituição de tribunal arbitral.

• A razão de ser desta medida tem a ver com a


circunstância de tais correções irem dar origem a
liquidações de impostos e serem, no fundo, estes
atos finais aqueles que devem ser objeto de reação
por parte dos sujeitos passivos.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
CORREÇÕES DE NATUREZA MERAMENTE
ARITMÉTICA, RESULTANTES DE IMPOSIÇÃO LEGAL256

• Notificados dessas liquidações, aí sim, os sujeitos


passivos podem reagir, lançando mão de três meios
alternativos:

– A reclamação graciosa – a que se alude no ponto


4.4 do manual.
– A impugnação graciosa – a que se alude no ponto
4.6.
– O recurso ao tribunal arbitral – a que se alude no
ponto 4.7.

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CORREÇÕES DE NATUREZA MERAMENTE
ARITMÉTICA, RESULTANTES DE IMPOSIÇÃO LEGAL257

• Atendendo ao desenvolvimento dado aos três meios


de defesa no Capítulo 4 do manual, remetemos para
ele a análise de cada um, tendo em vista a decisão do
meio mais adequado a utilizar em cada situação.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
MEIOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
258

EXISTÊNCIA SIMULTÂNEA DE
CORREÇÕES TÉCNICAS E INDIRETAS

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EXISTÊNCIA SIMULTÂNEA DE
CORREÇÕES TÉCNICAS E INDIRETAS 259

• Neste caso, a notificação do relatório de inspeção


tributária é única, integrando simultaneamente os
textos referidos em 6.3.2 e 6.3.3 do manual.
• Apesar de a liquidação resultante dos documentos de
correção elaborados pela inspeção tributária ser
única, englobando, consequentemente, as correções
resultantes de avaliação indireta e as de natureza
meramente aritmética, apenas é possível utilizar o
meio de defesa previsto no artigo 91.º da LGT, e a
que se alude no ponto 6.3.2 do manual, quanto às
correções efetuadas por métodos indiretos.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
EXISTÊNCIA SIMULTÂNEA DE
CORREÇÕES TÉCNICAS E INDIRETAS 260

• Com efeito, de acordo com o n.º 14 do artigo 91.º da


LGT, não estão abrangidos por este artigo “as correções
meramente aritméticas da matéria tributável resultantes de
imposição legal e as questões de direito, salvo quando
referidas aos pressupostos de determinação indireta da
matéria tributável”.

• Nestes termos, no procedimento de revisão a que se


refere o artigo 91.º da LGT apenas pode ser
apreciada a existência ou não de fundamentos para a
avaliação indireta e as correções apuradas por essa
via.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
EXISTÊNCIA SIMULTÂNEA DE
CORREÇÕES TÉCNICAS E INDIRETAS 261

• As demais correções, ou seja, as de natureza


meramente aritmética, apenas podem ser
contestadas após a notificação das liquidações
resultantes do conjunto das correções efetuadas.

• Ter bem presente que, tal como se referiu no ponto


4.2.1 do manual, a não utilização do pedido de
revisão previsto no artigo 91.º da LGT é impeditiva
da ulterior apresentação de reclamação graciosa,
impugnação judicial ou pedido de constituição de
tribunal arbitral.
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MÉTODOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
262

A COBRANÇA E O PROCESSO DE EXECUÇÃO FISCAL

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A COBRANÇA E O PROCESSO DE EXECUÇÃO
FISCAL 263

ASPETOS INTRODUTÓRIOS

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A COBRANÇA E O PROCESSO DE EXECUÇÃO FISCAL
264

• Nos termos do n.º 1 do artigo 103.º da LGT o


processo de execução fiscal tem natureza judicial,
sendo destinado à realização de um determinado
direito de crédito, embora na maioria dos casos se
desenvolva exclusivamente perante órgãos da
administração tributária, sem qualquer intervenção
de um tribunal.
• Por força disso, o n.º 2 do mesmo artigo garante aos
interessados o direito de reclamação para o juiz de
execução fiscal de todos os atos materialmente
administrativos praticados pelos órgãos da
administração tributária.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A COBRANÇA E O PROCESSO DE EXECUÇÃO FISCAL
265

• Neste contexto, podemos, em primeiro lugar, afirmar


que os prazos para a prática de atos dentro do
processo de execução têm natureza judicial,
contando-se, nos termos do Código de Processo Civil.

