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Este artigo será sobre as paredes no eletrocardiograma, um conteúdo muito importante, que exige muita

atenção.
A importância de saber identificar as paredes no eletrocardiograma, se deve ao fato de que várias
alterações se dão nestes locais. Por exemplos: na síndrome coronariana aguda (SCA); em caso de infarto
para identificar qual parede está infartada; alterações de onda T, que representa alteração ventricular;
isquemia; necrose.
Por isso, é muito importante saber as paredes do eletro, porque assim, poderá fazer a correspondência
com a anatomia coronariana. Portanto, saber identificar a parede significa saber identificar qual a artéria
que passa pelo local da alteração encontrada.
Consequentemente, é possível mensurar o local da lesão e da obstrução. Como visto em artigo anterior,
quando o paciente apresenta Infarto Agudo com Supra de ST (IAMCSST), o fato de haver o supra de ST é
uma manifestação de que há uma oclusão (obstrução) completa do vaso. Quando obstrui o vaso significa
que naquela artéria houve uma obstrução de 100%.
Já no infarto sem supra de ST (IAMSST), há uma obstrução mas, esta é parcial. Apesar de passar sangue,
não é capaz de gerar fluxo adequado.
Independente das situações, o coração continua batendo, a menos que haja uma parada cardíaca.
As derivações encontradas e usadas para analisar as paredes do eletrocardiograma são, às vezes, um
conjunto de derivações. É assim porque cada derivação representa um vetor específico.
Quando somam os vetores ou visualiza aqueles que estão sendo manifestados por cada uma dessas
derivações, é possível encontrar cada uma das paredes.
● Parede Inferior - quando as alterações são em D2, D3 e aVF
Exemplo: um supra em D2, um supra em D3 e um supra em aVF. Significa dizer que está havendo um
supra na parede inferior porque pegou as três derivações juntas.
Para dizer que é na parede tem que ocorrer em todas as derivações. Às vezes, algumas derivações
podem ficar mais nítidas que outras e isto não significa que não tenha alterações em todas as
derivações mas, que algumas estão mais evidenciadas que outras, porque depende muito da posição
em que está o vetor.
Para reforçar, é preciso saber que para dizer que é parede inferior, é necessário alterações em D2, D3 e
aVF.
● Parede Anterior – quando as alterações são de V1 a V6.
Quando são colocadas as derivações precordiais, estas são fixadas na frente do peito, ou seja, na parte anterior do
tórax do paciente. Aí estão: V1, V2, V3, V4, V5 e V6.
Portanto, neste caso, no eletro está sendo visto a parte da frente do coração.
Usando o mesmo exemplo do infarto com supra desnivelamento ST, se há supra em todas as derivações (V1 a V6),
pode-se dizer que há um supra na parede anterior, visto que, pegou de V1 a V6.
Pode ser infra, supra, onda T ou qualquer coisa que seja analisado por paredes. Se atingiu todas as derivações
correspondentes, está identificada a parede.
● Parede Lateral – alterações no V5, V6, D1 e aVL.
Parede lateral, como o próprio nome diz está de lado, onde se localiza o V5 e V6 (linha axilar média) assim como, D1 e
aVL.
Imaginando um coração, tanto D1 e aVL, quanto V5 e V6 estão na lateral. Quando pega as quatro derivações pode-se
dizer que são alterações da parede lateral.
Parede lateral alta é correspondente à D1 e aVL porque é a parte superior, ou seja, a parte alta da parede lateral.
Em algumas bibliografias mais antigas, há referência à V5 e V6 como parede lateral baixa mas, em desuso.
Existem ainda outras paredes que também podem ser encontradas no eletro. São elas:
● Antero-septal – alterações de V1 a V4.
O septo interventricular está localizado entre o ventrículo direito e o ventrículo esquerdo.
A parede anterior que vai até o septo, vai de V1 até V4 visto que é aí que se localiza o septo (V4). Portanto, junta a parte
anterior até a parte septal (V1 a V4).
● Posterior (dorsal) – alterações em V7, V8 e V9.
Esta parede é a parte de trás do coração, a qual consegue enxergar melhor com o V7 (linha axilar posterior - LAP), V8
(linha escapular - LE) e V9 (do lado da espinha). Tudo isso no quinto espaço intercostal.
Por meio de estudos de ressonância magnética, a parede dorsal é uma continuação da parede inferior mas, isso não
importa para nós porque ainda não entrou em uso.
● Ventrículo direito – alterações em V3R, V4R e V1.
O V1 está no quarto espaço intercostal direito ao lado do esterno, na linha paraesternal. V2 está no quarto espaço
intercostal esquerdo, também na linha paraesternal. Portanto, para ver o ventrículo direito é necessário observar o V1.
Também se observa as derivações à direita (right) que são V3R e V4R. Neste caso, ao invés de estar do lado correto (à
esquerda), coloca-se na mesma posição só que do lado direito. V4R abaixo do mamilo e V3R entre V2 e V4 de forma que
se localizem do lado direito do paciente.
Assim, estas são derivações boas para ver o ventrículo direito.
E como fazer derivações V7, V8, V9, V3R e V4R se o aparelho de eletro só tem 6 derivações?
Neste caso não só é possível, como também é simples de fazer.
Basta para tanto, rolar o eletro do paciente, que terá V1, V2, V3, V4, V5 e V6. E para ver VR3 e VR4 é só tirar do lado
esquerdo e colocar do lado direito e rodar o eletro, que quando sair o papel é só riscar V3 e V4 e substituir por V3R e
V4R correspondentes. Ou seja, o que vai mudar é somente a posição em que serão colocados os eletrodos.
Para V7, V8 e V9 é a mesma coisa pois, farão correspondência a V4 (corresponde a V7), V5 (corresponde a V8) e V6
(corresponde a V9). Só que na parte posterior do tórax do paciente. Depois é só anotar no papel as mudanças realizadas.
Somente para lembrar, cada derivação vai enxergar uma porção diferente do papel e das paredes do eletrocardiograma.

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