• Em segundo lugar, estando no âmbito de um processo


judicial, aplicam-se as regras próprias do processo de
execução e já não as do procedimento tributário,
pelo que, estando em presença de atos
materialmente administrativos praticados por órgãos
da administração tributária, os meios de defesa
analisados até agora são inoperantes.
Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A COBRANÇA E O PROCESSO DE EXECUÇÃO FISCAL
266

• Os meios processuais a utilizar no âmbito da


execução fiscal são, de conformidade com o artigo
97.º do CPPT, os seguintes:

– O recurso, no próprio processo, dos atos


praticados na execução fiscal (alínea n) do n.º 1);

– A oposição, os embargos de terceiro e outros


incidentes e a verificação e graduação de créditos
(alínea o) do n.º 1).

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A COBRANÇA E O PROCESSO DE EXECUÇÃO FISCAL
267

• Não constituindo matéria da presente ação de


formação a análise do processo de execução fiscal,
limitaremos a nossa análise:
– ao pagamento em prestações e
– aos dois meios processuais mais importantes:
• a reclamação judicial dos atos praticados pelo
órgão da execução fiscal e
• a oposição judicial.

Métodos de reação aos atos inspetivos © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013
A COBRANÇA E O PROCESSO DE EXECUÇÃO
FISCAL 268

O PAGAMENTO EM PRESTAÇÕES

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O PAGAMENTO EM PRESTAÇÕES
269

• Findo o prazo de pagamento voluntário, o


contribuinte pode requerer, nos termos das leis
tributárias, o pagamento da dívida em prestações
(artigo 42.º da LGT).
• Antes da instauração da execução fiscal, o pagamento
do IRS e do IRC pode ser requerido em prestações,
nos termos previstos nos artigos 29.º e seguintes do
Decreto-Lei n.º 492/88, de 30 de dezembro.
• Uma vez instaurado o processo de execução fiscal, o
pagamento em prestações terá de ser requerido nos
termos e prazos previstos no artigo 196.º do CPPT.
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O PAGAMENTO EM PRESTAÇÕES
270

• O pagamento em prestações poderá ser autorizado


quando a situação económica do executado não lhe
permitir pagar a dívida de uma só vez.
• O número de prestações autorizadas não deverá ser
superior a 36 e o valor de qualquer delas não deverá
ser inferior a uma unidade de conta.
• Quando o valor da dívida exequenda exceder as 500
unidades de conta, e caso o executado demonstre
notória dificuldade financeira e previsíveis
consequências económicas, o n.º de prestações pode
ser alargado até 60, não podendo, porém, neste
caso, o valor de cada prestação ser inferior a 10
unidades de conta.
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O PAGAMENTO EM PRESTAÇÕES
271

• Quando, no âmbito de plano de recuperação


económica legalmente previsto se demonstre a
indispensabilidade da medida e, ainda, quando os
riscos inerentes à recuperação dos créditos o tornem
recomendável, a administração tributária pode
estabelecer que o regime prestacional seja alargado
até ao limite máximo de 150 prestações, não
podendo nenhuma delas ser inferior a 10 unidades de
conta.

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O PAGAMENTO EM PRESTAÇÕES
272

• O pagamento em prestações não é aplicável se a


dívida exequenda for relativa a recursos próprios
comunitários ou constituída por dívidas resultantes
da falta de entrega, dentro dos prazos legais, de
imposto retido na fonte (caso do IRS e do IRC) ou
legalmente repercutido a terceiros (caso do IVA),
salvo no caso de falecimento do executado.

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O PAGAMENTO EM PRESTAÇÕES
273

• Os tributos indicados apenas poderão ser pagos em


prestações se se demonstrar a dificuldade financeira
excecional e previsíveis consequências gravosas para
o executado, situação esta em que poderá ser
autorizado o pagamento até 24 prestações, desde
que cada uma delas não seja de valor inferior a uma
unidade de conta.

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O PAGAMENTO EM PRESTAÇÕES
274

• O pedido de pagamento da dívida em prestações tem


de ser apresentado ao órgão de execução fiscal até à
marcação da venda.

• Caso o pagamento em prestações seja autorizado, o


executado é notificado do despacho que deferiu o
pedido e deverá proceder à constituição /
apresentação de garantia, a qual deve revestir a
forma de garantia bancária, caução, seguro-caução,
hipoteca legal, penhor, penhora de bens ou qualquer
outro meio suscetível de assegurar os créditos do
exequente.
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O PAGAMENTO EM PRESTAÇÕES
275

• O pedido de pagamento em prestações fica sem


efeito se a garantia não for prestada no prazo de 15
dias, ou no prazo concedido caso seja requerida a sua
prorrogação.

• Caso o executado não tenha possibilidade de prestar


a garantia, poderá solicitar a respetiva dispensa.

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A COBRANÇA E O PROCESSO DE EXECUÇÃO
FISCAL 276

RECLAMAÇÃO DOS ATOS PRATICADOS PELO ÓRGÃO


DE EXECUÇÃO FISCAL

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RECLAMAÇÃO DOS ATOS PRATICADOS PELO
ÓRGÃO DE EXECUÇÃO FISCAL 277

• De acordo com o art. 276.º do CPPT:

– As decisões proferidas pelo órgão da execução


fiscal e outras autoridades da administração
tributária que no processo afetem os direitos e
interesses legítimos do executado ou de terceiro
são suscetíveis de reclamação para o tribunal
tributário de 1.ª instância.

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RECLAMAÇÃO DOS ATOS PRATICADOS PELO
ÓRGÃO DE EXECUÇÃO FISCAL 278

• O prazo para apresentação da reclamação é apenas


de 10 dias, após a notificação da decisão, perante o
órgão de execução fiscal (que é sempre o chefe de
finanças do serviço de finanças onde correr a
execução – artigo 149.º do CPPT).

• Recebida a reclamação, o órgão que proferiu a


decisão poderá ou não, no prazo de 10 dias (ou 30 se
diferente do órgão de execução fiscal), revogar o ato
reclamado.

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RECLAMAÇÃO DOS ATOS PRATICADOS PELO
ÓRGÃO DE EXECUÇÃO FISCAL 279

• Porém, o tribunal só conhecerá das reclamações


quando, “depois de realizadas a penhora e a venda, o
processo lhe for remetido a final” (n.º 1 do artigo
278.º do CPPT).

• Todavia, o n.º 3 do mesmo artigo estabelece


exceções a esta regra, em todas as situações em que
a reclamação se fundamentar em prejuízo
irreparável, designadamente nas seguintes situações:

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RECLAMAÇÃO DOS ATOS PRATICADOS PELO
ÓRGÃO DE EXECUÇÃO FISCAL 280

• Inadmissibilidade da penhora dos bens


concretamente apreendidos ou da extensão com que
foi realizada;
• Imediata penhora dos bens que só subsidiariamente
respondam pela dívida exequenda;
• Incidência sobre bens que, não respondendo, nos
termos do direito substantivo, pela dívida
exequenda, não deviam ter sido abrangidos pela
diligência;
• Determinação da prestação de garantia indevida ou
superior à devida;
• Erro na verificação ou graduação de créditos.
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RECLAMAÇÃO DOS ATOS PRATICADOS PELO
ÓRGÃO DE EXECUÇÃO FISCAL 281

• Apesar do aparente caráter taxativo desta disposição


normativa os tribunais têm vindo a entender que a
reclamação deve ter subida imediata nos próprios
autos de execução (e portanto com efeito
suspensivo) sempre que seja o meio adequado a
evitar o “prejuízo irreparável” previsto na norma, ou
em que, sem tal subida, perderá todo o seu efeito
útil.

• No tribunal esta reclamação é tramitada como


processo urgente (n.º 3 do artigo 278.º do CPPT).

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A COBRANÇA E O PROCESSO DE EXECUÇÃO
FISCAL 282

A OPOSIÇÃO JUDICIAL

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A OPOSIÇÃO JUDICIAL
283

• A oposição judicial constitui o meio processual


adequado para reagir contra a execução, funcionando
com uma tramitação autónoma em relação ao
processo, com as consequências que adiante
analisaremos em relação à suspensão da execução.

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A OPOSIÇÃO JUDICIAL
284

• Nos termos do n.º 1 do artigo 203.º do CPPT, a


oposição deve ser deduzida no prazo de 30 dias a
contar:

– Da citação pessoal;
– Da primeira penhora, nos casos em que não tenha
havido citação pessoal;
– Da data em que tiver ocorrido o facto
superveniente ou do seu conhecimento pelo
executado.

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A OPOSIÇÃO JUDICIAL
285

• Admite-se, ainda, neste artigo a possibilidade de ser


apresentada oposição fundada em facto
superveniente (isto é, aquele que ocorre após a
citação pessoal, ou que, apesar de ter ocorrido
antes, o executado só dele tomou conhecimento em
momento posterior à citação).

• Porém, o n.º 4 do artigo 203.º, do CPPT, estabelece


uma importante limitação a este direito, ao imputar
ao momento da venda o limite temporal do exercício
do direito de oposição.

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A OPOSIÇÃO JUDICIAL
286

• O prazo de oposição tem natureza judicial,


aplicando-se o regime do CPC, correndo
continuamente, mas suspendendo-se em férias
judiciais, podendo ainda ser praticado fora do prazo,
nos termos do artigo 145.º do CPC.

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A OPOSIÇÃO JUDICIAL
287

• Os fundamentos da oposição, de natureza taxativa,


constam do artigo 204.º do CPPT e são os seguintes:
a) Inexistência do imposto, taxa ou contribuição nas leis em
vigor à data dos factos a que respeita a obrigação ou, se for
o caso, não estar autorizada a sua cobrança à data em que
tiver ocorrido a respetiva liquidação;

b) Ilegitimidade da pessoa citada por esta não ser o próprio


devedor que figura no título ou seu sucessor ou, sendo o
que nele figura, não ter sido, durante o período a que
respeita a dívida exequenda, o possuidor dos bens que a
originaram, ou por não figurar no título e não ser
responsável pelo pagamento da dívida;
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A OPOSIÇÃO JUDICIAL
288

c) Falsidade do título executivo, quando possa influir nos


termos da execução;

d) Falsidade do título executivo, quando possa influir nos


termos da execução;

e) Falta da notificação da liquidação do tributo no prazo de


caducidade;

f) Pagamento ou anulação da dívida exequenda;

g) Duplicação de coleta;

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A OPOSIÇÃO JUDICIAL
289

h) Ilegalidade da liquidação da dívida exequenda, sempre que a


lei não assegure meio judicial de impugnação ou recurso
contra o ato de liquidação;

i) Quaisquer fundamentos não referidos nas alíneas anteriores,


a provar apenas por documento, desde que não envolvam
apreciação da legalidade da liquidação da dívida exequenda,
nem representem interferência em matéria de exclusiva
competência da entidade que houver extraído o título.

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A OPOSIÇÃO JUDICIAL
290

• A título meramente informativo diremos que se


incluem na alínea i) (quaisquer outros fundamentos,
a provar apenas por documento, que não envolvam a
apreciação da legalidade da dívida exequenda as
seguintes situações:

– nas execuções por coimas e sanções pecuniárias, a


morte do infrator (n.º 2 do artigo 176.º do CPPT);
– a pendência de um processo de insolvência (artigo
180.º do CPPT);

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A OPOSIÇÃO JUDICIAL
291

– a existência de uma autorização para o pagamento


em prestações;
– a pendência de processo contencioso ou gracioso
com efeito suspensivo da execução (artigo 169.º
do CPPT);
– falta de notificação de um tributo que afete a sua
eficácia.

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A OPOSIÇÃO JUDICIAL
292

• A oposição à execução visa a extinção da execução,

• sendo este o pedido principal que deve ser formulado


no requerimento de interposição, a apresentar em
triplicado junto do órgão de execução fiscal,

• o qual deverá ser obrigatoriamente acompanhado de


toda a prova (ainda que sujeita a produção posterior,
como será o caso da prova testemunhal) – artigos
206.º e 207.º do CPPT.

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A OPOSIÇÃO JUDICIAL
293

• O órgão da execução fiscal dispõe de um prazo de 20


dias para analisar a oposição, podendo revogar o ato
que lhe tenha dado fundamento, situação em que o
processo não sobe a tribunal (artigo 208.º do CPPT).

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A OPOSIÇÃO JUDICIAL
294

• No caso contrário a oposição é remetida ao tribunal


de 1.ª instância, acompanhado das peças processuais
do processo de execução necessárias à apreciação do
pedido,
• e será recebida pelo juiz, se não se verificarem as
causas de rejeição liminar previstas no artigo 209.º
do CPPT:
– intempestividade,
– falta de alegação de algum dos fundamentos previstos no
artigo 204.º,
– manifesta improcedência e, no caso da alínea i) do n.º 1 do
artigo 204.º,
– falta de junção de documento probatório.
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A OPOSIÇÃO JUDICIAL
295

• Determina o artigo 212.º do CPPT que a oposição


suspende a execução, nos termos do presente
Código.

• A suspensão só ocorrerá, nos termos do Código,


remetendo-nos, assim, para o disposto no n.º 10 do
artigo 169.º do CPPT, que manda aplicar à oposição
os n.os 1 a 7 do mesmo artigo, exigindo, assim, a
prestação de garantia ou a existência de penhora que
garanta a totalidade da dívida exequenda e
acrescido.
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MÉTODOS DE REAÇÃO AOS ATOS INSPETIVOS
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MUITO OBRIGADO

Regime de IVA de caixa © ORDEM DOS TÉCNICOS OFICIAIS DE CONTAS, 2013

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